Nos tempos de taxa Selic a mais de 14%, havia quem pensasse ser capaz de viver sem precisar trabalhar tendo um milhão investidos em renda fixa, mas mesmo naquela época (2016) isso ainda era muito arriscado, pois a inflação alta camuflava o rendimento real, que era bastante abaixo dos 14% nominais, de modo que sacar os rendimentos deste milhão aplicado em uma renda fixa, por exemplo, só faria corroer mais depressa o valor do principal. Sacar menos do que os juros auferidos era obviamente uma opção melhor, mas ainda arriscada para quem almejasse parar de trabalhar. Com o tempo, a inflação poderia corroer o valor do principal, e caso vivamos um caso extremo como o da Alemanha do pós-guerra, este investidor que até então havia "atingido" a IF se tornaria um "mendigo milionário".
Não é exagero! |
Nota de 500 milhões de marcos alemães, de 1923, provando que todo mundo era multimilionário na Alemanha pós-Grande Guerra!! É um pouco difícil de ler, mas realmente está escrito Fünfhundert millionen Mark |
Vejam em números o massacre do Real pela inflação: conforme a calculadora do cidadão, disponível no site do Banco Central, 1 milhão de reais do início do Plano Real (1994) equivalem a mais de 6 milhões de reais atualmente:
O Real perdeu muito valor desde seu início. Temos que multiplicar o milhão de reais por 6 só para empatar com seu poder de compra original. Até mesmo olhando para o passado recente a perda é chocante. Vejam quanto precisamos ter hoje em dia para empatar o poder aquisitivo de 1 milhão de reais de 2016, época da SELIC a 14,25%, na qual havia quem acreditasse poder viver com a renda desse milhão:
Precisaríamos ter quase 200 mil reais a mais só para manter o poder de compra, quase um quinto do valor. Quem tinha 1 milhão e aplicou na renda fixa e passou a viver dos juros provavelmente perdeu dinheiro, no sentido de perder poder aquisitivo.
Será que algum dia seremos capazes de desfazer este massacre financeiro? Será que algum dia o Real prosperará e se tornará uma moeda forte?
Só o tempo dirá.
Enquanto isso, os números incríveis de nossa inflação mostram que ao contrário de outras épocas, em que o dinheiro tinha lastro, ou seja, tinha valor intrínseco (moedas de ouro e prata, certificados de depósito de ouro, etc.) não é tão bom negócio juntar dinheiro. Óbvio que precisamos de dinheiro no dia a dia para trocarmos por bens e serviços, e conforme já expliquei no post anterior, é inegável a importância de se ter uma reserva de emergência de pronto uso, então algum dinheiro é bom sempre termos. Esses tempos histéricos da pandemia, repletos de desmandos e arbitrariedades estatais e de empresas mancomunadas com o Estado, reafirmaram a importância da reserva de emergência.
Certificado de Ouro - Está escrito: 100 dólares EM MOEDAS DE OURO pagáveis ao portador sob demanda |
Porém, o ideal é que, após constituída a reserva de emergência, comecemos a diversificar nosso patrimônio de modo que ele tenha mais valor do que dinheiro, porque o que tem valor é sempre ou quase sempre protegido contra a inflação.
Onde encontraremos valor? Onde compramos valor? Resposta: Comprando ações de boas empresas (fundamentos sólidos, vários anos seguidos de lucros, com dívidas equilibradas ou sem dívidas, com boa participação no mercado, etc.), comprando cotas de bons fundos imobiliários (bem geridos, com imóveis bem localizados, bons imóveis, de preferência com mais de um imóvel, etc.), comprando bons imóveis (bem localizados, sem problemas judiciais) e comprando bens que tenham valor (metais preciosos, jóias, moedas, obras de arte, terrenos bem localizados e férteis, etc).
