quinta-feira, 29 de outubro de 2020
Sobre o IGF
quarta-feira, 21 de outubro de 2020
Os piores impostos que existem
Saudações, confrades.
Hoje vou falar de um assunto que ninguém gosta, exceto, talvez, contadores, advogados tributaristas e autores de livros destas duas áreas: impostos.
Um típico brasileiro de classe média indo trabalhar |
Não gosto de nenhum imposto, e acho que todos os que me lêem concordam comigo: todo imposto é ruim, na melhor das hipóteses seriam um "mal necessário", e acho que a alíquota máxima de qualquer tributo deveria ser 1%.
Há alguns que, na minha opinião, são piores que os outros. Vou falar sobre eles neste artigo:
IPTU - na minha opinião é o mais imoral dos impostos, porque seu fato gerador é a mera posse do imóvel, o que obriga o dono a pagar este tributo pelo resto da vida caso mantenha o imóvel em questão em seu patrimônio. E a dívida de IPTU pode acarretar em suas últimas consequências o despejo do dono do imóvel, o que é um absurdo, pois o Estado ganha um imóvel "de graça" e o dono pode acabar indo morar na rua (e se tornando, talvez, mais um a necessitar de assistência estatal, ou seja, o despejo tem o potencial de aumentar a despesa pública, então não é uma jogada inteligente - não é à toa que outras sanções e tentativas de renegociação e parcelamento da dívida são feitas antes do efetivo despejo, mas ainda assim acho que a hipótese de despejar o dono do imóvel não deveria nem existir...)
Até dá pra forçar a barra e encarar o IPTU como sendo um "aluguel" de um pedacinho do país para não se sentir tão lesado, mas ainda assim acho bastante injusto. Na minha opinião, o IPTU deveria ter um prazo que nem o IPVA e deixar de ser cobrado de acordo com a idade do imóvel, por exemplo, e não "pela eternidade".
No meu caso, eu junto um dinheiro a mais todo mês para quando chegar janeiro conseguir pagar o IPTU à vista e ter algum desconto (que poderia ser maior, convenhamos...).
ITCMD - imposto sobre transmissão causa mortis e doações, o famigerado imposto sobre a herança. Este tem efeitos perniciosos porque vilipendia o patrimônio que um pai de família construiu a vida inteira com muito esforço, sendo que durante toda a construção deste patrimônio ele já pagou inúmeros impostos, ou seja, o patrimônio herdado já foi em muito subtraído, já é uma fração do que poderia ser. É, ao meu ver, um claro caso de Multi-tributação que os legisladores saíram pela tangente alegando que o fato gerador é a transmissão da herança.
A multi-tributação é tão descarada nesse imposto que no caso de um dos herdeiros receber a herança mas depois abrir mão de sua parte em favor dos demais, o ITCMD será pago duas vezes: a primeira por ser uma herança, e a segunda porque o fato do herdeiro ter dado sua parte em favor dos outros herdeiros caracteriza uma doação (se tiver algum advogado tributarista lendo isso, peço que me corrija se eu estiver errado!).
O limite para isenção de imposto para doações, pelo que pesquisei, está em média na casa dos 30~35 mil reais, ou seja, se um pai der esse valor para seu filho, ele não precisará pagar o imposto, mas ainda assim precisará declarar que está doando o valor ao fisco de seu estado, por que ele precisa comprovar que o valor doado está dentro da faixa de isenção. Eu acho essa obrigação um absurdo, porque viola a privacidade da família, além de ser mais um tempo gasto indo a um cartório/repartição que poderia ser melhor aproveitado (se já tiver como fazer isso on-line, comentem aí). Este é mais um efeito pernicioso do ITCMD (aliás, é um efeito pernicioso de todo imposto: precisamos gastar nosso tempo calculando, declarando, enviando declarações, preenchendo papéis, etc.)
Existe no direito tributário um princípio que veda a bitributação, mas ele é amplamente ignorado pelos legisladores, que sempre encontram saídas retóricas para emplacarem bitributação e até mesmo multi-tributação, conforme vimos no exemplo acima (alegam que o fato gerador não é o mesmo, então metem outro tributo na cara de pau)
Existe também na nossa constituição uma regra (art. 150, inciso IV) que fala que os tributos não poderão ter caráter de confisco, ou seja, não podem ser excessivos, mas o problema é que ninguém até hoje definiu o que é "excessivo" e nem qual o limite entre "tributação normal" e "confisco" e por isso hoje estamos aí com essa carga tributária de 40% em média.
Aliás, esse problema de definir coisas, definir o significado de palavras, etc. é uma das principais dificuldades no direito e é fonte de muitas distorções e verdadeiras maldades cometidas por nossos legisladores, juízes e políticos em geral, e deveria ser o principal motivo para que as leis nunca divergissem tanto do direito natural - como é difícil definir significados exatos de algumas palavras (devido à natureza limitada do vocabulário humano), quanto mais leis tivermos em um país, de mais leis iremos precisar para tentar (acho que em vão) cobrir todas as zonas cinzentas de indeterminação etimológica.
Quais suas opiniões sobre estes tributos? E sobre os impostos em geral? E sobre a nossa constituição?
Forte abraço! Fiquem com Deus!
quarta-feira, 14 de outubro de 2020
A importância de deixar uma herança para os filhos
Saudações, confrades!
