Um dos grandes erros de nossa academia é o excesso de preocupação com a forma dos trabalhos que são feitos e a quase absoluta falta de preocupação com o conteúdo e com os efeitos práticos que as conclusões de tais trabalhos alcançam.
Basta observar que em qualquer TCC o que mais se cobra são as regrinhas da ABNT e não o conteúdo e a qualidade do texto em si. O irônico é que praticamente toda faculdade, não importa se de humanas ou de exatas, tem uma matéria só para ensinar essas regras ("metodologia da pesquisa"), mas esta matéria geralmente é tão árida (e muitas vezes mal ensinada) que quase todo mundo tem que ficar pesquisando na internet como fazer citações do jeito certo e outras regrinhas bobas (ou pagar alguém por fora para formatar o trabalho - aliás, está aí uma boa ideia de pequeno negócio para um universitário ganhar uma renda extra, caso tenha paciência, desde fique só na formatação e não envolva fazer o trabalho inteiro para os outros.)
Conforme disse em outro post sobre educação, descreverei aqui algumas das minhas experiências ruins com este tipo de trabalho. Provavelmente alguns de vocês irão se identificar:
1) No TCC da faculdade, acabei escolhendo um tema que infelizmente era meio complicado de encontrar bibliografia - acho que só tinha uns 3 ou 4 livros em português, e eu comprei todos para fazer o trabalho. O problema é que eles não são atualizados há muito tempo (o mais recente era uma edição de 2005) e o professor ficou cobrando que eu colocasse citações de mais livros e de livros mais recentes, sem entender que a bibliografia era escassa. Para sossegá-lo, procurei dissertações de mestrado sobre o tema (também raras) e coloquei citações delas só para encher linguiça.
Na verdade, nenhuma das citações que eu coloquei contribuía de fato para o trabalho, mas infelizmente nossa academia entende que somos obrigados a citar autores só porque sim, como se nenhum de nós fosse inteligente o bastante para ter raciocínios próprios.
Para os meus leitores que porventura ainda estão na faculdade e não chegaram ao TCC, coloco um exemplo bem hipotético para ilustrar o que os aguarda:
-Você entrega o primeiro rascunho do trabalho assim:
"O céu é azul, o sol está brilhando, e os passarinhos cantam... a primavera chegou."
-Então o professor te devolve o rascunho com a seguinte correção:
"O céu é azul [quem disse que o céu é azul? colocar citação], o sol está brilhando [novamente, você está fazendo uma afirmação não embasada. Sugiro colocar uma citação de autor consagrado para dar força ao seu argumento] , e os passarinhos cantam... [faltou citação, e não use reticências em trabalhos científicos. Recomendo usar ponto e vírgula para este tipo de separação] a primavera chegou." [a conclusão está partindo de premissas não embasadas em autores confiáveis. Sugiro verificar isso e mudar o tipo de verbo usado na conclusão. Também deixo como sugestão usar mais de um tipo de citação para enriquecer o trabalho]
-Então, você, que não quer perder pontos e nem perder tempo, devolve o trabalho assim:
"Segundo Ramos (2018) "o céu possui tonalidade azul cerúlea que fica mais intensa nos meses mais quentes do ano". Para Almeida e Gonçalves (apud Pedroso, 2015):
o sol brilha forte no alto do céu nas
estações da primavera e do verão.
É comum que as aves saiam de seu
período relativamente silencioso
observado nos meses mais frios.
(Pedroso, 2015, p. 394)
Partindo dos pontos de vista apresentados acima, é bastante seguro afirmar que, através da observação do céu quando este apresenta tonalidade azul mais intensa, assim como da observação do aumento da intensidade da luz solar, que o local observado encontra-se na primavera. Para reforçar a conclusão, há também a evidência do aumento na frequência do cantar das aves, conforme definido acima por Almeida e Gonçalves.
-E provavelmente depois de entregar esta versão, ainda corre-se o risco do professor dizer que a referência a Almeida e Gonçalves está datada, porque é de 6 anos atrás, ou que não são autores consagrados, e então exigir uma citação do professor doutor Lindomar.
