quarta-feira, 25 de agosto de 2021

O que está acontecendo com as empresas de jogos?

Saudações, confrades!


Um assunto que vejo às vezes sendo debatido pela internet é a situação triste em que se encontra o mercado de jogos atualmente. Nos 80, 90 e até a primeira década dos anos 2000 era um mercado vibrante e que produziu muito valor. Alguns jogos  daquela época são jogados até hoje e muitos são sempre lembrados mesmo que quase ninguém os jogue mais.

Eu joguei muito Age of Empires (jogo até hoje, mas bem menos), Rollercoaster Tycoon (idem), Age of Mythology, Mario, Zelda, Sonic, etc. Todos estes que citei foram feitos naquela época e se tornaram franquias de sucesso, lançando jogos até hoje.

Mas de uns tempos para cá alguma coisa mudou e as empresas de jogos parecem ter perdido a maior parte de sua genialidade e criatividade. 



Está certo que o principal esporte praticado por nós, seres humanos, é reclamar de qualquer coisa. Mas é fato que muitas coisas mudaram para pior no mercado de jogos, comparando com aquela "época de ouro". 



Algumas empresas estão se tornando infames e parecem ter dado uma guinada de 180º em relação ao que eram antes. Creio que o maior exemplo disso seja a Blizzard, dona da franquia Warcraft. Recentemente houve o fiasco de Warcraft III - Reforged: um lançamento cheio de promessas, mas com uma entrega muito ruim (e que até onde sei não foi consertado até hoje, parece que foi abandonado). Outro fiasco desta empresa foi o controverso lançamento de Diablo Mobile (que decepcionou muitos fãs, que não queriam um jogo para celular, mas a Blizzard agora está focando no mercado chinês, onde os jogos de celular são mais populares). 

(ironicamente, mesmo com esses recentes fiascos e com o progressivo abandono de World of Warcraft, as ações da Blizzard vem subindo)

clique para ampliar. Créditos na própria imagem.


Uma coisa que me chama a atenção é que antes os jogos eram sempre vendidos completos. Você pagava o preço e comprava o jogo pronto (no máximo com alguns erros que eram corrigidos com patches que você baixava de graça no site da fabricante). Dependendo do jogo, as empresas lançavam pacotes de expansão, mas ainda assim o jogo original sempre vinha completo. As coisas eram assim e as empresas tinham lucro e prosperavam. O negócio dava certo. 

Será que hoje não dá mais certo agir assim?

Hoje em dia,  muitos jogos parecem ser vendidos nem na versão beta, mas na versão alfa, porque logo depois do lançamento já existem DLCs (pagos) para completar o jogo. Em alguns casos, o jogo vem incompleto mesmo, na cara de pau, como foi o caso de No Man's Sky e Cyberpunk 2077, provavelmente porque as empresas prometeram que lançariam o jogo em um prazo impossível de ser cumprido pela equipe de desenvolvimento (clássico caso do conflito entre o departamento de Relações Públicas e o de Operações - um promete o impossível e o outro é que tem que executar) e provavelmente têm vergonha de voltar atrás em suas palavras. 


Esse meme já ronda a internet faz alguns anos... 


Muitas das empresas adotaram também as infames mecânicas de Lootbox (que você paga para ter acesso a determinadas coisas no jogo, geralmente meramente cosméticas, mas às vezes coisas importantes) e Pay-to-Win (em que você paga para ter acesso às melhores coisas de um jogo, que fazem a diferença entre ganhar e perder). Com essas mecânicas de microtransações é como se você, além de pagar para comprar o jogo, ainda tivesse que ficar pagando um "aluguel" para continuar jogando. 

Será que o mercado de jogos mudou a ponto de hoje em dia se as empresas de jogos não fizerem isso elas simplesmente não lucram? 

Ou será isto mais um movimento explicável pela teoria dos jogos - "se a minha empresa não fizer isso, a concorrente vai fazer, e vai lucrar mais do que a minha, e vai poder investir mais e se tornar ainda maior, roubar minha fatia do mercado, etc.,etc."?

