domingo, 24 de janeiro de 2021

Comentários sobre a educação e o ensino no Brasil

 Saudações, confrades!

Aproveitando que hoje foi o último dia do ENEM, vou escrever sobre a baixa qualidade (em geral) do ensino no Brasil, com ênfase no ensino superior, um assunto amplamente debatido na nossa querida blogosfera das finanças.

Como vocês devem estar carecas de saber, já faz muitos anos que a qualidade do nosso ensino vem caindo (eu diria que há pelo menos uns 40 ou 50 anos), e a era PT no governo só acelerou a decadência.

Isso, na minha opinião, é de propósito, e tem o intuito de  nos transformar em gado obediente e 100% dependente do Estado. O conhecimento ajuda a trazer liberdade, tanto financeira quanto das amarras mentais de ideologias (o pior tipo de escravidão, na minha opinião), e os governos em geral (assim como algumas grandes empresas, que cada vez mais se confundem com o Estado, ou até mesmo como um novo tipo de Estado) não gostam da ideia de homens livres: querem que você seja só um pobre coitado que nem sabe ler direito e dependa do Estado para tudo, até para decidir o que comer na hora do almoço (não é à toa que cada vez mais ficam forçando a barra com bobagens do tipo "pegada de carbono", comer insetos para não precisar criar gado, controle populacional, etc.)

Voltando ao assunto principal do post: vejam, porém, que não é só o governo o culpado pela derrocada do ensino no Brasil: a própria mentalidade do povo colabora com isto. Parte do problema é o pensamento incutido no imaginário popular brasileiro de que o acesso ao  curso superior é um direito e, não apenas isto, mas que fazer faculdade  é uma etapa obrigatória da vida. 

Claro que isso se aplica muito mais à vida nas grandes e médias cidades, que é onde estão as empresas e órgãos públicos mais importantes, que são os lugares onde normalmente se exige maior qualificação da mão de obra. (Se bem que acho que até hoje tem gente no interiorzão rural que ainda nutre esperanças de "ir pra faculdade pra não ser peão de roça"... e acaba virando "peão de escritório"). 

Como há muita demanda por praticamente qualquer ensino superior, o mercado não ficou parado e criou a "indústria do diploma", com a abertura de inúmeras faculdades particulares. E o governo, sempre faminto por capital político, ampliou o ensino superior público. Todas estas coisas aconteceram sem um bom planejamento, e assim temos muito mais diplomados do que o mercado precisa em diversas áreas. Infelizmente, a economia no Brasil não é tão desenvolvida a ponto de precisar de tantos profissionais formados todo ano. O resultado disso é o achatamento geral dos salários e muito desemprego. É graças a aplicativos de entrega, uber, cabify, etc. que a situação não está pior ainda.




E para piorar, a qualidade do ensino (público ou privado) em geral é péssima.

Claro também que para algumas profissões é mesmo necessário um nível maior de estudos, o que justifica a necessidade do nível superior, mas o problema é que esta necessidade se generalizou, e muitos empregos que antes não exigiam diploma hoje exigem, porque, como "todo mundo tem diploma", não ter passa a ser uma desvantagem, e acaba sendo uma maneira fácil para o RH de qualquer empresa eliminar candidatos às vagas de emprego.

Um exemplo que ocorreu na minha família: um parente meu era gerente do departamento de ações de um banco nos anos 70-80, e isso sem nem ter o ensino médio! Ele só tinha o primário! Como ele eventualmente "ficou caro" para o banco, foi demitido e foi se virar trabalhando como corretor autônomo da bolsa, e trabalhou com isso por muitos anos, até bem pouco tempo, e isso só com o diploma da quarta série. Foi só a partir de 2007-2008 que a CVM inventou do nada uma regra estúpida de que os corretores deveriam ter no mínimo o ensino médio completo. Esse meu parente era uma prova de que tal regra era desnecessária, mas fazer o quê, aqui é o Brasil, então ele foi obrigado a fazer a prova do ENEM  para ter o direito de continuar trabalhando. Detalhe: ele passou na prova do ENEM sem nem estudar, só com o conhecimento "de vida". Não acho que ele passaria para medicina, mas ele tirou a pontuação mínima exigida para que pudesse usar o resultado como um "diploma" do ensino médio. 

(E tem muito adolescente com a matéria ainda "fresca" na cabeça que não passa.)

