sábado, 16 de julho de 2022

O dinheiro precisa ser um meio, e não um fim

 Saudações,  confraria da melhor blogosfera do Brasil!

Post reflexivo, para me ajudar a manter o foco no que é importante!



Nós da finansfera brasileira falamos (escrevemos) bastante sobre finanças,  aportes, trabalho, e por aí vai. Temos um conhecimento acima da média brasileira no que tange a finanças pessoais (não que isso seja muita coisa) e a assuntos correlatos.

Eu iniciei este blog inspirado no Viver de Renda, como já disse em outras oportunidades aqui, e comecei com a intenção de escrever posts técnicos de finanças,  falar sobre modelos de precificação de ativos, modelos econômicos, econométricos, etc., do jeito que o VdR costumava escrever no começo do blog dele.

Em parte isso também foi porque quando iniciei o meu blog eu tinha acabado de fazer uma pós graduação (MBA), por ordem da empresa onde trabalho, e meu TCC foi um estudo de caso de derivativos - ou seja, na época eu estava com a matéria fresquinha na cabeça e bastante motivado com o assunto (eu acreditava que iria trabalhar com isso na firma, mas acabei não indo para esta área... um assunto para um post futuro, talvez).

Enfim, feita esta introdução,  eu vos digo que observo muito este comportamento internet afora (não apenas na finansfera) e quando o assunto "finanças" surge numa conversa na vida real: em geral, as pessoas que investem parecem que vivem em função de otimizarem seus investimentos .

Eu já li diversas discussões em seções de comentários de blogs e em fóruns de finanças sobre rebalanceamentos minuciosos de carteiras pessoais, controles "milimétricos" do risco, buscas quase obsessivas por "alfa", um forista tentando provar que está mais certo que o outro,... enfim, acho que quando estudamos demais esses assuntos perdemos o foco do que é mais importante (e "o mais importante" é diferente para cada um).

Como o título do post sugere, o que quero dizer é que é importante não perdermos o foco das coisas reais e que realmente têm significado além do mundo material, e não podemos tratar o dinheiro mais do que como uma ferramenta, senão ele nos domina.

E domina tanto no lado "pequeno" (economias obssessivas de moedinhas de cinquenta centavos), quanto no lado "grande" (aquela eterna busca - que geralmente leva à frustração- por aquele 1% a mais de retorno que, a não ser que você seja multi milionário, não vai fazer muita diferença na vida).

E quando paramos pra pensar, percebemos que muitas coisas que buscamos, fazemos e estudamos são para ganhar mais dinheiro, como se não houvesse outro propósito além disso.

Até  esses papos de "desenvolvimento pessoal" geralmente acabam caindo nesse lugar comum. 

 vi pessoas desistindo de aprender determinadas habilidades e conhecimentos "porque não dão dinheiro", ou deixando de fazer coisas "para não gastar dinheiro". 

Se colocarmos as coisas na perspectiva do tempo, que é o recurso mais escasso de nossas vidas, isso fica um tanto frustrante. 

Não vou ser hipócrita: várias vezes me enquadrei (e ainda me enquadro) no que escrevi acima. 

Claro que todo homem deve buscar seu sustento, e quando não temos nada creio que devemos dar prioridade a conseguir ao menos o básico, mas a partir de um certo ponto podemos enfim buscar coisas além das necessidades materiais básicas (na verdade sempre podemos fazer essas coisas concomitantemente, mas no começo, óbvio que é mais difícil)

E óbvio que não estou dizendo que devemos negligenciar a busca pelo sustento e nem abandonar a busca pela Tranquilidade Financeira (TF) ou nem mesmo a IF (para aqueles que a buscam). O que quero dizer é que devemos tratá-las como devem ser tratadas: meios para fins muito mais importantes e significativos do que o mero acúmulo de patrimônio. Devemos buscar nos elevar em diversas "áreas da vida".

Somos todos diamantes brutos que precisam ser lapidados. Estamos sendo constantemente lapidados, e esta lapidação não é feita somente pela busca por dinheiro.

Forte abraço, meus  companheiros de trincheira!

Fiquem com Deus!



