Saudações, caros leitores.
Nesta segunda parte da série do louco mundo moderno discorrerei acerca das bizarrices que percebo neste "admirável mundo novo" do século XXI no que tange à ciência moderna e ao mercado de trabalho.
Em relação ao trabalho, eu tenho a opinião de que ele é muito importante em nossas vidas por dois motivos:
1) Deus nos incumbiu deste minúsculo ponto do universo, então cabe a nós cuidar dele, melhorá-lo e desenvolvê-lo no que for possível. É a nossa missão, e o trabalho é uma das ferramentas para isso; e
2) Trabalhando desenvolvemos nossas capacidades físicas, mentais e sociais, de forma que, além de uma ferramenta para melhorar o mundo, o trabalho também pode ser uma ferramenta para melhorar o indivíduo. Uma vida sem trabalho algum, totalmente dedicada ao ócio e ao hedonismo seria uma vida desperdiçada, sem progresso individual, estagnada, o que é um desrespeito à Criação.
Agora, apesar da importância e da nobreza inerente ao trabalho, eu acho que o modo como se tem lidado com ele hoje em dia ele está bastante desvirtuado:
- Há muitas pessoas, atualmente, que arranjam problemas psicológicos, emocionais e até problemas físicos por causa do jeito como estão as relações de trabalho e emprego hoje em dia. Nosso colega da finansfera, o Executivo Pobre, por exemplo, fez uma postagem recente que ilustra bem isso: muitas empresas esperam uma dedicação sobre-humana por parte de seus empregados, além de cultivarem mentalidades e culturas organizacionais doentias, que normalmente se traduzem em coisas que todos nós (provavelmente) já vimos e vivenciamos como a mentalidade de erro-zero (sendo que é simplesmente impossível não cometer erros nunca), metas absurdas (normalmente definidas por quem não está em contato com a realidade, como os executivos das altas cúpulas), clima de desconfiança entre os colegas (com N pessoas disputando a mesma vaga para promoção, como esperar que o trabalho em equipe seja realmente sólido e produtivo? Nos ambientes competitivos de trabalho reina a falsidade), medo de emitir opiniões sinceras e sugerir ideias (por causa do medo de errar, pois erros costumam não ser perdoados, e isso inibe a criatividade e proatividade de muitos), ocultar várias verdades inconvenientes dos chefes (novamente por causa do medo de errar, e do fato de que o mensageiro costuma pagar pelos erros, mesmo que não sejam dele, e também do excesso de competitividade dentro das organizações), dentre outros problemas comuns do trabalho.
- Sempre nos foi ensinado que a tecnologia torna o trabalho mais eficiente e mais fácil, e é verdade na maioria das vezes. Entretanto, no mundo corporativo, tecnologias como a internet, e-mail, skype, whatsapp, etc. ao mesmo tempo que facilitaram algumas coisas, por outro lado tornaram o ambiente de trabalho muito mais insano e estressante: antes da internet e dos celulares, quando você saía do trabalho você realmente saía do trabalho (exceto, claro, aqueles que levam preocupações para casa, mas isso sempre teve em todas as épocas, eu acho), mas hoje o seu chefe pode te cobrar coisas por whatsapp à noite, ou te mandar e-mails quando você estiver em casa (no meu atual emprego isso está bem mais tranquilo, mas no meu primeiro emprego, cheguei a receber e-mails às 21h, 21h30, com direito a perguntinhas cretinas no dia seguinte - "você não leu o que eu te mandei?" ou "ué, mas eu avisei que ia ter uma reunião às 8h15...tava no e-mail de ontem. Como assim você não preparou nada?").
Aliás, não só os chefes, mas os clientes também podem te cobrar coisas em horários pouco convencionais. Ao contrário do que diz a famosa frase, nem sempre o cliente tem razão. Alguns podem argumentar que isso aumenta a eficiência da empresa, que o tempo é otimizado, etc. mas por mim quem argumenta isso só quer sair bem na foto, mostrar que é fodão, que "veste a camisa", que tem "postura de dono", dentre outros clichês empresariais. Só acho válidos estes contatos após o expediente em casos de emergência. Para coisas e assuntos normais, caros diretores, gerentes e queridos clientes, esperem o dia seguinte...
