quarta-feira, 25 de agosto de 2021

O que está acontecendo com as empresas de jogos?

Saudações, confrades!


Um assunto que vejo às vezes sendo debatido pela internet é a situação triste em que se encontra o mercado de jogos atualmente. Nos 80, 90 e até a primeira década dos anos 2000 era um mercado vibrante e que produziu muito valor. Alguns jogos  daquela época são jogados até hoje e muitos são sempre lembrados mesmo que quase ninguém os jogue mais.

Eu joguei muito Age of Empires (jogo até hoje, mas bem menos), Rollercoaster Tycoon (idem), Age of Mythology, Mario, Zelda, Sonic, etc. Todos estes que citei foram feitos naquela época e se tornaram franquias de sucesso, lançando jogos até hoje.

Mas de uns tempos para cá alguma coisa mudou e as empresas de jogos parecem ter perdido a maior parte de sua genialidade e criatividade. 



Está certo que o principal esporte praticado por nós, seres humanos, é reclamar de qualquer coisa. Mas é fato que muitas coisas mudaram para pior no mercado de jogos, comparando com aquela "época de ouro". 



Algumas empresas estão se tornando infames e parecem ter dado uma guinada de 180º em relação ao que eram antes. Creio que o maior exemplo disso seja a Blizzard, dona da franquia Warcraft. Recentemente houve o fiasco de Warcraft III - Reforged: um lançamento cheio de promessas, mas com uma entrega muito ruim (e que até onde sei não foi consertado até hoje, parece que foi abandonado). Outro fiasco desta empresa foi o controverso lançamento de Diablo Mobile (que decepcionou muitos fãs, que não queriam um jogo para celular, mas a Blizzard agora está focando no mercado chinês, onde os jogos de celular são mais populares). 

(ironicamente, mesmo com esses recentes fiascos e com o progressivo abandono de World of Warcraft, as ações da Blizzard vem subindo)

clique para ampliar. Créditos na própria imagem.


Uma coisa que me chama a atenção é que antes os jogos eram sempre vendidos completos. Você pagava o preço e comprava o jogo pronto (no máximo com alguns erros que eram corrigidos com patches que você baixava de graça no site da fabricante). Dependendo do jogo, as empresas lançavam pacotes de expansão, mas ainda assim o jogo original sempre vinha completo. As coisas eram assim e as empresas tinham lucro e prosperavam. O negócio dava certo. 

Será que hoje não dá mais certo agir assim?

Hoje em dia,  muitos jogos parecem ser vendidos nem na versão beta, mas na versão alfa, porque logo depois do lançamento já existem DLCs (pagos) para completar o jogo. Em alguns casos, o jogo vem incompleto mesmo, na cara de pau, como foi o caso de No Man's Sky e Cyberpunk 2077, provavelmente porque as empresas prometeram que lançariam o jogo em um prazo impossível de ser cumprido pela equipe de desenvolvimento (clássico caso do conflito entre o departamento de Relações Públicas e o de Operações - um promete o impossível e o outro é que tem que executar) e provavelmente têm vergonha de voltar atrás em suas palavras. 


Esse meme já ronda a internet faz alguns anos... 


Muitas das empresas adotaram também as infames mecânicas de Lootbox (que você paga para ter acesso a determinadas coisas no jogo, geralmente meramente cosméticas, mas às vezes coisas importantes) e Pay-to-Win (em que você paga para ter acesso às melhores coisas de um jogo, que fazem a diferença entre ganhar e perder). Com essas mecânicas de microtransações é como se você, além de pagar para comprar o jogo, ainda tivesse que ficar pagando um "aluguel" para continuar jogando. 

Será que o mercado de jogos mudou a ponto de hoje em dia se as empresas de jogos não fizerem isso elas simplesmente não lucram? 

