sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Em busca da liberdade terrena, se é que ela existe

Saudações, confraria da blogosfera!


Primeiramente: não se iludam, não existe a liberdade plena neste mundo. Seremos sempre, no mínimo, escravos da Natureza (sempre sujeitos ao clima, às condições físicas em geral do local onde vivemos, etc.), da nossa natureza humana em si (nossas necessidades), e estaremos sempre sujeitos a sofrer violência por parte de outros seres humanos. 

(por exemplo, por mais cuidado que você tome ao dirigir um carro, você não tem como controlar o quão cuidadosos os demais motoristas estão sendo, então o simples fato de dirigir ou até mesmo ser passageiro de um veículo já é um exercício de confiança nas demais pessoas). 

Isso tudo são coisas que ninguém pode controlar. Ao menos, não completamente. 


A "liberdade" a que podemos almejar é aquela relativa às coisas que estão mais ou menos sobre nosso controle. Uma delas é aquilo que escolhemos fazer com o fruto de nosso trabalho: quanto gastamos, quanto economizamos, onde investimos, o que compramos, etc.. Outra é aquilo que fazemos em nosso tempo livre: o que ler, o que aprender, quando e o quanto descansar, o tipo de lazer que temos, e por aí vai.

Muitas coisas ruins acontecem no mundo por causa do cabresto da escravidão econômicaAcho que isso é uma coisa que muitos de nós sabemos até por instinto mas nem sempre conseguimos pôr em palavras. 

Chamei isso de Escravidão Econômica porque, como vocês verão, é um termo mais "genérico", muito embora talvez não seja o termo exato. Para alguns dos casos, talvez eu devesse chamar de "escravidão do conforto" ou "escravidão da vaidade". Digo isto porque há diferentes tons da escravidão econômica. 

Por exemplo, existe o trabalhador que ganha salário mínimo e que, por falta de alternativa, consome mais da metade de sua renda pagando o aluguel, e o restante mal dá para cobrir o custo mínimo de vida (alimentação, conta de luz e de água, transporte, etc.), de modo que ele está a uma consulta médica de distância para entrar no cheque especial (se é que já não está), o que inicia uma bola de neve que se transforma numa dívida que para ele é provavelmente impagável. 

Claro que ele pode dar um jeito e fazer bicos por fora para aumentar sua renda, e com isso pagar por uma formação melhor que lhe permita ao menos se candidatar a vagas de empregos que paguem mais, ou até iniciar seu próprio negócio, mas isso é bem difícil e trabalhoso, de modo que muitos nem tentam. 


Desta forma, o salário mínimo é, a meu ver, uma forma de escravidão econômica.


Por outro lado, existem muitas pessoas que ganham gordos salários e bônus, como os altos executivos, superintendentes, CEOs, etc. que também são de certa forma "escravos", mas por outros motivos. Muitos de nós da blogosfera ficamos impressionados, porque parece que eles não percebem que, muito provavelmente, já têm patrimônios que lhes permitiriam "viver de renda" com conforto durante muito tempo, de modo que ficamos espantados às vezes em como um figurão do mundo corporativo ainda se sujeita a tanto estresse, tantas noites trabalhando até tarde, aos sábados, domingos e feriados, e por aí vai. Muitos de nós, no lugar deles, provavelmente passaríamos o bastão para um sucessor e iríamos nos aposentar, ou trabalhar menos, em atividades mais prazerosas ou com mais significado. 

Uma explicação possível: eles estão em um nível completamente diferente da pirâmide de Maslow (aquela da hierarquia das necessidades humanas). Enquanto nós ainda focamos mais nas necessidades do meio da pirâmide (necessidades de segurança - patrimônio, casa para morar, trabalho para ter sustento, etc -, necessidades de afiliação - amizades, relacionamentos, sentir-se amado, etc. - e também no das necessidades de estima - confiança, respeito dos outros, etc.), estas pessoas vivem com a cabeça mais no último nível (auto-realização). 

