quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

E se não existisse o monopólio de Penhores?


Saudações, confrades! Espero que tenham tido um bom Natal e  um Excelente ano novo.

Tenho andado afastado do blog por causa do ritmo alucinante do meu trabalho em janeiro, além dos motivos apresentados no último post, o das reflexões de fim de ano (para quem não leu, o link está aqui). Sendo assim, ultimamente só tenho escrito para o blog praticamente no tempo que gasto no transporte, na ida e na volta do trabalho (vou de transporte público, então dá para ler, escrever, etc. - aliás, o tempo gasto no transporte público geralmente é desperdiçado pela grande maioria das pessoas, que preferem jogar candy crush ou então ficar olhando fotos no instagram... Portanto, confrades, tentem aproveitar este tempo da forma mais útil possível! Leiam, estudem, escrevam, escutem podcasts construtivos, audiolivros, etc. e deixem os jogos só para aqueles dias em que estiverem muito estressados). Tenho já alguns artigos no rascunho. Com o tempo irei postando aqui.


Hoje o blog está com mais de 9.000 visualizações! Muito obrigado a todos os meus leitores!

Dito isto, vamos à primeira postagem de 2020:

Tive a ideia para este texto quando li este post do colega Peão Playboy.


Para quem não sabe, uma loja de penhores é um negócio onde o cliente entrega algum bem para o vendedor e recebe em troca o dinheiro que o vendedor julga que este bem vale, ou uma parte deste valor, e a partir daí o cliente tem que fazer um pagamento mensal para manter o bem na loja, e caso queira o objeto de volta terá que restituir o valor recebido. Além disso, se deixar de fazer o pagamento mensal, o dono da loja poderá vender este bem para outra pessoa. Pelo menos esse é o modelo que eu conheço, pode haver outros. O Peão Playboy cita outro modelo possível no artigo supracitado.

Imaginem que legal seria se qualquer pessoa pudesse abrir sua própria loja de penhores? Vou mostrar aqui as vantagens deste negócio , principalmente para os mais pobres, (e entre parênteses, com texto em itálico, vou mostrar as desvantagens e riscos do negócio, bem como o que pode dar errado, de maneira geral)

1-  quando precisarem de dinheiro, as pessoas podem penhorar alguma coisa e pegar o dinheiro. Pelo menos isso me parece melhor do que pegar empréstimos de pequenos valores em bancos e com certeza é  melhor que usar o cheque especial, e de quebra ainda podem se livrar de alguma tranqueira que tenham em casa e que esteja ocupando espaço , como uma televisão velha ou um monitor de PC, um casaco que não usa mais, uma bicicleta de criança, um berço, etc. o que significa maior circulação de dinheiro e menor endividamento dos consumidores (Mas provavelmente só se conseguiria um bom dinheiro penhorando jóias, moedas raras, relógios, ou eletrônicos seminovos, dependendo do estado de obsolescência- exceto talvez os eletrônicos que atingiram um status de colecionáveis, como videogames antigos)



2- esse negócio  também pode beneficiar quem for comprar coisas na loja de penhores, porque o preço seria menor do que o de um produto novo numa loja, por exemplo. (Em teoria... infelizmente, Já cansei de ver no Mercado Livre e sites similares pessoas tentando  vender tranqueiras com o valor bem maior que o de coisas correspondentes mais novas, apenas acrescentando ao nome do produto as palavras mágicas "raro", "antigo", "de colecionador", etc., mesmo quando o objeto vendido não possui nenhuma destas qualidades - assim como já cansei de ver lojas físicas vendendo produtos por mais que o dobro do preço que se encontra na internet... auto-sabotagem total por parte de alguns comerciantes)