O exemplo que dei acima foi bastante esdrúxulo, mas acredito que ilustra muito bem a estrutura de um típico TCC nas universidades brasileiras: gastamos linhas e linhas com citações para chegarmos a conclusões óbvias ou semi-óbvias. Gastamos muito tempo e energia fazendo textos que talvez nem o orientador irá ler direito, e que depois será arquivado e esquecido para sempre.
2) Outro causo do TCC da faculdade: o primeiro feedback do professor orientador foi de "isso que você apontou como problema para propor uma solução eu realmente não enxergo como um problema, então sugiro que você mude o tema do seu trabalho" - sendo que faltava dois meses para entregar. Como eu sempre tive dificuldade em escolher o tema de qualquer trabalho em que o tema era livre, ignorei o conselho dele e continuei mandando os rascunhos com o mesmo tema, na cara de pau. Eu acho meio exagerada essa coisa de que o TCC de uma faculdade tem que propor uma "solução" para um "problema" - até porque o limite costuma ser de 20 páginas, com espaçamento 1,5 e sendo obrigatório encher o texto de citações só porque sim. Como realisticamente propor uma "solução" para um "problema" em 20 páginas?
E o pior: muitas vezes somos forçados a inventar um "problema" que não existe e a propor uma "solução" imaginária.
Infelizmente, temos essa mania de "brincar de pesquisador" em todas as nossas faculdades. Esse modelo obviamente não deveria ser aplicado a todos os cursos. Na minha opinião, os TCC de nível de graduação nem deveriam existir, mas já que o MEC faz questão, então eles deveriam ser somente resenhas de livros consagrados de cada área ou simplesmente estudos de caso, e com limite maior de páginas. Tem vários assuntos em que 20 páginas é muito, e vários assuntos em que 20 páginas é muito pouco, ainda mais em se tratando de "problemas" que muitas vezes nem existem.
Acho que soluções de verdade para problemas de verdade estão mais no nível do doutorado e do pós-doutorado, com muito mais tempo para pesquisar e muito mais páginas para escrever.
3) Na pós-graduação que fiz, havia algumas matérias com trabalhinhos de 1 ou 2 páginas que valiam 1 ponto cada. Geralmente eram 3 ou 4 perguntas e era só enviar um arquivo de Word com as repostas para o e-mail do professor. Como era fácil, cada resposta tendo no máximo 1 ou 2 parágrafos, eu simplesmente respondia e mandava sem grandes preocupações. Acontece que na primeira vez um dos professores me devolveu o trabalho corrigido dizendo que eu não havia deixado as respostas no formato padrão da ABNT. Ele estava cobrando que eu colocasse citações de autores e colocasse tudo com as margens, fontes e espaçamentos corretos para responder àquelas perguntinhas simples. Fiquei pasmo com isso.
A minha vontade era dizer que para um trabalhinho de 1 ponto simplesmente não valia a pena perder tempo cumprindo as regras da ABNT, afinal eu gastaria mais tempo formatando o texto e procurando citações para encher linguiça do que de fato respondendo as perguntas, mas como eu tinha mais a perder do que a ganhar fazendo essa reclamação, deixei para lá. Continuei mandando os trabalhinhos sem me preocupar com a formatação e dane-se. Na terceira vez eles pararam de me recomendar que colocasse no padrão da ABNT e ao invés de eu tirar 1 eu tirava 0,8 ou 0,7 na nota. Que lástima, não é?
4) Ainda sobre a minha pós-graduação, uma reclamação memorável que recebi de um dos professores daquelas matérias com trabalhinhos de 1 ponto era que eu não estava colocando citações nas respostas e, palavras dele: "no nível de pós-graduação, é esperado que as respostas sejam bastante embasadas, afinal não estamos mais no ensino médio, precisamos pesquisar para responder bem cada pergunta que é feita, então é esperado que cada aluno use o máximo de recursos acadêmicos para orientar seus estudos".