Não sei se a pirâmide de Maslow ainda é uma teoria "respeitada" ou se já foi "refutada" por alguém, mas considero que ela oferece uma explicação simples e razoável para algumas faces do comportamento humano.

É claro que praticamente todo mundo, ao menos em alguns momentos, pensa em todos os níveis da pirâmide. Todos temos em maior ou menor grau a necessidade de auto-realização.  

A questão é que os mais ricos entre nós, por terem os níveis mais baixos já amplamente satisfeitos, passam muito mais tempo se dedicando aos níveis mais altos, especialmente o último. Isso ajuda a explicar porque um magnata de qualquer indústria geralmente trabalha até morrer: não é mais pelo dinheiro, porque ele tem o suficiente para que seus bisnetos possam optar por não trabalhar nunca. Também não é para ter uma casa bonita, porque  ele já tem propriedades nas melhores cidades do mundo. É para "deixar um legado", "escrever seu nome na história", derrotar seus rivais da indústria, e por aí vai. (O problema é quando eles começam a agir com "complexo de messias", mas isso é assunto para outro dia). 


Podemos dizer que este grupo é "escravo de si mesmo", escravos de seus egos.  Provavelmente não conseguiriam parar de fazer o que fazem. Talvez para este caso, escravidão nem seja a palavra mais adequada.


Outra explicação, esta muito mais aplicável aos CEO's profissionais e alto-executivos em geral (funcionários do topo da pirâmide corporativa, bem pagos porém não proprietários de porções significativas da firma): o alto salário os transporta para outro círculo social, um em que por algum motivo exige-se certa demonstração de status. 

Assim, é "esperado" que o CEO da empresa tenha um carrão e more numa mansão ou em um mega apartamento de muitos metros quadrados. Também é "esperado" que os diretores, alto-executivos, etc. vistam-se com roupas caras, frequentem os melhores restaurantes na hora do almoço, frequentem locais "de elite", viagem para o exterior todos os anos, etc.  (Como eles não são proprietários da empresa, então tais posses provavelmente estariam acima de sua capacidade, não fosse pela alta remuneração.)

Em parte isso é para demonstrar uma imagem de riqueza e prosperidade, não do indivíduo, mas da empresa ("olhem como a empresa XYZ paga bem, olha o carro que o diretor de marketing dirige!"). Um guerreiro da blogosfera das finanças, em busca da IF, provavelmente teria um carro mais barato e econômico caso estivesse numa posição destas, ou talvez nem tivesse carro (vide o Pobretão) e isto "arriscaria" a imagem da firma ("nossa, o diretor financeiro vai trabalhar de ônibus... aquela empresa deve pagar um salário miserável!"), de modo que ele não duraria muito tempo no cargo, ou talvez nem chegasse lá ("ah, o fulano não tem perfil de diretor, olha como ele se veste, não posso dar a promoção para ele"). Isso é ainda mais verdade aqui no Brasil, onde a ostentação é valorizada, inclusive entre os pobres, por incrível que pareça. 

Em bem pouco tempo, já não é mais pura ostentação, aqueles hábitos se incorporam à vida do indivíduo e ele passa a encarar o luxo como uma necessidade.

Todo este status, o glamour, o luxo, etc. afastam o indivíduo da realidade da vida (ele passa a viver numa bolha, a matrix dos ricos), e ele teme perder todo aquele status conquistado, pois sua perda seria dolorosa, principalmente em um meio repleto de vaidade e narcisismo como o alto escalão das grandes empresas e do governo: qualquer queda no padrão de vida é encarada como uma derrota vergonhosa, a ser evitada quase a qualquer custo.

Assim, o indivíduo está preso em outra forma de escravidão econômica (a "escravidão da vaidade" e, melhor ainda, "escravidão do conforto"), pois ele precisa manter seu alto nível de fluxo de caixa (salários altos, bônus, PL, etc), caso contrário não será mais bem-vindo nos círculos sociais que frequenta, por não conseguir bancar as despesas que tais círculos exigem (o custo de manutenção do status), e por aí vai. Os mais prudentes entre eles têm reservas que garantiriam uma vida confortável mesmo sem estes salários e bônus maravilhosos, mas não o suficiente para saciar sua sede de status e poder, até porque nestes círculos o patrimônio é, de certa forma, secundário (embora não deixe de ser importante): serve mais para cobrir o "custo de manutenção". O que mais importa, neste nível da hierarquia social é o cargo que se ocupa, a autoridade, os contatos a que se tem acesso, etc. 