17 comentários:

  1. bela reflexão, é um disputa constante e sem fim, desde a infância somos incentivados a se comparar e ''ser melhor'' q o próximo, por isso esse mundo está cheio dos ''eu tenho razão''

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    1. Obrigado pelo comentário, Rafael.
      Até certo ponto esse incentivo para ser melhor que alguém pode ser benéfico, mas geralmente exageramos. As comparações com os outros muitas vezes levam a frustrações e as redes sociais potencializaram isso, principalmente porque geralmente só se fala de de vitórias, omitindo-se as derrotas. A grama do vizinho nunca esteve tão verde quanto hoje em dia!

      E ainda tem o fato de que, com acesso mais fácil à informação. Todo mundo é o especialista no assunto do momento...

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  2. Essa questão toda abordada no post e que até excede o post é individual.
    Cada pessoa que deve ter a medida e a ciência do que é e o quão importante são as prioridades de suas vidas.
    O aproveitar a vida é um dos conceitos mais difíceis de se explicar ou traduzir em palavras.
    O que é aproveitar a vida? O que é aproveitar o caminho?
    Encher a cara e postar fotos com latas e garrafas de bebidas todo o fim de semana é aproveitar a vida? Pra muitos sim.
    Viajar constantemente para os mais diversos lugares é aproveitar a vida? Pra muitos sim.
    Se dedicar a um trabalho, uma profissão é aproveitar a vida? Para alguns sim.
    Fazer parte de uma comunidade religiosa se abstendo de uma série de outras práticas e comportamentos é aproveitar a vida? Pra muitos sim.
    Enfim, são definições pessoais. Talvez nos fim das contas a maioria de nós não tenhamos certeza se de fato estamos aproveitando a vida, até porque nossas idéias, certezas e vontades mudam ao longo do tempo.
    O que satisfazia no passado pode não satisfazer hoje. O que acreditávamos no passado, hoje pode não fazer o menor sentido.
    O que parecia certo pode ter se mostrado uma ilusão e isso serve pra muita coisa ao longo da vida.
    A vida é transitoriedade e mudança o tempo todo e essa é a única certeza que temos além da morte ao longo dessa jornada.
    Talvez aproveitar a vida seja entender isso, procurar conviver e/ou nos adaptar as mudanças impostas pela vida ou conquistadas por nós mesmos e procurar um sentido que nos mantenha conectado a vida.
    Até porque o desânimo, a desesperança, e por consequência muitas vezes estados depressivos, vem disso, da nossa desconexão com a vida.

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    1. Realmente não existe uma resposta única para o que é "aproveitar a vida", ao menos materialmente falando. Mas infelizmente muitas pessoas se engajam em atividades autodestrutivas em nome de "aproveitar a vida" (drogas, excessos, hedonismo).

      E essa questão da adaptação às circunstâncias é bem importante mesmo.

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  3. Olá, Mago. Boa reflexão a sua. As vezes fico na dúvida se vale a pena fazer alguns esforços para chegar na IF deixando de aproveitar algumas situações que poderiam ocorrer agora mas dependem de dinheiro.
    É engraçado que, com o passar do tempo acumulando, ficamos meio seletivos demais e acabamos perdendo oportunidades. Dinheiro é feito para ser gasto e, via de regra, deveríamos poupar para ter o suficiente lá na frente, somente. Mas isso gera outro dilema, do quanto seria suficiente e se sabemos mesmo como prever isso. Se não estamos sub ou superdimensionando o montante.
    As vezes, vendo a vida dos outros mais velhos, percebo que os que vivem sem fazer nada por ter muito dinheiro, acabam se deteriorando muito, bebendo demais e pouco aproveitando, se tornando ranzinzas e chatos. (Obviamente, não todos, mas a maioria no meu círculo)
    Acho que o ideal para quem fica mais velho é continuar trabalhando, mas com cargas horárias cada vez menores e em profissões que atendam desejos internos de realização, só pra se manter.
    Não vejo como possibilidade passar o resto da vida viajando como alguns falam (pois viajar se tornaria sua profissão e, no fim, uma chatice). Ficar fazendo micro gestão de portfólio também não é para todos. O tempo gasto para precificar empresas, verificar e ler realmente os relatórios, tomar decisões e etc talvez não compense o tempo perdido, mas isso depende de cada um.
    "percebemos que muitas coisas que buscamos, fazemos e estudamos são para ganhar mais dinheiro" Cara, também percebi isso há algum tempo. Mais ainda no que tange a cursos. Vejo muita gente fazendo MBA só pra ter possível promoção, nem gostam do tema das aulas mas estão ali. Não sei se isso é proveitoso.
    Além disso, a primeira coisa que perguntam quando você está começando a estudar algo é o que você pretende fazer com isso, mas a maioria das atividades a pretensão é nula, é algo pra relaxar, um hobbie que queremos aperfeiçoar, não é, necessariamente, para ganhar dinheiro.
    Abs!