Escrevi este post inspirado neste bizarro tweet do perfil bloomberg opinion:
Vejam que atitude destrutiva estes "analistas" estão incentivando (pelo menos na manchete): gastar quase todo o patrimônio em vida e não passar quase nada para os filhos, ao invés disso dar-lhes apenas "experiências".
(O texto linkado ao tweet não é tão sensacionalista quanto a manchete, lá pelo meio do artigo ele fala em "dar dinheiro aos poucos" aos filhos para evitar mordidas do imposto de renda, mas como a maioria das pessoas só vai ler a manchete, a ideia que vai ficar é a de "não passar herança, porque isso não faz mais sentido no mundo atual")
Claro que não é saudável ser um pai avarento que nunca dá nada pros filhos. Óbvio que faz parte da criação proporcionar (dentro das possibilidades de cada um) boas experiências, lições e conselhos que ajudem os filhos a se desenvolverem como pessoas, estas coisas valem, sim, mais do que dinheiro, mas daí para torrar a grana e passar zero (ou pior, passar uma dívida) para os filhos eu já acho um imenso e perigoso exagero.
Também sei que cada um é dono de seu patrimônio e portanto cada um decide o que for melhor para si nesta questão de deixar ou não uma herança pros filhos. Se uma pessoa decide que quer usufruir de seu patrimônio até o último centavo, e faz esta escolha livremente, aí é de cada um.
Como sempre, defendo o equilíbrio.
A herança serve para que no longo prazo a família desfrute de alguma segurança, para que possa aproveitar as oportunidades que surgirem (imóveis, negócios, etc.), para que possam se dedicar a coisas além do trabalho e de correr atrás do sustento. Uma família sem herança tem que começar "do zero" em cada geração, e dificilmente irá para a frente, provavelmente será pobre para sempre (até que surja um gênio empreendedor que alavanque o patrimônio da família, mas por definição isso é bem raro).
Por quê playboys e patricinhas têm a chance de ir para a faculdade estudar coisas como artes, teatro, etc., para as quais o mercado é mais duro e fazer um sucesso mediano é bastante difícil, ou se dedicar a pequenos negócios e atividades de retorno duvidoso, coisas que um filho de um pobre normalmente não poderia fazer? Porque eles têm um patrimônio familiar que lhes dá tranquilidade suficiente para não se preocuparem em necessariamente ter que se dedicar a atividades com retorno financeiro mais certo. Eles têm um "Continue" no jogo da vida. Se tudo der errado para a patricinha e a carreira de desenhista não der certo, sua família pode bancar uma faculdade de emprego mais fácil, como medicina, por exemplo, ou um mestrado/pós-graduação numa instituição de prestígio que lhe abra algumas portas no mundo corporativo - fora os contatos que os pais provavelmente têm. E se mesmo assim tudo der errado, os filhos dos ricos terão um grande patrimônio deixado de herança que os sustentará, mesmo que só consigam subempregos ou seus pequenos negócios só rendam lucros minúsculos.
(vejam que não estou criticando estas pessoas: se existe a patricinha, é porque alguém antes dela ralou e suou muito a camisa em um emprego ou negócio. Desta forma, não acho certo o haterismo que existe em cima de playboys e patricinhas só pelo fato de estes terem dinheiro)
Por quê o filho do pobre é obrigado a ter empregos "de verdade" e a colocar a mão na massa, muitas vezes em atividades insalubres e extenuantes? Por que ele não tem escolha. Ele "só tem munição para 1 tiro", e tem que acertar, então normalmente ele não pode tentar ganhar a vida como pintor de quadros, ou dançarino de balé clássico, ou cantor, etc. Quer dizer, ele pode sim tentar fazer essas coisas, mas só no tempo livre: ele precisa de um emprego (ou de um negócio) "normal", com uma renda mais estável, que lhe dê dinheiro para as necessidades básicas. Claro que também é possível um pobre prosperar nestas coisas, mas as chances são bastante pequenas.
Sendo assim, uma família pobre terá chances de sair da pobreza através do trabalho e do acúmulo de patrimônio. E este acúmulo de patrimônio através de gerações pode eventualmente acabar com a pobreza de uma família (e por "acabar com a pobreza" eu quero dizer permitir aos descendentes não se preocuparem mais em faltar dinheiro para pagar o aluguel, não se preocuparem em faltar dinheiro para comprar comida, etc. Ou seja, não estou falando de luxos, estou falando em satisfazer com mais segurança as necessidades dos níveis mais baixos da pirâmide de Maslow). Sendo assim, eu vejo a herança como uma coisa essencial e importante, algo que não pode ser negligenciado, nem tratado levianamente.
E o "sistema" (a "matrix", chamem do que quiserem) sempre nos incentivará a fazer o contrário disso: nos incentivará a gastar o máximo possível, inventará falsas necessidades, luxos desnecessários, nos estimulará a girar o patrimônio, pagar muitas taxas, muitas comissões, muitos impostos, etc., em suma, o sistema sempre tentará nos manter presos na corrida dos ratos. A manchete que mostrei no início do post é só mais um exemplo disso. Cabe a cada um de nós nos disciplinarmos e buscarmos o equilíbrio financeiro, para que um dia possamos desfrutar da tranquilidade financeira e, se Deus permitir, transmitir algo além de conselhos e experiências para os filhos.