Baseado nesta história e em outras que já vi, digo com segurança que, em termos de conhecimentos e capacidade de se virar no trabalho, muita gente só com o primário e/ou com ensino  médio de antigamente certamente dá um banho em 90% das pessoas com mestrado/doutorado/Phd de hoje em dia

Sei do que estou falando. Tenho mais de um professor na família, tanto na área pública quanto na iniciativa privada, e através deles sei como andam essas coisas. A qualidade de tudo vem caindo: professores recém-formados, materiais produzidos, e até a dos alunos.

Infelizmente, nossa "academia" é muito apegada à teoria e aos formalismos (saibam que toda faculdade, não importa a área, tem uma matéria chamada "metodologia da pesquisa" que praticamente só serve para "ensinar" a fazer o TCC, e o próprio TCC é uma coisa besta: o que mais importa não é o conteúdo, é seguir as regrinhas da ABNT, muitos avaliadores nem lêem). Nossa "academia" quase não dá valor à prática. Então vemos, por exemplo, na área de economia, administração e contabilidade, cursos 100% teóricos, em que não se ensina nem a mexer no excel e no powerpoint (que até hoje constituem uns 90% do trabalho de escritório), que dirá tópicos mais avançados. Vemos licenciaturas com aulas que mais parecem propaganda político-partidária e demagogia do que realmente ensinam os futuros professores a ensinar. Até mesmo as faculdades de medicina me parecem que estão formando "leitores de manual" ao invés de médicos, conforme já escrevi por aqui.

E digo mais: a maioria dos diplomas não são realmente necessários para suas respectivas áreas profissionais - isso é um fato para o qual cada vez mais pessoas estão despertando, mas ainda demorará um tempo até que o mercado de trabalho deixe de se importar com diplomas. Talvez a "pejotização" acelere isso. Lá fora, nos EUA, com todo aquele drama causado pelas imensas dívidas estudantis (as universidades por lá, pelo menos as famosas, são bem caras, custando mais de 50 mil dólares por semestre), me parece que também está havendo um despertar para o fato de que há algum tempo os cursos superiores não estão com essa bola toda.

Eu mesmo tinha muita vontade de fazer mestrado na minha área, mas de uns tempos para cá desanimei bastante - confesso que em boa parte por causa da perspectiva de ter que fazer mais um TCC, só que um com muito mais páginas - talvez um dia eu escreva um post falando só sobre o drama que é fazer esse tipo de trabalho e compartilhando algumas experiências pessoais. 

Porém, eu sei que serei "obrigado" a fazer pelo menos um mestrado caso consiga virar professor, por questões de sobrevivência profissional e para ampliar minha empregabilidade (no serviço público, porque escolas e cursos particulares às vezes rejeitam candidatos com muita qualificação, pelo que fiquei sabendo, de modo que muitos omitem estes cursos de seus currículos...)

Recomendo a todos os que se interessam pela área de ensino a leitura dos livros do saudoso professor Pier Luigi (Aprendendo Inteligência, Ensinando Inteligência e Estimulando Inteligência).

O que os confrades acham disso? Fizeram faculdade? Como foi sua experiência? Pretendem fazer mestrado, doutorado, etc?  

Forte abraço! Fiquem com Deus e tenham uma excelente semana!

30 comentários:

  1. Está certíssimo. Hoje há uma tendência de excesso de qualificação para qualquer área. Sou engenheiro, formado em federal, e trabalho na área, posso afirmar que 80% do que eu uso aprendi nas empresas, logo o curso para engenheiro podia ser encurtado para 2 anos. Economizaria dinheiro público e tempo do estudante. É lógico que para alguns cursos isso não é possível (área de saúde), mas considero essencial uma reforma desse sentido no ensino superior.

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    1. Obrigado pelo comentário, anon. Concordo com o que você escreveu. Esse modelo padrão do MEC de 4 ou 5 anos + TCC não deveria ser usado em todos os cursos! Se para Engenharia você acha que bastam 2 anos, então que dirá Administração, Contabilidade, Economia, Logística, Estatística, etc... poderiam ser cursos técnicos de 1 ano e meio ou 2 anos também, ensinando só o necessário, sem excesso de teoria. 90% do que uso aprendi na prática também. Acho que diploma mesmo só deveria ser exigido em medicina, farmácia, etc.

