terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Trabalho, empregos e FIRE - minha opinião

Saudações, confrades!

Este post foi inspirado na última postagem do Blog do Corey => link aqui.

Eu não concordo com tudo o que ele escreveu, mas o parabenizo pela honestidade e franqueza. 

Realmente, é certo que a grande maioria dos brasileiros trabalhará até não ter mais forças. Neste ponto, o pessoal que pode pelo menos almejar uma IF ou semi IF, está muito melhor que a maioria dos brasileiros, quiçá do mundo. Então concordo que há pessoas que reclamam demais de seus empregos (não sou hipócrita e admito que também faço isso). Além disso, conforme ele escreveu, a maioria das pessoas ficaria maluca se se aposentasse cedo porque isso faria com que a vida destas pessoas não tivesse propósito. Concordo também, as teorias representadas na famosa Pirâmide de Maslow ilustram que o ser humano tem necessidades muito além das fisiológicas.

O que eu não concordo: 
O emprego "comum" de escritório, mundo corporativo, com ar condicionado, etc. tem suas vantagens, mas também tem suas desvantagens, não é só conforto e ar condicionado, e os trabalhos braçais, "de peão", também não são "100% desvantagem". 
 Para ilustrar meu raciocínio, resumi o que penso a respeito das vantagens e desvantagens de algumas categorias profissionais (bem generalizadas, afinal isso é só um resumo) nas tabelas abaixo:

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Reforçando, o que escrevi nas tabelas acima é um resumo bem resumido do que eu já vi e do que eu já vivi, e do que familiares e amigos próximos viveram e me contaram, ou seja, é uma síntese da MINHA percepção das coisas. Outras pessoas, que passaram por experiências diferentes das minhas e com círculos familiares e de amizades diferentes dos meus, provavelmente discordarão, mas, repito, é assim que EU enxergo estes trabalhos.


Atualmente parece que vivemos cercados de opiniões extremas: de um lado há pessoas verdadeiramente vagabundas que se pudessem não trabalhariam  de jeito nenhum e hoje vivem encostadas em algum emprego, levando tudo nas coxas, ou então sugando recursos dos pais e familiares próximos. Por outro, há os workaholics metidos a fodões que acham que todo mundo tem que aguentar trabalhar das 8h às 22h, atender telefone de madrugada, responder e-mail no domingo, e que quem não aguenta é fresco, frouxo, vagabundo, etc. (como se a quantidade de horas de trabalho fosse perfeitamente correlacionada com a produtividade.... Pessoalmente eu acho até que esse padrão 8h-17h, 8h-18h, deveria ser revisto, porque ninguém realmente produz no expediente inteiro, convenhamos...). Para mim, o ideal está no meio termo, nem 8 nem 80, não acho certo ser vagabundo preguiçoso que vive de sugar recursos dos outros sem nada dar em troca (acho que todos temos que, da melhor maneira que pudermos, contribuir para a sociedade, sermos úteis, dar algo em troca) mas também não acho certo o jeito como algumas empresas e chefes sugam nossas energias e nossa alma, nos tratando como se fôssemos propriedade deles, querendo mandar em nosso horário e vidas particulares.

Sendo assim, na minha opinião, se você não gosta do seu emprego, seja ele qual for e pelo motivo que for (carga horária muito alta, chefe babaca, trabalhar aos sábados e domingos, etc.)...: 
  
  A) ... e está economizando seu salário para investir em você mesmo, se (re)qualificar, e mudar de emprego, então você está certo! Nada de errado aqui.
    B) .... e está economizando seu salário para abrir um negócio e poder sair do emprego, então você também está certo! Nada de errado aqui.
    C) ... e está economizando seu salário e investindo diversificadamente em ações, FIIs, renda fixa, etc. de modo a atingir a IF, ou uma semi-IF, ou a TF (tranquilidade financeira), para poder sair do emprego e viver de renda ou poder arrumar um trabalho com menos estresse e mais satisfação pessoal, conforme sua opinião e gostos, então também está certo! Nada de errado por aqui!

Vejo todos os dias, na vida real e na internet, o pessoal reclamando muito do trabalho, e acho que o principal motivo para isso é que as pessoas não sentem que o que estão recebendo compense as responsabilidades e estresses de seus empregos (parte disso é porque nosso dinheiro não está valendo nada, então nosso poder aquisitivo diminui numa taxa muito mais rápida do que nossos salários conseguem aumentar, mesmo sendo promovidos, mas isto é assunto para outro post), então acho que isso é um sentimento generalizado, não é choradeira, as pessoas em geral estão mesmo insatisfeitas com a relação custo X benefício de seus salários e esta relação está mesmo desvantajosa na grande maioria dos casos. A maioria ganha R$ 1.200,00 - R$ 1.500,00 para se estressar e se cansar o dia inteiro e, principalmente nas grandes cidades, perder muito tempo no trânsito, chegar tarde em casa, dormir e recomeçar o ciclo no dia seguinte, praticamente sem tempo para cuidarem de si mesmas. 