Ou será isto mais um movimento explicável pela teoria dos jogos - "se a minha empresa não fizer isso, a concorrente vai fazer, e vai lucrar mais do que a minha, e vai poder investir mais e se tornar ainda maior, roubar minha fatia do mercado, etc.,etc."?

Acho que hoje em dia as empresas como um todo (não só as de jogos), mesmo as que são gigantescos monopólios ou que fazem parte de oligopólios, estão mais covardes e centralizadoras. Parece que mais nenhuma quer se arriscar com um produto novo (por mais que tenham bilhões em caixa para bancar fracassos), então acabam apostando em formas de ganhar dinheiro rápido e tirar o time de campo logo em seguida.

No caso das empresas de jogos, uma estratégia comum tem sido anunciar algum jogo novo prometendo um monte de coisas para gerar muita hype, fazer uma pré-venda para aumentar a empolgação do mercado, lançar o jogo (mesmo inacabado e cheio de bugs) , arrecadar a grana da venda, e então abandonar o jogo, praticamente ignorando a repercussão negativa. E partir para o próximo lançamento (e os trouxas continuam comprando...). Antes o negócio era focar em fazer um jogo muito bom e colher os frutos no longo prazo, caso o jogo fizesse sucesso e tivesse o potencial de se tornar uma franquia.

Não deixa de ser uma estratégia semelhante a de muitos IPO de empresas que ocorreram nos últimos anos.

Outra coisa em que eu acho que as empresas de jogos pisam muito na bola é que elas desperdiçam o potencial criativo dos fãs

Há dezenas de mods e hacks muito bem feitos de diversos jogos clássicos. Para alguns deles já existem até softwares dedicados para mods (como é o caso do Lunar Magic, para fazer mods de Super Mario World, e Banjo's Backpack, para fazer mods de Banjo-Kazooie) o que facilita muito o trabalho. 

Os criadores destes mods e hacks, na minha opinião, merecem ganhar dinheiro por seu trabalho, mas infelizmente é perigoso até mesmo montar um site para divulgar uma carteira de BTC ou uma conta no pay pal para receber doações dos jogadores das mods, pois as empresas donas dos jogos podem processá-los. Alguns projetos muito bons, como esta bela versão em 2D de Zelda Ocarina of Time, são forçados a fechar por ameaças de processos, mesmo que não sejam monetizados e os criadores não estejam ganhando nada com isso. 

Na minha opinião, as empresas de jogos estão perdendo uma excelente oportunidade de lucrarem com a criatividade de seus fãs. Porque não montam um market place onde os mods e as hacks possam ser vendidos legalmente, ficando a empresa com uma parte dos royalties? Que custo isso teria? A meu ver, seria "dinheiro de graça" para elas, e uma oportunidade de desenvolvedores independentes ganharem um dinheiro e divulgarem seus talentos.


Será que é por vaidade que a Nintendo não cria um market place para os fãs venderem suas próprias mods?


Com tantos vacilos que as grandes desenvolvedoras têm dado, será que o futuro dos jogos está nos "indie games"? Aliás, aí está uma boa ideia para trabalhar como autônomo... Quem sabe?

O que acham do assunto, confrades? 

Jogam algum jogo? Têm birra com alguma empresa desenvolvedora?

Forte abraço! 

Fiquem com Deus!




40 comentários:

  1. As empresas de jogos funcionam como qualquer grande corporação. Elas tem executivos remunerados bom base no desempenho financeiro e das ações da companhia, não dá tempo de construir uma estratégia de longo prazo, o cara precisa receber o bônus dele, então ele precisa maximizar as receitas para aumentar o lucro e gerar bons balanços que vão deixar a empresa bonita na fita.

    Depois de alguns anos ele pede demissão da empresa e troca ela por outra companhia e repete o processo.

    O longo prazo nas empresas é cada vez mais longe da realidade, os grande executivos pensam em bater um recorde de vendas no próximo trimestre, independente se uma outra estratégia mais cautelosa de curto prazo poderia permitir um lucro bem maior em alguns anos.

