sexta-feira, 30 de agosto de 2019

As loucuras do mundo moderno (2) - insanidades no trabalho e a ciência dogmática

Saudações, caros leitores. 

Nesta segunda parte da série do louco mundo moderno discorrerei acerca das bizarrices que percebo neste "admirável mundo novo" do século XXI no que tange à ciência moderna e ao mercado de trabalho. 

Em relação ao trabalho, eu tenho a opinião de que ele é muito importante em nossas vidas por dois motivos:

1) Deus nos incumbiu deste minúsculo ponto do universo, então cabe a nós cuidar dele, melhorá-lo e desenvolvê-lo no que for possível. É a nossa missão, e o trabalho é uma das ferramentas para isso; e

2) Trabalhando desenvolvemos nossas capacidades físicas, mentais e sociais, de forma que, além de uma ferramenta para melhorar o mundo, o trabalho também pode ser uma ferramenta para melhorar o indivíduo. Uma vida sem trabalho algum, totalmente dedicada ao ócio e ao hedonismo seria uma vida desperdiçada, sem progresso individual, estagnada, o que é um desrespeito à Criação.

Agora, apesar da importância e da nobreza inerente ao trabalho, eu acho que o modo como se tem lidado com ele hoje em dia ele está bastante desvirtuado: 

- Há muitas pessoas, atualmente, que arranjam problemas psicológicos, emocionais e até problemas físicos por causa do jeito como estão as relações de trabalho e emprego hoje em dia. Nosso colega da finansfera, o Executivo Pobre, por exemplo, fez uma postagem recente que ilustra bem isso: muitas empresas esperam uma dedicação sobre-humana por parte de seus empregados, além de cultivarem mentalidades e culturas organizacionais doentias, que normalmente se traduzem em coisas que todos nós (provavelmente) já vimos e vivenciamos como a mentalidade de erro-zero (sendo que é simplesmente impossível não cometer erros nunca), metas absurdas (normalmente definidas por quem não está em contato com a realidade, como os executivos das altas cúpulas), clima de desconfiança entre os colegas (com N pessoas disputando a mesma vaga para promoção, como esperar que o trabalho em equipe seja realmente sólido e produtivo? Nos ambientes competitivos de trabalho reina a falsidade), medo de emitir opiniões sinceras e sugerir ideias (por causa do medo de errar, pois erros costumam não ser perdoados, e isso inibe a criatividade e proatividade de muitos), ocultar várias verdades inconvenientes dos chefes (novamente por causa do medo de errar, e do fato de que o mensageiro costuma pagar pelos erros, mesmo que não sejam dele, e também do excesso de competitividade dentro das organizações), dentre outros problemas comuns do trabalho.

- Sempre nos foi ensinado que a tecnologia torna o trabalho mais eficiente e mais fácil, e é verdade na maioria das vezes. Entretanto, no mundo corporativo, tecnologias como a internet, e-mail, skype, whatsapp, etc. ao mesmo tempo que facilitaram algumas coisas, por outro lado tornaram o ambiente de trabalho muito mais insano e estressante: antes da internet e dos celulares, quando você saía do trabalho você realmente saía do trabalho (exceto, claro, aqueles que levam preocupações para casa, mas isso sempre teve em todas as épocas, eu acho), mas hoje o seu chefe pode te cobrar coisas por whatsapp à noite, ou te mandar e-mails quando você estiver em casa (no meu atual emprego isso está bem mais tranquilo, mas no meu primeiro emprego, cheguei a receber e-mails às 21h, 21h30, com direito a perguntinhas cretinas no dia seguinte - "você não leu o que eu te mandei?" ou "ué, mas eu avisei que ia ter uma reunião às 8h15...tava no e-mail de ontem. Como assim você não preparou nada?"). 

Aliás, não só os chefes, mas os clientes também podem te cobrar coisas em horários pouco convencionais. Ao contrário do que diz a famosa frase, nem sempre o cliente tem razão. Alguns podem argumentar que isso aumenta a eficiência da empresa, que o tempo é otimizado, etc. mas por mim quem argumenta isso só quer sair bem na foto, mostrar que é fodão, que "veste a camisa", que tem "postura de dono", dentre outros clichês empresariais. Só acho válidos estes contatos após o expediente em casos de emergência. Para coisas e assuntos normais, caros diretores, gerentes e queridos clientes, esperem o dia seguinte... 

- Não é o bom técnico ou o bom fazedor da tarefa "X" que geralmente é promovido a gerente de "X", e muito menos a diretor de "X, Y e Z", mas sim o funcionário mais aparilson e falastrão, mais político, estrelinha do futebol da empresa, que mais comparece no happy hour, etc (claro que há exceções, mas vocês entenderam). Por um lado, até faz sentido que as empresas considerem que para postos mais altos as competências mais importantes sejam as interpessoais. Mas por outro lado, colocar pessoas com pouco ou nenhum conhecimento técnico das tarefas básicas que constituem o carro-chefe do negócio em postos-chave causa algumas distorções sérias: é daí que vem as metas absurdas (ex: alcançar até o fim do ano uma receita de vendas de 100 milhões de reais, sendo que o recorde da empresa foram 15 milhões e não há planos de expansão da capacidade produtiva) e aquela mentalidade de "taca tudo na parede, e o que colar, colou" (que dá origem a bizarrices como: todo ano a contabilidade ter que usar um sistema novo,  todo ano mudarem horários, todo ano reformularem o layout das salas, ter equipes trabalhando simultaneamente em projetos antagônicos,  inexistência de prioridades, etc.).

- Aquela história de "você faz seu próprio horário" geralmente é mentira: alguns, com um pouco de sorte e talento, alcançam cargos mais altos, de nível executivo, e dependendo da empresa, têm a opção de chegar a hora que quiserem até determinado horário, mas por outro lado não têm hora para sair, e literalmente nada impede que algum chefe cobre coisas durante este horário "livre".

- Hoje em dia tem uma modinha das empresas quererem imitar o Google e outras big tech e colocarem "mimos" para seus empregados: sala com videogame, sala de leitura, gaveta de kit-kat, dia de trabalhar de chapéu, dia de trabalhar de bermuda, "dia da pizza", etc.  Geralmente empresas com essas práticas são as que mais liberam tarde seus funcionários ou ficam cobrando coisas pelo whatsapp no fim de semana. Se a empresa está disposta a bancar chocolates e permitir que os funcionários joguem videogame no expediente ou passar a tarde de sexta-feira jogando jogos de tabuleiro (ou seja, gastar HH sem produzir), então por quê não pagam hora extra em dinheiro? Ou, se não quiserem ou não puderem pagar hora extra, porque não liberam mais cedo ao invés de forçar essas modinhas e coagir o pessoal a participar de um happy hour?