Não é choradeira. 

A maioria das pessoas, se fossem suficientemente organizadas e ganhassem o bastante, tentaria se aposentar o mais cedo possível, não para não trabalhar, mas para não serem mais obrigadas a trabalhar. E isso seria bom para todos, acredito. 

Agora, voltando à parte que eu concordo com o Corey: se você atingir a IF para ficar em casa sem fazer nada (e por "nada" eu me refiro a "nada de útil para ninguém"), sinto muito, amigo, mas você estará desperdiçando sua vida, seu dom mais precioso, e um dia terá que prestar contas disso ao Criador.  E, para aqueles que não acreditam, também há o argumento material: sem fazer nada, somente ficando em um longo ócio, a saúde do corpo e da mente se deteriora, sua inteligência diminui, o cérebro "atrofia" que nem os músculos, e a morte chega mais depressa, e a demência chega mais rápido ainda. 

Mas isso não quer dizer que todos devemos ficar no "jogo" do mercado até não termos mais forças ou capacidade para tal.

Portanto, se você não suporta CLT, mundo corporativo, aturar clientes e chefes,  não quer arriscar um negócio, etc. e atinja a IF, semi-IF ou TF, eu sugiro que você se dedique à sua família, sendo mais presente para melhor criar seus filhos (pais ausentes são uma das causas da juventude perdida de atualmente, e uma das causas da alienação é o excesso de trabalho e o excesso de exigências nos empregos) e sugiro também que você se dedique a ajudar os outros: faça caridade, participe de grupos de trabalhos voluntários de igrejas e centros, preste serviços de graça para os mais necessitados, dê aulas nos vestibulares sociais das igrejas, ajude parentes em dificuldades, em suma, doe seu tempo. Claro que fazer caridade, ajudar o próximo, é dever de todos e devemos fazer isso conforme nossas possibilidades em qualquer época e situação da vida, atingindo ou não a IF, mas quem já é IF tem uma obrigação ainda maior neste sentido.

Forte abraço, fiquem com Deus!

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

E se não existisse o monopólio de Penhores?


Saudações, confrades! Espero que tenham tido um bom Natal e  um Excelente ano novo.

Tenho andado afastado do blog por causa do ritmo alucinante do meu trabalho em janeiro, além dos motivos apresentados no último post, o das reflexões de fim de ano (para quem não leu, o link está aqui). Sendo assim, ultimamente só tenho escrito para o blog praticamente no tempo que gasto no transporte, na ida e na volta do trabalho (vou de transporte público, então dá para ler, escrever, etc. - aliás, o tempo gasto no transporte público geralmente é desperdiçado pela grande maioria das pessoas, que preferem jogar candy crush ou então ficar olhando fotos no instagram... Portanto, confrades, tentem aproveitar este tempo da forma mais útil possível! Leiam, estudem, escrevam, escutem podcasts construtivos, audiolivros, etc. e deixem os jogos só para aqueles dias em que estiverem muito estressados). Tenho já alguns artigos no rascunho. Com o tempo irei postando aqui.


Hoje o blog está com mais de 9.000 visualizações! Muito obrigado a todos os meus leitores!

Dito isto, vamos à primeira postagem de 2020:

Tive a ideia para este texto quando li este post do colega Peão Playboy.


Para quem não sabe, uma loja de penhores é um negócio onde o cliente entrega algum bem para o vendedor e recebe em troca o dinheiro que o vendedor julga que este bem vale, ou uma parte deste valor, e a partir daí o cliente tem que fazer um pagamento mensal para manter o bem na loja, e caso queira o objeto de volta terá que restituir o valor recebido. Além disso, se deixar de fazer o pagamento mensal, o dono da loja poderá vender este bem para outra pessoa. Pelo menos esse é o modelo que eu conheço, pode haver outros. O Peão Playboy cita outro modelo possível no artigo supracitado.

Imaginem que legal seria se qualquer pessoa pudesse abrir sua própria loja de penhores? Vou mostrar aqui as vantagens deste negócio , principalmente para os mais pobres, (e entre parênteses, com texto em itálico, vou mostrar as desvantagens e riscos do negócio, bem como o que pode dar errado, de maneira geral)

1-  quando precisarem de dinheiro, as pessoas podem penhorar alguma coisa e pegar o dinheiro. Pelo menos isso me parece melhor do que pegar empréstimos de pequenos valores em bancos e com certeza é  melhor que usar o cheque especial, e de quebra ainda podem se livrar de alguma tranqueira que tenham em casa e que esteja ocupando espaço , como uma televisão velha ou um monitor de PC, um casaco que não usa mais, uma bicicleta de criança, um berço, etc. o que significa maior circulação de dinheiro e menor endividamento dos consumidores (Mas provavelmente só se conseguiria um bom dinheiro penhorando jóias, moedas raras, relógios, ou eletrônicos seminovos, dependendo do estado de obsolescência- exceto talvez os eletrônicos que atingiram um status de colecionáveis, como videogames antigos)