    A visão idealista de construir um bom produto que gere valor para a sociedade ou para os fãs (no caso da indústria do entretenimento) vai ficando cada vez mais de fora da realidade corporativa.

    Abraços,
    Pi

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    1. Sim, PI, hoje em dia as coisas são assim mesmo. Aparentemente não era assim na "época de ouro" que descrevi, mas sei lá, vai ver que não era assim só porque antes não havia os meios disponíveis atualmente.

      Você descreveu com precisão esta nova "casta social" dos nossos bizarros tempos modernos: o executivo parasita, que faz de tudo para dar um up nos balanços da empresa no curto prazo para recolher o máximo de bônus possível e dane-se o longo prazo e os clientes. Sinceramente, a remuneração dos executivos em geral precisa ser revista, pois gera esses incentivos perigosos...

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    2. Bom resumo da evolução da indústria de jogos.

      Realmente, estou lendo o livro "Comece pelo porquê" e na maioria das empresas é assim mesmo, o foco é no curto prazo, mesmo que isso prejudique a empresa no longo prazo.

      Cara lendo seu post me deu uma vontade de baixar o WoW de novo só pra ver como está, eu parei de jogar quando lançaram a expansão Legion, e já estava ficando chato o jogo com muitas missões repetitivas. No Mists of Pandaria foi que eles começaram a focar no mercado asiático, tinham belas paisagens, e o que eu mais gostava da Blizzard eram as cinemáticas, até o filme que eles fizeram ficou muito bom.

      Abs

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    3. Valeu, Bilionário. Obrigado por comentar no meu blog.
      Nunca joguei WoW, e só joguei warcraft III já adulto, e mesmo assim só a campanha do Reign of Chaos. Achei legal, mas ainda prefiro Age II e age of mythology.
      Mesmo assim, confesso que também tenho vontade de jogar WoW, mas em um servidor que rode o "Vanilla", sem as expansões ou só com as boas, pois também já ouvi muita reclamação de algumas delas. Mas me falta tempo, infelizmente.

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    4. Sim, eu na verdade sempre tive vontade de jogar quando era criança, mas não tinha acesso, e quando era adolescente eu estudava de manhã e de tarde e trabalhava de noite, depois na faculdade inverteu, trabalhava o dia todo e estudava de noite, então eu também só fui ter tempo para experimentar jogos depois da faculdade hehe já experimentei o warcraft também, é bem interessante, mas sem comparação com o WoW tem muito mais histórias, cada raça é um livro que você lê dentro do jogo, inclusive existem livros sobre o jogo mas nunca li eles.

      Abs

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  2. Mago
    Pelo visto vc entende muito de jogos!
    Minha contribuição aqui é dizer que naquela época eram poucos desenvolvedores e vivíamos um período de início de saltos nas tecnologias. Imagina: eu curtia muito aqueles jogos no atari. Daí vem o SNES, com imagens coloridas e gráficos disruptivos. Outro detalhe era que o público consumidor era menor e forma de consumir também. Hoje com internet e dinheiro virtual, fica mais propenso a colocar esses artifícios nos jogos.

    abrç
    Se bem que Mas como vc bem disse

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    1. Obrigado pelo comentário, C&P.
      Eu queria entender mais de jogos, estava até estudando pygame pra me motivar a aprender a programar, mas por conta do trabalho acabei parando (pretendo voltar).

      O que você disse pode mesmo explicar porque hoje em dia existem as microtransações. Mas mesmo assim, porque será que hoje em dia vendem os jogos incompletos? Porque não aproveitam o "free money" da venda de mods e hacks dos jogos?

      Acho que seu comentário saiu incompleto, tem uma frase incompleta no final.

      Abraço

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    2. Não era nada demais não. Acabei incluindo no texto mais em cima o que ia escrever em baixo, mas esqueci de apagar.

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    3. Mago, também gostaria de ir para essa área de jogos, porém a vida sempre me empurra para outros destinos.