Agora falando sobre a ciência do mundo moderno, mais especificamente a "ciência mainstream":

- Conforme eu disse no outro post, hoje em dia ela é um verdadeiro culto à entidade amorfa conhecida como "comunidade científica", e seus guardiões são os "especialistas" anônimos e onipresentes, que sempre dão seus pitacos em entrevistas a grandes jornais e revistas, talvez contribuindo para agendas sinistras (controle populacional, impostos globais, aborto, etc.), enquanto os cultistas desta pseudociência são as pessoas que se acham inteligentinhas mas que não fazem ideia de o quanto são simplórias - acham que sabem de tudo porque leram todos os artigos mais recentes da Scientific American, leram os livros famosos do Dawkins, Stephen Hawking e Neil Degrasse Tysson (tais livros, na minha opinião, são "ciência de palco" na mesma proporção que o coaching é o "empreendedorismo de palco" - não me refiro a toda a obra destes caras, mas sim aos seus best-sellers) e dão força às ideias pseudocientíficas como a superpopulação, aquecimento global, buraco na camada de ozônio, etc. 

Pesquisem só: o Stephen Hawking tinha o estranho costume de todo ano fazer  uma previsão diferente para o fim da humanidade; o Al Gore todo ano fala que as geleiras dos polos vão derreter, mas isso já deveria ter acontecido desde 2014, segundo ele próprio, e por aí vai. 

Outro tipinho são as pessoas que acham que porque leram alguns livros de psicologia ou porque fizeram faculdade de psicologia ou psiquiatria desvendaram os mistérios da mente humana e são capazes de explicar tudo.

- Reparem como que a ciência mainstream atualmente não admite ser contestada: cientistas que negam o aquecimento global provocado pelo homem, por exemplo, correm o risco de perderem seus empregos e financiamentos para pesquisa.
O pessoal "inteligentinho" (geralmente universitários, principalmente os estudantes de biologia, medicina, etc.) também não ousa questionar nada, primeiro porque são doutrinados a aceitar tudo e só decorar coisas desde a escolinha (na verdade, todos nós somos). Segundo, porque sabem que se ficarem questionando certas coisas na aula correm o risco de ser reprovados ou prejudicados de alguma maneira por algum professor desonesto. 
Terceiro, porque a maioria vive de aparência e acha que vai parecer feio perante os amiguinhos ser o diferentão e questionar os dogmas científicos da atualidade. 
Por último, porque pensar dá muito trabalho (é difícil fazer aquele cálculo de densidade populacional que eu fiz no último post, não é?) então é mais fácil aceitar as ideias que já vem prontas, ainda mais se vierem de algum cientista de palco. Mas parece que todos se esqueceram que a ciência, a verdadeira ciência, é feita de questionamentos, testes, hipóteses, teorias, contra-teorias, etc. e não de "seguir a corrente majoritária para não ficar feio", ou de ter medo de "ir contra a comunidade científica".

- Uma coisa interessante e estranha desta nossa época é o ressurgimento dos terraplanistas e outros movimentos estranhos, como os anti-vacina. Na minha opinião, eles acabam atuando, sem saber, como uma manobra de distração - eles acabam fazendo com que as outras coisas mais sérias e sinistras pareçam mentira e teoria da conspiração (por exemplo, o caso do Jeffrey Epstein era tratado por muitos como teoria da conspiração, até que o cara realmente foi preso). Ou seja, acabam, mesmo que não saibam disso (mas pode haver sim os que agem desta maneira intencionalmente) contribuindo para tirar a credibilidade de coisas verdadeiras

Agora, por outro lado, os terraplanistas ao menos estão servindo para um bom propósito: a discussão que o Olavo de Carvalho ficou promovendo há alguns meses sobre o terraplanismo (que fez com que muitos achassem que ele próprio acredite nisso) rendeu um bom fruto - deixou escancarado o fato de que a ciência hoje em dia é dogmática e a maioria das pessoas é conivente com isso: os terraplanistas, ao menos, estavam tentando provar seu ponto de vista através de experimentos, e os seus opositores em geral não estavam nem ao menos apresentando argumentos, apenas os rechaçavam com xingamentos e truques retóricos de baixo nível (argumento de autoridade, ad hominem, falácia do espantalho, etc.)

- Outro ponto para ilustrar o que escrevi acima: percebo que os médicos mais jovens tendem a ser mais do tipo "leitores de manual" e os médicos mais antigos tendem a ser mais criativos. Mas isso pode ser só a impressão que eu tive baseado na minha experiência. Acho que isso é explicado pelos seguintes motivos: nossas faculdades de medicina não fogem à regra da defasagem e sucateamento, no geral; o sistema de ensino contribui para matar a criatividade dos estudantes de medicina (na verdade, de todos); e a judicialização da vida (todos processando todos por qualquer motivo - mas sinto que isso está diminuindo, ainda bem) faz com que os médicos tenham medo de inovar e se sintam compelidos a seguir "o que está no livro" porque se errarem podem pôr a culpa no manual de medicina. O mesmo raciocínio vale para estudantes de outras áreas das ciências naturais.

Bem pessoal, acho que o post já ficou meio longo. Depois escrevo a parte 3, a qual será sobre as tendências sinistras que a tecnologia está tomando nos dias de hoje. O que será que o futuro nos reserva?

Forte abraço!

sábado, 24 de agosto de 2019

As loucuras do mundo moderno (1) - falácias ecológicas

Às vezes eu me pergunto o que está acontecendo com o mundo. É como se algo tivesse dado errado, algum "ingrediente" vencido tivesse sido adicionado à mistura, sei lá. Tem situações que eu me deparo, no dia-a-dia, lendo notícias, e até no trabalho, em que eu me sinto como se estivesse vivendo no "Show de Truman"

Coisas bizarras têm acontecido desde sempre no mundo, mas parece que a intensidade só aumentou nos últimos anos. Várias coisas parecem mentira, até que acontecem. Por exemplo, eu já lia histórias a respeito do Jeffrey Epstein (o qual, aliás,  não se matou, foi "suicidado") e seu esquema de tráfico de crianças em conluio com bilionários e políticos há pelo menos 2 ou 3 anos, e quando conversei sobre isso com um colega de trabalho, certa vez, ele duvidou de tudo e taxou como "teoria da conspiração". E o que aconteceu este ano? 

O Olavo de Carvalho avisava desse tipo de coisa há anos, pelo menos desde a década de 90, e até hoje tem gente que duvida. Sinceramente, torço para que os céticos estejam certos e o Olavo esteja errado...

Pode ser que algumas coisas que eu vou escrever aqui (mais em caráter de desabafo mesmo) sejam polêmicas, e algumas podem até soar como teoria da conspiração, mas lembrem-se do exemplo que citei acima.  

Sendo assim, vistam seus chapéus de alumínio e me acompanhem nesta descida (não tão funda) pela toca do coelho. Vejam só algumas das loucuras do mundo moderno:

- Já de algum tempo há um enorme incentivo por parte da mídia, governos, etc. para não se ter filhos, pelo menos no ocidente. Faz parte de uma agenda para diminuir a população do mundo. Volta e meia a mídia podre e algumas "escritoras" e "escritores" mal amado(a)s publicam reportagens e livros incentivando as pessoas a não terem filhos, e às vezes até mesmo fazendo o link pseudocientífico "população menor <=> menos mudanças climáticas" de forma covarde, colocando fotos comoventes de bichinhos, ursos polares desgarrados em bloquinhos de gelo, alegando que o mundo é superpopuloso, quando que na verdade a população inteira da Terra caberia numa área equivalente à do estado do Texas e esta hipotética "cidade mundial" teria uma densidade populacional ainda inferior à de Tóquio atualmente (façam as contas e vejam por si mesmos o que nenhum papagaio midiático parece ser capaz de perceber). 

