domingo, 28 de abril de 2019

Escolaridade no Brasil - a cultura do "filho doutor", achatamento dos salários, e outros problemas

Saudações, caros leitores

Espero que tenham tido uma boa Páscoa! A propósito, esqueci de dizer no meu post anterior, mas muito obrigado pelas mais de 1.000 visualizações no blog! No momento em que escrevo estas linhas, já passou das 1.500, e o post anterior foi o mais visualizado até agora, conforme as estatísticas do blogger! Tudo isso me dá motivação para continuar escrevendo e estudando mais. Aliás, todos devemos estudar mais e tentar evoluir sempre.

(ainda estou devendo aquele "post mais técnico" que disse que estava escrevendo no meu texto sobre a oficina mecânica onde trabalhei...)

Dito isto, vamos ao post de hoje:

Nos maravilhosos dias do feriadão da Semana Santa, estive conversando com um parente que está naquela fase de cursinho pré-vestibular. Perguntei,  por alto, para quais cursos o pessoal da turma dele queria prestar o vestibular. Como era de se esperar, a maioria queria medicina e em segundo lugar, direito (pelo visto essa turma não chegou a conhecer o Pobretão). Fiquei surpreso com o fato de ninguém da turma dele querer engenharia, além de haver alguns casos isolados de alunos querendo cursos muito específicos (alguns que eu nem sabia que existia faculdade, como "pintura", "dança", etc.) e outros que só vejo caminho profissional no mundo dos concursos públicos (que estão cada vez mais raros e mais difíceis de passar). Além disso, ninguém queria administração ou ciências contábeis, o que também é, de certa forma, surpreendente, visto que são dois cursos "clássicos".
A impressão que a conversa me causou é que as pessoas continuam saindo da escola sem realmente saber o que querem fazer da vida, o que, aliás, não me surpreendeu. Não acredito, por exemplo, que todos os que querem fazer o vestibular de medicina realmente tenham vocação para ser médico. Acredito que muitos tenham escolhido medicina pelo status, pelo salário e alguns só porque "é o que se espera". Direito continua sendo bem procurado, mesmo com a relativa escassez de concursos públicos. Será que todos irão trabalhar em escritórios de advocacia? Será que a maioria vai virar autônoma e conseguir criar "do zero" suas carreiras? E quanto ao pessoal dos cursos mais específicos? Onde será que trabalharão? Eu penso o seguinte: se as pessoas que vão para estes cursos muito específicos (principalmente os das áreas mais artísticas) o fazem pensando em arranjar empregos, provavelmente irão se decepcionar, pois não há muitos empregos para pintores (no sentido artístico do termo) ou para dançarinos - o que não quer dizer que não haja trabalho. Acho que se tais pessoas entraram nestes cursos pensando em atuar como autônomos ou empreender de alguma forma nestas áreas, então pode ser que tenham mais chances, mas não acredito que aprendam na faculdade aquilo que é necessário para empreender, visto que provavelmente seus futuros professores não são empreendedores.

Outras perguntas que essa conversa me trouxe: quantas vagas existem para estes cursos? Será que todos os anos todas são preenchidas?
A principal pergunta: realmente vale a pena que tais cursos sejam de nível superior e sigam o modelo padrão de bacharelado, ou seja, 8 semestres, com TCC no final e uma porção de matérias que só existem por exigência do MEC?

Eu acredito que, ao longo de décadas, foi vendida no Brasil a ilusão de que "todos precisam ter ensino superior". Uma explicação para isso, creio, é que antigamente, no tempo de nossos avós:
   
     1) Quase todo mundo era analfabeto ou só tinha o curso primário (hoje, 7,2% dos brasileiros são analfabetos, conforme o IBGE, mas a realidade é pior, pois a pesquisa não considera os analfabetos funcionais);
      2) Quase todo mundo era muito pobre (mas por outro lado, conseguiam criar um monte de filho, juntar um dinheirinho e ainda acabavam comprando terrenos e construindo casas)
      3) A grande maioria vivia de trabalhos braçais ou empregos do tipo vendedor, caixa de mercado, entregador, etc. (para se ter uma ideia, ser caixa de banco já foi considerado um emprego "top dos tops", de alto status e prestígio social)

Em parte por causa das condições listadas acima, o sonho de nossos avós era que seus filhos fossem "doutores", ou seja, que fizessem faculdade (desde aquela época a preferência era a tríade Medicina-Direito-Engenharia) e trabalhassem "de terno e gravata" para não sofrerem as agruras e desconfortos dos trabalhos braçais e ajudarem a família a escapar da pobreza (hoje em dia, os trabalhadores de escritório sofrem tanto quanto ou mais do que os braçais, só que de maneira diferente)
Desde aquela época, o número de faculdades aumentou, bem como a variedade de cursos superiores (alguns pela especialização dos conhecimentos, como é o caso da biologia e das engenharias, que são bem ramificadas; mas houve outros cursos superiores que, me parece, foram simplesmente "inventados", não sei com que objetivo, além de cursos técnicos que, por alguma razão, foram "elevados" à alçada de curso superior).
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O que o IBGE tem a nos dizer a respeito dos resultados das políticas públicas de educação (e quais são as possíveis falhas destas informações)? 
     