Por um lado eu entendo que o uso de citações é uma ferramenta para evitar que os trabalhos sejam feitos com base em "achismo", mas por outro lado, vejo que há um grande exagero em nossa academia em relação à exigência de citações, como podemos observar neste exemplo, em que o professor cobrava citações em respostas que teriam no máximo 2 parágrafos. Até parece que os alunos da pós-graduação não podem pensar por conta própria... Nesse quesito o ensino médio está melhor servido, pois o aluno é livre para escrever usando seu próprio raciocínio sem ter a cobrança por citações, enquanto que o pós-graduando está amarrado a esta obrigação que a meu ver é muito mais estética do que legítima.
Dito isto, atualmente tenho sentimentos mistos em relação a fazer um mestrado em minha área de interesse. A principal razão para me deixar com um pé para trás são estas cobranças fúteis de nosso academicismo. Porém, não nego que ter um mestrado me ajudaria a alcançar uma carreira de professor, o que me permitiria eventualmente deixar meu atual emprego. Confesso que já estive mais empolgado com esta ideia, mas ainda acho que vale a pena ao menos ter esta carta na manga, como um plano "B" da vida. Vou continuar pensando com carinho nesta ideia.
É uma pena que nossas universidades e escolas (inclusive as particulares) já há muitos anos tenham sido tomadas por ideologias nefastas e inimigas da humanidade, embora posem de defensoras dos pobrezinhos. O trabalho para reverter este quadro será árduo e demorado, mas precisa começar, de algum jeito, ainda que de fora da academia. Já há alguns professores bem intencionados lutando o bom combate, discretamente, tijolinho por tijolinho.
Enfim, cavalheiros da blogosfera, mesmo que eu algum dia consiga ter uma carreira acadêmica, sempre escreverei com muito mais sinceridade e autenticidade aqui do que em artigos acadêmicos, pois aqui - ou em qualquer outra plataforma onde eu eventualmente vá escrever alguma coisa sob este ou outro pseudônimo - este relativo anonimato e total informalidade me deixam mais livre e confortável para expressar minhas ideias.
Embora isso seja só um meme, tem um fundo de verdade |
Feliz Páscoa a todos!
Olá Mago, beleza?
ResponderExcluirTerminei a faculdade faz pouco tempo e, realmente, foi igualzinho você disse, sem tirar nem por.
O que me deixou mais maluco foi essa parte do seu segundo argumento. Parece que, os mais novos (os graduandos), tem obrigação de "inovar" com seus TCCs, criando coisas novas e fantásticas em um trabalho de 1 ano (que, na verdade, não deve durar mais que 3 semanas, visto que todo mundo trabalha, têm que fazer provas, estudar, fazer trabalhos e etc....) feito com gente que, muitas vezes, nem conhecemos direito.
Na real, acho que um estudante que acabou de terminar uma faculdade não têm condições de criar algo novo e fantástico. Alguns podem dizer, e o Elon Musk, e o Bill Gates, e o Mark Zuckenberg, e o Steve Jobs. Ainda que achasse 30 nomes para criadores de boas ideias eles ainda seriam uma parte microscópica (invisível, na realidade) dos graduandos do mundo. Isso só prova quão difícil é ter uma boa ideia e seguir firme de sua concepção até efetivo funcionamento.
Ideias boas surgem do nada, surgem quando estamos relaxando, no banheiro, fumando, ou bebendo, lendo algo, etc.... Não adianta forçar.
Lembro de ter várias palestras sobre inovação, dizendo que nós, formandos, éramos os responsáveis pelas inovações futuras e que aquele era o momento de mostrar a que viemos, pois muita gente importante estaria na feira da faculdade para avaliar os projetos.
Via de regra, a grande maioria dos projetos era ou cópia de algo ou uma grande merda.
Assim seguimos.....
Abraços.
Obrigado pelo comentário, Matheus.
ExcluirEngraçado que alguns desses caras que você citou nem terminaram a faculdade.
E é isso aí mesmo, a maioria dos trabalhos será cópia de alguma coisa será algo que nem vale a pena ler. Nestas horas eu também sinto pena dos orientadores, que devem ser obrigados a ler cada coisa...