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    1. Eu quero fazer um curso só porque gosto do assunto: Economia Aplicada.
      Mas essa questão de estudar só pra ter evolução na carreira e ganhar mais é totalmente compreensível, graças ao mercado de trabalho medíocre que o Brasil possui, que exige cada vez mais pra pagar menos.
      Na maioria das profissões é difícil e demorado para se conseguir ganhar bem, o que em geral só acontece após anos de trabalho e formação continuada (quando acontece).
      Em resumo todo essa preocupação com formação e carreira/dinheiro ocorre principalmente principalmente pelo fato do mercado de trabalho brasileiro ser uma selva.
      E o pior é que mesmo com formação e profissionalismo é muito comum a perda de espaço para puxa sacos, sabotadores e alpinistas sociais.

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    2. Entendo o que você falou, Anon. Mas você deve fazer isso por que gosta (economia aplicada) não por que vai ganhar uma promoção com isso (pode até ganhar, mas isso seria uma consequência da sua evolução como profissional e não a finalidade explicita do curso). Você gastará seu tempo com esse curso, e não será pouco, ainda mais em especialização que demanda muito estudo e conhecimento técnico. Você vai deixar de de fazer coisas que gosta para estar estudando, é, praticamente, trabalhar um segundo turno, se não pior.
      Pode até ser que você esteja certo. Mas, por exemplo, vi gente que era analista que fazia MBA pois todo mundo fazia e isso era um pré requisito para cargos de chefia. A verdade, a maioria fazia MBA em faculdades "mais ou menos" (já que faculdades boas custam o olho da cara, vide Insper, mackenzie, entre outras... algumas chegando a 3k). No fim, todo mundo tava diplomado, ninguém tinha aprendido algo "útil" para aquela função que tinham e ficavam na mesma, pois a maioria das vezes o cargo de chefia demanda o famoso "puxa-saco", como você mesmo colocou. Esse puxa saco, nada mais é que o network forte e direcionado, que na maioria das vezes fica a cargo dos extrovertidos que não sabem tanto quanto os outros, já que essa (conversinha fiada, aprender a parte administrativa, etc..) é a carta na manga que eles dispõem. As vezes você estuda muito, vira um nerd introvertido no assunto e exímio conhecedor, mas não sabe conversar, não sabe mediar, não sabe dar ordens e nem delegar tarefas, não quer tomar responsabilidades e quer ganhar muito dinheiro, vai acabar sendo especialista pra sempre.
      "mercado de trabalho brasileiro ser uma selva" A vida é uma selva, infelizmente. Adaptação é a palavra chave. Adapte-se ou morra tentando kkkkk........

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    3. Esse curso que citei e que pretendo fazer não é especialização, é um curso livre EAD, e pretendo fazer nesse formato porque na cidade e região onde moro não há esse tipo de curso.
      Se eu gostar do curso e do formato EAD, talvez me anime a fazer de fato uma especialização. Esse curso vai servir como uma amostra.
      Sou servidor público e muitos servidores fazem pós graduações e cursos em geral para ter mais títulos e aumentar as chances de aprovação em outros concursos e processos seletivos ou dependendo do órgão onde você trabalha, aumentar o salário.
      Na área educacional (não é minha área) é possível ganhar um bom salário tendo formação continuada, chegando ao Mestrado por exemplo e dando aula de manhã e à tarde. Dependendo do Estado é possível ganhar um salário acima da média de muitas outras profissões.
      Porém mesmo no serviço público para obter funções gratificadas, remoções etc o "network" pode influir muito.
      Competência ou conhecimento muitas vezes estão longe de ser decisivos. Como também ocorre muitas vezes na iniciativa privada.
      Quando disse sobre o mercado de trabalho selva, me refiro as condições ruins, o custo x benefício ruim de várias profissões, pelo menos no início de carreira.
      Além das dificuldades para encontrar emprego ou passar em concurso, há toda a politicagem posterior, para muitas vezes ganhar mal, frente a um país cada vez mais caro para se viver.