      Quanto as microtransações é porque os jogadores ficaram mais casuais, esse costume veio dos jogos de celulares, onde mulheres, como sempre são sem paciência e não sabem o valor de nada, gastavam dinheiro para passar de fase e com itens cosméticos. O novo contra para celulares é assim mesmo, pague para passar.

      As empresas vendo a infantilidade dos jogadores empurraram essa modalidade para os de consoles e pcs e viram que deu muito certo, pois o mundo gamer foi invadido de vadias também e onde tem vadias, tem manginas para aceitar tudo o que elas falam, foi mais fácil ainda de implementar.

      Sem falar na facilidade de estar sempre atualizando para empurrar mais coisas pagas pois não precisa mais fabricar nada físico, tudo é online.

      Abraços!

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    4. Tudo bem, Pobre Sofredor?
      Realmente a possibilidade de jogar jogos mais elaborados no smartphone abriu as comportas para a chegada das microtransações. A ausência de mídia física também é uma boa explicação para a posse do jogo ter sido convertida em um aluguel - não pagou a mensalidade, não recebe atualização e em pouco tempo não consegue mais jogar. Aliás isso é um excelente motivo para não ter aparelhos "smart" (ar condicionados, geladeiras,etc.) e para nunca transformar uma casa em "smart home" ligada à internet. Imagina só você perder acesso às suas coisas porque não pagou uma mensalidade ou porque a internet está com sinal ruim...

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  3. só jogo jogo velho em emulator
    esses problemas não existem na minha vida
    https://obscult.blogspot.com/2021/08/jogo-ps1-harmful-park-1997.html

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    1. Tudo bem, Scant? Eu também não tenho esses problemas.
      Até hoje jogo age of empires II pelo site da steam (não estou nem aí para o age of empires 4 que vai ser lançado ou lançou agora, nem sei), e de vez em quando jogos de super nintendo e nintendo 64 no emulador mesmo. Só quis escrever sobre isso porque achei um fenômeno digno de ser observado e que pode vir a ser um estudo de caso interessante. Mas claro que também acho ruim e triste ver empresas outrora boas se deteriorando...

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    2. gostei do post

      tenho nojo do mundo atual, em especial da indústria de games, da farmacológica e... nossa são quase todas :)

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    3. É, o mundo não está nada fácil mesmo. Tem que ter muito discernimento pra não ficar maluco hoje em dia.

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    4. "tenho nojo do mundo atual, em especial da indústria de games, da farmacológica e... nossa são quase todas :)"

      E em que época o mundo foi uma Maravilha?

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    5. Pois é, Anon. O mundo nunca foi uma "Maravilha". Cada época tem o seu problema, e não podemos sentir as dores das outras épocas, só conhecemos a dor do nosso tempo. Acho que, enquanto antigamente o desconforto e a dor eram mais ligados ao lado físico (havia mais escassez, mais doenças, mais fome, etc.) hoje em dia o desconforto é moral, espiritual e mental (veja que o número de doenças mentais - depressão, neurose, ansiedade, etc) só aumenta).
      Falando só de finanças, trabalho, etc. eu ACREDITO que, apesar dos pesares, antigamente era mais fácil uma pessoa se virar e ganhar a vida honestamente. Hoje em dia parece que para onde quer que olhemos, tem uma regulação nos impedindo de empreender, ou um oligopolista dominando o mercado e esmagando os pequenos empreendedores usando para isso o aparelho estatal, e por aí vai. Mas essa é só a minha opinião, baseada na minha experiência de vida até o momento.
      Mas, sim, o mundo nunca foi fácil.
      Sempre tem um FDP querendo atrapalhar os outros, em todas as épocas da humanidade.