Se dobrarmos a área considerada, daria para todas as pessoas do mundo viverem com uma densidade demográfica ainda inferior à de São Paulo, e teríamos literalmente o resto do planeta para plantar, criar gado, ter florestas para ecoturismo, florestas para serem mantidas eternamente intocadas pela humanidade, etc. etc. Ou seja, o mundo está é VAZIO, e o avanço da tecnologia torna o uso dos recursos naturais cada vez mais eficiente, ou seja, torna-os, virtualmente, cada vez menos escassos. 

Qual, afinal, foi o critério usado pelos "inteligentinhos" para afirmar que o mundo está superpopuloso? Só o número de habitantes? São nada mais do que cultistas dessa religião da morte que está tentando se apoderar do mundo.

um livro escrito por uma pessoa secretamente frustrada com a vida, querendo tragar outras pessoas para seu poço de miséria

capa de uma revista feita por "inteligentinhos" da mídia

- Ao mesmo tempo, a mídia e vários autores da área de economia e finanças, não só no Brasil como em outros países (inclusive o famoso Robert Kyosaki), ficam diversas vezes falando sobre o problema da inversão da pirâmide etária, e sobre como daqui a dez ou quinze anos ""inevitavelmente"" haverá um jovem trabalhando para cada 5 idosos aposentados, e invariavelmente os livros e reportagens sobre o assunto são todos escritos com um teor apocalíptico e extremamente pessimista. 
Ora, se a situação é assim tão desesperadora, se o mundo vai acabar porque daqui a 20 anos as previdências de todos os países vão quebrar, deixando milhões de velhinhos sem sustento e tragando o mundo para uma crise financeira sem precedentes onde todos vamos morrer e tal, então porque não há ninguém incentivando as pessoas a terem mais filhos? Porque não incentivam o pessoal a virar o jogo e passar a ter 3, 4, 5 filhos? Por quê não há ninguém incentivando as pessoas a, sei lá, pouparem para a aposentadoria e com isso se aposentarem quando quiserem? Essa situação é ainda pior aqui no Brasil, porque as pessoas meio que são "obrigadas" a esperar a idade mágica definida por lei para se aposentarem, e essa idade vai aumentar com a reforma da previdência, e tenho certeza de que daqui a dez anos vai ter outra reforma e a idade vai aumentar de novo... Ora, por quê simplesmente não acabam com a previdência social de uma vez e deixam cada um cuidar da sua?

Para mim essa questão "superpopulação e mudanças climáticas X inversão da pirâmide etária e quebra das previdências sociais"  é uma das contradições mais gritantes do mundo moderno.

Parece até que há pessoas que querem mesmo que tudo dê errado e a maioria viva na miséria e pobreza, talvez para manter seus privilégios...

Vejamos outras bizarrices:

- há pouco tempo teve essa gritaria com os canudos de plástico, e isso aconteceu em mais de um lugar do mundo ao mesmo tempo (surpreendente, não? Parece até que foi combinado...). Tudo bem querer diminuir o plástico que é jogado fora, porque realmente ele demora muito tempo para se decompor, alguns animais comem o plástico e se intoxicam, etc. Mas que tal fazer o negócio direito? Porque alguns dos "canudos sustentáveis" são vendidos em embalagens de plástico? E outra coisa: a culpa pela poluição do planeta é só das pessoas comuns? Porque as empresas não param de usar embalagens de plástico em tudo? Porque não abolir aquelas bandejinhas de isopor que os mercados usam para embalar carne? Aquilo supostamente também demora séculos para se decompor... Porque não embrulham a carne que nem antigamente, com papel? Porque não vendem mais biscoito que nem no tempo do meu avô, a granel e com cada cliente trazendo seu pote ou lata para guardar? Será que há realmente tanto interesse assim em "preservar o meio ambiente"? Eu tenho certeza de que não.


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Típica hipocrisia do mundo moderno
- Outra bizarrice ambientalista é a verdadeira guerra que tem sido travada contra o consumo de carne, principalmente a bovina. Neste tópico, usam todas as armas de sempre: entrevista com "especialista", opinião de pessoa famosinha, fotos chocantes, etc. Recentemente (não pela primeira vez) surgiu uma reportagem sobre as vantagens de comer insetos, larvas, vermes, etc., e volta e meia a ONU (aquele projeto de leviatã, antro de políticos não eleitos) dá seu pitaco no assunto, dizendo que "as pessoas tem que diminuir seu consumo de carne" ou "as pessoas precisam comer menos". Ou seja, a ONU, além de ter sonhos eróticos com a criação de impostos globais, ainda quer se meter a decidir o que você vai comer na hora do almoço.  É de chorar... Até parece que os artistas ricaços, empresários globalistas bilionários e burocratas internacionais vão parar de comer filé mignon e passar a comer baratas e besouros... 

Não, meu amigo, eles querem é que você se lasque comendo vermes e larvas enquanto tudo de bom e do melhor sobra para eles. Aquele filme, "O Expresso do Amanhã" mostra bem como funcionariam as coisas... há pessoas da "elite" do mundo que parece que sentem tesão em humilhar pobres, e uma imensa humilhação seria obrigar os pobres a comer insetos, enquanto eles mesmos comem carne de caça,  filé mignon, etc.

- Há uma teoria interessante a respeito dessa birra que o pessoal tem com a carne bovina (eu li isso em algum lugar há muito tempo, mas não lembro onde, senão daria o devido crédito ao autor): acontece que criar gado torna uma pessoa bastante independente. Como assim? Vejam que uma só vaca pode dar leite durante pelo menos boa parte de sua vida e, além disso, depois de morta, sua carne alimenta várias pessoas de uma vez ou uma pessoa sozinha durante muito tempo; de seus ossos pode-se fazer ferramentas e utensílios diversos (agulhas, cantis, facas, pás, etc.), de seu couro pode-se fazer roupas e sapatos, e podemos também aproveitar sua gordura, seus cascos, pelos, etc. Ou seja, criando gado as pessoas podem sobreviver com um mínimo de infraestrutura numa espécie de sociedade paralela, independente de estados e governos. Seria uma possível fuga para os chineses, caso a distopia em que eles já vivem se torne ainda pior (o sistema de score social) - por exemplo, se eu fosse um chinês com score social baixo, impedido de comprar e vender coisas e perdendo o acesso até mesmo a hospitais e farmácias, eu fugiria para o campo e tentaria me virar deste jeito. Eu acho que este é um dos motivos da guerra que estão travando contra o consumo de carne bovina... se eu pudesse, compraria terra e criaria gado. Quem puder, que o faça.  E tenham muitos, muitos filhos, e ensinem estas lições a eles.

