quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Será que vale a pena "largar tudo" e fazer medicina?

 Saudações, confraria!

Último post de 2021!

Este é um assunto que volta e meia vejo alguém postando em fóruns por aí. Por alguma razão que não compreendo, ele é tratado como "polêmico" por algumas pessoas.

Sinceramente, eu não vejo nada de errado em ter essa ideia

Tendo em vista em como no Brasil as relações trabalhistas são difíceis (na média o empregador quer pagar muito pouco e exigir muito e, por sua vez, na média os empregados querem trabalhar bem pouco também) e que a remuneração média é bem baixa (realmente deve ter mendigos na Europa e nos EUA que tiram mais com esmolas do que trabalhadores CLT tiram de salário no Brasil, ainda mais considerando o câmbio extremamente desvalorizado - isso sem falar que até no Brasil tem lugares em que dá para tirar mais dinheiro pedindo esmola no semáforo do que trabalhando com carteira assinada, o que obviamente não quer dizer que estas pessoas tenham uma vida boa, claro), então nada mais natural do que as pessoas buscarem profissões em que a renda esperada tenda a ser maior do que a que elas ganham atualmente.

Antes de mais nada, vou esclarecer: não sou médico, nem enfermeiro, nem farmacêutico, nada disso, e nem trabalho em nenhuma empresa ligada à área de saúde. Portanto, minha opinião é a de leigo, fundamentada somente na minha experiência de vida e na experiência de algumas pessoas que conheço, e também no bom senso (que falta a muitas pessoas de hoje em dia).

Encarem este post mais como uma reflexão pessoal, pois é somente isto. Estou apenas organizando meus pensamentos e registrando aqui como se fosse em um diário, para que daqui a uns anos eu volte e avalie se alguma coisa mudou. 

Assim como acontece com muitos, esse pensamento de largar tudo e fazer medicina também passa pela minha mente... desta forma acho melhor refletir bem sobre as coisas que tenho capacidade de refletir.

Medicina é uma profissão bastante versátil no sentido de que te possibilita trabalhar como autônomo, PJ, CLT, ou empreendendo. E dificilmente um médico fica desempregado ou sem renda nenhuma.

A medicina é, a meu ver,uma das melhores, senão a melhor profissão de ensino superior para ser autônomo hoje em dia, e para trabalhar como PJ terceirizado também. Não sei quanto a concursos: vejo que em todo edital de concurso de prefeitura de cidades médias e até de cidadezinhas por aí, médico é o cargo que paga mais, com uma diferença brutal em relação aos outros cargos (geralmente pagando de R$ 8.000,00 a R$ 10.000,00 iniciais, contra algo entre R$1.200,00 e R$1.500,00 para praticamente todos os demais cargos, exceto os de fiscal) mas eu não contaria muito com isso, pois também já  vi muito médico reclamando que não recebia salário em várias dessas prefeituras (colocam um salário alto no edital para atrair médicos interessados, mas volta e meia o município em questão não tem recursos para pagar o salário prometido e atrasa os pagamentos, então realmente fica complicado)

Pensando somente no mercado privado: para ter um consultório médico bem básico, só para fazer atendimentos agendados de clínica geral, não é preciso, a meu ver, muito investimento em equipamentos (ao contrário, por exemplo, do dentista, que me parece que precisa de um investimento maior para equipar e montar um consultório minimamente funcional). 

Uma exceção no caso dos médicos é o oftalmologista, que sempre vai precisar comprar uns equipamentos mais caros para fazer seu atendimento básico. 

Mas para atendimentos de consultório para clínicos gerais, alergologistas,otorrinolaringologistas, etc. Você precisa basicamente de um computador, uma mesa para atender o paciente, cadeiras, uma cama/maca, armários e gaveteiros para guardar os suprimentos (lençóis descartáveis, luvas, máscaras, etc), balança,  e alguns equipamentos manuais (estetoscópio, rinoscópio, otoscópio,  etc.) e acredito que seja necessário ter uma sala comercial com 4 ambientes: um para o consultório em si, outro para a sala de espera, um banheiro para o médico dentro do consultório e um banheiro para os pacientes na sala de espera. Ou seja, para começar não parece ser caro montar um consultório básico para consultas de rotina. 