         1) Surpreendentemente, apenas 15% dos brasileiros têm nível superior completo (https://www.jornalopcao.com.br/ultimas-noticias/apenas-15-dos-brasileiros-tem-ensino-superior-completo-mostra-ibge-113091/), o que daria uns 30 milhões de diplomas, altamente concentrados nas capitais - e ainda temos que considerar os efeitos perniciosos da proliferação de "uniesquinas", bem como a má qualidade de várias das faculdades públicas (senão de todas);
          2) Cerca de 26% têm ensino médio completo (https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/18992-pnad-continua-2016-51-da-populacao-com-25-anos-ou-mais-do-brasil-possuiam-apenas-o-ensino-fundamental-completo), o que daria por volta de 52 milhões de pessoas - novamente, temos que considerar que isto é apenas um dado numérico que não atesta a qualidade do ensino médio das pessoas.
          3) Cerca de 51% dos adultos têm ensino fundamental (https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/18992-pnad-continua-2016-51-da-populacao-com-25-anos-ou-mais-do-brasil-possuiam-apenas-o-ensino-fundamental-completo) - apenas um dado numérico, que no fundo não quer dizer muita coisa, pois de que adianta ter o fundamental completo se a pessoa for analfabeta funcional ou ter dificuldades até para somar e subtrair? A pesquisa não reflete isso
     

Dito isto, vamos ver que hoje a situação dos brasileiros não mudou muito:
   
       1) A maioria da população sabe ler e escrever, mas muitos não sabem interpretar o que estão lendo ou escrevendo (esta é a definição de analfabetismo funcional, para quem não sabe, e isso nunca está refletido nas pesquisas sobre analfabetismo)
       2) A maioria ainda é pobre (com padrão de vida mais "confortável" [questionável!] do que o de antigamente, no geral, mas por outro lado, muitos não conseguem mais comprar terrenos e construir casas)
       3) A grande maioria ainda trabalha em empregos do tipo caixa de mercado, vendedor, entregador, motorista, etc. e quase não há vagas que exijam mais competências técnicas e intelectuais.

Acredito que uma das explicações para o número 3, acima, seja a seguinte: como a economia brasileira nunca experimentou um verdadeiro boom de surgimento de empresas, principalmente nas áreas de  uso intensivo de capital e empresas de tecnologia (afinal, até hoje só temos praticamente "1 companhia de petróleo, 1 mineradora, 5 bancos, 6 empreiteiras e 200 milhões de patos"), acontece que a maioria dos empregos é gerada por empresas pequenas, o que faz com que a maioria deles seja de baixa capacitação: não é necessário nenhum curso para ser vendedor, caixa, estoquista, repositor de produtos, recepcionista, atendente, etc. O problema é que a cultura do "doutor" criou na cabeça das pessoas (e, consequentemente, na dos políticos) de que é imprescindível ter nível superior e que fazer faculdade é um "direito sagrado" de cada cidadão. O governo (notoriamente os de esquerda), faminto por capital político, atende a este anseio da população por direitos, e autorizou através do ministério da educação a criação de diversos cursos superiores e abertura de várias faculdades públicas, sem realmente planejar esse processo.
   
   Um resultado disso é que todo ano se forma uma quantidade de profissionais de nível superior maior do que o mercado pode absorver, em diversas áreas. Mesmo que o percentual de brasileiros com nível superior pareça ser baixo (15%), o fato de existirem poucos empregos que realmente exijam mais conhecimentos e qualificação contribui para o achatamento dos salários para profissionais deste nível. Ou seja, a oferta de mão de obra qualificada (número de formandos) na maioria das áreas é superior à demanda (vagas de empregos para pessoas qualificadas). Sabendo que há um "exército" de profissionais sendo formados todos os anos, as empresas são incentivadas a pagar o menor valor possível - afinal, se o profissional estiver insatisfeito com o salário, ele que vá embora, pois há mais de mil querendo aquela mesma vaga, e muitos até aceitariam ganhar menos. Essa é uma das razões para os salários no Brasil serem, na média, bem baixos. Acho que este é bem o caso dos advogados: muitos se formando todos os anos, e poucos escritórios para absorver essa mão de obra abundante.