Acho que hoje em dia as empresas como um todo (não só as de jogos), mesmo as que são gigantescos monopólios ou que fazem parte de oligopólios, estão mais covardes e centralizadoras. Parece que mais nenhuma quer se arriscar com um produto novo (por mais que tenham bilhões em caixa para bancar fracassos), então acabam apostando em formas de ganhar dinheiro rápido e tirar o time de campo logo em seguida.

No caso das empresas de jogos, uma estratégia comum tem sido anunciar algum jogo novo prometendo um monte de coisas para gerar muita hype, fazer uma pré-venda para aumentar a empolgação do mercado, lançar o jogo (mesmo inacabado e cheio de bugs) , arrecadar a grana da venda, e então abandonar o jogo, praticamente ignorando a repercussão negativa. E partir para o próximo lançamento (e os trouxas continuam comprando...). Antes o negócio era focar em fazer um jogo muito bom e colher os frutos no longo prazo, caso o jogo fizesse sucesso e tivesse o potencial de se tornar uma franquia.

Não deixa de ser uma estratégia semelhante a de muitos IPO de empresas que ocorreram nos últimos anos.

Outra coisa em que eu acho que as empresas de jogos pisam muito na bola é que elas desperdiçam o potencial criativo dos fãs

Há dezenas de mods e hacks muito bem feitos de diversos jogos clássicos. Para alguns deles já existem até softwares dedicados para mods (como é o caso do Lunar Magic, para fazer mods de Super Mario World, e Banjo's Backpack, para fazer mods de Banjo-Kazooie) o que facilita muito o trabalho. 

Os criadores destes mods e hacks, na minha opinião, merecem ganhar dinheiro por seu trabalho, mas infelizmente é perigoso até mesmo montar um site para divulgar uma carteira de BTC ou uma conta no pay pal para receber doações dos jogadores das mods, pois as empresas donas dos jogos podem processá-los. Alguns projetos muito bons, como esta bela versão em 2D de Zelda Ocarina of Time, são forçados a fechar por ameaças de processos, mesmo que não sejam monetizados e os criadores não estejam ganhando nada com isso. 

Na minha opinião, as empresas de jogos estão perdendo uma excelente oportunidade de lucrarem com a criatividade de seus fãs. Porque não montam um market place onde os mods e as hacks possam ser vendidos legalmente, ficando a empresa com uma parte dos royalties? Que custo isso teria? A meu ver, seria "dinheiro de graça" para elas, e uma oportunidade de desenvolvedores independentes ganharem um dinheiro e divulgarem seus talentos.


Será que é por vaidade que a Nintendo não cria um market place para os fãs venderem suas próprias mods?


Com tantos vacilos que as grandes desenvolvedoras têm dado, será que o futuro dos jogos está nos "indie games"? Aliás, aí está uma boa ideia para trabalhar como autônomo... Quem sabe?

O que acham do assunto, confrades? 

Jogam algum jogo? Têm birra com alguma empresa desenvolvedora?

Forte abraço! 

Fiquem com Deus!




terça-feira, 17 de agosto de 2021

Analisando as criptomoedas e sua utilidade como reserva de valor

 Este é um assunto que, na minha opinião representa de certa forma uma lacuna na literatura da blogosfera das finanças. Muitos blogueiros da finansfera, nossos companheiros da jornada rumo à IF (ou à TF), aportaram em criptos, principalmente a partir de 2017, que foi o ano do boom do Bitcoin (quando até quem não é "do mundo das finanças" ao menos já tinha ouvido falar em BTC). 

Mas quase não vi muitas discussões e informações sobre criptomoedas na blogosfera. (Se alguém conhecer algum blog que tenha falado mais a fundo sobre esse assunto, por favor me diga qual)

A maioria apenas divulgava suas "criptocarteiras" e não fazia muitos comentários sobre cada moeda adquirida. 