- Não é o bom técnico ou o bom fazedor da tarefa "X" que geralmente é promovido a gerente de "X", e muito menos a diretor de "X, Y e Z", mas sim o funcionário mais aparilson e falastrão, mais político, estrelinha do futebol da empresa, que mais comparece no happy hour, etc (claro que há exceções, mas vocês entenderam). Por um lado, até faz sentido que as empresas considerem que para postos mais altos as competências mais importantes sejam as interpessoais. Mas por outro lado, colocar pessoas com pouco ou nenhum conhecimento técnico das tarefas básicas que constituem o carro-chefe do negócio em postos-chave causa algumas distorções sérias: é daí que vem as metas absurdas (ex: alcançar até o fim do ano uma receita de vendas de 100 milhões de reais, sendo que o recorde da empresa foram 15 milhões e não há planos de expansão da capacidade produtiva) e aquela mentalidade de "taca tudo na parede, e o que colar, colou" (que dá origem a bizarrices como: todo ano a contabilidade ter que usar um sistema novo, todo ano mudarem horários, todo ano reformularem o layout das salas, ter equipes trabalhando simultaneamente em projetos antagônicos, inexistência de prioridades, etc.).
- Aquela história de "você faz seu próprio horário" geralmente é mentira: alguns, com um pouco de sorte e talento, alcançam cargos mais altos, de nível executivo, e dependendo da empresa, têm a opção de chegar a hora que quiserem até determinado horário, mas por outro lado não têm hora para sair, e literalmente nada impede que algum chefe cobre coisas durante este horário "livre".
- Hoje em dia tem uma modinha das empresas quererem imitar o Google e outras big tech e colocarem "mimos" para seus empregados: sala com videogame, sala de leitura, gaveta de kit-kat, dia de trabalhar de chapéu, dia de trabalhar de bermuda, "dia da pizza", etc. Geralmente empresas com essas práticas são as que mais liberam tarde seus funcionários ou ficam cobrando coisas pelo whatsapp no fim de semana. Se a empresa está disposta a bancar chocolates e permitir que os funcionários joguem videogame no expediente ou passar a tarde de sexta-feira jogando jogos de tabuleiro (ou seja, gastar HH sem produzir), então por quê não pagam hora extra em dinheiro? Ou, se não quiserem ou não puderem pagar hora extra, porque não liberam mais cedo ao invés de forçar essas modinhas e coagir o pessoal a participar de um happy hour?
- Aquela história de "você faz seu próprio horário" geralmente é mentira: alguns, com um pouco de sorte e talento, alcançam cargos mais altos, de nível executivo, e dependendo da empresa, têm a opção de chegar a hora que quiserem até determinado horário, mas por outro lado não têm hora para sair, e literalmente nada impede que algum chefe cobre coisas durante este horário "livre".
- Hoje em dia tem uma modinha das empresas quererem imitar o Google e outras big tech e colocarem "mimos" para seus empregados: sala com videogame, sala de leitura, gaveta de kit-kat, dia de trabalhar de chapéu, dia de trabalhar de bermuda, "dia da pizza", etc. Geralmente empresas com essas práticas são as que mais liberam tarde seus funcionários ou ficam cobrando coisas pelo whatsapp no fim de semana. Se a empresa está disposta a bancar chocolates e permitir que os funcionários joguem videogame no expediente ou passar a tarde de sexta-feira jogando jogos de tabuleiro (ou seja, gastar HH sem produzir), então por quê não pagam hora extra em dinheiro? Ou, se não quiserem ou não puderem pagar hora extra, porque não liberam mais cedo ao invés de forçar essas modinhas e coagir o pessoal a participar de um happy hour?
Agora falando sobre a ciência do mundo moderno, mais especificamente a "ciência mainstream":
- Conforme eu disse no outro post, hoje em dia ela é um verdadeiro culto à entidade amorfa conhecida como "comunidade científica", e seus guardiões são os "especialistas" anônimos e onipresentes, que sempre dão seus pitacos em entrevistas a grandes jornais e revistas, talvez contribuindo para agendas sinistras (controle populacional, impostos globais, aborto, etc.), enquanto os cultistas desta pseudociência são as pessoas que se acham inteligentinhas mas que não fazem ideia de o quanto são simplórias - acham que sabem de tudo porque leram todos os artigos mais recentes da Scientific American, leram os livros famosos do Dawkins, Stephen Hawking e Neil Degrasse Tysson (tais livros, na minha opinião, são "ciência de palco" na mesma proporção que o coaching é o "empreendedorismo de palco" - não me refiro a toda a obra destes caras, mas sim aos seus best-sellers) e dão força às ideias pseudocientíficas como a superpopulação, aquecimento global, buraco na camada de ozônio, etc.
Pesquisem só: o Stephen Hawking tinha o estranho costume de todo ano fazer uma previsão diferente para o fim da humanidade; o Al Gore todo ano fala que as geleiras dos polos vão derreter, mas isso já deveria ter acontecido desde 2014, segundo ele próprio, e por aí vai.
Outro tipinho são as pessoas que acham que porque leram alguns livros de psicologia ou porque fizeram faculdade de psicologia ou psiquiatria desvendaram os mistérios da mente humana e são capazes de explicar tudo.