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    6. Uma coisa é olhar pro passado 20, 30, 40 anos atrás, outra coisa completamente diferente é analisar um contexto amplo.
      É muito comum na internet vermos pessoas reclamando do hoje. Que é hoje é tudo difícil, que hoje a violência é muito grande, novas doenças aparecendo, instabilidade política, dificuldade em se ganhar dinheiro e ascender socialmente etc etc.
      Brasil: Até o começo dos anos 90 o Brasil vivia numa inflação ridícula, poucas pessoas do "povão" tinham telefone em casa, poucos compravam carros 0km ou seminovos, poucos viajavam de avião, compra de mercado tinha que ser feita quando se recebia o salário ou então no fim do mês você compraria no máximo uma lata de sardinhas como o mesmo dinheiro.
      O analfabetismo era alto, no interior do país muitos ainda não tinham acesso a energia elétrica entre outras tantas questões.
      Apesar da deterioração dos últimos anos em termos econômicos, penso que na média a situação melhorou bastante ou não?
      Em termos globais: Escravidão era normal até o fim do século 19, até 1945 houveram duas guerras mundiais, fora os crônicos conflitos regionais, ao longo da história em todos os pontos do planeta em todo o tipo de grupamento humano, os conflitos e dominações sempre foram comuns.
      Desde a idade antiga, até o século 18 ou 19 as bárbaries eram regra e de modo geral as populações que não faziam parte da nobreza e algumas categorias mais abastadas, viviam de forma precária apenas pagando impostos.
      Doenças e epidemias eram disseminadas facilmente graças a falta de saneamento básico e problemas hoje simples podiam e eram muitas vezes fatais.
      Nas dominações realizadas em diversas partes do mundo durante toda a história, torturas, estupros e afins eram "normais".

      Doenças mentais e problemas psicológicos: Até a década de 70 pessoas tidas como loucas eram tratadas de forma pior que animais em hospitais psiquiátricos e muitos desses loucas nem tinham de fato problemas psiquiátricos, eram apenas pessoas abandonadas a própria sorte (pesquise aí, saúde mental, manicômios do passado e tire suas conclusões).
      Hoje se diagnostica mais, talvez até de forma exagerada, mas se diagnostica mais, até algum tempo atrás "ninguém" ia a médicos, problemas emocionais eram problemas de nervos...
      Disputa por poder, vaidades, interesses são inerentes ao ser humano, sempre existiram, é muita ingenuidade acreditar que no passado era diferente.

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    7. Mortalidade infantil já foi bem maior que hoje.
      Direitos trabalhistas são um conceito relativamente novo, inclusive crianças trabalhavam com adultos inclusive em ambientes insalubres e esse tipo de trabalho de risco em geral era realizado sem medidas de segurança.
      Casamentos eram arranjados até a primeira metade do século 20, muitas pessoas não tiveram com escolher seus maridos ou esposas, nem puderam sair de relações doentes.
      Foram comuns execuções em praça pública.
      Entre tantas outras questões.


      Hoje alguns desses problemas permanecem, outros foram atentados e alguns novos surgiram.
      Mas na média, creio que houveram muitos avanços importantes.

      Não trocaria o hoje para viver nos séculos passados.
      Muita das inquietações de hoje se devem aos excessos de informação, exposição e conectividade.
      Coisas que em mutos casos podem ser resolvidas com algumas mudanças de hábito.
      Alimentação e fatores genéticos também contribuem, de toda forma hoje até sobre isso há informações, que devem ser peneiradas, mas existem.
      E no passado?

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    8. Sobre regulação de mercado: Isso depende de cada País e/ou região cidade etc e da atividade na qual se pretende atuar.
      Mas no caso brasileiro isso não é algo novo, a maioria das burocracias existem a décadas.
      Num passado não muito distante, muitas pessoas enricaram com imóveis, era um investimento comum, que foi alavancado pelo crescimento das cidades brasileiras em especial entre os anos 40 e começo dos 90, período onde houve uma verdadeira explosão demográfica e grande crescimento e diversificação econômica em comparação ao que ocorria até os anos 30.
      Áreas como comércio e até o setor industrial também cresceram na caro a desse de fenômeno.
      Hoje não há esse crescimento em quantidade, o macro foco deve se o crescimento qualitativo e inclusão de pessoas na economia.