Alguns ficaram ricos por terem comprado uma quantidade significativa de BTC antes de 2017 (como foi o caso do ilustre Viver de Renda). Outros, mesmo tendo perdido este timing, ainda ganharam muito dinheiro com as criptos.  Outros tantos ganharam mas em seguida perderam, dada a volatilidade extrema destas moedas, então meio que terminaram no zero a zero.

Não é minha intenção esgotar o assunto, mas apenas iniciar a preencher esta "lacuna" da finansfera. Tudo o que escrevi aqui é um resumo do que pesquisei a respeito das criptomoedas, misturado com minhas opiniões pessoais - não recomendo a ninguém a compra de nenhuma criptomoeda específica e nem de criptomoedas em geral. 

As criptomoedas são uma das maiores novidades da história recente no mundo das finanças e, muito embora exista mesmo o risco real de que os governos venham a criminalizar a mera posse de criptomoedas "na canetada", já existem muitos big players envolvidos no mundo das criptos. Por exemplo, li recentemente que a empresa Motley Fool vai iniciar um investimento em BTC. Outros fundos grandes também estão nessa já há algum tempo. Já existem ETF de criptomoedas. Até a china minera BTC (ou pelo menos minerava).  Provavelmente outros países também fazem isso extraoficialmente. 

Mas não podemos nunca nos esquecer que a mera posse de moedas de ouro já foi criminalizada nos EUA, há muito tempo. Então a possibilidade de um dia as criptos serem criminalizadas é bem real.


Agora, falando especificamente sobre o Bitcoin (que costuma ser usado como metonímia para se referir a criptoativos em geral):

Bitcoin é chamado de "ouro digital", e os mais entusiasmados com a tecnologia dizem que ele é "melhor do que o ouro".

Comparando o Bitcoin com o ouro, vejo que a maior vantagem é a facilidade de transporte, sendo fácil até mesmo levar uma fortuna para outros países armazenada em uma wallet que parece um pendrive ou até mesmo em um pedaço de papel com QR Code, enquanto que transportar a mesma fortuna em ouro poderia ser muito difícil, até mesmo impossível, e certamente haveria problemas com as autoridades alfandegárias.

Mas a maior vantagem também traz a maior desvantagem: se você perder as chaves da wallet, você perdeu os BTC e  não tem como recuperar. Muitos bitcoins já se perderam assim (por volta de 4 milhões, estima-se), de maneira que  já não serão 21 milhões de bitcoins em circulação quando o último bloco for minerado. 

Tem outras coisas também: as hardware wallets podem estragar, enferrujar, cair e quebrarem, etc. As paper wallets podem desgastar com o tempo, podem acabar molhando, e o QR Code ficar ilegível.

Se você optar por deixar na corretora,  ela pode ser hackeada e levarem tudo. A corretora também pode falir e não há FGC ou qualquer mecanismo de proteção para mitigar as perdas. E ao menos por enquanto os grandes bancos não entraram no mercado das criptos, pelo menos não diretamente (por exemplo, permitindo a negociação de criptoativos em suas corretoras). 

Quem está disposto a colocar dinheiro em criptos tem que estar ciente destes riscos todos.

O ouro pode ser roubado também, mas se for perdido pode ser recuperado mais facilmente do que BTC. Não há senhas a serem perdidas ou hackeadas. Se o ladrão for encontrado a tempo, o ouro ainda pode ser recuperado. 

Além disso, o ouro é aceito desde os  princípios da humanidade. BTC, por outro lado, é algo muito recente e ainda precisa de mais tempo para realmente podermos dizer que "sobreviveu ao teste do tempo" (quanto tempo, eu não sei). 

BTC pode simplesmente acabar, ficar obsoleto, ser criminalizado, etc. Não há como prever isso. Por enquanto está bombando. Mas a festa pode acabar.