Uma explicação possível para o item 2, acima, reside no fato de que, como eu disse antes, a maioria dos empregos gerados no país não requer muita formação profissional, acadêmica, técnica, etc. Quando as exigências são baixas, o número de pessoas capazes de desempenhar as tarefas da vaga aumenta muito, ou seja, a oferta de mão de obra é ainda maior, superando em muito a demanda. Novamente, o empresário sabe que para cada funcionário reclamando do salário, tem uns 100 mil disponíveis no mercado que aceitariam trabalhar até por menos, o que faz com que muitos destes empregos paguem apenas o salário mínimo. O resultado disso é muita pobreza.

Uma outra razão para os salários baixos e a pobreza são os direitos trabalhistas: cada empregado custa cerca de duas vezes o próprio salário para seu empregador >> o que, grosso modo, significa que ele poderia ganhar "o dobro" ou que a empresa poderia contratar mais um para dividir o trabalho, caso tais direitos não existissem. Não acho que todos os direitos trabalhistas sejam um mal, apenas acho que alguns deles precisam ser revistos, mas esta é uma questão complexa demais para que a solução seja  do tipo "é só cortar os direitos" ou "é só criar mais direitos, proibir isso e aquilo"

Se a realidade aqui fosse diferente e, por exemplo, tivéssemos mais empresas de uso intensivo de capital (por exemplo, mais montadoras de carros, mais siderúrgicas, metalúrgicas, fundições, petroquímicas, fábricas em geral) ou de alta tecnologia (por exemplo, se tivesse surgido no Brasil alguma empresa parecida com a IBM, Apple, etc.), acredito que teríamos, sim, muito mais vagas para engenheiros de diversas áreas, para profissionais de TI, químicos, etc. E quanto mais avançadas fossem as máquinas usadas na produção, e quanto mais houvesse empresas grandes e ricas o suficiente para possuir verdadeiros departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), maior qualificação seria exigida do profissional, de modo que não seria tão fácil para a empresa encontrar um substituto, o que empurraria para cima os salários desse pessoal qualificado.

Outra coisa preocupante dessa mentalidade brasileira de "preciso ter curso superior" é que muitos dos que não conseguem passar para suas áreas de interesse no vestibular vão para a segunda, terceira ou quarta opção, mesmo que esta não tenha nada a ver com a primeira, só porque "têm que ir pra faculdade", pois "é o que a sociedade espera", e aí vemos bizarrices como, por exemplo, pessoas que tentam medicina, não passam, mas têm nota para cursar história da arte e então vão por este caminho; ou pessoas que tentaram alguma engenharia, não tiveram nota suficiente, e vão cursar administração. Isso é mais comum do que parece. Porque a pressa? Só para ter um diploma?  É necessidade de arrumar emprego para ajudar os pais? Alguns argumentam que começam a cursar a faculdade que tiveram nota para passar para "não perder tempo", mas isso geralmente é ilusão: provavelmente vão perder 4 anos estudando coisas que não queriam (e para realmente aprender qualquer coisa é preciso querer!) e para as quais, talvez, não haja mercado, o que poderá fazê-las penar por anos em sub-empregos ou empregos de baixo salário. Isso não é perder tempo? E, convenhamos, a maioria dos universitários não são alunos exemplares, e só estão lá para cumprir as exigências do MEC e pegar o diploma. Chega a ser assustador, se pensarmos bem, mas é mais uma verdade que precisa ser dita: muitas pessoas preferem ter um diploma ao invés de quererem realmente aprender a produzir, criar, gerar valor, etc. e isso só pode ser prejudicial para cada indivíduo e, uma vez que todas as variáveis sociais e econômicas estão interrelacionadas, nos prejudica a todos como sociedade: do ponto de vista puramente material, quanto menos pessoas realmente souberem fazer coisas, criar, produzir, etc. menos riqueza será produzida na sociedade, menos soluções serão encontradas, etc. E do ponto de vista moral/espiritual, temos mais pessoas frustradas (ainda que a nível subconsciente), desmotivadas, depressivas, etc. o que também é péssimo para a sociedade, afinal as pessoas têm que encontrar felicidade e motivação.

E agora temos essa polêmica envolvendo o Presidente Bolsonaro e os cursos de humanas. Para mim ele está certo, temos que redirecionar recursos públicos para cursos que agreguem mais valor aos  indivíduos que neles estudam. Obviamente, já tem gente reclamando disso (mais um sintoma da mentalidade do "é meu direito sagrado ir para a faculdade"), como se as nossas faculdades de filosofia (ou qualquer outra no mundo) realmente formassem filósofos - e não bacharéis em filosofia (e, para piorar as coisas, aqui no Brasil e em boa parte do ocidente, as faculdades de humanas em geral se tornaram "lacrolândias", onde nada de bom sai).