- A gritaria do momento é essa questão da Amazônia, e esta bandeira está sendo levantada pelo ridículo presidente francês, que não é um homem de verdade, um reconhecido corno manso e globalista, que mal consegue manter seu próprio povo protegido dos terroristas e agora quer dar ordens na casa dos outros. Como eu tenho pena da França...

Mas o mundo inteiro ignorou as queimadas que ocorrem na floresta amazônica há décadas e passou a se importar com isso só agora... Óbvio que temos que preservar a natureza, mas até parece que a motivação dessa gritaria toda é preocupação com o meio ambiente. É que nem o falecido e saudoso Dr. Enéas dizia: se eles realmente se preocupassem com as árvores, bastaria replantar as florestas europeias, as florestas deles. Mas o buraco é bem mais embaixo, óbvio: há a questão do lobby dos grandes agricultores franceses, que teriam seus preciosos oligopólios prejudicados pela concorrência dos produtos brasileiros, mais baratos, além de outros ricaços globalistas que viram que vão perder o dinheiro de mamata de suas ONGS na Amazônia. 

O meme não ilustra exatamente a realidade, mas creio que é bem por aí...

Vejam só, meus amigos, que tais atitudes mostram que o livre mercado sempre estará em risco, pois parece que todo mundo que chega no topo da pirâmide da riqueza é tomado por um fortíssimo impulso de querer derrubar a escada. 


Outro dia vou escrever a parte 2, focando no mercado de trabalho moderno, a ciência atual (dominada por um verdadeiro culto conhecido como "comunidade científica", uma entidade invisível e amorfa venerada por muitos, e cujos acólitos são os anônimos e onipresentes "especialistas" e "inteligentinhos") e sobre o uso tenebroso que tem sido feito da tecnologia.

Forte Abraço! 

domingo, 18 de agosto de 2019

Dicas de Economia Doméstica (1) - o óbvio precisa ser dito


Vou escrever aqui algumas coisas que aplico no dia a dia e que me ajudam a diminuir meu custo de vida, sem sacrifícios

Lógico que nem tudo se aplica a todo mundo, pois cada um tem uma situação e condições de vida diferentes. Para quem está muito bem de vida a maioria das coisas vai parecer bobagem, por exemplo. 

Além disso, não acho bom em nenhuma hipótese ficar neurótico com economia doméstica - se você se estressar muito (nível Julius, por exemplo), não vale à pena, é melhor se desligar dessas coisas. 

Mas se você for levar de boa, sem estresse, fazendo estas coisas no automático (como eu já faço, em muitos dos casos) e sem perder tempo, então tudo bem. 

Por exemplo: não acho que vale à pena ir fazer compras em 2 mercados diferentes (e com isso perder tempo duas vezes, pegar duas filas, etc.) porque tem uma coisinha ou outra da sua lista de compras que é mais barata no mercado "B" do que no mercado "A"

Agora, se você vai comprar uma coisa cara (sei lá, uma televisão) e descobre que na outra loja, no mesmo shopping, está 300 reais mais barato, aí sim vale à pena. 

Resumo: não vale à pena perder TEMPO (o recurso mais escasso da sua vida!) para economizar centavos ou até mesmo alguns reais. Ou seja, é muito importante ter bom senso na hora de economizar.

Algumas coisas aqui podem parecer óbvias, mas como diz um amigo meu, às vezes o óbvio precisa ser dito. Quem sabe? Posso acabar escrevendo alguma coisa aqui que determinada pessoa nunca pensou e pode acabar ajudando. E é sempre bom ajudar o próximo, nem que seja com um conselho. Se alguma coisa que escrevi aqui puder ajudar uma pessoa que seja, já ficarei muito feliz.

Dito isto, vamos lá:

1 - Não vá ao mercado com fome (essa é manjadíssima, mas é importante escrever aqui, só para relembrar);

2 - Compre os produtos da marca "do mercado" ao invés de marcas mais famosas, sempre que você perceber que não há grande diferença de qualidade entre as marcas (para mim o principal exemplo disso é a água sanitária, que eu sempre compro a que tiver mais barata e não tenho nenhuma marca favorita - outras coisas podem ser papel toalha, perfex, esponjas, etc., mas admito que não há muitos produtos em que valha à pena fazer isso -na maioria das vezes vale à pena sim pagar um pouco mais caro e pegar uma marca de maior qualidade - se alguém souber de algum bom exemplo, comente aí);

3- Tente pagar o máximo possível de coisas à vista e tente negociar um desconto se for comprar uma grande quantidade ou se for pagar em dinheiro. Muitas vendas têm desconto quando pagas em dinheiro, então dê preferência a pagar em dinheiro sempre que a loja for dar um desconto (eu já consegui um desconto de R$400,00 em uma loja de móveis, que acabou fazendo com que uma estante saísse quase de graça) ;

4 - Dê preferência a comprar as frutas e verduras da época, e que estejam em promoção (é bom que também ajuda a variar a dieta);

5 - De vez em quando limpe coisas como o filtro do aspirador de pó, o filtro do ar condicionado, a parte de trás da geladeira, etc. (isso prolonga a vida útil destes equipamentos e no caso do ar condicionado é questão de saúde);

6 - compre no atacado ou "atacarejo" os itens não perecíveis ou de prazo de validade longo (exemplos: esponjas, perfex, sabão, papel higiênico, papel toalha, papel alumínio, pasta de dente, etc. - é bom que também economiza tempo, pois você vai demorar a precisar comprar estas coisas de novo);

7 - Não jogue fora no ralo da pia da cozinha o óleo usado, porque isso com o tempo provoca entupimentos, te fazendo gastar mais com a manutenção da casa - o ideal é jogar fora o óleo numa garrafa (e fazendo isso você ainda pode ajudar uma cooperativa que recolha este tipo de lixo, ou alguém que fabrique sabonetes artesanais, por exemplo);

8 - saiba fazer consertos simples, como trocar a resistência do chuveiro, trocar espelhos de tomadas, instalar varões de cortinas, desentupir pias e vasos sanitários,  colocar rejunte em azulejos, montar e desmontar seus próprios móveis, etc. (além de economizar, saber fazer estas coisas geralmente te faz sentir bem consigo mesmo - pelo menos é o meu caso - o que é bom para a sua autoestima);

9 - Tire os eletrônicos da tomada sempre que for passar mais de um dia longe de casa (roteador, TV, computador, telefone fixo, etc.);

10 - Não tome refrigerantes e sucos industrializados (principalmente as versões diet e light) ou evite-os ao máximo possível - isso te fará economizar no longo prazo com gastos médicos;

11 - Reaproveite as melhores embalagens de presentes recebidos para embrulhar os que você for dar;

12 - Reaproveite as melhores garrafas, potes, latas, etc. para guardar comida, água e pequenos utensílios;

