domingo, 24 de janeiro de 2021

Comentários sobre a educação e o ensino no Brasil

 Saudações, confrades!

Aproveitando que hoje foi o último dia do ENEM, vou escrever sobre a baixa qualidade (em geral) do ensino no Brasil, com ênfase no ensino superior, um assunto amplamente debatido na nossa querida blogosfera das finanças.

Como vocês devem estar carecas de saber, já faz muitos anos que a qualidade do nosso ensino vem caindo (eu diria que há pelo menos uns 40 ou 50 anos), e a era PT no governo só acelerou a decadência.

Isso, na minha opinião, é de propósito, e tem o intuito de  nos transformar em gado obediente e 100% dependente do Estado. O conhecimento ajuda a trazer liberdade, tanto financeira quanto das amarras mentais de ideologias (o pior tipo de escravidão, na minha opinião), e os governos em geral (assim como algumas grandes empresas, que cada vez mais se confundem com o Estado, ou até mesmo como um novo tipo de Estado) não gostam da ideia de homens livres: querem que você seja só um pobre coitado que nem sabe ler direito e dependa do Estado para tudo, até para decidir o que comer na hora do almoço (não é à toa que cada vez mais ficam forçando a barra com bobagens do tipo "pegada de carbono", comer insetos para não precisar criar gado, controle populacional, etc.)

Voltando ao assunto principal do post: vejam, porém, que não é só o governo o culpado pela derrocada do ensino no Brasil: a própria mentalidade do povo colabora com isto. Parte do problema é o pensamento incutido no imaginário popular brasileiro de que o acesso ao  curso superior é um direito e, não apenas isto, mas que fazer faculdade  é uma etapa obrigatória da vida. 

Claro que isso se aplica muito mais à vida nas grandes e médias cidades, que é onde estão as empresas e órgãos públicos mais importantes, que são os lugares onde normalmente se exige maior qualificação da mão de obra. (Se bem que acho que até hoje tem gente no interiorzão rural que ainda nutre esperanças de "ir pra faculdade pra não ser peão de roça"... e acaba virando "peão de escritório"). 

Como há muita demanda por praticamente qualquer ensino superior, o mercado não ficou parado e criou a "indústria do diploma", com a abertura de inúmeras faculdades particulares. E o governo, sempre faminto por capital político, ampliou o ensino superior público. Todas estas coisas aconteceram sem um bom planejamento, e assim temos muito mais diplomados do que o mercado precisa em diversas áreas. Infelizmente, a economia no Brasil não é tão desenvolvida a ponto de precisar de tantos profissionais formados todo ano. O resultado disso é o achatamento geral dos salários e muito desemprego. É graças a aplicativos de entrega, uber, cabify, etc. que a situação não está pior ainda.




E para piorar, a qualidade do ensino (público ou privado) em geral é péssima.

Claro também que para algumas profissões é mesmo necessário um nível maior de estudos, o que justifica a necessidade do nível superior, mas o problema é que esta necessidade se generalizou, e muitos empregos que antes não exigiam diploma hoje exigem, porque, como "todo mundo tem diploma", não ter passa a ser uma desvantagem, e acaba sendo uma maneira fácil para o RH de qualquer empresa eliminar candidatos às vagas de emprego.

Um exemplo que ocorreu na minha família: um parente meu era gerente do departamento de ações de um banco nos anos 70-80, e isso sem nem ter o ensino médio! Ele só tinha o primário! Como ele eventualmente "ficou caro" para o banco, foi demitido e foi se virar trabalhando como corretor autônomo da bolsa, e trabalhou com isso por muitos anos, até bem pouco tempo, e isso só com o diploma da quarta série. Foi só a partir de 2007-2008 que a CVM inventou do nada uma regra estúpida de que os corretores deveriam ter no mínimo o ensino médio completo. Esse meu parente era uma prova de que tal regra era desnecessária, mas fazer o quê, aqui é o Brasil, então ele foi obrigado a fazer a prova do ENEM  para ter o direito de continuar trabalhando. Detalhe: ele passou na prova do ENEM sem nem estudar, só com o conhecimento "de vida". Não acho que ele passaria para medicina, mas ele tirou a pontuação mínima exigida para que pudesse usar o resultado como um "diploma" do ensino médio. 

