domingo, 14 de abril de 2019

Desventuras no trabalho - o gerente surtado

Boa noite, amigos.

Para a segunda postagem de hoje (eu publiquei outra, mas técnica, um pouco antes desta, para quem não viu - EDIT: acabei não publicando, e só percebi agora que não apaguei essa parte do texto. Devo publicar essa semana, quando ficar satisfeito com o texto) resolvi contar mais um causo que passei no trabalho, para transmitir a experiência para os leitores que ainda não ingressaram no mercado, e para transmitir exemplos que NÃO devem ser seguidos, no caso dos leitores que se encontram em cargos de chefia.

Vamos à história:

Isto aconteceu no meu segundo emprego, aquele que arrumei para poder sair do primeiro (conforme relatei no meu primeiro post sobre o "mundo do trabalho"). Através de contatos de um parente, consegui um trabalho numa oficina mecânica. Eu não sou mecânico, mas o dono precisava de alguém para cuidar da papelada, porque a oficina estava crescendo e ele estava ampliando o negócio, de modo que fiquei lá trabalhando como um "faz tudo", mas cuidando principalmente das contas a pagar, cobrando dívidas de clientes, gerenciando pedidos de peças, etc. A oficina era legal porque não cuidava só de carros. Eles consertavam pequenas máquinas também, como bombas, furadeiras, etc., embora o negócio principal fosse carros mesmo.

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Era uma oficina tipo essa aqui, bem limpinha e organizada. O chão era limpo todos os dias, por mim e pelos mecânicos.
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No fundo tinha um bancadão parecido com esse, cheio de ferramentas, organizado. Até aprendi algumas coisas por lá, e cheguei a dar uma mão no conserto de algumas coisas simples que paravam por lá. A gente consertava um pouco de tudo: furadeiras, aspiradores de pó, ventiladores, bombas hidráulicas, etc. O trabalho era bom.

Não havia muitos funcionários, e todos (exceto eu) eram mecânicos. inclusive o dono, que era gente boa (aprendi muito com ele, principalmente sobre como lidar com pessoas). Ele tinha um "gerente" que era quem tomava conta de tudo enquanto ele estava fora caçando clientes e patrocinadores (e ele ficava muito tempo fora, e de fato conseguia trazer bastante serviço). Esse gerente era gente boa na maior parte do tempo, mas tinha seus momentos ruins. Às vezes explodia do nada, com coisas nada a ver, como se estivesse surtando e revivendo algum trauma passado, ou algo assim. Vou contar um caso marcante:

 Na primeira vez que eu vi isso acontecer, eu não tinha nem dois meses de trabalho na oficina.  Eu só fazia coisas relacionadas à parte financeira, burocracias, etc. e os mecânicos só faziam os serviços deles, mas todo mundo (exceto, na maioria das vezes, o gerente e o dono) fazia todas as tarefas relativas à limpeza e arrumação da oficina, no fim do expediente (e às vezes durante o expediente, quando havia menos trabalho a fazer e se a oficina estivesse muito suja). 

Eu e um dos mecânico ficamos encarregados de limpar o banheiro. Terminamos o trabalho e cada um foi pro seu canto fazer suas tarefas. Acontece que o gerente entrou no banheiro e não ficou satisfeito com a limpeza e, muito irritado, resolveu chamar eu e o mecânico para conversar. 

Ele começou falando normalmente, dizendo que não era para darmos mole com a limpeza, que o dono gostava de tudo limpo (o que era verdade, o dono realmente não se encaixava naquele estereótipo de "mecânico sujo de graxa", o que fazia com que a oficina não fosse bagunçada). O problema foi que ele foi elevando o tom de voz durante a conversa, foi se lembrando de detalhes ocorridos em outros dias que o haviam deixado irritado e em certo momento estava quase gritando com nós dois.

No meio do "surto", ele olhou fixo pra mim e disse: "E você? Descruza os braços!" eu descruzei na hora, no susto. Ele continuou: "você está sempre assim, de braço cruzado! Não sabe ficar em outra posição não? Descruza a p#*# do braço! Sempre te vejo conversando assim!" Depois ele voltou a dar esporro no meu colega. E depois voltou pra mim, e por aí vai. Será que tudo isso se desencadeou por causa do banheiro "sujo"? Não sei. Talvez ele estivesse tendo problemas em casa, com a esposa, filhos, ou sei lá. 

O pior foi que, logo depois do esporro, quando ele voltou a consertar um carro, o meu colega começou a desabafar comigo, dizendo que não aceitava ser tratado assim, não admitia que gritassem com ele, e etc. Por alguns momentos, achei que fosse ter briga e fiquei preocupado, com medo de acontecer alguma coisa séria. O esporro tinha sido feio, e todo mundo na oficina escutou. Ele parecia que realmente não aceitaria a vergonha que passou e muito menos levar o desaforo para casa.
 Porém o que aconteceu foi que esse mecânico (uns 10 anos mais velho que eu) começou a sentir os sintomas do estresse. A pressão dele subiu do nada, e ele começou a sentir dores na nuca e a ficar tonto, e teve que sentar ali mesmo no chão, e chegou a precisar se deitar. 

Resultado: eu tive que levar ele até o pronto-socorro. Eu que fui porque os meus serviços "podiam esperar" e os dos mecânicos não. A sorte é que havia um pronto socorro ali perto, cinco minutos a pé, e lá fui eu com meu colega. Fiquei com ele até o colocarem no soro, voltei e avisei ao dono da oficina. O gerente ficou com cara de bunda e parece que realmente se arrependeu de ter "perdido o controle". Ele deve ter levado um esporro do dono da oficina, em particular, mas nada que o tenha afetado, pois seu comportamento não mudou muito nos dias seguintes (talvez ele tenha ficado um pouco mais tolerante com as pequenas coisas que o irritaram, mas continuou tendo seus momentos de surto)

É, meus amigos... Temos que evitar ao máximo perder o controle no trabalho. No caso que contei, não sei o que teria acontecido se meu colega não tivesse pressão alta e não tivesse passado mal. Ele parecia que realmente ia querer tirar alguma satisfação com o chefe, e poderia acabar mal - fiquei com a impressão de que eles iriam sair na porrada ali mesmo. A realidade é que não conhecemos de verdade as pessoas, não sabemos com quem estamos lidando, e às vezes até um "olhar torto" pode ser motivo para brigas sérias. Quem for gerente, supervisor, chefe de seção, etc., quando tiver que dar um esporro em alguém, não grite, não humilhe, não diminua a pessoa. Nunca façam isso.

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