13 - Quando for jogar um móvel fora (só se não puder vendê-lo ou doá-lo), desmonte-o e reaproveite seus parafusos, arruelas, aldravas, dobradiças, cantoneiras, etc. - alguns destes itens, como os parafusos e arruelas, são muito baratos, custam centavos, mas você economiza o tempo que gastaria indo na loja quando precisar deles. Até algumas partes de madeira podem ser aproveitadas para improvisar prateleiras ou para consertar outros móveis, quando necessário (não economiza tanto dinheiro, mas acho que contribuem para a autoestima, e pelo para mim, isso me faz me sentir bem comigo mesmo);

14 -  Não coloque conta de luz, água, etc. no débito automático - para mim isso é uma armadilha. Aliás, julgo que nenhuma conta deva ficar no automático. Pague você mesmo estas contas para sempre avaliar se estão vindo muito caras, se seu consumo está aumentando, etc. Uma conta de água anormalmente cara, por exemplo, pode tanto indicar um erro de medição quanto um vazamento em algum cano de sua casa que você não percebeu. Por isso é que acho importante você ter o pequeno trabalho de pegar as contas e pagá-las (se ao menos as empresas fornecedoras de luz, água, etc. dessem um desconto para quem colocasse no débito automático, eu até poderia pensar no caso, mas como na minha cidade isso não acontece, então prefiro continuar pagando uma por uma, e podendo fiscalizá-las);

15 - A não ser que você tenha o hábito de todo dia tomar aqueles cafés gourmetizados (ex: Starbucks) que custam 15 reais ou mais por copo, geralmente não vale muito à pena cortar essas pequenas despesas de centavos com cafezinho, balas, etc., a não ser que seja por motivo de saúde ou se você tem o dinheiro contadinho para passar o mês. Mas, se você tem o hábito de tomar todo dia um desses cafés gourmet, então pare já e passe a tomá-los só de vez em quando e de preferência quando estiver socializando. Sério, já conheci pessoas que tomavam um café desses todo dia antes do trabalho - imagine gastar 22 x R$ 15,00 = R$ 330,00 por mês em média só em café... Sei lá, para mim não dá certo;

16 - Tenha algumas ferramentas em casa, mesmo que você não saiba fazer muitas coisas com elas - podem economizar seu tempo. Vou contar uma coisa que aconteceu comigo: certa vez chamei um cara para fazer um reparo numa janela, e foi muito chato conseguir agendar um dia em que eu pudesse estar em casa para acompanhar o serviço. No meio do trabalho, ele disse que não poderia continuar porque tinha esquecido de trazer uma determinada ferramenta e alguns tipos de parafusos adequados ao serviço - por sorte, eu tinha justamente a ferramenta e os parafusos de que ele precisava (aliás, os parafusos eu tinha conseguido seguindo a minha dica nº 13, de reaproveitar os dos móveis velhos) e com isso ele terminou o serviço naquele mesmo dia, sem eu precisar me estressar reagendando e tendo que ficar com o conserto feito pela metade até lá;

17 - Se puder, não tenha carro (essa depende muito de N condições da vida de cada um. Coloquei aqui porque por enquanto é o que tem dado certo para mim, mas sei que nem todos podem se dar ao luxo de não ter um carro);

18 - Nem se incomode em gastar meia hora ou mais para chegar em algum super mercado ou loja de  material de construção mais baratos, a não ser que valha MUITO a pena (por exemplo, você vai construir sua casa do zero ou vai fazer uma grande reforma, ou então vai fazer as compras do mês todo no mercado) - se for fazer só uma compra pequena, como comprar uma prateleira para instalar na parede, por exemplo, ou só algumas frutas, vale mais a pena ir no lugar mais perto possível da sua casa, para economizar tempo (e gasolina ou o dinheiro que seria pago no taxi/uber);

19 - Pague o IPTU à vista no início do ano, caso a prefeitura de sua cidade dê um desconto (também é bom porque acaba sendo menos uma conta para se preocupar);

...

Bem pessoal, por enquanto são essas as coisas que consegui me lembrar. Quem tiver algo para contribuir e somar à lista, comente aí. 

Todo mundo vive em situações e condições de vida diferentes e desenvolve suas próprias táticas de economia, então julgo que é bom ouvir o que outras pessoas, de diferentes condições sociais, têm a contribuir para o assunto. 

A lista na verdade é "infinita". Caso eu me lembre de mais coisas, ou descubra ou invente novas técnicas, faço uma parte 2 deste post.

Lembrem-se: sem neurose, sem exageros, e o bem mais importante a ser economizado é o tempo. Não percam duas horas de suas vidas indo para outra loja no outro lado da cidade para economizar cinquenta reais. Bom senso sempre!

Forte abraço!

sábado, 10 de agosto de 2019

Sobre a meritocracia e ascensão social



Eis que a revista Exame publicou este artigo no mês passado, falando mal sobre a meritocracia. Inspirado por este artigo, tecerei meus comentários.

Por um lado, admito que "meritocracia" é algo que tem sido superestimado nas empresas e se tornou já faz muito tempo uma das palavras da moda, usada para justificar uma porção de atitudes e decisões empresariais, mesmo que não tenham nada a ver ou que sejam injustificáveis.

Primeiramente, meritocracia não justifica tudo, e o "mérito" nem sempre  serve, nem sempre é suficiente e nem sempre te renderá frutos. 

Vejam bem: uma vez tive que ficar no escritório até meia noite e meia (foi o meu recorde de sair tarde do trabalho - espero que esse continue para sempre como o meu recorde) porque estava resolvendo um problema complicadíssimo cujo prazo era o dia seguinte, ou seja, não poderia ir embora até que estivesse tudo terminado. Terminei meu trabalho, e o problema foi resolvido. Tive o mérito de resolver o problema! Ganhei alguma coisa? Fora o aprendizado e a satisfação pessoal, somente o benefício de não ser mandado embora por causa das consequências que aquele problema teria causado se eu não o tivesse resolvido. Porém, como eu resolvi o tal problema, as suas consequências não aconteceram e ninguém além de mim ficou sabendo que aquele problema existia. 

Entenderam? Somente o mérito em si não quer dizer muita coisa. É fato que o sucesso em muitas áreas da vida dependerá de N fatores além do mérito, e isso inclui uma dose bem alta daquilo que alguns interpretam como sendo sorte e outros como sendo destino, e não há nada que ninguém possa fazer para mudar isso, para o desespero de muitos histéricos.

Então, realmente, "meritocracia" é um conceito vago e superestimado.

Por outro lado, discordo da maioria das coisas que o autor do artigo escreveu. Ele cambou para um discurso esquerdista mal disfarçado e falou bobagens. Para começar, ao contrário do que ele afirma implicitamente, nascer numa família rica não é garantia de ter vida tranquila e nascer numa família pobre não significa estar condenado a uma vida de dificuldades. 

Primeiro vamos concordar numa coisa: em termos de dinheiro, ninguém é rico, no máximo está rico, pois a riqueza material pode ser perdida de várias maneiras e o estado natural do ser humano é a pobreza. 