Embora já esteja muito mais conhecido hoje em dia do que em 2011, o BTC ainda não tem aceitação geral. Ainda é muito difícil e trabalhoso para a maioria das pessoas o processo de guardar numa wallet, transferir da wallet pra uma exchange ou para outra pessoa, etc. Por outro lado, embora sua tecnologia já tenha sido superada pela de algumas Altcoins (por exemplo, o LTC é mais rápido, a rede ETH faz mais coisas, etc.) o BTC tem a vantagem de ser o pioneiro deste novo mercado e por ter mais tempo e mais fama, acaba tendo mais confiança do público em geral, o que contribui para seu valor.

Na minha opinião, 99% dos que compram BTC (ou qualquer outra criptomoeda ou token)  o fazem muito mais por causa de FOMO (fear of missing out) do que qualquer outra coisa,  buscando ganhos especulativos rápidos e estratosféricos. 

E tem 1% que compra  por causa de ideologia, da vontade de ser anarquista e viver fora do alcance do Estado em ao menos uma dimensão da vida.

Mas, não vou ser hipócrita: se eu colocar dinheiro em criptos vai ser mais por aposta mesmo, e vou sair quando atingir determinado objetivo. Talvez, se eu obtiver um ganho assim, eu não saia completamente e ainda deixe uma parte do patrimônio em BTC (mas não mais do que os 5% que estimei para a minha Reserva de Valor).

Gráfico BTC x USD (fonte > https://br.tradingview.com/)


A verdade é que Bitcoin já deixou muitas pessoas ricas, aquelas pessoas que tiveram coragem de entrar nesse mercado quando ele ainda era obscuro e incerto. A época de comprar BTC a centavos ou a poucos dólares cada unidade já passou e provavelmente não voltará mais, mas será que ainda haverá ganhos para quem entrar agora? No momento em que escrevo estas linhas, 1 BTC está cotado a mais de 200K reais. Será que chega a, digamos, 100 mil dólares? Será que chega a 1 milhão? Difícil saber, e parece até absurdo e improvável, mas quem poderia imaginar que ele saltaria de poucos centavos de dólar para quase 60.000 dólares? Será que o preço está inflado? Será que é "a nova tulipa" como alguns dizem?

Porém não creio que haja mais espaço para ganhos realmente estratosféricos com esta moeda, a não ser que 1 BTC venha a valer muito mais de 1 milhão de dólares.  Mas provavelmente ainda há espaço para ganhos.

No momento, o PIB mundial é estimado em cerca de 50 trilhões de dólares. Se 1 BTC = 1 milhão de dólares, e há 17 milhões de BTC em circulação (descontei os 4 milhões perdidos), então a totalidade dos BTC existentes valeria, somada, quase metade do PIB mundial neste cenário hipotético. Isso é muito ou é pouco? Alguém realmente tem condições de dar essa resposta?

Claro que essa conta é simplista, pois o PIB mundial pode aumentar (ou encolher), mas é boa para se ter uma noção das grandezas envolvidas.

Com a alta estratosférica acumulada pelo BTC, é natural que várias das Altcoins também acumulem fortes altas, uma vez que as pessoas estarão sempre em busca do "próximo bitcoin", ainda mais se a Altcoin em questão ainda vale, digamos, menos de 100 reais. 

Já vimos muitas "shitcoins" que parecem que são lançadas só para enganar trouxas e dar um dinheiro rápido e fácil para seus lançadores, mas, bem ou mal, em um mundo em que BTC se torne realmente um meio de troca amplamente aceito, é de se esperar que haja outras criptomoedas que venham a ser seus concorrentes. 

Afinal, no mundo das moedas estatais existem várias moedas "concorrentes", com uma que serve como padrão mundial (dólar) e 3 ou 4 moedas bem aceitas no topo (libra, euro, franco suíço). Porque no mundo das criptos isso seria diferente, ainda mais se considerarmos que as tecnologias diferentes por trás de cada cripto podem vir a servir a propósitos diferentes?

Sendo assim, não sei se BTC ou outras criptos poderiam ser classificadas como "Reserva de Valor" e não concordo com a opinião dos que dizem que BTC é melhor que o ouro, dado que sua volatilidade ainda é extrema - creio que com o passar dos anos a cotação das criptos que sobreviverem irá se estabilizar e isso ficará mais claro. 