Porém, há uma outra diversificação ainda mais importante, e que deve ser feita todo dia, em qualquer época: a diversificação de conhecimentos e habilidades, ou seja, o investimento em você mesmo. Aumente o seu valor. Estude além do que é necessário para desempenhar sua profissão, estude para melhorar seu desempenho nela e tornar-se uma referência, pelo menos entre seus colegas. Estude e pratique outras atividades fora de sua profissão para ser versátil, primeiramente como hobbies - e quem sabe elas não podem acabar virando outras fontes de renda? Quem sabe elas não possam um dia se tornar sua principal fonte de renda? Quem sabe elas não te salvam de uma enrascada, como ser demitido?
Além disso, nunca deixe de ler ou estudar certos assuntos só porque supostamente "não há mercado" para tais conhecimentos - aumente sua cultura, leia os clássicos da literatura, estude outros idiomas além do inglês, produza algum tipo de arte, etc. Tudo isso contribuirá, no mínimo, para aumentar sua confiança em si mesmo e para expandir sua criatividade, e estas são coisas das quais você nunca se arrependerá, e também aumentarão seu valor como pessoa. Hoje em dia é possível encontrar tantos bons livros de graça ou quase de graça, assim como inúmeros tutoriais de uma infinidade de assuntos no YouTube, em fóruns especializados, cursos on line de praticamente qualquer assunto, e por aí vai. Nunca deixe de investir em você mesmo. Não viva para juntar dinheiro, viva para melhorar a si mesmo e para melhorar a vida dos que estão à sua volta, fazendo sempre o bem.
Forte abraço! Fiquem com Deus!
Excelente post, mago. O jeito é esse mesmo, pessoalmente, eu optaria por comprar ouro para me proteger de eventuais inflações galopantes.
ResponderExcluirSobre o trecho final: "Não viva para juntar dinheiro, viva para melhorar a si mesmo e para melhorar a vida dos que estão à sua volta, fazendo sempre o bem". Acho que aqui vc sintetizou bem um conjunto de ideias fundamentais. Pessoalmente, acho que acumular dinheiro é uma ótima forma de fazer o bem, afinal, preciso ajudar a mim mesmo, antes de poder ajudar os outros.
Abraços.
Obrigado, Astronauta. Eu acho que é pra isso que serve o ouro, principalmente o físico.
ExcluirEm relação a fazer o bem, sempre podemos fazer, independente de termos dinheiro. Claro que com mais dinheiro podemos ajudar mais pessoas, mas não espere juntar muito dinheiro para ajudar alguém. Podemos ajudar com palavras, ouvindo o que a pessoa tem a dizer, podemos oferecer nosso trabalho, etc. O seu mérito será até maior se você ajudar não tendo tantos recursos assim.
Abraços
Muito boa a postagem, Mago! Se nos últimos tempos esse foi o desempenho do real, prefiro nem pensar o que será daqui pra frente. O investimento no exterior, em moeda forte, deixou de ser uma opção e se tornou uma obrigação pra quem está na caminhada rumo à IF (e acho que mais ainda pra quem está o início dela, como eu).
ResponderExcluirSem dúvida o investimento em si, através do conhecimento, é algo que particularmente acredito que nunca deve cessar. O cérebro necessita de exercícios de qualidade pela vida toda, pra poder ficar o mais saudável possível pelo maior tempo possível.
Abraço!
https://engenheirotardio.blogspot.com
Valeu pelo comentário, engenheiro. O investimento mais relevante é sempre em si mesmo.
ExcluirAbraço!
Seu blog é excelente! Parabéns!
ResponderExcluirObrigado, anon! Volte sempre!
ExcluirAbraços
Excelente Post! Eu também vejo que "juntar" dinheiro na atual situação da economia mundial (não só nacional) de endividamento massivo pelos governos não é uma boa ideia! Tudo pode virar papel da noite para o dia! O melhor realmente é investir em você!
ResponderExcluirIsso mesmo, anon. Enquanto isso, uma ação de uma boa empresa, ou uma cota de um bom foi, ou um imóvel bem localizado, sempre terão valor, que será ajustado.
ExcluirAbraços e volte sempre!
Excelente post, parabéns
ResponderExcluirObrigado, Escola!
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