Segundo: o que é uma família rica? Me parece que os exemplos no imaginário popular brasileiro são as famílias donas de grandes e médias empresas (ok), ou aquelas com membros que são profissionais liberais de destaque, como médicos ou advogados com muitos clientes ou clientes ricos (ok), ou as famílias em que ao menos um dos membros é um alto-executivo de alguma empresa (discutível) ou um funcionário público do mais alto escalão (também discutível), principalmente se for do poder judiciário.

De todos esses exemplos, julgo que o que tem mais chance de fazer a riqueza fluir para as próximas gerações é o da família dona de grande ou média empresa. No caso do profissional liberal bem-sucedido, a chance é boa se a família se tornar um verdadeiro clã naquela profissão e montar uma estrutura corporativa familiar que suporte a geração e manutenção da riqueza (por exemplo, o pai é um médico relativamente famoso e tem seu consultório. Os filhos seguem a tradição e se tornam médicos também e com a ajuda do pai abrem uma clínica, e podem diversificar e abrir também um laboratório de análises clínicas, e por aí vai), mas se ninguém da família aproveitar para seguir a profissão deste membro bem-sucedido, a chance de a riqueza ser mantida dentro da família diminui bastante. 

O caso da família onde o pai ou a mãe são executivos tops eu vejo como o menos provável da riqueza se manter no mesmo patamar entre uma geração e outra: de uma hora para outra o alto-executivo pode dar uma escorregada e ser mandado embora, e depois não conseguir se recolocar no mercado. No caso do funcionário público do alto escalão, os cargos mais altos e que ganham mais são de livre nomeação e exoneração (ex: ministros de estado), então também não há estabilidade, então pode acontecer o mesmo caso do alto executivo: dificuldade de se recolocar no mercado após ser exonerado.  A exceção é o poder judiciário, pois um juiz ganha muito bem e é estável, e se souber acumular patrimônio a riqueza pode ser mantida até a geração seguinte.

Agora, notem que nada disso é garantido: a empresa grande pode falir; os filhos do médico rico e famoso podem resolver aproveitar a grana do pai para se acomodar ou perseguir carreiras pouco rentáveis, e o alto-executivo pode acumular vários bônus que o permitam começar sua própria empresa ou acumular uma quantidade suficiente de ações para se tornar dono de uma parte significativa do patrimônio daquela onde ele trabalha (em se tratando de S.A., possuir 0,0001% da empresa já é uma quantia muito significativa), os filhos de um juiz ou outro funcionário público top podem pôr tudo a perder, também. Repetindo: nada é garantido. Os ricos apenas estão ricos. 

Os filhos dos ricos realmente têm vantagens no início, mas elas não são garantia de sucesso. Eu fiz faculdade pública, e convivi com alguns playboys e patricinhas na época. Todos se encaixavam nos padrões que descrevi acima. Pela minha experiência na faculdade, a maioria era acomodada, achava que estava com a vida ganha e não se preocupavam muito com o fato de que depois da faculdade teriam que começar a trabalhar. 

Um exemplo: lembro de uma filha de um funcionário bem graduado de alguma multinacional que estava fazendo faculdade de moda - será que o "nome" do pai dela necessariamente abrirá portas para a filha, por melhor que ele seja dentro da empresa?  Acho que a maior vantagem que ela pôde ter foi o "colchão de segurança" que o pai lhe proporcionou, que a permitiu se arriscar numa área em que o filho de um pobre não se meteria, mas na minha opinião, a vantagem dela parou por aí. A maior probabilidade é que ela não ganhe tanto quanto o pai e depois vai ter uma vida relativamente confortável por causa da herança, isso se tiver herança. 

Para mim, a vantagem dos filhos dos ricos é essa: a segurança para se arriscar em qualquer carreira, sabendo que caso as coisas deem errado, os pais poderão sustentá-los em um novo começo. Uma outra crítica que fazem é que o filho do empresário ou do executivo vai ser beneficiado pelos "contatos" do pai. Ok, isso pode render um estágio ou um programa de trainee, mas vai depender 100% do garotão sobreviver e crescer na empresa depois disso. Em suma, se a vida é um jogo, quem nasceu em famílias com mais posses têm vários "continue",  mas ainda correm o risco de gastarem todos eles e ficarem na pior. 

Os filhos dos pobres começam em desvantagem em relação aos dos ricos? Sim, mas isso não é garantia de uma vida inteira de pobreza e privações. A riqueza surge de algum lugar, e a origem de muita família que hoje em dia é rica é um pobre trabalhador que se esforçou, teve boas ideias, soube aproveitar as oportunidades, etc. ao invés de ficar reclamando que é pobre. 

O meu bisavô, por exemplo, foi um refugiado de alguma guerra civil que ocorreu na Espanha no início do século passado, veio para o Brasil sem nada, e conseguiu criar uma família, ter uma casa, etc, sem luxo, mas conseguiu. Adiantaria ter ficado reclamando que era só um pobre refugiado sem ter nem onde cair morto? Meu avô, filho do refugiado, era pobre também, tentou montar uma pequena empresa, foi enganado pelo sócio e perdeu tudo o que investiu, mas nunca deixou faltar comida e criou bem a minha mãe, que estudou, fez faculdade, trabalhou e me criou. O meu avô por parte de pai, filho pobre de um imigrante português mais pobre ainda, morreu relativamente jovem, de tuberculose (comum na época), e minha avó paterna criou meu pai e meu tio com o dinheiro que ganhava costurando e lavando roupa para fora. Meu pai nasceu e foi criado na pobreza, mas estudou, serviu ao exército, fez faculdade, trabalhou e construiu seu patrimônio. Sua origem pobre não o impediu de ter um bom emprego e conseguir tudo o que conseguiu.  
E mesmo entre os pobres há várias camadas de diferenciação: o filho do pobre que é dono de uma biboca ou de uma barraca de cachorro quente provavelmente terá vantagens em relação aos filhos dos outros pobres que não são donos de nada. Reclamar das dificuldades da vida não vai fazer elas sumirem, e exigir compensações por parte do governo e das empresas provavelmente vai criar distorções na economia que prejudicarão todos mais para a frente (mais impostos, menos empregos, mais burocracia, mais controles, mais leis inúteis, etc.). Participar de passeatas exigindo direitos, de movimentos estudantis, etc. só é bom para quem é o líder destes movimentos, que se projeta numa carreira política. Todos os demais participantes só estão gastando tempo e energia.

Também foi dito no texto que hoje está mais difícil ascender socialmente, e está mesmo, mas não pelos motivos que a revista apresentou (aquele blá-blá-blá falacioso e vitimista de sempre). 

Os principais e reais motivos são que hoje está mais difícil arranjar emprego e está mais difícil empreender, e isso vale para todos. O Pobretão já escreveu sobre isso lá em 2012: antigamente era mais fácil empreender e ter algum sucesso, ainda que modesto, porque a concorrência era pequena, havia poucas empresas grandes, e as que havia eram menores do que as empresa gigantes de hoje (que se locupletam com o Estado para sufocar a concorrência desde antes desta nascer). 

