sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Ideias de negócios - Chaveiro

 Saudações,  confrades.


Eis aqui mais um post da minha série de artigos sobre pequenos negócios. Mas antes, aqui estão os links para os outros artigos desta série, para aqueles que não leram e também para relembrar:


- Loja de penhores

- Jornaleiro

- Mini Pizzaria

- Soldador / Serralheiro


Lembrando que os meus critérios para pequenos negócios são:

- possibilidade de trabalhar sozinho (sem empregados = sem custos de CLT e sem processos trabalhistas) ou com poucos empregados, mas preferencialmente sozinho.

- possibilidade de fazer o meu horário (eu trabalharia de segunda a quinta, ou algum outro arranjo em que eu tivesse 3 dias de folga por semana, ou então meio expediente todo dia de segunda a sexta, ou meio expediente dia sim, dia não... enfim, o céu é o limite quando você não tem chefe - mas é claro que para eu poder fazer isso, eu teria que primeiro alcançar a Tranquilidade Financeira ou viver com um custo de vida bem baixo)

- Investimento inicial baixo (mais fácil de começar e provavelmente mais rápido para recuperar o investimento e começar a lucrar e também mais fácil para passar adiante caso queira se desfazer do negócio)

Agora vamos ao artigo de hoje.

Dando continuidade à minha série sobre pequenos negócios,  hoje vou falar sobre um ofício que eu particularmente acho muito interessante e que já pensei com carinho (principalmente nos momentos mais tensos em meu atual emprego): Chaveiro

Assim como o jornaleiro, para ser chaveiro o cidadão precisa ficar atento à legislação municipal e, dependendo da cidade, a profissão infelizmente depende de autorização da prefeitura

Assim, cheguei a analisar algumas leis municipais sobre o assunto, de municípios de tamanhos e regiões diversas do nosso Brasilzão consultando as legislações municipais no site leismunicipais.com.br, que reúne as leis de vários municípios do Brasil (não tem de todos ainda, mas tem bastante). Mas, pelo que pesquisei, aparentemente não possui tantas restrições quanto a profissão do jornaleiro (que em várias cidades possuem regulamentos próprios que definem o que pode e o que não pode ser vendido na banca). 

Vou ater a análise apenas ao município de São Paulo, para que o texto não fique muito longo:

- Há a lei estadual 11.066 de 2002, (que foi alvo de ação de inconstitucionalidade pelo STF) que exige que os chaveiros sejam cadastrados junto à Secretaria de Segurança Pública e que comprovem ter feito curso específico para a profissão; 

- Há também o Decreto 57.298 de 2016, que classifica a atividade de chaveiro como sendo de "baixo risco" e portanto observam os artigos 127 ("Os empreendimentos considerados de baixo risco e os locais de culto enquadrados nas subcategorias de uso nR1 e nR2 serão isentos do atendimento da largura mínima de via estabelecida no Quadro 4A desta lei.") e 133 ("Nos casos dos empreendimentos considerados de baixo risco referidos no art. 127 desta lei, o uso poderá ser instalado em edificação não regular de acordo com as definições da legislação edilícia, desde que asseguradas as condições de higiene, segurança de uso, estabilidade, habitabilidade da edificação, assim como as condições de instalação e os parâmetros de incomodidade") da Lei 16.402 de 2016 (disciplina a ocupação do solo do município de SP). Interessante notar que a atividade de conserto de relógios também é classificada como sendo de baixo risco... Achei importante mencionar isto porque considero que isto pode gerar uma renda extra interessante para o chaveiro, conforme veremos adiante...

Infelizmente os chaveiros da cidade de São Paulo são sujeitos ao ISS na alíquota de 5%...

Fora isso não encontrei outros detalhes. Na maioria das legislações municipais que pesquisei, os chaveiros são pouco citados. 

Ainda bem!


Agora, falando sobre o negócio em si:

Entendo que o carro chefe de um chaveiro, em termos de quantidade de pedidos, seja a cópia de chaves comuns e a venda de cadeados, mas acredito que o grosso da receita deste negócio  venha:

1 - da troca de fechaduras das casas de clientes, abertura de cofres, de carros, etc. que são serviços mais caros por possuírem demanda bastante inelástica (que não diminui mesmo com o aumento do preço); e 

2 - da cópia de chaves eletrônicas de carros e demais tipos de chaves com alguma tecnologia agregada. 