Por mim, a maioria das faculdades ou não tinha TCC ou então o TCc seria um estudo de caso concreto.
Abraços!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMago, em um TCC que eu tinha feito para História há uns anos atrás, tratava de um tema de conteúdo bem escasso em português, citava então diversos autores escritos originalmente em inglês e fazia uma tradução minha.
ResponderExcluirAbraços.
Mago, em um TCC que tinha feito para História há uns anos atrás, tratava de um teme de conteúdo bem escasso em português, citava então diversos autores escritos em inglês e fazia uma tradução minha.
ResponderExcluirAbraços.
Salve, Astronauta! Eu tive que fazer isso na pós graduação, e imagino que terei que fazer no mestrado também, caso resolva fazer. Sorte que para mim inglês não é problema.
ExcluirAbraço!
Você reclamou no seu post sobre os TCC, mas senti que carece de fontes, favor reverta seu post para 'Rascunho' e faça às devidas correções e por favor aplique ABNT.
ResponderExcluirHAHAHAHA' brincadeira
Mago, seu post veio muito bem a calhar e me peguei refletindo sobre ele.
Me formei faz alguns anos e passei pelo TCC, escrevi sobre algo que não achei interessante (ainda que tenha sido eu que à escolher o tema), foi totalmente teórico e sem aplicação prática.
O que me deixou chateado é que a versão que eu e meu orientador produzimos tinha 38 páginas e juro por Deus, eu escrevi cada linha do conteúdo (claro, colocando às citações) e depois tive que alterar o texto e encher um monte de linguiça pois uma merda de um site que verifica autenticidade não indicava a autenticidade suficiente, por incrível que pareça o site dizia que não era autêntico às coisas mais banais possíveis como "Segundo Fulano (2011) a prática envolvia" só esse trecho ele já considerava como plágio e eu ficava muito chateado pois eu era obrigado a citar essas merdas.
O TCC é totalmente inútil, mas acredito que é um problema da pesquisa acadêmica brasileira como um todo. O que não falta é tese de mestrado e doutorado que são totalmente irrelevantes para a sociedade. Eu acredito que precisamos urgentemente repensar a forma como à pesquisa é feita nesse país, pois muitas vezes gasta-se uma boa grana pública em instituições e pesquisados que dão retorno zero para o país.
O problema de tentar mudar alguma coisa é que esse "vespeiro" envolve muitas questões polêmicas, muitos interesses, muitas pessoas acomodadas e claro, também corremos o risco que ao tentar melhorar acabemos engessando a pesquisa acadêmica ou dando algum tipo de viés político para ela.
É uma tema complicado, relevante e que infelizmente não vejo que o país tenha condições de debater de forma sensata hoje.
Abraços,
Pi
Esse vespeiro é enorme mesmo. As faculdades hoje em dia mais parecem templos onde se cultua, dentre outras coisas, a vaidade.
ExcluirTambém já vi na internet exemplos desses trabalhos (geralmente de mestrado e doutorado) inúteis e totalmente irrelevantes. Em um país sério, tanto o orientador quanto o autor desses trabalhos seriam obrigados a ressarcir o dinheiro público que foi gasto na execução...
Abraço!
Mago, entendo PERFEITAMENTE as colocações que você fez aqui. Eu me formei não tem muito tempo (o "Tardio" aqui no meu blog não é atoa, rs), e é exatamente como você falou. Existe um texto fantástico do Richard Feynman falando sobre os 'estudantes de física brasileiros", em que basicamente ele fala assustado sobre como esses estudantes são excelentes em responder questões teóricas de imediato (como por exemplo qual é o ângulo de refração da luz em uma situação X), porém falham miseravelmente em desmontrar esse conhecimento de maneira PRÁTICA (que é o que OBVIAMENTE deveria importar!)
ResponderExcluirEntão eu acabo pensando se o que temos aqui são formações superiores DE VERDADE ou se são imitações mal feitas do que é uma graduação lá fora.