Mas, deixando a volatilidade de lado, creio que o que podemos analisar antes de decidir aportar em criptos é o seguinte:

- Não podemos nos esquecer que todas as criptomoedas puramente digitais (não lastreadas em nada) são moedas fiduciárias (dependem da confiança e da fé das pessoas em seu sucesso) - sem confiança e sem fé, sem valor . 

(mas no fundo o ouro e prata também não são, de certa forma, fiduciários? Qual é a explicação para o fato de as pessoas darem valor aos metais preciosos desde a aurora da humanidade? Eis um dos mistérios da história...)

- Algumas criptos têm uma quantidade finita e pré-definida para existir. BTC está limitado a 21 milhões de unidades (sendo que 4 milhões já se perderam). Litecoin (a "prata digital") está limitado a 84 milhões de unidades. Quanto ao Ethereum, no momento há 117 milhões em circulação e, pelo que li, não há limite para o número de  ETH que podem existir. Em relação a proteção de valor contra inflação, julgo que as que têm uma quantidade limite são mais vantajosas, mas ainda assim continuam sendo fiduciárias.

- Convencionou-se chamar uma ampla gama de ativos digitais de criptomoedas, mas não podemos ficar desatentos para o fato de que nem todos foram criados com o propósito de funcionarem como moedas propriamente ditas. Alguns são "tokens", algo como uma "quase-moeda". Acho que esse é o caso do Ripple, que não foi pensado para ser uma moeda, embora seja usado em transações digitais. Sinceramente, não sei o que pensar do Ripple.

- Deve-se estudar a tecnologia por trás de cada criptoativo que se queira adquirir para no mínimo entender para quê cada um serve, se é um projeto sério, com alguma expectativa de sucesso, ou se é picaretagem, e com isso decidir se vale a pena arriscar nosso suado dinheiro na cripto em questão. 

- Desde a explosão do BTC iniciou-se um imenso movimento de criação de criptoativos no mundo todo, alguns sendo projetos legítimos e outros que existem só para malandros roubarem dinheiro de trouxas. Há, atualmente, mais de 5 mil criptoativos sendo negociados e provavelmente a maioria deles são "shitcoins" que não sobreviverão no longo prazo. É necessário cautela na hora de escolher comprar algum destes. 

Claro que apostar 1 real para comprar 100 unidades de uma altcoin que acabou de ser lançada e está valendo 1 centavo não vai prejudicar o seu patrimônio. Podemos até considerar isso como sendo algo semelhante a comprar um bilhete de loteria. O problema aqui não é dinheiro, mas sim os efeitos de médio prazo desta prática na sua mente e no seu comportamento - lembrem-se de que jogos de azar liberam descargas hormonais no cérebro que acabam nos tornando viciados conforme vamos jogando. A facilidade de comprar algumas "shitcoins" por poucos centavos ou poucos reais apostando em uma alta rápida acaba tendo o mesmo efeito em nosso cérebro. Então precisamos tomar muito cuidado. O mundo é cheio de tentações, e o dinheiro fácil é mais uma delas, e uma das mais perigosas. Leva muitas pessoas à ruína. 

Enfim, se formos comprar criptos, temos que comprar sem emoção, igualzinho fazemos (ou deveríamos fazer) com ações e FIIs: abrir a exchange uma vez por mês, comprar o ativo, deslogar da exchange, e só voltar no mês seguinte para comprar mais, sem ficar olhando a cotação toda hora. 

E como este é um mercado relativamente novo, julgo não ser prudente colocar uma % substancial do patrimônio em criptos, e, mais ainda do que no caso das ações, devemos só colocar dinheiro que estamos dispostos a perder, que não nos fará falta e que não irá nos dar insônia em caso de perda total.

Em futuras postagens escreverei sobre algumas criptomoedas específicas (não necessariamente a partir da próxima).