Com certeza o chaveiro precisa investir em cursos específicos para dominar esses serviços mais sofisticados, especialmente abertura de cofres (que imagino ser um serviço pouco requisitado mas que permite ao chaveiro cobrar um bom preço). 

O que eu faria: começaria estudando o básico (trocas de fechaduras, cópias de chaves simples, etc.) e então faria cursos de assuntos mais avançados (abrir carros, abrir cofres, copiar chaves eletrônicas), de modo a fazer serviços simples e também os complexos. 

Além disso, incrementaria o meu negócio oferecendo alguns dos  seguintes serviços (dependendo do tamanho da banca que eu conseguisse comprar, claro, e respeitando a lei municipal de onde eu fosse trabalhar, tomando o cuidado para não fazer alguma atividade que seja proibida para um chaveiro, e registrando no CNAE secundário, conforme o caso) :

- amolação de facas, tesouras, alicates, etc. (acho que todo chaveiro faz isso, então seria burrice não fazer também, pois basta ter um esmeril, que é um dos equipamentos básicos do chaveiro, conforme veremos a seguir)

- serviços básicos de relojoaria (troca de pulseira, pino, bateria, e vidro - as ferramentas para isso não são caras, são fáceis de achar e não é difícil aprender a fazer estes pequenos reparos. Além disso, dificilmente alguém que tem um relógio realmente caro iria fazer esse serviço numa banca de chaveiro, então acho que eu não correria o risco de estragar um relógio caro)

- confecção de carimbos (já vi alguns fazerem)

- xerox (compraria uma máquina copiadora bem basicona e ofereceria o serviço para todo cliente que aparecesse por lá... vai que alguém está a caminho do banco ou do cartório e precisa tirar uma cópia? Muitos jornaleiros estão oferecendo esse serviço hoje em dia  para complementar a renda)

digitalização de documentos (idem em relação à observação acima - e eu ainda teria um pequeno estoque de pendrives baratos para vender aos clientes que não trouxessem os próprios pendrives) 

- consulta SPC/Serasa (colocaria na banca um laptop que não estivesse usando em casa - também já vi muitos jornaleiros prestando este serviço)

- pequenos consertos domésticos (só no contra turno - faria um cartão de visitas com meu contato e distribuiria para todo cliente que aparecesse na banca... Assim eu "diversificaria" em profissões atuando como um faz-tudo para pequenos consertos domésticos... dentro dos limites de minhas habilidades, é claro, mas eu tento aprender estas coisas porque acho legal e também como plano B)


Equipamentos Necessários:

Máquina de corte de chaves (para fazer cópias) - já vi custando desde uns R$ 500,00 até uns R$ 4.000,00. 

Maquina pantográfica (para cópias de chaves de carros)

Máquina de codificação  (para chaves eletrônicas)

Esmeril (para acabamento de cópias de chaves e serviços de amolação de alicates e tesouras)

Estoque de chaves virgens

Ferramentas diversas:

    - Lima (para fazer acertos nas cópias das chaves depois de passar pela máquina, e também serve para fazer amolação de lâminas)

    - Morsa de bancada (para prender a cópia da chave e limar)

    - Alicate de corte força dupla (já vi usarem para cortar os excessos e rebarbas das chaves)

O maior custo acredito que seja o da compra da banca, que pode envolver o pagamento de uma luva, fora taxas da prefeitura (conforme a lei de cada município).

Vejamos... esta banca em Campinas está estava à venda por R$ 47.000,00 (o anúncio já foi removido... originalmente eu ia colocar o link do anúncio no post):


Riscos do negócio:

- o risco de qualquer negócio, que é a falência (pode ser mitigado se você for organizado e não misturar o dinheiro particular com o dinheiro da empresa)

- A concorrência pode ser alta (e geralmente os chaveiros que já existem estão há anos no mercado - mas até eles começaram algum dia, então esse pensamento da concorrência alta não pode ser impeditivo para abrirmos qualquer negócio que seja, respeitando o bom senso, claro)

- Mudanças na legislação municipal podem restringir ainda mais sua atividade (exigências absurdas feitas por parlamentares que não vivem no mundo real) - bem ou mal este também é um risco de qualquer negócio.