Além disso, era mais fácil arranjar emprego antigamente porque eram tempos em que no Brasil "era tudo mato", até nas principais cidades, e a maioria das pessoas era analfabeta ou só tinha o primário, de modo que só sabendo ler, escrever e fazer contas básicas já dava para fazer alguma coisa, e alguém com ensino médio era diferenciado, e com superior era mais ainda. Ou seja, naquela época havia muito espaço disponível para as pessoas medianas (e até para as abaixo da média) crescerem e subirem na vida. O que mudou de lá para cá?

1) Hoje em dia a educação está mais acessível do que antigamente, há mais escolas, há a internet, etc. mas não necessariamente de qualidade, mesmo em escolas particulares, e também é defasada em relação ao que o mercado precisa. Até as faculdades públicas, outrora renomadas, se tornaram lixo devido à turma da lacração e a anos de "desserviços" prestados por professores marxistas. Além disso, nossas escolas secundárias viraram meras fábricas de fazedores de provas cujo único objetivo é tirar boas notas no ENEM, e não aprender e se desenvolver intelectualmente;

2) As principais cidades, especialmente as capitais dos estados, estão saturadas: várias não possuem uma infraestrutura empresarial e produtiva que dê conta da oferta de mão de obra. O resultado disso é o achatamento de salários, desemprego, a proliferação de subempregos e informalidade;

3) Outra consequência da saturação das principais cidades é o aumento do preço dos imóveis e aluguéis - todo mundo quer um espaço nelas, para abocanhar uma fatia do imenso mercado consumidor que nelas vive, então os donos dos imóveis podem cobrar mais caro;

4) A consequência do aumento dos aluguéis é o aumento dos preços dos produtos e serviços em geral - aluguéis mais altos representam mais custos, que são repassados para os consumidores;

5) Uma das consequências de longo prazo (que já sentimos na pele) é que com salários menores as pessoas têm que trabalhar mais, fazer bicos, etc., e isso em geral significa pais menos presentes, prejudicando a formação dos filhos, o que prejudica a próxima geração.  As gerações atuais já são fruto de uma criação menos presente,  e isso explica em parte o aumento do crime, a cultura do vitimismo e a queda do nível intelectual da juventude, reforçando o item 1;

6) Além disso, hoje em dia temos muitas necessidades que na verdade são falsas e que nos impelem a consumir e gastar nosso dinheiro, dificultando o acúmulo de patrimônio;

7) Está mais fácil do que nunca gastar dinheiro: é só passar o cartão na máquina, e tem mil e uma facilidades para comprar no crédito, parcelar, etc. Tudo isso nos faz gastar mais e faz com que as pessoas menos prudentes acumulem menos patrimônio. Ou seja, incentivo total ao consumo, incentivo nenhum para a poupança;

8) Está mais difícil empreender porque a fiscalização por parte do Estado está muito mais eficiente do que no passado, a burocracia necessária é maior, os impostos estão mais altos, as empresas grandes usam o aparelho estatal para acabar com as concorrentes desde antes que elas surjam (através de lobby, influências nefastas no poder legislativo para criar mais leis esdrúxulas e controles abusivos, etc.), é potencialmente perigoso para os pequenos empresários contratarem funcionários [e isso diminui seu potencial produtivo], há muita insegurança jurídica [o empresário nunca tem certeza de que está cumprindo tudo das leis trabalhistas e tributárias - neste país podemos cometer crimes sem nem sabermos!] ; ou seja, aqui no Brasil não há incentivo nenhum para produzir, e isso inibe a oferta, reforçando os itens 2, 3 e 4 da lista.

Eu poderia continuar a lista acima indefinidamente, pois não há uma resposta certa definitiva, mas acho que os 8 itens acima explicam boa parte da dificuldade de ascender socialmente que vivenciamos hoje em dia. 

Qual a opinião de vocês a respeito disso? E da meritocracia? 

Forte Abraço! 



domingo, 4 de agosto de 2019

Salários X Responsabilidades - Onde estará o equilíbrio?

Bom dia pessoal, faz quase um mês que não escrevo nada. As coisas têm estado corridas no trabalho, tenho saído tarde quase todo dia, o que me deixa sem tempo para escrever por aqui. O artigo de hoje tem um tom de desabafo, mas também há um pouco de ciência econômica embasando. São algumas coisas que tenho pensado esses dias.

A realidade é que chefe nenhum
gosta de seus empregados, muitos
tendem a tratá-los como gado
humano, e o salário vai ser uma
eterna briga: sempre ganhamos
menos do que achamos justo
diante do que fazemos e aturamos
no trabalho e ao mesmo tempo
somos considerados muito caros
pela empresa.

O chefe recorre frequentemente ao
artifício de reduzir o salário por hora
não nos permitindo sair no horário
e/ou cobrando coisas por whatsapp
e por e-mail em dias de folga ou à
noite após o expediente e nunca
pagando hora extra.
Claro que deixar de sair no horário
porque temos um prazo apertado
para cumprir ou algo importante que
não pode ser deixado paraamanhã é questão de
responsabilidade, mas é um absurdo
ter que receber um olhar feio do chefe
e sermos adicionados na lista negraquando pedimos parair ao médico ou quandovamos sair no horário, por mais raras
que essas coisassejam. É como se o tempo doexpediente não contasse nada, e para
o chefe só valesseo tempo que passamos além do
horário. Eu entendo a questão
dos incentivos e a psicologia
aplicada: idealmente numa
empresa nenhuma tarefa "fácil"
deve ser muito bem remunerada
porque senão seria criado um
incentivo para o funcionário nunca
sair do lugar, ficar a vida toda numa
tarefa fácil e ganhando bem, mesmo
tendo potencial para fazer coisas
mais complexas . Todo os salários
têm essa logica por trás, dentre outras.
Faz sentido e é bom (acredito) para a
economia e para a sociedade que haja
o mínimo possível de pessoas
acomodadas. Porém, ao mesmo
tempo, hoje em dia há um desincentivo
para o crescimento na carreira: conheço
várias pessoas dentro e fora de onde
trabalho que, embora possam ser
promovidas, fazem de tudo para não
o serem, inclusive mentindo e
diminuindo seus currículos, se
destacando menos do que poderiam,
etc., com medo de se tornarem caros
demais para a empresa.

Além disso, creio que mesmo dentre
aqueles que ganham muito bem
(digamos, 10 mil líquido ou mais,
por mês) a maioria lida com
responsabilidades e cobranças que
excedem o benefício percebido pelo
salário. Vejam um superintendente
ou um gerente sênior, por exemplo.
Imaginem a cobrança, a quantidade
de e-mails lidos e respondidos por dia,
as reuniões, as metas absurdas,etc.
E o tempo todo com a corda no
pescoço, porque basta um vacilo para
ser mandado embora, não importando
a quantidade de sucessos anteriores.