2- esse negócio  também pode beneficiar quem for comprar coisas na loja de penhores, porque o preço seria menor do que o de um produto novo numa loja, por exemplo. (Em teoria... infelizmente, Já cansei de ver no Mercado Livre e sites similares pessoas tentando  vender tranqueiras com o valor bem maior que o de coisas correspondentes mais novas, apenas acrescentando ao nome do produto as palavras mágicas "raro", "antigo", "de colecionador", etc., mesmo quando o objeto vendido não possui nenhuma destas qualidades - assim como já cansei de ver lojas físicas vendendo produtos por mais que o dobro do preço que se encontra na internet... auto-sabotagem total por parte de alguns comerciantes)

3 - me parece que uma casa de penhores  é um negócio que não precisa de muita coisa para começar (só para começar!! vejam as observações),  apenas de um capital de giro inicial, para pagar pelas coisas que os primeiros clientes trouxerem, e de um lugar para atender os clientes e guardar as mercadorias.  O "estoque inicial" podem ser tranqueiras do próprio dono do negócio, como uma televisão que ele tenha acabado de trocar, móveis que ele não usa mais, etc. Também é necessário ter uma grana separada para pagar um seguro para a loja (Que cubra roubos, incêndios, etc.) e no melhor dos mundos, com porte e posse de arma liberados, ter armas de fogo para proteger a loja e/ou contratar seguranças particulares, mas creio que dê para começar pequeno sem um grande investimento inicial e com aquela clássica espingarda em baixo do balcão. O conhecimento do valor das coisas se adquire com o tempo e a experiência, mas eu daria uma estudada no valor de algumas coisas antes, só para me preparar. Consegue-se fácil saber o valor de mercado da maioria das coisas pela internet, observando os preços alcançados em leilões, sites de compras, etc. e acho que apenas exceções demandaram pesquisas realmente profundas. Fica pelo bom senso de cada um, mas eu não aceitaria comprar ou penhorar bens que não fosse capaz de avaliar. (Os riscos mais óbvios do negócio seriam comprar produtos falsificados, como jóias e gemas falsas, réplicas de obras de arte, etc., pagar demais por algum objeto - mesmo que verdadeiro -, ou seja, ser enganado pelo cliente, e os possíveis assaltos e furtos na loja, uma vez que muito provavelmente a loja teria jóias e outros objetos valiosos em seu estoque, atraindo a atenção de ladrões - daí a necessidade de investimento em segurança)
Edit (Janeiro de 2022): o maior risco deste negócio, a meu ver, seria ser "receptador de objetos roubados", o que é crime, ainda que você esteja de boa-fé... sinceramente, até entendo o motivo de nosso arcabouço jurídico querer culpar também o terceiro de boa-fé (porque se não fizesse isso, todo bandido que vende coisas roubadas alegaria uma suposta "boa-fé" e se daria bem), mas ao mesmo tempo não acho justo punir os inocentes. 
Nosso sistema jurídico infelizmente é muito benevolente com os grandes criminosos e até mesmo com bandidos zé-ruela, e muito cruel com as pessoas trabalhadoras e de bem.

Atualmente, este tipo de negócio é monopólio da Caixa Econômica Federal, mas está em trâmite um projeto de lei que visa ampliar este mercado, acabando com o monopólio (link da reportagem aqui e do texto do projeto aqui), embora ainda bem longe do ideal (que seria literalmente qualquer pessoa física poder, se quiser, abrir uma loja de penhor na garagem de casa), mas já é um começo, uma vez que, conforme o projeto, qualquer pessoa jurídica de direito privado pode exercer a atividade de penhora, bastando para isto acrescentá-la ao seu objeto social. 

Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos, torcendo para que o lobby do setor bancário ou algum parlamentar de rabo preso não altere este projeto (realmente me surpreendeu que não foi escrito que somente "instituições financeiras" possam exercer a atividade de penhora, e sim "pessoas jurídicas de direito privado", mas creio que há uma grande chance de que à medida que este projeto avance no rito legislativo, os parlamentares que o analisarem vão colocando penduricalhos e artigos desnecessários na lei, para dificultar, ou até mesmo que o projeto fique engavetado, esperando indefinidamente sair do fim da fila do processo legal). Enfim, torçamos para que mais um monopólio estatal acabe e mais um tipo de negócio se torne disponível para nosso povo poder trabalhar e ganhar a vida.

Vocês abririam uma loja assim? Será que vale à pena?

Forte abraço e fiquem com Deus!