Qual a opinião dos confrades sobre o mercado de criptoativos?

Acham que o momento já passou? Acham que vale a pena ter alguma coisa aportada em criptos? Acham que alguma Altcoin tem potencial para ser "o próximo bitcoin"?


Forte Abraço!

Fiquem com Deus!


sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Coisas que acontecem no trabalho

Saudações, confraria da blogosfera!

No meu emprego, como já disse em postagens anteriores, eu ocupo uma posição intermediária, ou seja, não sou peão mas também não sou patrão, e tenho uns poucos funcionários "subordinados" a mim.  

Consegui esta vaga agindo sempre com bom senso, não cometendo erros graves e evitando arranjar confusão - eu tento adotar uma postura não reativa, evitando arranjar problemas com colegas, superiores e subordinados. 

Evito manifestar opiniões pessoais sobre assuntos sérios, e tento, sempre que possível, almoçar sozinho em um local afastado, para ficar longe dos papos sobre o trabalho (é incrível como que tem gente que adora ficar fazendo "reuniões informais" no almoço...) e poder pensar com calma em outras coisas, para desanuviar minha mente. 

Às vezes eu almoço bem rápido, em 15 minutos ou menos, e saio para andar por aí. Eu todos os dias gasto a maior parte da hora de almoço andando nos arredores do trabalho (se pudesse vender a hora de almoço para sair mais cedo, eu faria isso, mas infelizmente não é assim que as coisas são, então aproveito para descansar a mente).  

O que importa para mim é ficar longe dos papos sobre trabalho e das fofocas de escritório. É bom para refletir sobre a vida e ter ideias. 

(Aliás, alguns posts deste blog tiveram sua origem nessas caminhadas)

Quem trabalha em empresas que não são "de família" - onde normalmente os cargos mais importantes pertencem aos membros da família, e praticamente não há possibilidade de promoções - se depara com uma certa rotatividade de chefes. Volta e meia trocam os gerentes, os diretores, o CEO, etc. Sempre que há uma mudança dessas, geralmente é dolorosa (conforme ilustrei neste meu post sobre o diretor detalhista), porque um chefe novo sempre traz mudanças nos processos de trabalho e até no próprio ambiente em si. Algumas benéficas, outras não. 

Recentemente (já faz alguns meses) em meu trabalho, houve a troca de um gerente e um diretor ao mesmo tempo, e muitas foram as mudanças: revisão de processos, reformulação de departamentos, e por aí vai. Teve aquele choque da nova gestão que todo mundo que trabalha ali certamente sentiu. Como sempre, isso envolveu sair mais tarde, com muitas horas extras não pagas.

Isso me fez refletir sobre algumas coisas que são comuns nessas épocas de mudança. Vejam se já não passaram por experiências semelhantes e concordam comigo:

1) Essas épocas costumam ser ruins porque além de ter que fazer o seu trabalho, você ainda tem que ficar mostrando pro novo chefe como as coisas funcionam e ficar o tempo todo provando que 2+2=4 e ainda deixando um monte de coisas do jeito que ele quer, ou seja, você deixa de fazer as coisas que estava acostumado e tem que se adaptar a fazer coisas diferentes (geralmente na forma, e não no resultado) e isso quase sempre é doloroso.

2) Em termos de quantidade, a maior parte das mudanças que ocorrem na troca de um chefe é puramente estética - por exemplo, ele troca o layout padrão dos slides que são confeccionados para reuniões, troca a cor da toalha da mesa onde fica o café, troca a disposição das mesas onde as pessoas trabalham,  e por aí vai. Isso é, a meu ver, uma forma de "marcar território" e além disso, pode ser explicado pelo seguinte fato: 99% dos trabalhos de escritório que existem são orientados por processos que já foram mapeados há muito tempo, de modo que a maioria das alterações provocará mudanças apenas incrementais, ou seja, o grosso do trabalho - criar o processo e estruturá-lo e passar a cumpri-lo rotineiramente - já foi feito, e agora é só deixar a "máquina" girando e fazendo pequenos ajustes ocasionais. 