Vejam que eu disse montar o consultório, e não mantê-lo. 

Para manter, sim, deve ser caro, ainda mais porque geralmente não tem como não ter uma secretária (já vi dentista que não tem secretária, mas nunca vi médico que não tivesse), então temos aí os custos da CLT (férias, 13º, FGTS, entre outros) provavelmente de 2 secretárias. Mas, dependendo da região, imagino que o maior custo deva ser o aluguel do consultório. E também tem as contas de luz, água, condomínio, IPTU, demais impostos, etc. E pelo que pesquisei, vi em alguns lugares que os médicos têm que pagar uma "jóia" para serem conveniados de planos de saúde... Essa foi a parte que eu achei mais estranha, pois teoricamente é do interesse do plano de saúde ter o máximo de médicos possível conveniados, de modo que os segurados fiquem minimamente satisfeitos. Desta forma, não entendo porque os planos impõe essa barreira de entrada... caso algum leitor seja da área de saúde e saiba explicar porque isso acontece, agradeço.


No começo da carreira obviamente ninguém te conhece, então o seu nome você vai construindo aos poucos, nos plantões (óbvio que no início você rala, que nem em qualquer profissão), e também deve ser necessário fazer amizade com outros médicos durante a faculdade, durante a residência e em todos os estágios e atividades extras que tiver que fazer nestas épocas. 

Pelo que já conversei com alguns médicos que conheço, em média um plantão de 24h paga bem, de modo que pelo menos por um tempo um médico em início de carreira consegue se sustentar fazendo plantões. O menor valor que já me disseram era de R$500 e o maior, R$1.200,00. Imagino que haja lugares em que se ganhe menos de 500 reais e lugares que pagam mais de 1.200 por plantão. Dando 10 plantões por mês, imagino que um médico consiga tirar por baixo uns 5.000 reais, o que é um ótimo salário para uma pessoa recém formada. Mas entendo que não seja viável manter esse ritmo de plantonista durante muito tempo. Por isso deve ser muito importante o médico ir fazendo seu nome e angariando pacientes nessa época, já se preparando desde o primeiro dia de plantão para eventualmente se tornar autônomo ou empreender.

Já vi médicos reclamando que o dinheiro que se consegue com plantões em um mês é muito pouco para a quantidade de estudo necessária antes, durante e depois da faculdade de medicina, mas provavelmente estes que reclamam foram médicos a vida toda e não sabem que em praticamente qualquer outra profissão, ainda mais trabalhando como CLT, é muito, mas muito difícil começar ganhando 5 mil reais, e a imensa maioria nunca irá ganhar isso, nem no fim da "carreira" (que quase não existe mais nas empresas em geral) e que nem toda profissão te permite ser autônomo ou empreender. Começar ganhando bem, no Brasil, praticamente só trainee de multinacional, médico, e em alguns cargos do serviço público. 

- Eu acho engraçado que sempre que alguém levanta essa bola de "largar tudo e ir cursar medicina" em algum fórum de internet, sempre vai surgir um médico dizendo que não vale a pena porque "a profissão está saturada" e "não paga tão bem quanto antigamente", como que querendo desencorajar um potencial futuro concorrente. Bem, amigo, bom mesmo devia ser no seu tempo, né,  quando você era o único médico do mundo...

Na minha opinião, se algum dia a medicina ficar ruim mesmo, é porque a maioria das outras profissões já foram para o buraco muito tempo antes.

Sobre a "saturação" da medicina, eu acho que eles exageram. Acho que nem nas capitais (onde estão concentrados uns 90% dos médicos) está saturado, embora com certeza esteja bastante concorrido, assim como qualquer outra profissão. O que eu acho é que tem pouco hospital, pouca clínica,  pouco laboratório. E, consequentemente, poucos médicos, dado o tamanho do Brasil e da população. Os hospitais que existem hoje são praticamente os mesmos de 50 anos atrás. Na minha cidade, pelo menos, é assim. Os médicos reclamam que no pronto-socorro do SUS eles diversas vezes precisam atender pacientes de 5 em 5 minutos, dependendo da cidade, e muito provavelmente no meio disso tem um monte de hipocondríacos e malandrinhos correndo atrás de atestado para faltar no trabalho. Eu não sei, sou leigo, mas me parece que o excesso de atendimentos na emergência do SUS pode ser explicado, ao menos em parte, pelo baixo número de hospitais e clínicas (muita cidadezinha não tem nada disso  e povo precisa se deslocar para uma cidade maior vizinha para ser atendido) e também por termos poucos médicos principalmente nas cidades menores. 