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  2. Eu acho que o problema da má qualidade da educação não tem a ver com os políticos querer manter o povo na ignorância.
    O problema está na ausência de uma visão de nação. A elite (política e econômica) brasileira não têm uma visão de futuro. Enxergam o Brasil como um lugar pra extrair o máximo e foda-se.
    Por isso há essa cultura geral de se aproveitar, tirar o máximo dos outros, ser esperto, malandro.
    Não é só a educação que é péssima, nossa infraestrutura é precária, a burocracia é burra, o sistema tributário é anacrônico. Isso não é um projeto, é só desleixo de uma elite que não pensa no futuro.
    O que o Brasil precisa é de líderes nacionalistas. Que tenham um projeto de futuro, que pense o Brasil daqui a 50 anos e não só na próxima eleição.
    Pq aí serão feitas as reformas na educação, no marco regulatório para investimento em infraestrutura, reforma tributária, investimento em defesa e segurança nacional.
    A nossa elite não têm ambições de transformar o Brasil em potência, sentar se a mesa e falar em pé de igualdade com EUA, China e UE.
    Querem ser rentistas, vira latas, que exploram nossas riquezas pra tomar vinho francês na Itália, usando um celular americano produzido na China.

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    1. Você também está certo em suas colocações, anon. Me parece que você leu o livro "Brasileiro é otário", do Rodrigo Constantino.

      Realmente o Brasil necessita de verdadeiros estadistas, pessoas que pensem no futuro da nação, e nossa cultura realmente valoriza (e até endeusa) a figura do malandro, do vagabundo, do espertalhão, enquanto demoniza o produtor (principalmente o agrícola e o industrial) e o comerciante (especialmente os portugueses). Sem uma intensa reforma cultural, não conseguiremos esta também necessária reforma administrativa, tributária, etc.
      Nossos políticos em geral não são nem um pouco patriotas, e acredito sim que a educação seja ruim de propósito, pois manter o povo afastado da alta cultura, das boas obras, do conhecimento, etc. o torna muito menos propenso a se revoltar contra a elite cleptocrática dominante. Infelizmente, este será um trabalho que demorará anos até surtir algum efeito, e precisamos começar para ontem.

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    2. Até hoje não entendo como não estudamos educação financeira e empreendedorismo na escola, só isto já incentivaria muitos alunos a montar o seu próprio negócio e gerar empregos ao invés de se matar trabalhando para os outros e se enfiar em financiamentos de carro, casa, na minha família não tem nenhum empreendedor, todo mundo ferrado de grana e vivendo de empréstimos, logo segui o mesmo caminho e como na época não tinha internet, demorei muito para aprender estas coisas, e só aprendi graças ao youtube, pq a faculdade de administração que eu fiz na faculdade que eu podia pagar tbm foi fraca demais, pouquíssimos professores bons, maioria só estava lá para cumprir horário e ensinar o básico.

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    3. Esses conhecimentos realmente fazem falta, caro Unknown, e de fato é surpreendente que não estejam nos currículos de administração, contabilidade e etc. A situação do brasileiro é complicada, precisamos de uma reforma no ensino para ontem, e é imprescindível diminuir a presença do Estado no ensino.

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  3. Excelente texto, Mago.

    Eu já acredito que o problema maior dessa questão não é termos "muita gente com diploma", mas sim muita gente PESSIMAMENTE formada. Eu digo isso a partir do que eu observo: é muito comum eu ver e-mails de gestores, colegas de trabalho e etc, terrivelmente escritos, erros crassos de português, falta de conhecimentos básicos de determinados assuntos (o que para um engenheiro, na minha opinião, é inadimissível), entre outros. Ao mesmo tempo eu tabém concordo que não faz sentido você querer que TODOS de uma nação tenham curso superior. O curso superior não é para todos. É para aqueles que realmente desejam ter um conhecimento maior em alguma determinada área, e não há nada de errado em não se querer ter esse conhecimento, mas de fato aqui no Brasil isso foi implementado através de uma grande lavagem cerebral na cabeça das pessoas.

    De qualquer forma o ensino em si com certeza passará por grandes transformações. Esse modelo atual não deverá durar mais muito tempo.

    Abraço!
    https://engenheirotardio.blogspot.com/

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    1. Como você disse, Engenheiro, o ensino superior não é para todos, mas colocaram no povo a ilusão de que é um "direito sagrado", e o povo fica com uma noção de que é uma etapa obrigatória da vida, o que resulta em pessoas sem pendor para os estudos acadêmicos perdendo tempo em cursos superiores de qualidade duvidosa, para no fim trabalharem em sub empregos mal pagos. Assim como você, também percebi em todos os empregos que tive que o pessoal em geral escreve mal, e outroa tantos lêem mal também. Aqui infelizmente é assim: valorizamos o papel (diploma), mas não o conhecimento e nem a alta cultura.

