segunda-feira, 16 de maio de 2022

Ideias de Negócios - Sebos (loja de livros usados)

 Salve, salve, confraria, vamos para mais um post da minha série sobre ideias para (pequenos) negócios.

Seguem os links para os artigos anteriores da série:

- Loja de penhores

Jornaleiro

Mini Pizzaria

Soldador / Serralheiro

Relembrando, os meus critérios pessoais para montar um pequeno negócio são:

- Possibilidade de ter poucos ou nenhum funcionário, de preferência nenhum, para não ter problemas com a justiça do trabalho;

- investimento inicial baixo; e

- possibilidade de trabalhar em qualquer horário que eu quiser (dentro do bom senso)


Agora, vamos ao post propriamente dito:


Ter um sebo (lojinha de livros usados, para quem não sabe) me parece ser um negócio tranquilo e sem estresses no dia a dia, e dependendo de como você quiser que seja a sua infraestrutura, é o tipo de negócio que é possível de ser operado sem funcionários e com o dono fazendo o próprio horário (dentro  do bom senso, claro - eu trabalharia no horário comercial, ou só meio período,  e buscaria sempre ter 3 dias folga na semana, mas eu só estaria nesse ritmo se eu já tivesse alcançado a TF antes de montar a lojinha. Se eu precisasse dela para pagar as contas, eu teria que trabalhar mais dias, talvez de terça a sábado,  folgando ás segundas e domingos). 


fonte da imagem: shopee (aquele aplicativo com anúncios irritantes e extremamente cringe) mas não faço ideia daonde o shopee tirou essa imagem. Se você for o dono e ficar incomodado, reclame com o shopee.


Enxergo as seguintes facilidades e vantagens:

- provavelmente você já tem o estoque inicial (livros que você acumulou durante anos e não quer mais ler)

- é possível trabalhar sozinho, sem empregados, ainda mais se for um sebo on-line 

- provavelmente é um trabalho sem estresse ou de pouco estresse

- imagino que não atraia assaltantes

- o capital inicial provavelmente é baixo (uma sala, umas estantes, um computador, uma cadeira para você sentar, mesas e cadeiras para os clientes)

- dependendo do seu plano de negócios, pode caber numa estrutura tipo banca de jornal (já vi jornaleiros que se adaptaram e viraram sebos. Onde moro tem ao menos um assim)

- dependendo do seu plano de negócios, você nem precisa de uma loja física: pode manter o estoque em algum cômodo ou em uma simples estante da sua casa e só vender on-line (pode ter um site próprio ou usar o estante virtual ou até o mercado livre e similares para anunciar e vender os livros) - neste caso o sebo nem precisaria ser o seu negócio principal, poderia ser um complemento da sua renda (dependendo do volume de vendas acho que não teria problema operar como pessoa física - você está simplesmente vendendo alguns livros usados, não chega a caracterizar comércio -, mas é melhor tomar cuidado e ficar atento à lei para evitar problemas com a receita federal, estadual, etc.);


fonte: Gazeta do Povo

Como eu tentaria administrar:

- tentaria focar o negócio em um nicho de livros (livros técnicos, livros científicos, livros raros, livros descontinuados, só  literatura, só quadrinhos, etc.) - aqui o foco seriam provavelmente as vendas on-line. Mas como imagino que não venda muito por mês,  ainda mais se focar em um nicho, eu ainda teria outros tipos de livros em estoque (além dos de meu nicho), pois não poderia me dar o luxo de perder vendas.

- manteria um inventário constantemente  atualizado de meu acervo (infelizmente há donos de sebos que nem sabem o que têm em estoque e perdem vendas por causa disso)

- poderia abrir junto ao sebo um pequeno serviço de encadernação de livros (dependendo do nicho que eu me concentrasse, eu faria capas mais elaboradas, capas personalizadas, etc. - o equipamento para isso não deve ser caro)

- poderia incluir também um serviço de restauração de livros (mais complicado do que encadernar - seria necessário um investimento maior nessa habilidade)

- dependendo da lei municipal, incluiria serviços de xerox e digitalização de documentos, e de consulta SPC/Serasa para complementar a renda.

- incluiria também uma mini-papelaria, vendendo só o essencial (caneta azul, preta e vermelha, papel A4, cadernos, etc.) 

- poderia também incluir no negócio uma pequena editora para autores iniciantes (com equipamento para imprimir, digamos, 100 cópias de um livro e distribuir ou pôr à venda na loja) - mas aí o investimento inicial aumentaria consideravelmente,  então é necessário tomar mais cuidado com essa questão.

- usaria a estratégia da "bagunça organizada" (para o cliente acabar achando outros livros enquanto procura o que quer)

- poderia colocar também um "aluguel de livros" (pagar por hora para ler, como uma biblioteca particular, com os clientes lendo no local) - e para isso eu poderia fazer que nem as barbearias gourmet estão fazendo e incluir uma geladeira de bebidas... por que não?