- geralmente a banca fica na rua, no meio da calçada, então há o risco de assaltos (mas todo comércio corre esse risco, a diferença é que o chaveiro parece ficar mais exposto por não ter uma "loja")

- Pelo mesmo motivo acima, além do fato de a banca geralmente ser pequena e aberta, há o risco de furtos (algum nóia, pivete, etc. pode ficar de olho e descobrir onde você esconde o caixa da banca, e aproveitar algum momento de falta de atenção e levar o seu dinheiro)

- Pelo mesmo motivo acima, você pode ser vítima de alguma autoridade corrupta que exija o pagamento de alguma propina para não te perturbar (esse risco é de todo e qualquer comércio de rua, mas é bastante mitigado se você tiver toda a burocracia em dia)

- Como estamos no Brasil, você pode acabar abrindo sua banca em um bairro dominado por alguma quadrilha e sendo obrigado a pagar uma taxa de proteção para não ser assaltado, ou ter sua banca destruída se não pagar (qualquer comércio de rua corre esse risco também, e ele pode ser mitigado pesquisando bem antes de comprar um ponto comercial para montar uma banca, evitando áreas de risco - mas, obviamente, pagando mais caro pelo ponto)


Leituras interessantes sobre o assunto:

Curso de chaveiro (aparentemente gratuito)

Curso de chaveiro básico (pago - R$ 647,00)

Outro  curso de chaveiro (não vi o valor)

13 dicas para abrir seu serviço de chaveiro

Uma das profissões mais antigas do mundo

Chaveiros ganham salário de até R$ 6.000,00



E vocês, confrades? O que acham da ideia de ser chaveiro? Já pensaram nisso? Algum leitor meu já trabalhou ou trabalha como chaveiro? Comentem aí! 

Forte abraço!

Fiquem com Deus!

6 comentários:

  1. muito bom!

    faz uma sobre "sebo", vendedor de livros usados

    abs!

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    1. Valeu Scant! Está nos meus planos escrever sobre sebos, sim.
      Abraço!

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  2. Excelente.

    Alguns dias atrás precisei de um chaveiro aqui na minha cidade e descobri que não tem ninguém que faça esse serviço.

    Acho uma boa profissão e não sei se necessariamente eu iria querer ter um "ponto de rua", hoje em dia é tudo tão online. Imagino que poderia fazer em casa e cadastrar no Google para que as pessoas me encontrassem quando pesquisassem por chaveiro, seria muito mais barato.

    Acho que essa lógica funcionaria bem para cidades de até 500k habitantes.

    Abraços,
    Pi

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    1. Obrigado pelo elogio, PI.

      Sério que na sua cidade não tem chaveiro? Ou eu entendi errado e você quis dizer que nenhum dos chaveiros da sua cidade prestava o tipo de serviço que você precisava (talvez um serviço muito específico)?
      Se não tiver chaveiro, achei bizarro, pois cópia de chave é uma coisa muito corriqueira e que todos precisam... Pode ser que na sua cidade tenha jornaleiros que façam isso, ou então pode ser que não tenham bancas de chaveiro, mas eles trabalham em "lojinhas" dentro de galerias comerciais (onde eu moro tem).

      Se não tiver chaveiro onde você mora, está aí uma boa ideia de negócio (e de investimento inicial baixo).

      Também acho que seja possível ter uma pequena oficina de chaveiro em casa e atender por whatsapp, marcando pontos de encontro com os clientes para pegar as chaves e para devolver depois. Ou então focando só no atendimento residencial mesmo (trocando fechaduras, por exemplo).

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  3. As principais vantagens de entrar no mundo das chaves são duas:
    Provavelmente dá pra fazer isso como MEI que simplifica o negócio e os impostos, o que sem dúvidas é um ponto favorável importante, já que se trata de um negócio que imagino eu não renderá altas quantias.

    Até hoje a maioria dos chaveiro que vi são pessoas de meia idade pra cima, imagino que seja uma profissão com pouca renovação, só vi um cara novo (na casa dos 20 anos) fazendo cópia de chave e é filho do dono da oficina.
    Então imagino que não seja um segmento onde haja uma aumento de concorrência significativo nos próximos anos.

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    1. Obrigado pelo comentário, anon.
      Sim, vejo isso como uma possível vantagem pros chaveiros- ser MEI.

      E também acho plausível que a concorrência não vá crescer nos próximos anos. Mas se eu fosse enveredar por este caminho eu tentaria ser o melhor chaveiro possível, sem me acomodar.

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