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    9. Também vale lembrar que práticas como Cartel e obsolescência programada são conceito s já antigos.
      Pesquise caso Phoebus da década de 1920.
      Só pra complementar a questão de subjugação no passado vou citar apenas um exemplo: pesquise escola kamloops.
      Será que foi um caso isolado?

      Será que tudo que as pessoas atribuem como sinais do fim do mundo, não acontecem continuamente de diferentes formas desde o início da vida em sociedade?

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    10. Ainda sobre economia/negócios. Vou citar dois exemplos de casos ocorridos no Brasil nas décadas de 1950 e 1960:
      Pesquise a história da Panair e a importação de ônibus FLxible pela Expresso Brasileiro e depois diga que era melhor no passado...
      Vale lembrar ainda de todo o Marketing feito em torno do cigarro e do ato de fumar durante décadas, mesmo com alguns estudos já salientando que o consumo desse produto poderia causar graves problemas de saúde, há documentários a respeito.
      Voltando mais ao passado pesquise sobre Leopoldo II da Bélgica e como fez sua fortuna.
      Tire suas conclusões.
      Muito dos problemas ambientais e sociais que temos até hoje vem como heranças de atitudes de pessoas que viveram em gerações passadas, bem lembrar disso também, lógico entendendo que essas pessoas tinham outra visão sobre sociedade, negócios, a vida etc.
      Enfim já me alonguei demais e há outros exemplos que poderia citar em outras áreas, mas fica a reflexão.
      Está tudo tão ruim hoje? Já foi muito melhor que isso em algum ponto da história?
      O que acontece de ruim hoje são sinais do fim do mundo, coisas ruins como nunca houveram antes ou apenas um filme repetitivo que segue desde tempos imemoriais?

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    11. Obrigado pelos comentários, anon.

      Li as histórias que você sugeriu.

      Tudo o que você escreveu coaduna com o que eu escrevi no meu comentário acima: antigamente o desconforto MATERIAL era bem maior do que hoje em dia.

      Atualmente temos MUITO conforto. Se compararmos com a época em que nossos avós eram jovens, por exemplo, estamos muito bem (luz elétrica, água encanada, gás de cozinha, telefone, internet, facilidade para comprar coisas, fretes rápidos, acesso a informação, cirurgias com anestesia, acesso a insulina para os diabéticos, acesso a remédios e vacinas para diversas doenças que antes matavam muita gente, etc.).

      Me arrisco até a dizer que, em relação a algumas coisas (principalmente em relação à velocidade das informações e à facilidade de comprar coisas), podemos ter chegado a um ponto em que temos conforto demais, o que está nos tornando fracos, mimados, egoístas, imediatistas, preguiçosos, etc.

      Mas isto é assunto para outro dia.

      Repetindo o que falei, hoje em dia os grandes problemas são de ordem MORAL e ESPIRITUAL.

      Em meio a todo este progresso material das últimas décadas, alguma coisa se perdeu. Não sei bem colocar isso em palavras, é algo que simplesmente sinto e me deixa inquieto, e sei que não sou o único a pensar assim. Minha dor é amplamente compartilhada.

      Acho que todos nós nos tornamos menos humanos, apesar de alguns avanços sociais (por exemplo, a proibição FORMAL da escravidão na maior parte do mundo - formal porque em muitos casos a escravidão só mudou de nome).

      Eu sei que é normal glorificar o passado: não é de hoje que o passado é visto como uma época "gloriosa e dourada".

      Veja por exemplo, na Ilíada, composta muito tempo antes da vinda do Cristo. Homero fala, nos versos 445 a 449 do poema épico:

      "...Heitor de uma pedra tomou que se achava na frente da grande porta, achatada na base e de ponta afilada. Dificilmente dois homens do povo, dos mais esforçados, conseguiriam movê-la do chão e depô-la no carro - homens dos de hoje."