Desta forma,  quem ingressa neste nível e se acostuma com esta vida, tende a fazer de tudo para se manter (explicado pela "adaptação hedônica"). Acredito que seja por este motivo que muito se fala em "psicopatas no poder". Quanto menos escrúpulos uma pessoa tem, provavelmente mais fácil se torna agir neste sentido (e se manter ou até galgar posições superiores).

(Eu, no lugar destes executivos e CEO's muitíssimo bem remunerados, estaria economizando 90% ou mais do salário e 100% de cada bônus que recebesse, para que eventualmente eu me tornasse independente daquela remuneração e da empresa, e é por isso que eu, talvez, não durasse muito numa posição destas, onde a demonstração de status é de certa forma exigida.  Acredito que muitos dos nossos colegas da blogosfera, senão todos, fariam quase a mesma coisa que eu)

Assim, muita maldade é feita no mundo, nem sempre por conta do mau caráter de quem a comete, mas pela covardia: porque seu perpetrador teme desobedecer uma ordem de um superior e perder seu emprego, o que significaria perder o conforto conquistado, uma posição de prestígio (como um cargo de diretoria, ou um cargo em uma filial privilegiada da empresa ou da repartição pública), e por aí vai. 

Isso, ao menos em parte, ajuda a explicar alguns casos de corrupção dentro e fora do governo, com tanta gente envolvida (lembrem-se dos casos de corrupção entre grandes empreiteiras e o governo: será que todos os envolvidos eram ladrões "de verdade"? Quantos estariam agindo obedecendo ordens, temendo perder cargos de prestígio nas empreiteiras? Claro que eles não deixam de estar errados, pois escolheram se corromper, mas a questão é: quantos destes corruptos agiram desta maneira por serem escravos de seus egos e de sua vaidade?).  

O que quero dizer com isso, confraria?

Quero dizer que, sem radicalismo, precisamos tomar cuidado para, dentro do possível, não cairmos na Escravidão Econômica - em nenhuma de suas variantes. Acredito que a maioria da blogosfera das finanças não se encaixe na escravidão do salário mínimo (embora estejamos sempre sujeitos a ela), mas podemos cair na escravidão do conforto e da vaidade caso não tomemos cuidado. Nunca podemos ser dependentes demais destas coisas pueris. Devemos ter sempre a cabeça no lugar e tomar cuidado com as falsas necessidades que a "matrix" tenta nos empurrar e que só nos deixam mais pobres e, no fundo, infelizes, muito embora dêem uma alegria momentânea.

Estas são algumas formas de independência que devemos buscar. 


Forte abraço, confrades, fiquem com Deus!

19 comentários:

  1. Muito profunda sua reflexão. O que chama de escravidão, podemos chamar de matrix também. E os poupadores podem estar em uma escravidão de poupar. Alguém pode dizer: mas eu poupo por hábito que nem sinto. Os tipos de escravidão que vc cita no texto, muitos estão nela, mas nem sentem. Se bem que olhando do ponto de vista que se tirar aquela realidade do indivíduo, será que ela vai sofrer? Ou poderíamos questionar diferente. Será que aquela realidade está trazendo mais prejuízos que benefícios?

    abraços

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    1. Obrigado pelo elogio, Camimhando e Poupando. Deve ter gente bem avarenta que realmente "poupa por poupar", sem objetivo real, apenas porque gosta do dinheiro. Creio que seja uma forma de matrix também.
      Os que estão presos em qualquer tipo de matrix não percebem. São prisões invisíveis e muitas vezes confortáveis, das quais o prisioneiro nem quer sair.
      Assim são as prisões do materialismo.
      Abraço

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  2. Muito bom o texto, da o que pensar sobre as prisões que podemos nos acorrentar para mostrar status e prestigio para os demais. Infelizmente a ostentação aqui no Brasil é aclamada pois maior parte da população vive na miséria não tendo o básico atendido. Parabéns gostei da reflexão.