Agora, uma coisa que eles reclamam muito e eu concordo, é que nos últimos 10~15 anos foram abertas muitas faculdades de medicina, mas o que eu acho ruim nisso não é o número de médicos formados ter aumentado, mas sim que provavelmente a maioria desses cursos deve ser de baixa qualidade. 

Mesmo as famosas e "maravilhosas" faculdades federais devem estar com nível bem baixo na qualidade do ensino. Até porque a qualidade do ensino em geral caiu muito: o conteúdo está cada vez mais enxuto, as provas estão mais fáceis, hoje em dia existe aprovação automática nas escolas de ensino básico, muitos alunos analfabetos passam de ano, e há muitos analfabetos funcionais no ensino superior. Tenho certeza de que já há doutores e mestres que não teriam condições de passar nem pelo ensino médio na época em que este era chamado de "curso científico", e eu sinceramente duvido que os cursos de medicina tenham escapado dessa deterioração geral da educação no Brasil.


Um lado ruim de enveredar pelo caminho da medicina é que demora muito tempo para você realmente começar a trabalhar e ganhar dinheiro. Vão ser no mínimo 6 anos de faculdade e mais os anos de residência. Dá para chutar por alto uns 10~11 anos de formação para realmente começar a trabalhar. Fazer isso já adulto é bem mais complicado do que fazer logo depois do ensino médio. Ou você junta muito dinheiro para viver por uns 10 anos sem renda, ou o seu cônjuge vai assumir todas as contas de casa por 10 anos, isso se for possível - de qualquer maneira você vai ter que juntar muito dinheiro, e é melhor estudar muito para passar numa faculdade pública. E se você não conseguir passar numa faculdade pública, vai ter que juntar mais dinheiro ainda, pois as particulares cobram os olhos da cara de mensalidade. 

Assim, provavelmente é melhor considerar que vão ser uns 12 anos sem renda (contando 2 anos de estudo para passar no vestibular de medicina).

Outra coisa ruim da profissão é que muitos a escolhem pelo status, e acabam virando médicos ruins que atendem mal seus pacientes.

Outra coisa ruim é que você estará sempre sujeito a processos judiciais (acho que medicina deve ser a profissão mais propensa a isso, dependendo da especialização, claro), e seus erros podem custar muito caro, pois você lida com vidas humanas. Muitas vezes a culpa não é do médico: é do hospital (por exemplo, não tinha o material ou o remédio necessário), é do governo (não tinha recurso para comprar equipamento, ou o recurso foi desviado), é do dono do hospital (recebeu um bônus milionário enquanto faltavam insumos no hospital) ou não é de ninguém (o paciente ia morrer de qualquer jeito), mas a culpa muitas vezes cai no médico. É bem complicado. Acho que esta é a parte mais importante desta reflexão. 

O maior erro de todos, e que é cometido até hoje, é querer ser médico por causa do status, para "pegar mulher na balada", etc. E quem quiser fazer medicina pelo dinheiro (mesmo sem a pretensão de ficar rico) e/ou pelo facilidade de arranjar trabalho, tem que estar disposto a assumir esse nível insano de responsabilidade, e isso não é para qualquer um. 

Acho que não é para mim, pelo menos não no meu atual nível de maturidade. 

Quem sabe um dia, mas por enquanto não.


O que acham, confrades? Já tiveram essa ideia? Conhecem alguém que largou tudo e virou médico? Algum de vocês fez isso, ou pensa em fazer?

Forte abraço!

Feliz Ano-Novo!

Fiquem com Deus!