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  4. Farmacêutico Investidor25 de janeiro de 2021 às 10:58

    Concordo com suas colocações Mago - infelizmente existe um descompasso entre a educação e a prática profissional. No meu caso, fiz um mestrado profissional (o único modo que encontrei de conciliar trabalho e academia). Confesso que os conhecimentos que adquiri foram quase "acessórios" de pouco uso prático, mas me valeu muito a pena em termos de network.

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    1. Para quem trabalha é praticamente impossível fazer um doutorado oi um mestrado acadêmico, então só dá pra fazer o peofissional. O duro é conciliar a rotina, e aguentar a jornada de ir pra faculdade depois do trabalho. Parabéns por ter aguentado!
      Eu já tive muita vontade mas desanimei com a perspectica de ter que fazer um TCC e aturar as idiossincrasias do orientador, fora os trabalhos em grupo, que detesto. O preço também me desanimou.
      Voce também deu sorte com o network, nem sempre vale a pena.

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  5. Precisamos reformar o ensino superior no Brasil.

    É curioso que na graduação você tenha um monte de matérias na grade que já deviam ter sido ensinadas no ensino médio, eu mesmo fiz uma graduação de quatro anos e que se fosse eliminadas essas matérias em duplicada dava para reduzir em um ano o curso. Acho que Filosofia, Sociologia e Português são boas matérias, mas devem ser ensinadas no Ensino Médio e não na graduação.

    Sobre Metodologia da Pesquisa, eu acho uma matéria importante e talvez muita gente que vomita contra vacinas com análises tiradas da bunda não saísse por aí falando barbaridades se essa matéria fosse bem tratada na graduação e não fosse apenas um "Manual de ABNT", entretanto acho que é matéria para no máximo um semestre de curso e não dois semestres como foi no meu caso.

    Acho que temos que eliminar o mar de vestibular que virou esse país, o negócio é concentrar tudo no ENEM, tanto privadas como públicas e abrir as inscrições com base na nota do ENEM. Acho que um mínimo de 500,00 pontos no ENEM é o que se espera de alguém que quer cursar faculdade e que desempenhos menores do que esse não deveriam ser elegíveis para uma graduação.

    Sou a favor de um Exame de Qualificação, a OAB e o CFC (Contabilidade) já possuem essa "peneira", acho que isso garante que no final da graduação apenas os que apresentam um desempenho mínimo consigam exercer a profissão, inclusive acho que o diploma só deveria ser fornecido com base na aprovação do Exame de Qualificação e para manter o nível da qualidade do ensino superior, sou a favor de que instituições em que seus alunos apresentassem uma performance aquém do desejado não pudessem abrir seleção para nova turma no ano seguinte.

    Acho que precisamos deixar um pouco de lado a teoria e investir na prática e principalmente em pesquisa, aqui é um problema orçamentário sério do país e precisamos que o governo resolva seus problemas fiscais e passe a incentivar a pesquisa na universidade pública, mas a pesquisa de verdade, ou seja, aquela que realmente agrega algo útil para a sociedade.

    -
    Hoje a graduação foi destruída e virou tão relevante quanto o ensino médio em um currículo, infelizmente é fruto da qualidade péssima do ensino superior e também de uma economia que está faz 10 anos estagnada, mesmo que a safra anual de formandos fosse menor é inevitável que ainda assim o país tenha "diplomas perdidos", a nossa estagnação econômica está destruindo a vida de uma geração inteira.

    Abraços,
    Pi

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    1. Realmente, PI , metodologia da pesquisa é aula de ABNT e não de pesquisa, e geralmente nem ensina ABNT direito, até porque este é um assunto tão árido que quase ninguém deve realmente querer aprender. Hoje o diploma de bacharel é o ensino médio de ontem, e o mestrado é o novo "ensino superior".