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    1. Obrigado pelo elogio, anon.
      Muita gente poderia melhorar consideravelmente de vida se cortasse os gastos com ostentação e fizesse uma poupança, uma reserva de emergência.
      Parece que a ostentação está no sangue do brasileiro. Neste sentido, deveríamos ser mais como os portugueses, que não ostentam, são discretos, se viram com seus pequenos negócios e vão crescendo através do trabalho.

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  3. Rapaz, já tinha lido sobre a teoria da pirâmide de Maslow, mas nunca havia me aprofundado muito no assunto, me parece bem pertinente.

    Alias, tive um epifania afora, trabalho com pessoas que ganham mais de 20k e não entendo pq ainda não se aposentaram, a tese da pirâmide de Maslow pode ser uma resposta a minha pergunta, como isso nunca me passou pela cabeça...

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    1. Muitos não se aposentam simplesmente porque não tem outra coisa pra fazer e sem o seu emprego boa parte do sentido de suas vidas desaparece.

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    2. Obrigado pelos comentários!
      A pirâmide de Maslow é uma ideia simples e interessante que ajuda a explicar algumas coisas, a meu ver.

      O anon também acertou: tem muita gente que não pára de trabalhar nunca por que suas vidas fora do trabalho são vazias: não tem familia, não tem amigos, não tem lazer, e por aí vai. Todos temos que buscar o equilíbrio, construindo e mantendo nossas vidas fora do trabalho também. É muito triste não ter nada para fazer além de trabalhar. É algo análogo àquela frase que diz: "esse cara é tão pobre que só tem o dinheiro"

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    3. Muitos até tem família, esposa, filhos etc. Mas vivem como senão tivessem, nem todo mundo tem perfil pra pai ou mãe de família.
      Tem muito homem por aí que prefere ficar em boteco, churrasco e jogando conversa fora com "amigos" do que ficar com mulher e filhos.
      Quem não conhece ou nunca conheceu aqueles caras no trabalho que fazem de tudo pra não voltar/ficar em casa? Ficam até mais tarde, inventam compromissos como happy hours porque no fundo ou a convivência em casa é ruim, ou acham o ambiente familiar um verdadeiro pé no saco.

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    4. Infelizmente você está certo, anon. Tem muita gente que trabalha mais do que deveria só para postergar ao máximo o retorno para casa.
      O pior é quando esse alguém é um chefe, e acaba obrigando seus funcionários a ficarem mais tempo também...

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  4. Uma análise muito válida da sociedade moderna. O mais curioso é que a sociedade não debate esse tipo de assunto publicamente.

    Abraços,
    Pi

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    1. A sociedade atual está doente, por estar muito distante de Deus.
      Essas coisas não são debatidas por serem, de certa forma, "politicamente incorretas" (imagina chamar, em rede nacional, um monte de caras do topo das empresas e do governo de narcisistas e egocêntricos e sociopatas) e também seria um tabu admitir publicamente que trabalhador que ganha salário mínimo é um tipo de escravo moderno.
      Abraço.

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  5. A vaidade é a principal raíz de toda essa questão.

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    1. Concordo, anon. Muita gente se perde na vida por causa de vaidade. Por causa de Orgulho também.

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  6. ótimo texto
    me lembrou um doc que vi (https://scantsa.blogspot.com/2020/06/doc-master-of-universe-2013.html)
    é curioso, mas o crime nas classes mais altas parece ser valorizado; mas nas classes mais baixas é punido
    enfim, roubar pouco dá cadeia, roubar bilhoes vira política economica
    a realidade é dura

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    1. Obrigado, Scant.