Aliás, meu TCC teve quase 100 páginas, viu! Queria eu que tivesse tido esse limite de 20 páginas aí..hahaha
Abraço!
https://engenheirotardio.blogspot.com/
Tudo bem, Engenheiro? Eu li esse texto que você mencionou - os alunos sabem de cor e salteado o enunciado de uma lei da física mas, na hora de aplicá-la, não têm ideia de como fazer.
ExcluirO TCC de 100 páginas eu enxergo como melhor do que o de 20, porque aí sim dá para desenvolver um raciocínio, comparar resultados, colocar tabelas, e por aí vai. No de 20 você perde espaço para as citações, tem que escrever tudo muito bem resumido e acaba sacrificando a qualidade do raciocínio.
Abraços!
Olá Mago! Não vejo exatamente assim, considero isso reflexo da falta de qualidade do sistema de ensino como um todo e dificuldade das pessoas em saberem o seu real objetivo. Acho mais a segunda opção.
ResponderExcluirEu me orgulho de meus tccs, da organização, de seguir as normas. Podem ser temas irrelevantes para várias pessoas, mas eu quem escolhi, me completam como profissional e digo que sei me virar, pq não é algo inédito em minha vida.
A norma ABNT é uma como qualquer outra, as vezes a dificuldade do povo é com o uso do editor de texto nem a norma si. Quando o cara vê está tudo desconfigurado.
As citações realmente exige-se em exagero, mas pense que talvez seja a garantia do seu orientador ou da sua banca. Imagina vc com seu trabalho diário e aparecem 3 alunos para serem seus orientandos, vc não pode recusar, trabalho inédito, tema escolhido por seu aluno, se vc não fizer o cara pesquisar o trabalho vira seu e não dele. E se deixar passar achismos é seu nome que estará lá como orientador. Tem gente que mal sabe escrever, montam trabalhos sem lógica, verdadeiros Fransksteins.
O trabalho é seu e de mais ninguém, só deve servir pra vc atingir os seus objetivos. Não é uma prestação de serviço, mas não pode ser eu acho isso e pronto.
Talvez as pessoas escolham estudar e não sabem encarar de verdade, aceitar a academia como ela é. Tem os níveis técnico, tecnólogo, bacharel, licenciado, especialista, mestrado acadêmico e profissional, doutorado acadêmico e profissional, cursos livres.. A pessoa escolhe o tipo de curso pelo título que quer, sem saber ou encarar as pedras no meio no caminho, não reconhece o tanto de opções que tinha e quer que o sistema mude e não que ele se adapte.
Pois é, anon. Concordo que a academia não é para todos. Prova disso é o fato de que uns 90% dos universitários nem sabem ler direito, quanto mais escrever, e 99% nunca leram nada mais sério do que Harry Potter e Crepúsculo. Mas aqui no Brasil a faculdade é meio que uma exigência social, e mesmo que o diploma não esteja valendo nada, não ter um diploma superior nos exclui de um monte de oportunidades. Isso resulta em uma academia inchada de alunos. Muitos estariam melhores em cursos técnicos, mas são forçados a virarem bacharéis.
ExcluirConcordo com você em relação às citações evitarem achismos, mas sinceramente, há muitas verdades auto-evidentes que podem ser escritas de boa sem citação nenhuma mas que os orientadores cobram citações (daí o exemplo do céu azul que eu coloquei no post). Fora o tempo e o espaço no texto que se gasta definindo coisas. Para algunas é válido, para outras deveria ser permitido escrever alguma coisa do tipo "a definição de XYZ poderá ser consultada na obra de fulano(2019)" e vida que segue, sek gastar linhas e linhas definindo coisas que para quem é da área "já estão no sangue".
Abraço e obrigado pelo comentário! Volte sempre!
Olá Mago! Esses aspectos formais da tese (no caso de especialização, doutorado, pos-doc) e da dissertação (mestrado) são a pior parte na pós. Fiz mestrado profissional e minha orientadora revisava todas as citações no formato ABNT (detalhe: dependendo da instituição ou do curso, o estilo é diferente!). Beirava o surreal. Minha dissertação teve quase 50 páginas de revisão - e mesmo assim, na banca sugeriram que eu deveria "revisar e explorar mais o estado da arte". Ou seja, citar mais “amigos dos amigos” e aumentar o score de citação dos mesmos.