      Em relação à OAB, CFC, etc, eu sou totalmente contra a obrigatoriedade de ter esses exames para exercer profissão, porque isso não prova nada. Acho errado impedir uma pessoa formada de trabalhar por causa de não ter passado ou não ter feito ainda o tal exame, até porque estes exames não testam a competência, mas apenas a capacidade de decorar matéria. O mau profissional é filtrado pelo mercado, e não por uma prova de decoreba. Veja que o cara pode ter sido o universitário mais vagabundo, frequentador de chopada, pinguço, etc. que se ele estudar uns 6 meses num curisnho preparatório e passar na prova, ele estará "igual" ao esforçado que estudou a faculdade inteira, perante os olhos da OAB.

      O exame da OAB e similares deveriam ser só um "plus" no currículo, que nem as provas de Cambridge são para os estudantes de inglês.


      Também sou contra a obrigatoriedade de contribuir para conselho profissional. Se fosse opcional e essas entidades dessem algo em troca, como facilidades, descontos em lojas, acesso a bons advogados e planos de saúde, tudo bem, mas na prática varios destes conselhos profissionais só existem para sustentar seus diretores. É triste a realidade do brasileiro.
      Abraço!

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  6. Já vi doutor que não sabia redigir uma simples frase e que não sabia expor o raciocínio. Dilma Roussef é doutora também, não é? Não sei se vale o sacrifício conseguir essa titulação stricto sensu, dá trabalho, toma tempo e dinheiro e o retorno não deve ser tão garantido.

    Para quem almeja a carreira acadêmica penso que é essencial, mas para outras áreas profissionais tenho minhas dúvidas da necessidade de mestrado. Pontos positivos: Network, currículo. Pontos negativos: sacrifício de tempo, dinheiro e esforço por pelo menos três anos. Na dúvida, depende do momento e realidade de cada um.

    Eu até penso em investir em mestrado, desde que seja em uma área que eu goste e que eu possa fazer uma pesquisa relevante. Ser mestre com a dissertação sobre gênero sexual das crianças afrodescendentes da Bolívia meridional, por exemplo, é algo que não serve pra nada.

    Tem a questão da dependência de orientador também. Até onde eu sei, tem que escrever algo que se relaciona com os estudos de um professor, o tema não é tão livre.

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    1. O diploma da vilma nem existia, ela era mestranda ou doutoranda em economia, ou seja, entrou no curso e não terminou, foi só pra enfeitar o currículo mesmo.

      E você está certo, o Brasil é cheio de doutor que parece que só leu no doutorado e fora dele leu no máximo "jogos vorazes", de tão mal que alguns escrevem.

      Muitos mestrados e doutorados são sobre assuntos inúteis mesmo, puro desperdício de tempo e dinheiro, são puramente para atender o desejo de uns poucos por um diploma, por um título. Veja que o que importa é o papel, e não o conhecimento ou a utilidade da pesquisa.

      E você também acertou que o tema não é 100% livre: o orientador tem que pelo menos achar que o seu tema é "válido", ele tem que enxergar que o seu trabalho é uma "solução" para um "problema", e tem que estar alinhado com o raciocínio geral da universidade. Esse é um dos motivos para a queda generalizada di padrão das universidades no mundo: o jogo foi dominado e não deixam ninguém de fora entrar sem dançar conforme a música.

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  7. fiz direito - 5 anos de enrolação tremenda
    fiz pos graduação - 18 meses de enrolação

    sou concursado, por isso fiz esses cursos

    na real, se houvesse um curso de 18 meses, bastaria pra passar o raciocínio jurídico e dar uma introdução aos principais conceitos + matérias de apoio (sociologia, filosofia etc)

    por outro lado, toda a decoreba serve pra excluir as camadas mais pobres da sociedade, que continuarão como escravos do sistema sem perceber isso, vivendo uma vida de bosta

    sim, direito serve pra dar status pra classe média. só isso.

    abs!

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    1. Tudo bem, Scant?
      Quase todos os cursos universitários poderiam ser encurtados para 2 anos, no máximo. É fato que ainda tem muita encheção de lingüiça imposta pelo MEC e que não faria diferença nenhuma se saísse. Alias, sou da opinião de que não deveria existir o MEC, ou pelo menos ele não deveria ditar o currículo nacional. Acho que cada dono de escola deveria ser livre para escolher o que ensinar em suas escolas.

      Abraço!

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  8. Excelente texto, como de costume, Mago.

    Pessoalmente, acho que um dos piores problemas do Brasil é que, por alguma razão, a maior parte de nossa população não tem prazer estudar e não aprecia conhecer, independente de ter acesso a educação formal ou não, na verdade me refiro aqui a um jeito de levar a vida, não só dentro da academia, mas especialmente fora dela.

