Esse é um questionamento que eu me faço todos os dias, principalmente no caminho de ida e de volta do trabalho.
Há uma multidão de mendigos em todos os lugares.
Inúmeras senhoras com bebês no colo pedindo esmolas em portas de bancos, na saída de igrejas, na saída de restaurantes, e por aí vai.
Velhinhos com roupas esfarrapadas vendendo bilhetes de loterias, doces, ou até mesmo estendendo toalhas na calçada para vender sucata que conseguiram catar no lixo de alguém (já vi venderem de tudo: relógios, sapatos, cabos USB, carregadores de celular, livros velhos, quadros, bugigangas em geral, etc.)
Além disso, nunca vi tantas crianças vendendo doces na rua... às vezes elas são tão novas que nem falam direito, ainda.
Vejo quase todo os dias pais de família contando historias tristes sobre como ficaram desempregados na pandemia, perderam tudo e agora precisam se humilhar para ganhar o pão de cada dia.
Eu tento ajudar o máximo que eu posso.
Nem eu nem ninguém tem condições de ajudar todos.
E, mesmo ajudando somente com algumas moedas, o número dos que posso ajudar ainda é pouco.
E tem vezes que eu opto por não ajudar.
Isso às vezes me deixa triste.
Devemos tentar ajudar a todos os que aparecem em nosso caminho? Ou realmente é justo avaliar de alguma maneira e selecionar os que serão ajudados?
Por exemplo, tem vezes que eu penso "ah, esse cara poderia trabalhar ao invés de pedir esmola, então não vou dar dinheiro" - mas a questão é: ele realmente deveria estar trabalhando, mas será que ele tentou e não conseguiu? Será que simplesmente ninguém dá emprego para ele? Dependendo da pessoa, de seu nível de escolaridade, etc, é bem difícil conseguir um emprego. E mesmo que o sujeito vire um "autônomo" nas ruas (catador de sucata, vendedor de paçoca, etc) será que ele não precisa complementar a renda pedindo esmolas?
Quanto será que dá pra tirar por mês vendendo paçocas na rua? Vendendo sucata?
Dizem que existem pessoas que estão na rua porque querem, e que realmente "trabalham" pedindo esmolas (e dizem que, dependendo do local, dá pra tirar mais que R$1.500,00/mês). Não posso afirmar se é verdade, mas acredito que no mínimo é plausível que haja pessoas vivendo assim.
Imagino que haja também aqueles que se acomodaram e desistiram de correr atrás de melhorar suas vidas (o ser humano é capaz de encontrar zonas de conforto em quase todas as situações...) e aceitaram suas condições de miséria.
Mas em suma, independente do que dizem sobre alguns moradores de rua... será que este pensamento de não dar esmola porque o pedinte poderia estar trabalhando é um pensamento justo? Será que devemos de algum modo filtrar os que realmente necessitam e evitar os espertalhões?
Eu não tenho a resposta. Será que alguém tem?
Eu tento ajudar sempre que posso, nem que seja com uma moeda, ou até comprando um lanche numa padaria.
Enfim, apenas uma reflexão que tive após passar por um caminho repleto de mendigos. É muito triste a situação do Brasil, como um todo.