Realmente, sou forçado a acreditar que a cultura do "filho doutor", bem como a do "direito sagrado de fazer faculdade" e a maneira como a educação é conduzida no Brasil são grandes vícios do povo brasileiro, verdadeiros monstros fomentados ao longo de décadas, e ainda sofreremos e trabalharemos muito para combatê-los. Não esperem que venha um salvador da pátria, ou um "super-ministro da educação", para resolver estes problemas, pois consertar sozinho e em pouco tempo este estrago de décadas é humanamente impossível, por melhor que seja a intenção de quem se disponha a cumprir tal empreitada.

A valorização da verdadeira educação, a busca por conhecimento e aperfeiçoamento, o resgate da alta cultura são iniciativas individuais. Cada um tem que fazer sua parte.


sexta-feira, 19 de abril de 2019

As coisas não estão fáceis - algumas verdades que precisam ser ditas



Resolvi escrever este texto inspirado no último post do Gerson Ravv
(http://www.blockchainsupertrader.com/2019/04/a-coisa-ta-feia-em-sao-paulo-ilusao-de.html).

Quem não está vivendo numa caverna pode ver, diariamente, o aumento da pobreza no Brasil. Isso pode ser explicado, em parte, por dois dos vértices das relações trabalhistas: empresas e trabalhadores. Como eu já escrevi em posts anteriores, as relações de trabalho estão se deteriorando: do ponto de vista das empresas, parece que cada vez mais somos vistos não como "colaboradores" (detesto essa palavra... porque não chama de funcionário mesmo?), e sim apenas como "custos ambulantes". Eu leio relatos sobre trabalho na blogosfera das finanças e também escuto os de amigos e conhecidos, e vejo que muitas vezes parece que o empregador pensa "que saco, eu preciso pagar esse cara para fazer as tarefas X, Y e Z..." e considera que está te fazendo um favor em te empregar e te pagar. Participação nos lucros? Em muitas empresas é só para os executivos ou o cargo equivalente de alto escalão, isso se a empresa for média ou grande. Horas extras em dinheiro? Isso está cada vez mais no passado. Hoje em dia tem empresa ("empresa nutella") que prefere te "pagar" com frescuras do tipo "gaveta de kit-kat", "café ilimitado", "sexta-feira de video-game" e outras firulas: https://medium.com/o-novo-mercado/o-que-diabos-aconteceu-com-gera%C3%A7%C3%A3o-y-73cd16ccc5c9
Como dizia o Pobretão, parte desse comportamento dos empresários brasileiros pode explicada por nossa cultura "escravagista". Acho que essa cultura é sentida no fato de que ninguém confia em ninguém, e sente a necessidade de estar sempre cobrando e vigiando, além do sentimento inato de que "o lucro é maior se eu estalar o chicote". Desta forma, aqui as empresas valorizam demais as horas gastas no trabalho, e valorizam pouco a produção efetiva, os processos, a eficiência, o planejamento, etc.. Mas pelo visto, isso não é só aqui: Nassim Taleb, em seu livro "Arriscando a própria pele - Assimetrias ocultas no cotidiano", comenta sobre a escravidão moderna (no capítulo 3, entitulado "Como ser dono de outra pessoa legalmente"): na opinião dele, até mesmo os altos executivos, que ganham carro e casa da empresa, têm horário "flexível" (uma tremenda mentira), recebem bônus, etc. são tão ou mais escravos do que o mais júnior dos analistas do escritório onde trabalham. Pode-se concluir da leitura dessa parte do livro que não pagar horas extras ou outros benefícios em dinheiro é uma estratégia antiga e "manjada": torna o empregado dependente da empresa, através do status proporcionado pelo cargo, além dos "benefícios". Isso é uma forma de controle, para garantir que o funcionário estará lá, todo dia, para cumprir suas tarefas. Mesmo em empresas em que os bônus dos executivos são milionários, às vezes acontece de tais recompensas serem pagas de forma parcelada, e condicionadas ao cumprimento de diversas cláusulas contratuais, além do fato de a cultura organizacional de várias empresas grandes ser tóxica e incentivar os funcionários a ostentarem padrões de vida que são insustentáveis no longo prazo... é o velho truque da "cenoura na frente do burro", porque (creio), a maioria das pessoas receberia esse primeiro bônus milionário e se aposentaria, ou construiria seu próprio negócio a partir dele (eu, pelo menos, se ganhasse um bônus desse nível, me aposentaria, e arrumaria um trabalho mais light ou então um trabalho mais humanitário), levando consigo seus conhecimentos e podendo um dia se tornar um concorrente, e qualquer empresário sabe disso. Portanto, esse truque é um mecanismo "natural" de sobrevivência das empresas. Triste, porém real.