    Paradoxal então, pelo menos na minha visão, que um país dominado por uma cultura de iletrados tenha tanta gente assim engajada em fazer nível superior.

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    1. Obrigado, Astronauta!
      Sua colocação foi boa. Somos um país de iletrados que se deslumbram com a ideia de ter diplomas e títulos, mas não o conhecimento em si, não a alta cultura. O negócio é que educação deveria ser um dever de todos, mas como é tratada como se fosse um direito, dá nisso, é levada na malandragem, na displicência, etc.

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  9. Não concordo que o PT acelerou a queda na educação,muito pelo contrário, e também não acho bobagem assuntos como controle popuacional (que deveria ser implementado imediatamente),criação de insetos para alimentação, (sendo que ja se come insetos indiretamente na industria de alimentos), seu parente ser corretor sendo quase analfabeto é que é uma aberração, acho que o ensino deveria ser mais pratico que teórico,e sim existem muitas falhas,tanta na metodologia,em quem ensina,nos alunos ,nos métodos de avaliar etc...Os funcionarios publicos deveriam ser todos retestados em concursos,pois a maioria ou não fez,ou fraudou ,um cara como lula,dilma e bolsonaro,jamais poderiam chegar a presidência ,visto que nem em um enem devem atingir a média.Brasil não tem conserto, tá tudo errado, você também está em vários pontos.

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    1. "deveriam ser todos retestados em concursos" - pra quê?

      "a maioria ou não fez,ou fraudou" -sério?

      "Brasil não tem conserto, tá tudo errado" - concordo

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    2. Obrigado pelo comentário, anon.

      - A Terra está "vazia", e os problemas que enxergamos como sendo causados por "superpopulação" são na verdade provocados pela má distribuição da população, que é muito concentrada em poucas cidades grandes - talvez eu escreva sobre isso um dia;

      - você não leu o post, ou leu e entendeu errado. Volte 3 casas. O fato de que meu parente foi gerente de departamento de ações tendo somente o curso primário só prova que ter um diploma não é sinônimo e nem pré requisito de competência e nem de habilidade de se virar e aprender a trabalhar, o que reforça o argumento central do post.

      - o ensino deveria ser mais prático sim, e todos os envolvidos (alunos, professores, funcionários administrativos de escola, diretores) têm seu quinhão de responsabilidade pela decadência geral do ensino, público ou privado. No caso do público, ele foi, infelizmente, claramente sequestrado por ideologias (socialismo, comunismo, materialismo) que são, a meu ver, inimigas da raça humana.

      Brasil tem conserto sim, mas é necessário muito esforço e boa vontade dos interessados por muitos e muitos anos. Não será resolvido da noite para o dia, infelizmente.
      Abraço!

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  10. Minha opinião: Hoje você aprende muito mais seguindo certas pessoas no Instagram do que aprenderia na escola.

    Por exemplo: Italo Marsili, Geraldo Rufino, Icaro de Carvalho.

    Esses caras são inteligentissimos e divulgam seu conhecimento através dos Stories do Instagram.

    Antigamente, para você ter acesso a esse tipo de conhecimento teria que ler vários livros, fazer faculdade e etc.

    Fora isso, acredito muito no modelo de escola do Alvaro Schocair com a Link School of Bussinnes!

    É outro nível de conhecimento. Nada de encheção de linguiça, tudo pratico.

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    1. Bom dia, Peão!
      A internet nos deu a oportunidade de aprender mais coisas, e aprender de outras formas que antes eram quase impossíveis (por exemplo, antigamente você teria que ser amigo de um desses caras que você citou para aprender alguma coisa, ou então dar sorte de um deles estar fazendo uma palestra na sua cidade). Pena que 99% das pessoas só usa a internet para redes sociais, memes, etc.
      Vou procurar saber sobre essa escola do Alvaro Schocair.
      Abraço!

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  11. Realmente, o diploma de graduação é o novo médio, especialização é a nova graduação e assim sucessivamente. É fato que está acontecendo um achatamento, pois há uma grande oferta de "fácil diplomação", com cursos de baixíssima qualidade. Em toda esquina há uma faculdade, uma pós-graduação.
    Hoje é muito fácil ter um MBA. Aqui na minha cidade mesmo, existe uma escola super conceituada. Mas a formação é uma bosta. Um parente meu cursou nessa escola, intitulada "Business School", na área de administração e o curso inteiro foi uma piada. Olhe que não foi barato.
    No final, o que "importa" é o papel na parede. Eis o reflexo da educação brasileira! O cara que teve um boa formação e o que não teve, estão tendo o mesmo "valor" no mercado.
    Vejo muitos graduados, recém formados, que não sabem exercer sua profissão.