3) Sempre tem coisas que por alguma razão eram muito importantes para o chefe  anterior mas que o atual simplesmente não liga, e há  coisas que para o outro não tinham importância mas para o novo chefe são imprescindíveis. Cada um tem um modo de enxergar as coisas. O chato são as mudanças que isso proporciona - ocorrem mudanças de prioridade no meio do caminho e tudo fica embaralhado por um tempo.

4) Existem chefes que delegam mais coisas e deixam os subordinados fazerem suas tarefas, só cobrando os resultados, enquanto há outros que querem controlar os pequenos detalhes - quando se muda do primeiro tipo para o segundo a mudança é especialmente dolorosa, e foi o que aconteceu no meu trabalho. Eu particularmente prefiro que me deixem na minha fazendo o meu trabalho,  mas isso infelizmente mudou. (mas o lado bom do chefe "micro-gerente" é que ele também acaba carregando um pouco da culpa quando alguma coisa dá errado)

5) Pela minha experiência, muitos chefes pensam da seguinte maneira: "na época dele" tudo era muito mais difícil, mas mesmo assim ele resolvia tudo, fazia tudo com os olhos vendados, em cinco minutos e melhor que você. Ele com certeza era o bonzão quando era analista e depois ficou melhor ainda quando virou gerente. (Será que agiremos da mesma maneira quando formos mais velhos, caso tenhamos a oportunidade de subir... aliás  será que teremos a oportunidade de subir?)

6) É nestes momentos de mudança  em que descobrimos que não sabemos tanto quanto achávamos que sabíamos. Basta o chefe novo perguntar "mas por quê esse processo é assim e não desta outra maneira?" e muitas vezes perceberemos que não temos uma resposta. Às vezes nem existe uma resposta para isso. Acontece. Normalmente não trabalhamos na empresa desde sua criação, já assumimos nossas funções com os processos "rodando quente", e simplesmente aprendemos tais processos e os cumprimos, fazendo ajustes pontuais conforme o alcance de nossa influência no todo. Por um lado, essas perguntas cretinas são muito boas para nos fazer pensar e revisar coisas que possam estar ultrapassadas ou contraproducentes. Mas por outro lado, provocam mudanças dolorosas que envolvem ficar até tarde procurando a resposta que o seu chefe quer ou adaptando tudo para que fique da maneira que ele acha que é melhor, e que na maioria das vezes geram ganhos apenas incrementais ou puramente "estéticos".

7) Dificilmente uma mudança em um  processo, ainda que o simplifique, resultará em menos trabalho para os funcionários. Por um lado isso é bom, pois quem trabalha em empresa como CLT está a todo momento em uma eterna batalha para justificar seu custo (afinal, normalmente para a empresa somos só números numa planilha do RH e da contabilidade, e não seres humanos com necessidades, desejos e aspirações - não sacrifiquem sua saúde por nenhum emprego, confrades!). 

8) Se a mudança que ocorre no trabalho envolve implantar um sistema novo, a maior parte do seu tempo será gasta ou aprendendo a usar o tal sistema e/ou lutando contra as reclamações dos outros, que não querem usar o sistema, principalmente se forem seus subordinados. E, não se iludam: mesmo que o novo software XPTO seja a "solução mágica para todos os problemas da empresa", daqui a um ano, ou menos, algum diretor ou cargo equivalente (querendo aparecer e demonstrar serviço) vai cismar que o tal programa já não atende mais às expectativas e vai providenciar a implementação de um novo, e o ciclo das torturas infernais se repetirá.


E vocês, confrades? Como passam por mudanças no trabalho? 

Comentem aí!

Forte abraço! 

Fiquem com Deus!

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Aportes e Atualização Patrimonial - Julho/2021

 Saudações,  confraria!

Vamos à segunda atualização patrimonial do blog, expressa em Coroas, a moeda oficial do Mago Economista:


Julho foi um mês financeiramente bom para mim por conta do décimo terceiro, o que deu um up nos aportes e me possibilitou comprar 3 ativos no mês: 1 ação e 2 FIIs. 