      Repare que naquela época Homero já se lamentava dos homens estarem mais fracos do que aqueles de um passado ainda mais remoto.

      Fico imaginando o que Homero diria dos homens de hoje em dia (de mim inclusive, não estou acima dos homens de nossa época)...

      Ainda falando da Ilíada: o rei Agamenon foi o causador da tragédia que caiu sobre os gregos na guerra de Troia, pois foi ele quem tomou à força a mulher que Aquiles escolheu como espólio de guerra (Briseide), fazendo com que o lendário guerreiro se recusasse a continuar lutando pelos gregos e suplicasse a Zeus para que fosse vingado - tendo sido atendido, com Zeus favorecendo os troianos até que Agamenon reparasse seu erro (e no fim ele repara). Ou seja, Agamenon foi um grandíssimo FDP, mas, mesmo assim, lendo tudo o que ele fez naquela guerra, vejo que ele, como líder, ainda dá de mil a zero em absolutamente todos os políticos de nossa era (muito mais preocupados com a própria carreira do que com o povo que foram eleitos para servir). Se é para ter um Estado, eu sinceramente prefereria ter Agamenon como rei do que qualquer outro zé-ruela que temos hoje em dia, por mais "bonzinho", "pacifista", "defensor da natureza" e "defensor da democracia e dos direitos" que tal zé-ruela FINJA ser (porque são todos dissimulados e mentirosos, que só se importam consigo mesmos e talvez com seus comparsas).

      Eu acho que a glorificação do passado tem um fundo de verdade. Certa vez li por aí uma teoria que para mim fez bastante sentido: estamos cada vez mais longe de Deus. Desde a Queda do Homem, vamos nos afastando cada vez mais da nossa Origem, e isso de certa forma nos deteriora. Claro que em todas as épocas houve homens desprezíveis e homens virtuosos, mas acho que a distância cada vez maior da Criação vá dificultando a nossa situação com o passar das eras - talvez como um fabuloso mecanismo que Deus criou para servir de contrapeso ao conforto que o progresso científico eventualmente traria... quem sabe?

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    12. Você falou das situações precárias de infraestrutura que eram bastante ruins antigamente e que ainda persistem em vários lugares do Brasil.

      Eu enxergo isso de outra maneira: tomo como exemplo meu avô materno, filho de um imigrante espanhol que chegou aqui sem nada no bolso. Esse meu avô trabalhou a vida toda em algo que até hoje é visto como um emprego ruinzinho: vendedor de mercearia (se fosse hoje em dia ele seria caixa de um mercadinho de bairro). Provavelmente ele tinha luz elétrica e água encanada, mas certamente não tinha telefone (usava o de um vizinho, o único da rua que tinha telefone na época), nem plano de saúde e nem diversos confortos que temos hoje em dia. Ainda tentou montar seu próprio armazém e foi enrolado pelo "sócio", perdendo o pouco dinheiro que tinha. Mesmo assim foi capaz de, sozinho, sustentar a esposa (mulheres praticamente não trabalhavam formalmente na época - embora provavalmente minha avó contribuísse um pouco costurando roupas) e criar 5 filhos. Além disso ele morava numa casinha com quintal (acho que alugada, mas lembre que ele era "apenas" um balconista de mercearia) e, a partir de certa época, tinha um carro. Ou seja, apesar da infraestrutura precária e todas as dificuldades de sua épcoa, ele prosperou. Alguém na posição dele hoje em dia (um caixa de mercadinho) dificilmente conseguiria (ou não conseguiria, at all) fazer as mesmas coisas que ele conseguiu fazer. Eu não sei se eu consigo criar 5 filhos e ainda ter uma casa com quintal e um carro, e meu emprego é comparativamente "melhor" do que o dele. Sinto que essa possibilidade cada vez mais se torna remota.