Leituras interessantes sobre o assunto:

https://blog.casamedica.com.br/equipamentos-primeiro-consultorio/

http://www.meusnervos.com.br/quer-fazer-medicina-entao-leia-isso/#more-6766

https://conclinica.com.br/p/como-credenciar-meu-consultorio-a-um-plano-de-saude/

https://dumaresq.adv.br/blog/2020/5/14/em-tempos-de-pandemia-a-unimed-continua-sem-permitir-o-livre-ingresso-dos-mdicos-em-sua-cooperativa-prejudicando-diretamente-toda-a-populao-de-usuriosnbsp-reserva-ilegal-de-mercado-9trlg

12 comentários:

  1. "12 anos sem renda" melhor ser funcionário publico de cargo top (pra mim serviu um cargo intermediário), salvo pra quem tem vocação de ser médico

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    1. De fato os 12~14 anos sem renda são o principal obstáculo pra praticamente todas as pessoas...
      Talvez, se meus planos derem certo e eu atingir a TF, eu consiga fazer medicina algum dia. Aí me torno médico de cidadezinha.

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  2. Eu nunca pensei em fazer medicina, nem antes nem depois.

    Primeiro, existe essa questão que você colocou ali em cima. Para ser um médico que ganha muito bem, creio, invariavelmente chega-se a cirurgião de alguma coisa. Ali jaz o sumo da medicina, onde o dinheiro rola solto e o respeito é máximo. Acho que a responsabilidade de operar alguém é muito grande e eu não tenho pulso pra cortar um corpo, apesar de achar que depois de muitas performances isso deve ser algo normal.

    Segundo, esses dois anos que você mencionou para passar em uma pública podem muito bem se tornarem 5, 6, 7 anos. O que não falta é gente que demora mais de 4 anos pra passar em vestibulares tão concorridos. É quase igual a um concurso de nível top. Não sei se vale a pena fazer algo assim depois de velho, só pelo dinheiro.

    No mais, independente da profissão, acredito que dê para ganhar um bom soldo, mas é preciso ralar bastante. Engenheiros, arquitetos, advogados, contadores e etc. podem sim se dar bem na vida, mas precisam estar sempre na vanguarda, estudando continuamente. Não adianta se formar e sair por aí pedindo salário milionário, como se fosse uma obrigação do contratante.

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    1. Valeu pelo comentário, Matheus.
      Eu escrevi esse post porque já vi na internet muita gente falando em virar médico depois dos 30, 40, etc. E isso também já passou pela minha cabeça, ainda mais porque estou passando uma fase complicada no trabalho.
      Imagino que isso aconteça por causa das coisas que mencionei (facilidade de arranjar trabalho, renda esperada mais alta, um certo prestígio, etc.) Concordo que o top dos tops na medicina são os cirurgiões, pois são eles quem geralmente resolvem os problemas mais sérios, enquanto que a medicina preventiva, quando bem aplicada, não deixa os problemas surgirem, o que de certa forma ironicamente pode diminuir o valor que o paciente dá ao serviço...
      De fato os autônomos top das profissões ficam milionários ou pelo menos ganham muito bem. Mas acho que medicina seja procurada por pessoas que querem mudar de área porque um médico mediano tende a ganhar mais do que, digamos, um advogado ou um arquiteto medianos.
      Claro que esse é o motivo errado para querer ir para a medicina, mas infelizmente esse é o tipo de incentivo que as pessoas estão tendo.
      Pelo menos é isso o que eu enxergo observando a realidade ao meu redor.

      E, sim, para a maioria das pessoas seriam necessários mais que dois anos para passar em um vestibular para faculdade pública de medicina, ainda mais se tiverem que conciliar estudo e trabalho (seria mais prudente só sair do emprego quando passasse no vestibular).
      Mas vejo que, ao contrário dos concursos top,pelo menos o vestibular de medicina tem todo ano. Uma pessoa que não conseguiu passar no concurso para a CVM em 2010 está até hoje esperando o próximo concurso da CVM, por exemplo, caso só tivesse vontade de trabalhar naquela autarquia.

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  3. Eu tenho 20 anos e, sendo sincero, considerei fazer Medicina para "mudar de vida". Além da segurança financeira mais alta que outras profissões, também pensei no status que a carreira poderia me trazer. Venho de uma quase linha da pobreza e sempre desacreditaram em mim, até mesmo a minha própria família. Eu não queria ter essa sensação de indigência por toda vida.