- Reparem como que a ciência mainstream atualmente não admite ser contestada: cientistas que negam o aquecimento global provocado pelo homem, por exemplo, correm o risco de perderem seus empregos e financiamentos para pesquisa.
- Reparem como que a ciência mainstream atualmente não admite ser contestada: cientistas que negam o aquecimento global provocado pelo homem, por exemplo, correm o risco de perderem seus empregos e financiamentos para pesquisa.
O pessoal "inteligentinho" (geralmente universitários, principalmente os estudantes de biologia, medicina, etc.) também não ousa questionar nada, primeiro porque são doutrinados a aceitar tudo e só decorar coisas desde a escolinha (na verdade, todos nós somos). Segundo, porque sabem que se ficarem questionando certas coisas na aula correm o risco de ser reprovados ou prejudicados de alguma maneira por algum professor desonesto.
Terceiro, porque a maioria vive de aparência e acha que vai parecer feio perante os amiguinhos ser o diferentão e questionar os dogmas científicos da atualidade.
Por último, porque pensar dá muito trabalho (é difícil fazer aquele cálculo de densidade populacional que eu fiz no último post, não é?) então é mais fácil aceitar as ideias que já vem prontas, ainda mais se vierem de algum cientista de palco. Mas parece que todos se esqueceram que a ciência, a verdadeira ciência, é feita de questionamentos, testes, hipóteses, teorias, contra-teorias, etc. e não de "seguir a corrente majoritária para não ficar feio", ou de ter medo de "ir contra a comunidade científica".
- Uma coisa interessante e estranha desta nossa época é o ressurgimento dos terraplanistas e outros movimentos estranhos, como os anti-vacina. Na minha opinião, eles acabam atuando, sem saber, como uma manobra de distração - eles acabam fazendo com que as outras coisas mais sérias e sinistras pareçam mentira e teoria da conspiração (por exemplo, o caso do Jeffrey Epstein era tratado por muitos como teoria da conspiração, até que o cara realmente foi preso). Ou seja, acabam, mesmo que não saibam disso (mas pode haver sim os que agem desta maneira intencionalmente) contribuindo para tirar a credibilidade de coisas verdadeiras.
- Uma coisa interessante e estranha desta nossa época é o ressurgimento dos terraplanistas e outros movimentos estranhos, como os anti-vacina. Na minha opinião, eles acabam atuando, sem saber, como uma manobra de distração - eles acabam fazendo com que as outras coisas mais sérias e sinistras pareçam mentira e teoria da conspiração (por exemplo, o caso do Jeffrey Epstein era tratado por muitos como teoria da conspiração, até que o cara realmente foi preso). Ou seja, acabam, mesmo que não saibam disso (mas pode haver sim os que agem desta maneira intencionalmente) contribuindo para tirar a credibilidade de coisas verdadeiras.
Agora, por outro lado, os terraplanistas ao menos estão servindo para um bom propósito: a discussão que o Olavo de Carvalho ficou promovendo há alguns meses sobre o terraplanismo (que fez com que muitos achassem que ele próprio acredite nisso) rendeu um bom fruto - deixou escancarado o fato de que a ciência hoje em dia é dogmática e a maioria das pessoas é conivente com isso: os terraplanistas, ao menos, estavam tentando provar seu ponto de vista através de experimentos, e os seus opositores em geral não estavam nem ao menos apresentando argumentos, apenas os rechaçavam com xingamentos e truques retóricos de baixo nível (argumento de autoridade, ad hominem, falácia do espantalho, etc.)
- Outro ponto para ilustrar o que escrevi acima: percebo que os médicos mais jovens tendem a ser mais do tipo "leitores de manual" e os médicos mais antigos tendem a ser mais criativos. Mas isso pode ser só a impressão que eu tive baseado na minha experiência. Acho que isso é explicado pelos seguintes motivos: nossas faculdades de medicina não fogem à regra da defasagem e sucateamento, no geral; o sistema de ensino contribui para matar a criatividade dos estudantes de medicina (na verdade, de todos); e a judicialização da vida (todos processando todos por qualquer motivo - mas sinto que isso está diminuindo, ainda bem) faz com que os médicos tenham medo de inovar e se sintam compelidos a seguir "o que está no livro" porque se errarem podem pôr a culpa no manual de medicina. O mesmo raciocínio vale para estudantes de outras áreas das ciências naturais.
Bem pessoal, acho que o post já ficou meio longo. Depois escrevo a parte 3, a qual será sobre as tendências sinistras que a tecnologia está tomando nos dias de hoje. O que será que o futuro nos reserva?
Forte abraço!