Dando continuidade ao meu post sobre a devastação de nosso poder de compra, trago aqui mais alguns comentários sobre a inflação: algumas coisas que são facilmente observadas no dia a dia de qualquer trabalhador / pai de família.
A inflação pode se manifestar de várias maneiras, e não raro como uma combinação destas:
1) o simples aumento dos preços; ou
2) a diminuição das quantidades e/ou do tamanho dos produtos (lá fora já apelidaram isso de "shrinkflation"); e/ou
3) a diminuição da qualidade das matérias-primas e demais insumos usados na produção; e/ou
4) o simples desaparecimento de produtos, que se tornam inviáveis de serem vendidos por conta do aumento do preço (inviáveis ao menos em mercados formais)
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Vejam que é bastante comum observar os itens 2 e 3 acima em restaurantes e lanchonetes e quaisquer locais que vendam comida, no geral.
Vou dar um exemplo de uma padaria próxima de onde moro. Eu costumava comprar esfihas nesta padaria. Há pouco tempo (ano passado ou retrasado), cada esfiha custava 5 reais, e era bem recheada.
Hoje em dia, as esfihas nesta padaria estão custando R$ 6,90 e o recheio está vindo em menor quantidade (mais massa e menos recheio) e está com qualidade bastante inferior (da última vez que comi uma esfiha de queijo branco, o queijo estava muito "aguado" e muito gorduroso, ou seja, o dono da padaria realmente reduziu o padrão do fornecedor ao mesmo tempo em que aumentou o preço). Por mais que eu seja 100% a favor de apoiar os comércios locais em detrimento das grandes redes, parei de comprar estas esfihas.
Até restaurantes e botecos que servem o famoso "prato feito" estão de muquiranagem. "Prato feito" sempre foi bem servido, mas eu só observo a quantidade de arroz aumentando e a de carne ou frango diminuindo, a cada ano que passa, e o preço aumentando.
Havia um boteco perto de onde meus pais moram que servia sardinhas fritas a 60 centavos por unidade. Claro que isso já faz bastante tempo (mais de 15 anos, se não me engano!), mas hoje em dia acho que estão cobrando uns 5 reais por sardinha!. E, se bobear, as sardinhas são menores do que aquelas de outrora que custavam 60 centavos!
Outro exemplo que me ocorre são as batatas fritas que acompanham hamburguers em restaurantes, especialmente "hamburguerias gourmet": geralmente elas vinham no prato, em volta do hamburguer. Hoje já vejo alguns restaurantes colocando-as em uma canequinha de metal ou numa cestinha, ou seja, vem menos da metade do que costumava vir.
Outro exemplo são as barras de chocolate que se compra em qualquer mercado por aí (as comuns, tipo nestlé, lacta, etc.). Há algum tempo, os chocolates eram divididos em fileirinhas com 4 quadrados cada uma, ou seja, era fácil dividir uma fileirinha de maneira justa entre 2 pessoas. De uns anos para cá, cada fileirinha passou a ter 3 retângulos, o que dificulta a divisão entre 2 pessoas e faz com que fique mais normal cada um comer uma fileira, consumindo assim 2 fileiras de cada vez (seria uma estratégia dos fabricantes para aumentar o consumo?) .E isso sem falar no tamanho e no peso das barras, que diminuíram sensivelmente de uns anos para cá (a imagem no início do post ilustra bem isso... nos anos 90 as barras tinham 200g, e hoje tem 85g ou 90g).
As caixas de bombom das principais marcas estão vindo cada vez mais vazias, ano após ano, ao ponto de, na minha opinião, não valer mais a pena comprá-las. Lembro de pesarem 500g ou 400g quando eu era criança, e hoje em dia acho que pesam uns 250g ou menos, vem menos bombons, e o preço só sobe. E os bombons que vinham na caixa até há alguns anos eram melhores. Hoje me parece que está tudo sem graça e com "sabor genérico". Provavelmente por causa da pior qualidade das matérias-primas utilizadas.
Nos anos 80 pesava 500g! - fonte da imagem - clique aqui. |
Aliás, no geral, os ingredientes usados nos chocolates feitos aqui no Brasil são de qualidade cada vez pior. Menos cacau, menos leite, e mais gordura, mais parafina, mais "soro de leite", mais "manteiga de cacau", mais corante, mais açúcar, e por aí vai.
Engraçado que, desde pelo menos uns 10 anos, toda Páscoa surgem aqueles posts "engraçadinhos" dizendo que vale mais a pena comprar barras do que ovos de chocolate por causa da relação R$/g, mas do jeito que as coisas estão indo, acho que agora chegamos em um "tanto faz", porque está tudo caro mesmo.
Será que isso tem um limite? A lógica nos faz acreditar que sim, pois há um limite para o que é razoável, e eu não imagino que seja razoável vender barras de 2g de chocolate, nem de 5g... acho que o limite do aceitável vai ser quando começarem a vender barras da garoto, lacta, etc. nos mesmos moldes daquelas do kinder chocolate, barrinhas de 12,5g. As do kinder chocolate são bem caras, mas pelo menos ainda são de uma qualidade superior (acho). Se as coisas chegarem neste ponto, é porque o resto da economia foi pro saco. Torçamos para que não aconteça!
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Enfim, confraria, apenas um desabafo de mais um trabalhador que foi ao supermercado e se assustou com os preços das coisas. É triste ver nossa moeda tão desvalorizada, nossos salários valendo cada vez menos, entre outras problemas... Até quando?
Que produtos estão caros em suas respectivas cidades, confrades?
Forte abraço!
Fiquem com Deus!