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    4. Obrigado pelos comentários e pela discussão construtiva e interessante, Matheus e Anon.
      Anon, se você gosta do assunto, faça sim o curso. Economia é um assunto interessante, e pode ser que estudando você ganhe algum insight que te leve a ter outras ideias e te faça evoluir de alguma maneira. Se fazendo o curso você consegue aumentar seus vencimentos como servidor público, vá em frente.
      MBA, como o Matheus escreveu, realmente parece que só serve para talvez ser promovido, e acredito que tenha sido uma maneira objetiva que algumas empresas encontraram para selecionar pessoas para determinados cargos de chefia (ex: quem não tem MBA é logo cortado da lista).
      Eu gostei do que eu fiz, eu curto a vida de aluno. Nem tudo o que se aprende você vai aplicar no trabalho (e acho que nem tudo é de fato aplicável, tem muita coisa que é bonita no papel mas na realidade do trabalho não tem como, e acho que serve mais para "gurus" venderem livros). Acho que hoje o MBA é mais um "ritual" da "casta do colarinho branco". Dizem que o que é útil mesmo num curso desses é o network (odeio essa palavra), mas tenho minhas dúvidas.
      Acho que o Pobreta escreveu isso no blog dele: se você ler o livro inteiro do Gitman, de cabo a rabo, fazendo os exercícios, você tem um MBA de finanças (ao menos a parte teórica).
      E concordo que o mundo do trabalho é uma selva.

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  4. Disse tudo Mago, devemos utilizar o meio financeiro para gerar tranquilidade de vida e não ao contrario. Não podemos "deixar" de viver focando apenas em economizar (o que os youtubers provocam nesse meio). A vida é única e devemos aproveitá-la ao máximo. Nunca deixe de comer junto a família apenas focado da IF. A IF deve ser consequência de uma vida bem vivida.

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    1. Isso aí, Vini. Certas experiências de vida valem mais que dinheiro e se não aproveitamo-las, ainda mais por avareza, fica só o arrependimento.
      Abraço!

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  5. o dinheiro só é um fim quando falta dinheiro hahahahahah

    abs!

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    1. Exatamente! Nos esforcemos para que não falte dinheiro, nas vacas gordas e principalmente nas vacas magras, no verão e no inverno.
      Abraço!

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  6. Excelente reflexão, Mago.

    Nos meus investimentos eu procuro simplificar tudo, para mim apenas 2 coisas importam: Aporte e crescimento da renda passiva. Isso que vai me levar ao meu objetivo.

    Abraço.

    Colheita de Dividendos

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    1. Valeu, Colheita. Temos que aportar sempre que pudermos, e cultivar a renda passiva, mas sem deixar estas coisas consumirem 100% de nossos corações e mentes.
      Abraço!

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  7. Mago, concordo com o seu post, e adiciono mais um aspecto. A partir de determinado ponto, você pode dobrar o seu patrimônio que a sua vida não vai ficar muito melhor.
    Além disso, a maturidade e os aprendizados da vida deveriam nos mostrar que a felicidade e a satisfação estão na viagem, e não no destino. É um conceito clichê, mas que muitos acabam ignorando.
    Quando começamos a investir, acabamos tendo essa fase de querer só falar disso, e viramos quase fanáticos. Mas isso passa, pelo menos para a maior parte das pessoas.

    Sucesso,

    Abraço

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    1. Valeu, JD. Realmente deve ter um momento em que se alcança um "ponto ótimo", além do qual o patrimônio total não altera muita coisa na vida da pessoa e qualquer acréscimo é "perfumaria".

      O importante é a jornada, e uma das principais fontes de verdadeira felicidade na vida humana é a superação de obstáculos (as outras eu vejo como sendo a caridade e a alegria por ter criado algo - "joy of creation")

      Essa fase de deslumbre inicial, de se achar o bonzão só porque investe, acho que advém principalmente da visão que hollywood dá para os investimentos, que é a noção que a maioria das pessoas acaba tendo porque assistem filmes como "Wall street" e nunca investiram nada na vida, e aí acabam ficando com esa visão romântica do mercado, e quando começam a investir muitos acham que vão ser que nem os personagens desses filmes (cálculos complexos feitos de cabeça em segundos, olhar gráficos escabrosos e tirar insights geniais, etc. Coisas que só tem em filme mesmo)

      Abraços e sucesso!

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