Às vezes  são responsáveis por
recursos e patrimônio de milhões de
reais… eu me pergunto: será que o
salário compensa? Eu acho que, até
pela questão psicológica, nunca
compensa, pois estamos sempre
querendo mais, e a maioria das
pessoas que passa a ganhar cinco
mil se esquece imediatamente de
como é ganhar mil. Mas por outro
lado não acho que seja justo uma
pessoa que trabalha de 8h às 20h
ganhar 1.200,00 ou 1.500,00 (o que
é o caso de muita gente hoje em
dia), ou uma pessoa que é
responsável por gerir valores de
dezenas de milhões de reais
ganhar "apenas" 5.000,00 ou 6.000,00
(Como é o caso de muito gerente,
supervisor e coordenador por aí).
Acho que hoje em dia estamos
vivendo num hiato bastante
desconfortável: não ganhamos o
suficiente para nos sentirmos
tranquilos e planejarmos bem o
futuro e ao mesmo tempo
parece que qualquer salário de
dois mil reais é caro demais para
a empresa pagar.

Onde estará o ponto de equilíbrio? 


Outra coisa: o salário mínimo. Esse
perdeu completamente o sentido,
pois quem só ganha isso vive
mal, precisa contar as moedinhas do
troco e mal consegue cobrir os custos
de vida, por mais baixosque sejam, se é que consegue. Quem
vive de salário mínimo precisa correr e se qualificar pra ganhar mais, arranjar outro trabalho, empreender, fazer bicos, etc. Sinceramente, nem sei para quê existe o salário mínimo. Claro que a mentalidade do empresário é a de reduzir os custos ao máximo, e isso inclui os salários, e no Brasil essa mentalidade (diminuir o salário por hora exigindo que o empregado fique além do expediente) ao meu ver é pior do que em outros países, e o salário minimo idealmente serviria como uma ferramenta para evitar grandes explorações por parte dos empresários (digamos, pagar 200 reais por mês em valores atuais para o empregado trabalhar de 8h às 20h). Mas sinceramente, acho que qualquer emprego que pague apenas o mínimo já é em si uma exploração (a não ser que o emprego seja muito fácil e/ou tenha um horário bem tranquilo),  de modo que a existência do salário mínimo não evita esse tipo de situação.

Claro, numa situação hipotética, uma pessoa miserável, passando fome, se sujeitaria a qualquer trabalho em troca de qualquer pagamento e seria provavelmente explorada, mas tão logo suas necessidades mais básicas fossem satisfeitas, essa pessoa passaria a procurar oportunidades melhores (digo isso baseado na ideia da Pirâmide de Maslow) e o empregador que lhe está explorando ficaria sem o empregado. Acho que no mundo real as explorações mais extremas teriam vida curta.

Outro argumento acerca da inutilidade do salário mínimo é que há empresas que dão um jeito de burlar isso e explorar seus empregados, como é o caso de empresas que só contratam estagiários, alguns restaurantes de grandes e famosos chefs que pagam seus cozinheiros com "comida e experiência", ou o caso de vários artistas que são pagos com "divulgação" (na minha família já houve um caso assim, mas meu parente recusou o trabalho, felizmente). E é uma pena que quando tentamos conversar sobre esse tipo de assunto corremos o risco de ouvir algum "fodão-que-aguenta-tudo" dizendo coisas como "hurrr se você tá insatisfeito com o salário então pede demissão hurr durrrr", como se fosse fácil se recolocar no mercado, ou então o velho e manjado argumento "huurrr você recebe salário então não é escravo huuurrr", como se a escravidão não tivesse evoluído - Nassin Taleb ilustra bem isto em seu livro "Arriscando a própria pele" (no capítulo intitulado "Como ser dono de outra pessoa legalmente"). Não suporto essas pessoas.

Na minha opinião: salário mínimo não deveria existir (perdeu a razão de ser e não adianta de nada, além de diminuir o número de pessoas que as empresas podem contratar), e os salários não deveriam nunca ser mensais: todos deveriam ganhar por hora ou por produção, sempre com base na produção real ou nas horas realmente trabalhadas, porque é mais justo: atendeu 10 clientes? Vai receber por 10 clientes. Produziu 50 unidades? Será pago por 50 unidades. Trabalhou 10 horas? Vai receber 10 horas de salário. No outro dia teve que sair mais cedo e só trabalhou 5 horas? Receberá pelas 5 horas. Com o salário por mês é muito mais fácil ser explorado: num mês de baixa atividade, no qual você saiu "no horário" quase todo dia você recebe a mesma coisa que no mês de alta atividade, com mais reuniões e operações e vendas, no qual você saiu todos os dias duas ou três horas depois do horário. Ou seja, não importa o quanto você produziu, o salário será sempre o mesmo, e isso não é justo.



Enfim, escrevi este artigo mais em tom de desabafo mesmo, porque as ultimas semanas no trabalho têm sido duras, além de outros problemas que estou passando na família, o que me faz me sentir desmotivado e triste. Falando sinceramente, admito sem medo e sem vergonha alguma que o meu sonho (e o de muitos brasileiros, pelo que observo) é ficar num empreguinho em que eu saia no horário certo e não tenha tanta cobrança de chefe, e que não envolva gerir recursos financeiros ou materiais, e de modo que eu não possa nunca ser responsabilizado pelo erro dos outros - sei que isso é muito utópico, mas sonhar não custa nada. Na verdade, acho que só de sair no horário certo já seria um grande avanço na vida. O ideal seria poder trabalhar de casa, ou então perto de casa, pra nunca pegar trânsito e não perder tempo. Tem dias no trabalho que eu me pego pensando "esta tarefa eu podia estar fazendo de casa, pela internet", mas sei que a cultura do "presencialismo" é forte no Brasil - ninguém confia em ninguém, então é difícil uma empresa aceitar que funcionários trabalhem de home-office.


Sinceramente, gosto de trabalhar, acho que é importante para a vida, para o desenvolvimento intelectual, social, moral, etc., além de ser importante você fazer algo útil para a sociedade, mas no meu emprego não tenho ambição nenhuma de ser superintendente, diretor, vice-presidente, CEO, CFO, etc. Também não tenho vontade de deixar legados, apenas faço o meu da melhor maneira possível e pronto. Tento me manter um pouco acima da média para diminuir minha chance de ser mandado embora, e só isso. Se eu pudesse, ficaria num carguinho pequeno e sem grandes responsabilidades pelo resto da vida até me aposentar. Se eu vivesse de renda ou fosse herdar uma grande fortuna, tentaria algum trabalho braçal ou artístico só pra me ocupar. Se eu conseguir atingir a TF,conforme meu objetivo, vou procurar um trabalho assim.  Sei que nunca serei feliz no trabalho (pelo menos não no meu emprego atual), então busco alegria e felicidade na minha família e nos meus hobbies e considero o trabalho apenas um ganha-pão e ocupador de tempo. Me dedico com mais afinco aos meus hobbies e aos meus estudos. São essas coisas (família, hobbies, estudos) que me fazem continuar seguindo em frente e aturando o dia-a-dia no trabalho, é assim que lido com isso.
E vocês, como encaram o dia-a-dia? O que lhes dá forças?

Forte abraço!