ResponderExcluirOutra coisa: cuidado com o ego. Constatei muitas vezes uma rivalidade infantil entre os professores, coisa de criança mesmo. Dependendo de quem é seu orientador, isso pode fechar portas (acadêmicas). Isso é bastante comum nas universidades públicas – além do fato de você trabalhar ser enxergado como falta de responsabilidade ou comprometimento.
Mas considerando o mestrado como um todo, achei que tive uma experiencia positiva. Meus colegas de aula tinham o skin in the game e além dos insights, existia um vínculo entre nós... certas disciplinas eram bem complexas e tentávamos nos ajudar o máximo possível (afinal todos nós tínhamos emprego e tempo limitado). O orientador mesmo tinha papel secundário. Outro ponto a ser considerado, é o título - ter um plano C (professor) é muito bom.
Não me arrependo, mas admito que fazer um mestrado depende muito do momento da sua vida. Quanto mais passa o tempo, mais difícil é conciliar a academia com a profissão.
Como sempre, obrigado pelo comentário, Farmacêutico.
ExcluirNão duvido que aconteça mesmo isso de exigirem citações para inflar artificialmente o currículo Lattes. Espero que seja só uma minoria fazendo isso.
Estou ciente dessa questão do ego também. Tenho parentes professores e sei como o mundo acadêmico funciona.
Vamos ver se eu terei ânimo para o mestrado. Conciliar estudo com o trabalho é difícil mesmo, e algumas instituições de ensino parecem não saber disso, tendo em vista a maneira como organizam suas grades de horários...
Fala Mago!
ResponderExcluirChega até a ser engraçado mesmo isso... Onde já se viu cobrar mais pela burocracia, creio que podemos assim definir a poha da abnt, do que pelo conteúdo, pela estruturação da ideia, pela desenvolver da pesquisa e tudo que ela vem a agregar... É fogo, cara... é fogo...
Belo post!
Essa é bem a sensação, One.
ExcluirAbraço!
Mago, parece que seu post foi escrito com exatamente cada detalhe do que eu penso, kkkk.
ResponderExcluirNa faculdade que eu curso eu sinto que os orientadores não se preocupam nem um pouco com a criação de valor ou com o que realmente está sendo feito, desde que simplesmente cumpra uma série de colocações das normas abnt que estão escritos no passo a passo dos seus formulários. Eu acho que as normas de padronização abnt (e algumas da minha faculdade) exigem muitas coisas que não acrescentam em nada e geram mais esforço para eu deixa-las de acordo do que para produzir o trabalho em si, não entendo até hoje qual a utilidade de ter uma capa e uma folha de rosto, por que não unificar as duas sendo que a única diferença de uma pra outra é a nota explicativa?
Concordo com as citações, é pra mim disparado o que mais me estressou, porque eu não posso ter opinião, não posso relatar algo que funcionou para mim de forma empírica, não posso me apoiar nas ideias que eu mesmo sigo e algumas delas foram uma construção de aprendizados, que não há como eu linkar a apenas uma ou duas citações de autores.
Outra vez pensando sobre autor, pensei até de sacanagem em publicar um ebook usando um pseudônimo e usar as ideias do pseudônimo como base para algumas conclusões em citações, mas seria pura molecagem, kkkk.
Conheça: odelfosoraculo.blogspot.com
Valeu pelo comentário, Eric.
ExcluirEsse detalhe da folha de rosto + capa eu também já tinha pensado. Poderia juntar tudo mesmo... confesso que também já tive vontade de escrever um livro sob algum pseudônimo, publicar na Amazon e me citar, para poupar trabalho. É uma ideia no mínimo engraçada, fico imaginando como as pessoas reagiriam se soubessem!
Abraço e volte sempre. Depois apareço no seu blog para comentar!