    Prestei dois ENEMs, passei em Engenharia Civil, cursei um mês e desisti pois eu tinha muitas dificuldades com o Ciclo Básico de Engenharia. Estudei a vida inteira em escolas públicas muito ruins, passei muito tempo sem professor de Matemática, eu até queria aprender por conta própria mas na época (2013 a 2016) não tinha quem me orientasse. Resultado: não sabia muita coisa básica, desde operação com frações até logaritmo. (Antes que falem, a Matemática do ENEM não se compara com a da Engenharia e na prova do ENEM o que me ajudou a ir bem foi a nota alta em Redação e notas medianas nas outras provas). E sem saber Matemática não se aprende Física bem, e em Engenharia isso era indispensável. Além disso, tinha colegas campeões em olímpiadas de ciências exatas, às vezes na sala só eu que não sabia nem como começar a resolver os exercícios. Tentei aprender por fora mas não dava para conciliar tudo ao mesmo tempo. Estava morando de favor, isso tudo somado a uma depressão pré-existente me fez ter uma crise existencial severa. Cheguei a planejar me suicidar.

    Foi com esse fracasso na Engenharia que abri os olhos e percebi que Medicina também não seria viável no meu caso:

    1) Eu sou muito ansioso, tenho uma depressão que vai e volta, principalmente em momentos de muita tensão. Além disso, tenho um tremor nas mãos, isso abalou a minha autoestima e não passa uma imagem de confiança. Meu perfil nem de longe é o exigido para um médico.

    2) Esse retorno financeiro demoraria muito e não teria como me sustentar por muito tempo. Não dá para se confiar nos auxílios das universidades, está cada vez mais ruim devido aos cortes.

    3) Eu não tenho saco para o teatro da iniciativa privada, sou TEA e é um esforço mental enorme fingir o que não sou para no fim das contas conseguir no máximo um emprego de salário mínimo. Por mais que tenham as suas complicações, eu precisaria de uma carreira onde a oportunidade para concursos públicos fosse mais ampla.

    Fiz um terceiro ENEM e entrei em Direito. O curso mais "saturado", rs. Entrei pensando nos concursos públicos, a área judiciária é uma das poucas que ainda tem um respiro perante a reforma administrativa. Estou me identificando com o curso, não tive a mesma sensação de inutilidade igual à engenharia. Até penso em tentar algo na carreira acadêmica. Estou começando a estudar logo do primeiro semestre, para ter a base necessária, espero fazer isso uma vantagem.

    Se não der certo, meu plano B é partir para o empreendedorismo alimentício. Gosto muito de fazer comida e penso em fazer marmitas de baixo custo.

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    1. Obrigado por compartilhar um pouco da sua história e da sua luta, anon.
      Infelizmente, matemática e as ciências exatas em geral são as matérias mais mal ensinadas no Brasil, quiçá no mundo. Geralmente os professores não sabem explicar direito e pressupõe que os alunos já sabem um monte de coisas que nem sempre sabem, e aí explicam o assunto pulando um monte de explicações intermediárias que seriam imprescindíveis para a verdadeira compreensão da matéria... e geralmente quanto mais alto o título, mais descolado da realidade é o professor. Na pós graduação que estou fazendo, por exemplo, tem um professor que é doutor em engenharia mecânica, e ele explica muito mal, tudo jogado, como eu falei: pulando os raciocínios intermediários e jogando o resultado final, do nada.
      Eu quero um dia ser professor de matemática para ajudar a corrigir um pouco esse problema. Os mais professores afastam muita gente que seria boa se tivesse tido o incentivo certo.

      Espero que você se encontre no Direito e/ou empreendendo. Tente se dedicar aos estudos (como você já está fazendo) e se esforce para se tornar o melhor advogado possível, tente ser aquele cara que sabe de tudo da área jurídica que você escolher. Mesmo que consiga um cargo público, tente ser assim. Tente ser aquele cara que sabe as respostas dos problemas, aquele cara que as pessoas procuram para tirar dúvidas jurídicas.

      Se puder conciliar os estudos com o seu pequeno negócio de fazer marmitas, faça isso, pois assim você desenvolve outras habilidades importantes para a vida.

      Não fique pensando em bobagens, persevere, tente melhorar um pouquinho a cada dia, vivendo um dia de cada vez.

      Te desejo boa sorte e um feliz 2022, anon. Torço para que você tenha sucesso!