(E tem muito adolescente com a matéria ainda "fresca" na cabeça que não passa.)

Baseado nesta história e em outras que já vi, digo com segurança que, em termos de conhecimentos e capacidade de se virar no trabalho, muita gente só com o primário e/ou com ensino  médio de antigamente certamente dá um banho em 90% das pessoas com mestrado/doutorado/Phd de hoje em dia

Sei do que estou falando. Tenho mais de um professor na família, tanto na área pública quanto na iniciativa privada, e através deles sei como andam essas coisas. A qualidade de tudo vem caindo: professores recém-formados, materiais produzidos, e até a dos alunos.

Infelizmente, nossa "academia" é muito apegada à teoria e aos formalismos (saibam que toda faculdade, não importa a área, tem uma matéria chamada "metodologia da pesquisa" que praticamente só serve para "ensinar" a fazer o TCC, e o próprio TCC é uma coisa besta: o que mais importa não é o conteúdo, é seguir as regrinhas da ABNT, muitos avaliadores nem lêem). Nossa "academia" quase não dá valor à prática. Então vemos, por exemplo, na área de economia, administração e contabilidade, cursos 100% teóricos, em que não se ensina nem a mexer no excel e no powerpoint (que até hoje constituem uns 90% do trabalho de escritório), que dirá tópicos mais avançados. Vemos licenciaturas com aulas que mais parecem propaganda político-partidária e demagogia do que realmente ensinam os futuros professores a ensinar. Até mesmo as faculdades de medicina me parecem que estão formando "leitores de manual" ao invés de médicos, conforme já escrevi por aqui.

E digo mais: a maioria dos diplomas não são realmente necessários para suas respectivas áreas profissionais - isso é um fato para o qual cada vez mais pessoas estão despertando, mas ainda demorará um tempo até que o mercado de trabalho deixe de se importar com diplomas. Talvez a "pejotização" acelere isso. Lá fora, nos EUA, com todo aquele drama causado pelas imensas dívidas estudantis (as universidades por lá, pelo menos as famosas, são bem caras, custando mais de 50 mil dólares por semestre), me parece que também está havendo um despertar para o fato de que há algum tempo os cursos superiores não estão com essa bola toda.

Eu mesmo tinha muita vontade de fazer mestrado na minha área, mas de uns tempos para cá desanimei bastante - confesso que em boa parte por causa da perspectiva de ter que fazer mais um TCC, só que um com muito mais páginas - talvez um dia eu escreva um post falando só sobre o drama que é fazer esse tipo de trabalho e compartilhando algumas experiências pessoais. 

Porém, eu sei que serei "obrigado" a fazer pelo menos um mestrado caso consiga virar professor, por questões de sobrevivência profissional e para ampliar minha empregabilidade (no serviço público, porque escolas e cursos particulares às vezes rejeitam candidatos com muita qualificação, pelo que fiquei sabendo, de modo que muitos omitem estes cursos de seus currículos...)

Recomendo a todos os que se interessam pela área de ensino a leitura dos livros do saudoso professor Pier Luigi (Aprendendo Inteligência, Ensinando Inteligência e Estimulando Inteligência).

O que os confrades acham disso? Fizeram faculdade? Como foi sua experiência? Pretendem fazer mestrado, doutorado, etc?  

Forte abraço! Fiquem com Deus e tenham uma excelente semana!

domingo, 10 de janeiro de 2021

Os maus hábitos do comércio - parte 3

 Saudações,  confraria da blogosfera!


Espero que tenham todos tido um excelente Ano-Novo!

Vamos para mais um post, o primeiro de 2021! Será que esse ano conseguirei postar mais vezes? Só o tempo dirá!