- poderia abrir dentro do sebo um espaço de coworking / aulas particulares

- Se focar no ramo de quadrinhos/RPG/card games, poderia alugar mesas para que jogadores façam torneios ou simplesmente para jogos casuais (mas isso não deve ser muito rentável... já vi dono de loja de quadrinhos reclamando que a garotada não aceitava pagar nem 5 reais numa mesa... talvez o lucro disso venha da venda de bebidas e salgados durante o torneio,  e deixar as mesas "de graça", mas essas coisas não costumam dar muito certo no Brasil, pois no geral brasileiro quer tudo de graça  e não valoriza o trabalho alheio)


Agora, os riscos do negócio:

- A maioria dos livros ficará encalhada por anos até você conseguir vender (de fato a maioria dos livros escritos nos últimos 20 anos são mesmo imbecis e, fora isso, o povo daqui não tem muito hábito de leitura...), o que pode significar muito dinheiro imobilizado. 

- Talvez alguns livros nunca sejam vendidos. Então o dono de sebo tem que tomar cuidado na hora de comprar livros usados (é por isso que uma pessoa geralmente não consegue muito dinheiro vendendo livros para sebos: o dono do sebo geralmente só pode pagar bem pouco por cada livro por não saber nem quando nem se conseguirá revende-lo)

- Não sei se este é um tipo de negócio em que você possa ativamente buscar livros para o seu estoque. O que quero dizer  com isso: se você for de porta em porta na casa das pessoas procurando por livros que elas queiram se desfazer, provavelmente elas cobrarão caro para lhe vender seus livros velhos, e você não pode se dar ao luxo de pagar caro, dada a demanda incerta (a não ser que seja um livro raro, procurado por colecionadores). Desta forma, acredito que os lucros devam ser maiores se você esperar passivamente que as pessoas tentem lhe vender seus livros velhos (aí você conseguirá pechinchar, pois usará a carta de que está fazendo um favor para a pessoa, ajudando-a a se livrar de livros que estavan ocupando espaço)

- pode haver pequenos furtos na loja (mas esse é um risco de quase qualquer negócio)

- acho que muito dificilmente dê para viver deste negócio hoje em dia, a não ser que você conquiste certa fama na sua cidade ou no seu bairro ("no sebo do fulano você acha tal tipo de livro" ou "esse livro é difícil de achar, mas no sebo do beltrano com certeza tem").

- imagino que a receita seja muito mas muito mais incerta e aleatória do que em outros tipos de negócio. Não me parece ter uma demanda muito previsível. Na minha época de pré-vestibular, eu comprei livros de matemática, física e química em sebos, porque já há muito tempo que os livros de antigamente são melhores que os de hoje, mas atualmente com tanta vídeo-aula no youtube, não creio que o pessoal em época de pré-vestibular  hoje em dia compre os livros dos grandes mestres do passado (Ricardo Feltre, Ary Quintela, Morgado, Adyr Moisés, etc. - o pessoal mais velha guarda que lê o blog talvez lembre de alguns desses!)

- A qualquer momento um congressista pode, com uma canetada, criar tributos que tornem esse negócio inviável. Ou um juíz, também com uma canetada, pode mudar uma interpretação de uma lei, abrir um novo precedente, uma nova jurisprudência, etc. , e inviabilizar o negócio de outra maneira. Isso faz parte, infelizmente, do "Risco Brasil". E, realmente, a caneta já matou muito, mas muito mais do que a espada.


Eu pessoalmente acho que se fosse abrir um sebo eu focaria no ramo de livros raros e/ou descontinuados e investiria em equipamento gráfico para imprimir livros que passaram para o domínio público  mas que sejam difíceis de achar, e também imprimiria esses livros de domínio público colocando capas bonitas e atemporais, pois por alguma estranha razão as editoras hoje em dia parecem que beberam alguma coisa estragada e passaram a colocar capas horrorosas nos livros, desenhadas em estilos toscosou com imagens grotescas ou abstrata demais. 

Talvez eu até confeccionasse capas de couro ou algum material parecido (tenho um parente bem próximo que aprendeu a encadernar artesanalmente, e também sei onde vende couro barato na minha cidade, então sei que é possível fazer)


Algum leitor pretende ser dono de sebo algum dia? Ou já é dono desse tipo de comércio? O que acha da ideia? Comente aí!


Forte abraço e fiquem com Deus!


4 comentários:

  1. tem um sebo aqui no meu bairro onde o dono simplesmente não compra nada usado.

    ele só oferece uma oportunidade de trocar algum livro que vc tenha por algo (não tudo) que ele tenha na loja.
    não sei se isso é bom (não tenho como saber o faturamento dele...)

    por outro lado, não gosto de fazer negócios com ele (ele impõe restrições e a troca tem que favorecer prioritariamente a ele)

    abs!

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    1. É como eu escrevi: como a venda de cada livro pode demorar anos (e alguns livros nunca serão vendidos, vejo isso como um fato), o dono de um sebo não pode pagar muito caro em livro nenhum. Provavelmente eles só aceitam comprar livros que eles sabem que são best-sellers ou quando sabem que são livros procurados por colecionadores. Qualquer coisa fora disso, acho que se pagar 5 reais é até sorte de quem está vendendo.

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    2. com mercado livre, olx e outros - esse negocio, caso nao acabe, tende a diminuir mais ainda
      muitos fecharam aqui no RJ

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    3. Eu não diria acabar... pode ter sebos 100% online, funcionando no ML, OLX, Estante Virtual, etc. Acho que já existem sebos assim. Fora a possibilidade de atuar como pessoa física. E os físicos provavelmente vão permanecer os mais famosos e/ou aqueles que o dono não precisa daquilo para viver e encara mais como uma ocupação. Esses devem sobreviver até os donos morrerem, caso os herdeiros não queiram continuar o negócio.

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