3 - me parece que uma casa de penhores  é um negócio que não precisa de muita coisa para começar (só para começar!! vejam as observações),  apenas de um capital de giro inicial, para pagar pelas coisas que os primeiros clientes trouxerem, e de um lugar para atender os clientes e guardar as mercadorias.  O "estoque inicial" podem ser tranqueiras do próprio dono do negócio, como uma televisão que ele tenha acabado de trocar, móveis que ele não usa mais, etc. Também é necessário ter uma grana separada para pagar um seguro para a loja (Que cubra roubos, incêndios, etc.) e no melhor dos mundos, com porte e posse de arma liberados, ter armas de fogo para proteger a loja e/ou contratar seguranças particulares, mas creio que dê para começar pequeno sem um grande investimento inicial e com aquela clássica espingarda em baixo do balcão. O conhecimento do valor das coisas se adquire com o tempo e a experiência, mas eu daria uma estudada no valor de algumas coisas antes, só para me preparar. Consegue-se fácil saber o valor de mercado da maioria das coisas pela internet, observando os preços alcançados em leilões, sites de compras, etc. e acho que apenas exceções demandaram pesquisas realmente profundas. Fica pelo bom senso de cada um, mas eu não aceitaria comprar ou penhorar bens que não fosse capaz de avaliar. (Os riscos mais óbvios do negócio seriam comprar produtos falsificados, como jóias e gemas falsas, réplicas de obras de arte, etc., pagar demais por algum objeto - mesmo que verdadeiro -, ou seja, ser enganado pelo cliente, e os possíveis assaltos e furtos na loja, uma vez que muito provavelmente a loja teria jóias e outros objetos valiosos em seu estoque, atraindo a atenção de ladrões - daí a necessidade de investimento em segurança)
Edit (Janeiro de 2022): o maior risco deste negócio, a meu ver, seria ser "receptador de objetos roubados", o que é crime, ainda que você esteja de boa-fé... sinceramente, até entendo o motivo de nosso arcabouço jurídico querer culpar também o terceiro de boa-fé (porque se não fizesse isso, todo bandido que vende coisas roubadas alegaria uma suposta "boa-fé" e se daria bem), mas ao mesmo tempo não acho justo punir os inocentes. 
Nosso sistema jurídico infelizmente é muito benevolente com os grandes criminosos e até mesmo com bandidos zé-ruela, e muito cruel com as pessoas trabalhadoras e de bem.

Atualmente, este tipo de negócio é monopólio da Caixa Econômica Federal, mas está em trâmite um projeto de lei que visa ampliar este mercado, acabando com o monopólio (link da reportagem aqui e do texto do projeto aqui), embora ainda bem longe do ideal (que seria literalmente qualquer pessoa física poder, se quiser, abrir uma loja de penhor na garagem de casa), mas já é um começo, uma vez que, conforme o projeto, qualquer pessoa jurídica de direito privado pode exercer a atividade de penhora, bastando para isto acrescentá-la ao seu objeto social. 

Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos, torcendo para que o lobby do setor bancário ou algum parlamentar de rabo preso não altere este projeto (realmente me surpreendeu que não foi escrito que somente "instituições financeiras" possam exercer a atividade de penhora, e sim "pessoas jurídicas de direito privado", mas creio que há uma grande chance de que à medida que este projeto avance no rito legislativo, os parlamentares que o analisarem vão colocando penduricalhos e artigos desnecessários na lei, para dificultar, ou até mesmo que o projeto fique engavetado, esperando indefinidamente sair do fim da fila do processo legal). Enfim, torçamos para que mais um monopólio estatal acabe e mais um tipo de negócio se torne disponível para nosso povo poder trabalhar e ganhar a vida.

Vocês abririam uma loja assim? Será que vale à pena?

Forte abraço e fiquem com Deus!

7 comentários:

  1. Realmente não temos liberdade pra nada, como guedes disse em Davos , EUA é tudo permitido a menos que seja proibido , já no Brasil tudo é proibido a menos que seja permitido.

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    1. Sábias palavras do ministro. É triste comparar os EUA com o Brasil... aqui qualquer coisinha tem uma galera doida pra enfiar uma regulação.

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  2. Acredito que no Brasil teria problema porque o pessoal iria querer recuperar com violência o bem que estivesse penhorado. Além disso, haveria um monte de mulher penhorando coisas dos maridos e vice-versa. Um exemplo disso é o programa "Extreme Pawn".
    Dá uma olhadinha no Youtube. São os americanos da ralé e as desventuras do dono da loja tendo que lidar com esse tipo de gente. A ralé americana se comporta como o brasileiro de todas as classes sociais.

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  3. Desculpe, na verdade o nome do programa é Hardcore Pawn.

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    1. Valeu, ABC. Depois vou conferir. Concordo que provavelmente haveria violência e penhoras feitas por vingança, mas ainda assim acho que essa tem que ser uma opção de negócio disponível para empreender. Abraços e obrigado por ler meu blog!

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  4. Valeu Mago por ter citado meu post. Então cara, eu acho que não abriria, porque esse tipo de empreendimento provavelmente teria uma taxa de impostos absurdas. Então acredito que seja bem mais melhor e viável trabalhar na "ilegalidade". Mas enfim, você citou sobre movéis e etc. Lembrando que já existem as os comércios de Movéis usados que também tem uma boa margem de lucro, quem tem, diz ser um bom negócio.

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    1. Valeu pela opinião, Peão Playboy. Também imagino que o imposto será alto quando liberarem a atividade, porque, afinal, aqui é o Brasil.
      Acho que o forte das casas de penhores seriam jóias, moedas e móveis antigos.
      Abraço!

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