O outro "vértice" que ajuda a explicar essa deterioração está no lado dos trabalhadores, e aí a coisa também é ruim: observo que as pessoas chegam cada vez mais despreparadas no mercado. O pessoal mais jovem (18 a 22 anos) onde trabalho e onde já trabalhei parece que não sabe ler e nem escrever. Frequentemente tenho que corrigir erros terríveis de português antes de mandar um relatório feito por um subordinado para alguém superior a mim, e não são apenas erros de ortografia: vejo vários erros de coerência, de forma que tenho que perder tempo chamando o autor do relatório para conversar e entender  o que ele quis dizer. Há também aquelas dificuldades que muitos têm com a matemática mais básica, entre outras coisas. Acho que isso é generalizado no Brasil. Com os conhecimentos tão defasados e carência nas habilidades mentais mais básicas, não se pode esperar que a maioria chegue muito longe em empresas que ainda tenham plano de carreira (basicamente só as empresas médias, grandes e multinacionais... empresas pequenas, em geral, ou você é "peão" ou é "patrão", não tem muita mobilidade). Vemos aí a manifestação de um dos problemas mais sérios (se não o mais sério) do Brasil: a cultura da ignorância. Aliás, "cultura" é um eufemismo neste caso. Aqui observamos um verdadeiro culto à ignorância. A maioria das pessoas simplesmente parece que não quer melhorar, não quer evoluir, aprender coisas novas, adquirir novas habilidades, etc. A maioria se contenta com a rotina da corrida dos ratos: acordar-trabalhar-vegetar em frente à TV/smartphone/computador - dormir - acordar - trabalhar - etc., em parte por preguiça mental e em parte pelo condicionamento imposto pela cultura brasileira. Este é outro ponto ruim de nossa mentalidade: a cultura da miséria. Tem gente que bate no peito com orgulho, celebrando a própria pobreza, e despreza quem tenha melhorado de vida (na cabeça dessas pessoas, se alguém melhora suas condições foi por "sorte", ou por que, no fundo, "sempre teve vida fácil"; parece que, na cabeça dessas pessoas, ninguém melhora por trabalho e esforço próprios), e se recusa (ainda que num nível inconsciente) a melhorar a própria vida. A mentalidade do brasileiro mediano se reflete também em nossos empresários, que vieram da mesma cultura e acabam agindo de maneira parecida, respeitadas as devidas proporções.
     
  Óbvio que quem ganha muito pouco realmente não tem como poupar, pois vive com o dinheiro contadinho e as empresas praticamente não pagam mais hora extra (se pagassem, essa seria uma oportunidade que estas pessoas teriam para poupar), mas acredito que quem está nesta situação, se não puder melhorar financeiramente no curto prazo, têm que tentar melhorar em outras áreas da vida, para depois conseguir evoluir financeiramente. Por exemplo, o indivíduo é um "peão" de fábrica, ganha 1 salário mínimo + benefícios (ou nem isso, às vezes é só o salário mesmo). Vamos supor que ele "não tenha cabeça para estudar", ou tenha dificuldades de aprendizado, etc. Gasta o salário todo pagando as contas e com comida e termina cada mês no zero a zero, isso se nenhuma emergência acontecer. O que ele pode fazer? Além de se esforçar para diminuir seus custos fixos (geralmente o principal é o aluguel, mas também tem planos de celular, TV, internet, etc.), ele tem que encontrar uma área em que possa desenvolver suas habilidades (talvez o próprio trabalho dele na fábrica contribua para isso) e usá-las para ganhar um dinheiro a mais, nos horários livres. Por exemplo, ele pode virar um mecânico de carros, um eletricista, um encanador, etc., atendendo clientes em domicílio, ou pode fazer bicos em outros lugares (um bico comum na minha cidade é o de garçom). "Ah, mas aí ele não vai ter tempo para descansar", alguém poderia dizer, mas isso é só meia verdade. Ele ainda vai descansar. Menos, mas ainda vai, e ninguém disse que seria fácil. Se você não nasceu numa família rica, ou ganhou na mega-sena, nenhum dinheiro vai vir fácil, e hoje as pessoas em geral têm dificuldades de aceitar isso. Na época de nossos avós (anos 20, 30), e no tempo antes dela, todo mundo tinha essa noção "no sangue", mas no meio do caminho das gerações alguma coisa deu errado e hoje muitas pessoas não aceitam mais essa realidade. Continuando, o "peão" do meu exemplo, quando começar a ganhar dinheiro com seus trabalhos extras, deverá guardar esse dinheiro extra, o máximo que puder, para se proteger das emergências da vida. De que adianta ficar reclamando que ganha pouco e não consegue juntar, se quando a realidade chegar ela vai vir de qualquer jeito, tenha você juntado dinheiro ou não? Eu acredito que Deus ajuda, que Deus provê tudo o que necessitamos, mas temos que fazer nossa parte, e ajudar Deus a nos ajudar. Desta forma, aos pouquinhos, de cem em cem reais poupados, a situação dele vai ficando cada vez menos pior. Ele pode se tornar tão bom nos trabalhos extras, por exemplo, que passe a ganhar mais neles do que no emprego normal. Pode até cogitar, com o tempo, a se dedicar somente aos trabalhos extras, que passarão a ser o principal, ou pode conseguir uma qualificação que lhe permita trabalhar num emprego melhor, ou expanda seus horizontes e lhe faça enxergar oportunidades encobertas por sua ignorância... A lição que deve ser aprendida aqui é a seguinte: assim como nos investimentos, devemos diversificar também nas fontes de renda, para nunca ficarmos "na mão" do chefe, da empresa ou do governo. E devemos guardar sempre o que sobrar, por menor que seja, nem que seja 20 reais. Para quem não ganha muito e vive com o dinheiro contado, 20 reais fazem a diferença. Nosso amigo Mestre dos Centavos sabe disso, conforme podemos ouvir em seu podcast (http://mestredoscentavos.blogspot.com/2019/04/podcast-com-o-mestre-dos-centavos.html)