Aliás, sempre que possível devemos aproveitar o décimo terceiro para melhorar nossa situação, seja aportando, seja pagando dívidas que tiram nossa tranquilidade e nosso sono.


Segue o quadro de ações, com os valores expressos em Coroas (não é a quantidade de cada ação, mas o valor em cada ação):



A ação comprada em julho foi a da Engie,  uma empresa do setor de distribuição de energia 100% privada, localizada na maravilhosa região sul do nosso Brasilzão de Deus. Empresa interessante, com IPO já com um bom tempo (2005), que vem dando lucro já há alguns anos,  é de um setor com fortes barreiras de entrada para concorrentes (necessidade de investimento muito alto para começar), vende um serviço extremamente necessário e tem renda garantida. Mas, não recomendo a compra desta ação e de nenhuma das outras que estão no quadro, afinal não sou um investidor profissional qualificado e nem trabalho para um fundo e nem para uma corretora. Sou apenas mais um sardinha assalariado e de classe média, tentando sobreviver em meio aos tubarões do mercado que aportam todos os dias verdadeiras fortunas como quem compra bala Juquinha na padaria.

Com isso agora tenho ações de 6 empresas, sendo 5 delas na carteira All Stars e a Embraer na "segunda divisão" - quem sabe, um dia, essa empresa não melhora e se torna uma excelente competidora global no mercado de aviação? Eu não pretendo comprar mais nenhuma ação da Embraer, mas também não vou vender as que ainda tenho, a não ser em caso de necessidade.


Agora o quadro de FIIs, também com os valores expressos em Coroas:

Na próxima atualização eu faço um quadro mais bonito para os FIIs... 

Este mês foi a estréia da minha carteira de FIIs, com HGLG e XPIN. Notem que ambos satisfazem aos meus critérios pessoais: fundos de tijolo, multi-imóveis e multi-inquilinos. Um é da área de logística e o outro é da área industrial. As próximas aquisições focarão outros setores (provavelmente).

Importante lembrar que não recomendo de jeito nenhum a compra destes FII e que não sou um profissional de investimentos qualificado. Estudem sozinhos e tirem suas próprias conclusões sobre o mercado de fundos imobiliários. 

Na parte da renda fixa, fiz um aporte pequeno na caderneta mesmo.  Por enquanto não vislumbro muito o que fazer na renda fixa. Ainda estou estudando onde aportar e avaliando meus objetivos. Vamos ver no que dá.

Reserva de Valor ainda não aportei nada. Falta de motivação mesmo. Ainda não sei se vou entrar no mundo das criptomoedas. 

Eu ia criar um quadro mostrando a renda passiva, mas ainda não vale a pena. Só recebo os magros juros da poupança e uns pingados de dividendos de algumas das ações. Quando começar a receber aluguéis de meus 2 FIIs, o valor ainda será pequeno, mas talvez já valha a pena acompanhar a evolução. 

Por enquanto a renda passiva está sendo depositada na caderneta mesmo. Quando for suficiente para ajudar na compra de ações ou FIIs, aí usarei para isso mesmo. O importante é evitar gastar a renda passiva (óbvio que em casos de emergência eu usarei, mas não precisando usar, vou reinvestir tudo)

Enfim, confrades, é isso. Em meses normais, sem décimo terceiro, provavelmente vou aportar em um ou dois ativos de cada vez, sejam duas ações,  ou dois FIIs, ou 1 FII e 1 ação. Pode ser que tenha meses em que eu aporte em um só para "concentrar" a força do aporte ou por conta de alguma despesa maior que o normal. Faz parte do jogo. 

O que importa, em finanças, é aportar todo mês em ativos de valor e diversificadamente pelo maior tempo possível.

No mais (família, saúde, trabalho, estudos) tudo bem, graças a Deus.


Forte abraço! 

Fiquem com Deus!