Agora, vamos ao post propriamente dito:

Por incrível que pareça, existem comerciantes que não gostam de vender. Sim, isso mesmo que você leu: existem comerciantes que parece que não gostam de clientes e fazem de tudo para que eles não comprem nada e não voltem para suas lojas nunca mais.

Vou relatar o que aconteceu comigo: há alguns meses fiz uma obra em minha casa, e antes dela começar fui comprando aos poucos o material que o pedreiro pediu. Perto de minha casa há algumas lojas de materiais de construção, cada uma com sua especialidade. Uma delas eu escolhi para comprar o material mais pesado: cimento, tijolo, etc. Fui lá e pedi o material necessário. Ele me perguntou quando era a obra, e eu disse que seria dali a 2 semanas. Ele então respondeu meio de má vontade que "então é melhor comprar só semana que vem, vai por mim". Resolvi seguir o conselho, pois eu sei que o cimento, mesmo dentro do saco fechado, estraga com o tempo e imaginei que fosse isso que ele estivesse me ajudando a evitar. Até aí tudo bem. Não sei se cimento estraga tão rápido assim, mas achei melhor não arriscar.

Nessa mesma loja resolvi comprar também  alguns  metros de lona para proteger meus móveis da poeira da obra. Calculei por alto quanto eu iria precisar e fui até a tal loja e pedi X metros de lona. O vendedor respondeu "ah, não,  X metros dessa lona vão dar Y metros quadrados, é muita coisa. Vou ter que chamar meu ajudante aqui pra me ajudar a desenrolar a lona, vai dar o maior trabalhão e vai ficar ruim de carregar, vai ficar pesado" e etc.  

Convencido pela má vontade dele, reduzi a quantidade, até porque ele me assustou com aquele papo de Y metros quadrados: achei que realmente fosse ser muito e fosse sobrar lona (e eu teria que jogar fora). Ele então cortou a lona (daquele jeito) e me entregou, como se estivesse fazendo um favor. Não foi nem um pouco difícil de carregar e nem estava pesado, mesmo que eu tivesse comprado os X metros que eu queria no início. Resultado: fui na dele e faltou lona, tive que comprar mais depois. Fica aí pro aprendizado: o vendedor pode até entender mais do que você sobre o produto, mas ele não foi até sua casa para saber realmente qual é a sua necessidade. Então nem sempre vale a pena seguir o conselho do comerciante.

Infelizmente me parece que a má vontade para atender o cliente é muito comum em lojas de ferramentas e materiais de construção, principalmente as grandes: lembro-me de outra ocasião em que precisei comprar um parafuso mas não sabia dizer o tamanho exato,  então levei a peça onde ele seria encaixado para não ter erro na hora de comprar. Fui ao balcão e o diálogo foi mais ou menos assim:

 "bom dia, eu queria comprar uns parafusos..."

"De que tamanho?"

"Não sei, mas..."

"Po**@! Aí fica difícil, né??" (ele falou meio irritado)

"Por isso que eu trouxe a peça, você não me deixou terminar de falar."

"Ah..." (e ficou com cara de bunda no balcão)

Se eu não precisasse dos parafusos, e se a próxima loja de ferragens ficasse só a uns cinco minutos de caminhada, eu teria ido embora, mas acabei comprando.

Isso fora todas as vezes em que fui em alguma loja de madeira, materiais de construção, ferramentas, etc. e os vendedores simplesmente me ignoraram ou me atenderam com má vontade, imagino que porque eu realmente não tenho jeito de quem mexe com obras - aí eles ficam de má vontade porque não têm paciência de explicar as coisas pros "leigos", acham que vão perder tempo, etc.

Acho que vou ter que passar a me fantasiar de peão de obra para ser bem atendido...

E vocês, confrades? Já passaram por experiências parecidas? Têm alguma história para compartilhar?

Alguém que me lê trabalha em lojas de ferragem? Trata bem seus clientes? Considerem este post como uma crítica construtiva!

Forte abraço, amigos, fiquem com Deus!

Fora da caridade não há salvação!