A realidade é dura, meus amigos. Não sei se as coisas já estiveram fáceis algum dia, mas certamente já estiveram muito menos piores do que hoje. As dificuldades atuais sempre existiram, mas estão agravadas por vários dos fatores que expus aqui (creio que os principais sejam os culturais - nos últimos 40 anos (pelo menos) o Brasil deteriorou principalmente neste campo: nossa cultura está cada vez mais destruidora e imoral, o que nos enfraquece como civilização), além da própria situação ruim da economia como um todo, é claro. Se a economia vai mal, então todos (ou quase todos) vão estar, no mínimo, "menos bem" do que antes, pois todas as variáveis micro e macroeconômicas se influenciam. Então o que podemos fazer se a economia vai mal? Devemos fazer a mesma coisa que fazemos quando a economia "vai bem": trabalhar, estudar, economizar, aportar, cuidar de nossa família, de nossa saúde, de nosso desenvolvimento pessoal, não perder tempo com bobagens. Se nossos empregos estiverem sendo prejudicados, já devemos ter nossas reservas e outras fontes de renda "na manga", prontas para nos cobrir nas tempestades da vida.


domingo, 14 de abril de 2019

Desventuras no trabalho - o gerente surtado

Boa noite, amigos.

Para a segunda postagem de hoje (eu publiquei outra, mas técnica, um pouco antes desta, para quem não viu - EDIT: acabei não publicando, e só percebi agora que não apaguei essa parte do texto. Devo publicar essa semana, quando ficar satisfeito com o texto) resolvi contar mais um causo que passei no trabalho, para transmitir a experiência para os leitores que ainda não ingressaram no mercado, e para transmitir exemplos que NÃO devem ser seguidos, no caso dos leitores que se encontram em cargos de chefia.

Vamos à história:

Isto aconteceu no meu segundo emprego, aquele que arrumei para poder sair do primeiro (conforme relatei no meu primeiro post sobre o "mundo do trabalho"). Através de contatos de um parente, consegui um trabalho numa oficina mecânica. Eu não sou mecânico, mas o dono precisava de alguém para cuidar da papelada, porque a oficina estava crescendo e ele estava ampliando o negócio, de modo que fiquei lá trabalhando como um "faz tudo", mas cuidando principalmente das contas a pagar, cobrando dívidas de clientes, gerenciando pedidos de peças, etc. A oficina era legal porque não cuidava só de carros. Eles consertavam pequenas máquinas também, como bombas, furadeiras, etc., embora o negócio principal fosse carros mesmo.

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Era uma oficina tipo essa aqui, bem limpinha e organizada. O chão era limpo todos os dias, por mim e pelos mecânicos.
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No fundo tinha um bancadão parecido com esse, cheio de ferramentas, organizado. Até aprendi algumas coisas por lá, e cheguei a dar uma mão no conserto de algumas coisas simples que paravam por lá. A gente consertava um pouco de tudo: furadeiras, aspiradores de pó, ventiladores, bombas hidráulicas, etc. O trabalho era bom.

Não havia muitos funcionários, e todos (exceto eu) eram mecânicos. inclusive o dono, que era gente boa (aprendi muito com ele, principalmente sobre como lidar com pessoas). Ele tinha um "gerente" que era quem tomava conta de tudo enquanto ele estava fora caçando clientes e patrocinadores (e ele ficava muito tempo fora, e de fato conseguia trazer bastante serviço). Esse gerente era gente boa na maior parte do tempo, mas tinha seus momentos ruins. Às vezes explodia do nada, com coisas nada a ver, como se estivesse surtando e revivendo algum trauma passado, ou algo assim. Vou contar um caso marcante:

 Na primeira vez que eu vi isso acontecer, eu não tinha nem dois meses de trabalho na oficina.  Eu só fazia coisas relacionadas à parte financeira, burocracias, etc. e os mecânicos só faziam os serviços deles, mas todo mundo (exceto, na maioria das vezes, o gerente e o dono) fazia todas as tarefas relativas à limpeza e arrumação da oficina, no fim do expediente (e às vezes durante o expediente, quando havia menos trabalho a fazer e se a oficina estivesse muito suja). 