    Recentemente estive no Canada. Lá, algo me chamou a atenção quanto aos jovens que terminam o ensino médio. Assim que saem do High school, eles vão em busca de uma formação técnica, profissionalizante, prática de 1 ou 2 anos. Querem emprego minha gente. Lá só é contratado quem sabe fazer. Eles comentam que a universidade é muito teórica. Tudo bem que a universidade é muito cara, o que muitas vezes se torna inviável, mas eles estão corretos. O brasileiro deveria primeiramente buscar uma formação técnica, prática.

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    1. Obrigado pelo comentário, Foco na IF!
      Concordo com você, e concordo com os canadenses! Acredito que a maioria das pessoas aqui no Brasil estaria com uma ida 100% melhor se ao invés de ter tirado um diploma em uma uniesquina "por obrigação" tivesse feito um bom curso técnico de eletricidade, eletrônica, mecânica de carros, etc. Além de provavelmente ganhar melhor do que ganham sendo um "peões de escritório", estariam fazendo atividades que a meu ver são mais prazerosas e significativas do que ficar preenchendo planilhas, montando powerpoints, etc.
      Abraço!

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  12. Maravilha, meu amigo! Excelente post! O que observo q é que aqui no brasil nós sofremos com ese endeusamento da questão de ter um diploma... e com a fácil diplomação que tem ocorrido nos últimos anos, o que vemos é um sem número de pessoas com diploma embaixo do braço e com péssima formaçao..

    Quanto a mim, Retomei meus investimentos agora... após a compra do apartamento. A diferença é que descobriram minha identidade real, conforme meu penúltimo post... se voce quiser acessar, segue o link:

    http://www.intendentefrugal.com/2021/02/blog-post.html


    Abração!

    IF

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    1. Valeu pelo comentário, IF!
      Infelizmente a formação superior no Brasil tenta ser excessivamente teórica e acaba não ensinando muita coisa realmente.

      Toma cuidado com esse negócio de saberem sua identidade real! Evite escrever coisas muito pessoais, opiniões que hoje são consideradas politicamente incorretas, e por aí vai. Já vivemos praticamente numa ditadura semelhante a de "1984", principalmente no que tange à liberdade de expressão: já existe punição para "thought crime", é triste demais, e as pessoas que promovem isso não percebem que elas serão as próximas...

      Quanto ao apartamento, quita logo para ficar livre dessa dívida! Quanto mais tempo você demorar, mais juros vai pagar, e vai acabar gastando o valor de 4, 5, 6 apartamentos!
      Abraço!

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    2. Pois é, meu amigo... Evito ao máximo me expor mesmo.... Quanto ao Apartamento, em virtude do motivo da venda dele ter sido para partilha de bens por conta de divórcio e tambem houve a questão da Pandemia, o valor dele foi comprado bem abaixo do q deveria ser... Msm q eu passe 30 anos pagando financiamento, ainda valerá a pena pois seria menos que o valor avaliado.... OBVIAMENTE que a intenção é quitar o quanto antes pra pagar o mínimo possível... Sigamos firmes!!!!

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  13. Os rumos mudaram, antigamente um curso técnico bastava, aqui no ABC um monte de gente fez a vida trabalhando para montadoras ou empresas metalúrgicas, acabou quase tudo... a maioria dos empregos é tudo setor de serviços que sempre pagou pouco... óbvio que a educação caiu, mas o problema da economia é muito abrangente, como eu sou professor de nivel superior, deveria se investir na educação de base, muitos chegam na Universidade como semi analfabetos...

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    1. Valeu pelo comentário, Stifler. A educação que mais deveria ter investimento deveria mesmo ser a de base. Somos um país de analfabetos funcionais, é a triste realidade, e há muitos universitários incapazes de interpretar textos. Como sobreviverão no mercado de trabalho?
      Eu vejo com tristeza a queda de nossa indústria. Ao menos no curto prazo é praticamente irreversível essa tendência. O chato é que a migração em massa de indústrias para a China, Índia, etc deixa qualquer país muito vulnerável. Creio que uma hora isso precisará ser revisto...

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