      As coisas são bem assim mesmo: o ladrão pobre é tratado como ladrão mesmo, mas o ladrão rico é glamourizado, é tido como inteligente, engenhoso, sagaz, e por aí vai. Um exemplo disso é o Lobo de Wall Street.

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  7. é, meu amigo... voce falou muito bem colocado... o salario minimo é a escravidão moderna... voce sabia que as origens da ideia de salario minimo remontam a uma ideia de diminuição da competitividade no mundo dos empregos? Para fazer com que imigrantes nao tivessem trabalho facilmente... pois é... parece que nada funciona direito mesmo... sempre ha uma má intenção por traz...

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    1. Isso mesmo, IF. O salário mínimo cria desemprego, porque mantém os menos capazes fora do mercado, dificulta que as pequenas empresas contratem pessoas (porque não têm fluxo de caixa que permita pagar salário mínimo para muitos empregados) e só serve para beneficiar os grandes empresários (porque elimina ou enfraquece sua concorrência). É assunto para um futuro post.

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  8. Que excelente post esse seu, Mago. Realmente faz com que reflitamos sobre muita coisa.

    O CP comentou ali em cima que nós, poupadores, talvez também estejamos na "matriz da poupança", e isso realmente é algo para se pensar. Eu particularmente encaro de outra forma (o que pode me fazer não perceber alguma outra realidade): o meu objetivo é extremamente claro, eu sei porquê faço isso e vejo como um projeto, pois é algo que teve começo, está no meio e terá um fim.

    A questão do "custo de manutenção do status" também é algo muito claro: eu já sou bastante julgado (ainda que "silenciosamente") pelo fato de não ter um carro, por exemplo. Acredito que absolutamente todos que estão em cargos como o meu (que não é lá "grande coisa" ainda, diga-se de passagem) possuem carro, frequentam restaurantes caros e etc. A grande maioria, inclusive, já adquiriu um imóvel (sem dúvidas parcelado para muitos e muitos anos). Eu até me incomodava com isso até um tempo atrás, mas hoje não dou a mínima. O que tenha pensado ultimamente é como aproveitar mais a caminhada até a IF, que para mim eu sei que não será curta. Preciso encontrar o ponto ótimo entre não me desviar do projeto mas também aprecisar o caminho.

    Abraço!
    https://engenheirotardio.blogspot.com/

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    1. Obrigado pelo comentário, Engenheiro.
      Concordo com você, acho que se poupamos e investimos com um objetivo (alcançar a IF ou a TF, abrir um negócio, comprar imóveis, e por aí vai), não caímos na "matrix da poupança". Eu imagino que quem está nesta matrix são as pessoas avarentas, que guardam dinheiro só por guardar, ou por amor ao dinheiro (estes seriam servos de mammon), o que não é saudável, porque perdem tempo de vida e possíveis experiências por conta de sua avareza. Eu por exemplo não abro mão de de vez em quando jantar com minha esposa em um lugar legal, ou ir ao cinema, etc mesmo que esteja me esforçando para quitar meu financiamento. Imagino que um cara avarento (e portanto preso nesta "matrix da poupança") poderia ter um salário maravilhoso e ainda assim viveria que nem um mendigo, só para conseguir juntar ainda mais - creio que seja isso que o nosso colega Caminhando e Poupando tenha querido dizer.

      Eu também não tenho carro, e nem pretendo ter, e já fui de certa forma "julgado" por isso, geralmente as pessoas se impressionam com este fato. Já fui julgado por frequentar restaurantes baratos na hora do almoço (por mais que de vez em quando eu almoce com o restante do pessoal no local que eles escolhem). Eu também não me incomodo mais com isso. Já internalizei que nunca conseguiremos agradar a todos, que nem diz aquela fábula do velho e da mula.

      Encontrar o ponto ótimo na caminhada rumo à IF (ou à TF) é fundamental. A caminhada não valerá a pena se sacrificarmos coisa demais em nome de uma semi-aposentadoria. O recurso mais precioso é o tempo, ele nunca mais volta. E no fim, corremos o risco de nos arrependermos das oportunidades perdidas por conta de mesquinharia.

      Abraço!

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