Eu e um dos mecânico ficamos encarregados de limpar o banheiro. Terminamos o trabalho e cada um foi pro seu canto fazer suas tarefas. Acontece que o gerente entrou no banheiro e não ficou satisfeito com a limpeza e, muito irritado, resolveu chamar eu e o mecânico para conversar. 

Ele começou falando normalmente, dizendo que não era para darmos mole com a limpeza, que o dono gostava de tudo limpo (o que era verdade, o dono realmente não se encaixava naquele estereótipo de "mecânico sujo de graxa", o que fazia com que a oficina não fosse bagunçada). O problema foi que ele foi elevando o tom de voz durante a conversa, foi se lembrando de detalhes ocorridos em outros dias que o haviam deixado irritado e em certo momento estava quase gritando com nós dois.

No meio do "surto", ele olhou fixo pra mim e disse: "E você? Descruza os braços!" eu descruzei na hora, no susto. Ele continuou: "você está sempre assim, de braço cruzado! Não sabe ficar em outra posição não? Descruza a p#*# do braço! Sempre te vejo conversando assim!" Depois ele voltou a dar esporro no meu colega. E depois voltou pra mim, e por aí vai. Será que tudo isso se desencadeou por causa do banheiro "sujo"? Não sei. Talvez ele estivesse tendo problemas em casa, com a esposa, filhos, ou sei lá. 

O pior foi que, logo depois do esporro, quando ele voltou a consertar um carro, o meu colega começou a desabafar comigo, dizendo que não aceitava ser tratado assim, não admitia que gritassem com ele, e etc. Por alguns momentos, achei que fosse ter briga e fiquei preocupado, com medo de acontecer alguma coisa séria. O esporro tinha sido feio, e todo mundo na oficina escutou. Ele parecia que realmente não aceitaria a vergonha que passou e muito menos levar o desaforo para casa.
 Porém o que aconteceu foi que esse mecânico (uns 10 anos mais velho que eu) começou a sentir os sintomas do estresse. A pressão dele subiu do nada, e ele começou a sentir dores na nuca e a ficar tonto, e teve que sentar ali mesmo no chão, e chegou a precisar se deitar. 

Resultado: eu tive que levar ele até o pronto-socorro. Eu que fui porque os meus serviços "podiam esperar" e os dos mecânicos não. A sorte é que havia um pronto socorro ali perto, cinco minutos a pé, e lá fui eu com meu colega. Fiquei com ele até o colocarem no soro, voltei e avisei ao dono da oficina. O gerente ficou com cara de bunda e parece que realmente se arrependeu de ter "perdido o controle". Ele deve ter levado um esporro do dono da oficina, em particular, mas nada que o tenha afetado, pois seu comportamento não mudou muito nos dias seguintes (talvez ele tenha ficado um pouco mais tolerante com as pequenas coisas que o irritaram, mas continuou tendo seus momentos de surto)

É, meus amigos... Temos que evitar ao máximo perder o controle no trabalho. No caso que contei, não sei o que teria acontecido se meu colega não tivesse pressão alta e não tivesse passado mal. Ele parecia que realmente ia querer tirar alguma satisfação com o chefe, e poderia acabar mal - fiquei com a impressão de que eles iriam sair na porrada ali mesmo. A realidade é que não conhecemos de verdade as pessoas, não sabemos com quem estamos lidando, e às vezes até um "olhar torto" pode ser motivo para brigas sérias. Quem for gerente, supervisor, chefe de seção, etc., quando tiver que dar um esporro em alguém, não grite, não humilhe, não diminua a pessoa. Nunca façam isso.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

ETF x Ações

Saudações, pessoal.

Neste post estou retomando uma discussão "antiga" na blogosfera das finanças, iniciada pelo Viver de Renda (VR), lá em 2009. Eu, assim como muitos da finansfera, acompanho o blog dele e já li tudo o que ele postou (cheguei até a fazer um caderno, resumindo os principais ensinamentos). Vou dar minha contribuição para o assunto "Comprar ETFs x Comprar Ações diretamente"

Os que lêem o VR sabem que ele começou sua jornada investindo no PIBB, um ETF baseado no Ibrx-50, do tipo passivo (ou seja, que não busca superar seu benchmark, apenas acompanhá-lo), com a menor taxa de administração do mercado (0,059%a.a). Posteriormente, o VR iniciou a transição de seu portfolio de PIBB para investimento direto em ações, pois chegou a uma conclusão importantíssima a respeito da tributação de ETFs: após uma das mais iluminadas discussões que já se viu na finansfera, concluiu-se que ETFs não são beneficiados pela "ponte de ouro" - a isenção de IR para vendas de até 20 mil reais em ações por mês - ou seja,  se o investidor lucrou com a venda de cotas de PIBB, BOVA, etc. terá que pagar imposto, nem que a venda tenha sido inferior a 20 mil reais.