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  4. Fala Mago! Já quis fazer medicina, mas a condição financeira não me apeteceu realizar esta proeza. A época pra isso já foi, agora é seguir em frente com o que sobrou. Um abraço e feliz 2022!

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    1. Obrigado pelo comentário, Paul.
      Realmente o ideal é fazer medicina na época normal, como primeira graduação e logo depois do ensino médio, época em que ainda não temos tantas responsabilidades. Depois fica bem difícil mesmo... e isso vale para qualquer mudança de carreira...

      Feliz 2022!

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  5. Mago!
    Conheço uma enfermeira que, apesar da formação dela, ela não trabalha na área, mas acabou montando uma clínica com algumas especialidades e contratou os profissionais. Ou seja, ela fica na administração. A clínica fica em uma cidadezinha que é caminho dos profissionais para outra cidade grande. Isso facilitou a contratação desses profissionais que trabalham viajando. Já que é caminho, acaba prestando serviço em outros lugares, caso a escala se encaixe. O empreendimento pelo que ela relata, está dando certo.

    Abraços!

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    1. Valeu pelo comentário, C&P.
      Essa enfermeira foi visionária, e ser da área de saúde certamente facilita a condução do negócio.
      Abraço e feliz 2022!

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  6. Mago,

    Quem nunca pensou em ser médico na juventude? Confesso que já tive essa vontade, mas nunca durou muito. A verdade é que sempre fui cara mediano (apesar de ser sempre um dos melhores da sala), que queria um emprego mediano, com um salário mediano para levar uma vida mediana.

    É inegável que Medicina dá status enorme para qualquer formando, pode ser até o pior aluno da sala. Aqui em cidadezinha de interior do Sul, qualquer médico de UBS é rei dos rolês.

    Nunca fui bom em trabalhos manuais e por consequência imagino que não seria bom operando pessoas, fora a pressão de ter uma vida nas suas mãos. O risco de processos também preocupa, quero dormir tranquilo e saber que todos os meus bens são e vão seguir sendo meus no dia seguinte.

    Para ganhar dinheiro e ter status existem muitas outras profissões possíveis para quem não tem o talento da medicina.

    Infelizmente vejo o curso de medicina como muito elitizado, é um curso integral e normalmente disponível nos grandes centros, o jovem pobre do interior tem dificuldades em passar no vestibular pois tem uma educação lixo na escola e não tem condições de cursinho, além disso, vai precisar ser bancado por 6 anos na cidade grande, tendo em vista a carga "integral" é difícil conciliar os estudos e algum trabalho para se manter. É possível? Sim. Mas é aquela história, alguns largam a maratona precisando percorrer os 42 km e outros privilegiados largam já na metade do percurso.

    Quando me formei no Ensino Médio somando todas às salas do "Terceiro" acredito que havia pelo menos 90 estudantes e desses não saiu nenhum médico e mesmos desses 90 que se formaram, salve falha na memória apenas 1 foi aprovado em universidade pública e para um curso bem tosco.

    É por isso que sou favorável a cotas ainda maiores para Medicina em Universidades Públicas para estudantes pobres, os ricos que se virem pagando particular.

    Abraços,
    Pi.

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    1. Valeu pelo comentário, PI. Medicina já é há muito tempo o curso mais difícil de entrar em faculdade pública, e continua sendo, ainda mais com o derretimento da engenharia nos últimos anos. Realmente quem não mora em uma capital ou em alguma cidade importante tem muito mais dificuldade. Infelizmente o brasileiro não tem um espírito muito "desbravador", ao contrário de nossos ancestrais portugueses e espanhóis, de modo que o interiorzão continua relativamente desabitado, e por consequência, subdesenvolvido. Assim, cidadezinhas têm menos escolas, escolas de qualidade mais baixa, com menos equipamentos, menos profissionais, e por aí vai. Isso porque ninguém ou quase ninguém quer ir morar no interior, e aí ficamos num ciclo vicioso... uma pena.

      Cota para pobres/classe média baixa em vestibulares públicos é uma coisa que eu concordo. A maioria do pessoal que faz faculdade federal é rico ou classe média alta, principalmente nos cursos de medicina.

      Abraço e feliz 2022!

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