Minha contribuição para o assunto é a seguinte:

Vantagens dos ETF em geral:
  1) Diversificação fácil e automática (menos trabalho para o investidor)
  2) Reaplicação automática dos dividendos (menos trabalho para o investidor)
  3) Economia de tempo (que seria gasto comprando ações de cada uma das empresas, analisando o desempenho das mesmas, rebalanceando periodicamente o portfolio, etc., ou seja, também representa menos trabalho para o investidor!)
  4) Economia com corretagens (paga-se só uma corretagem para aplicar em várias empresas ao mesmo tempo)

 ** Vantagens específicas do PIBB:
        A) Taxa de administração baixíssima para os padrões brasileiros (terra de taxas altas.. Lembrem-se que a taxa de administração "come" sua rentabilidade e diminui seu patrimônio no longo prazo);
        B) Acompanha o IbrX-50 => conforme os estudos conduzidos por Jeremy Siegel (em seu livro Stocks for the Long Run), a tendência dos mercados de ações é de crescimento no longo prazo (mesmo que haja alguns bear markets no caminho). Sendo assim, pode-se esperar que o IbrX-50 tenda a subir no longo prazo, o que dá uma boa perspectiva para o patrimônio do investidor (mas nunca esqueçam da diversificação entre classes de ativos, não coloquem tudo numa cesta só)

Desvantagens dos ETF em geral:

 1) Ao aplicar em um ETF, você na verdade está aplicando em todas as empresas que o compõe, e isso significa que você provavelmente estará investindo em algumas empresas nas quais não aplicaria seu suado dinheiro caso estivesse escolhendo ações individualmente (essa é a principal desvantagem, a meu ver)
  2) Não possuem isenção de IR nas vendas com lucro: paga-se 15% de imposto sobre o ganho de capital - ou seja, na hora de iniciar a retirada para desfrutar do seu patrimônio, o leão vai comer uma parte do seu lucro...
  3) Não distribuem os dividendos (este é o lado ruim da reaplicação automática)
  4) Você acaba sendo um sócio "indireto" das empresas: você é dono de cotas de um fundo que possui ações destas empresas, ou seja, você possui uma fração de uma entidade que é dona de frações de outras entidades, o que pode não ser muito agradável para algumas pessoas, que prefeririam ser sócias diretamente.
  5) Você paga taxa de administração (o que come parte do seu patrimônio, conforme escrevi acima; mais uma dentada, só que esta, ao contrário do IR, acontece independente do lucro ou prejuízo, e mesmo que voce não faça nada com suas cotas)

Ditas as vantagens e desvantagens dos ETF, vou dizer a minha opinião sobre este tipo de ativo: acho válido investir em ETF apenas no caso em que a pessoa quer investir em ações mas não tem tempo nenhum (mas nenhum mesmo!!) para analisar, por si mesma, cada ação que deseje comprar. Ou então no caso em que a pessoa quer investir, sabe da importância do mercado de ações para a diversificação dos investimentos e para o acúmulo de patrimônio, mas não gosta do assunto, não quer estudar empresas e nem ler os dados mais básicos a respeito.
Fora destes casos, minha opinião de leigo é de que o investidor interessado no mercado de ações e que tenha tempo e vontade de estudar e analisar o mínimo necessário para selecionar empresas deveria aplicar diretamente nas ações que desejar, uma por uma. Se se sentir interessado pela performance do PIBB, por exemplo, tente replicar o IbrX-50, o benchmark deste ETF,, mas excluindo as empresas que considerar ruins.
Em um próximo artigo, vou fazer simulações de aplicações em ETF, comparando com ações, e também comparações entre diferentes ETFs.
Talvez, quando eu voltar a investir, eu destine uns 2% do meu capital a aportes em ETF (no Brasil, só o PIBB mesmo, por enquanto), somente para fins de diversificação, e funcionaria como uma segunda reserva de emergência. Se eu chegar  a investir no exterior, julgo ser uma boa ideia incluir ETF, dependendo do país conforme a dificuldade com o idioma (EUA e outros países anglófonos eu consigo analisar as empresas, então não usaria ETF e aplicaria direto nas que eu gostasse)

O que vocês acham de ETF? Gostaria de saber as opiniões de meus leitores.