      Falando só da parte material: ganhamos, sim, alguns confortos materiais, mas perdemos muito do valor do dinheiro, perdemos muito poder aquisitivo.

      É como algum anônimo já escreveu aqui no blog há um tempo: antigamente bastava poupar uma parte do salário para ter alguma tranquilidade. Hoje em dia, a não ser que você ganhe muito, mas muito mesmo, você tem que poupar uma parte do salário, entender alguma coisa de finanças, ter um negócio informal paralelo ao emprego, ser capaz de se virar em mais de uma profissão, e tudo isso para TALVEZ, QUEM SABE, ter alguma tranquilidade, que dirá conseguir sair da corrida dos ratos.


      Os desconfortos morais e espirituais de nossos tempos são vistos diariamente na decadência geral ligada aos domínios abstratos do Mundo das Ideias: a música está decadente (veja o tipo de pessoa que faz sucesso hoje em dia na música), a arte está decadente (veja o lixo que chamam de "arte moderna"), a literatura está decadente (sem comentários), os estudos acadêmicos de todas as áreas estão decadentes (há inúmeros exemplos de trabalhos inúteis e até mesmo potencialmente destrutivos, principalmente no domínio das ciências humanas). Até os "grandes homens" (inclusive os ruins) de nossa época são uma sombra dos "grandes homens" do passado.

      Como tudo o que existe aqui, na Matéria, nasce primeiro no Mundo das Ideias, e este encontra-se poluído, a sujeira invariavelmente vaza para o mundo material.

      Com isso, hoje em dia a sociedade está abertamente glorificando coisas imorais (0nly f@ns, @shley m@dison; diverso(a)s streamers da tw1tch; várias polêmicas e escândalos de nossas "celebridades" atuais; filmes que glorificam vilões; músicas que glorificam bandidos; e por aí vai)


      Enfim, tudo o que eu quero dizer é difícil pôr em palavras, mas eu sinceramente acredito que todo o conforto material que foi conquistado com o progresso científico não compensa, nem de longe, aquilo que já há um bom tempo vemos perdendo ao longo deste caminho. Isto me entristece. Eu tento viver uma vida o mais próximo possível do que considero o ideal e tento me afastar o máximo que posso da decadência do mundo. Acho que todos deveríamos fazer isso.

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    13. Aí que está. Vejo toda essa questão por um outro ponto de vista.
      Pegando a história antiga relacionada a bíbila, Jesus Cristo veio ao mundo para trazer a Boa Nova.
      Veio para trazer uma nova perspectiva, diferente do padrão que existia até aquele momento, ou seja, até pelo ponto de vista histórico/Cristão, a situação da sociedade em geral já não era satisfatória.
      Não acredito que na média as sociedades do passado eram mais Morias que as mais recentes e a atual. Padrões morais mudaram ao longo do tempo, mas não vejo essa superioridade.
      As questões que afligiam moralmente, filosoficamente e até espiritualmente as pessoas da idade antiga e média eram em regra praticamente as mesmas de hoje.
      No cenário em que Jesus esteve presente, ele perdoou pecadores que nele crêram, curou doentes que eram isolados do restante da sociedade porque era comum associar doenças a problemas espirituais, expulsou maus espíritos, focou sua atenção em todo o tipo de perfil de pessoas que na época eram consideradas inferiores, criticou o comportamento de religiosos da época.
      Ou seja, percebemos facilmente um cenário, moral e espiritual tão conflituoso como o de hoje.
      Jesus acabou sendo crucificado porque representava um perigo a ordem social da época, crucificação essa apoiada por boa parte da população local descrita pela Bíblia.

      Fora isso posso citar o exemplo do Império Romano que ruiu de dentro para fora pelos mesmos problemas que acometem as administrações atuais, num misto de interesses, vaidade, traições, desordem etc etc etc
      Volto a repetir. Será que as diferenças são tão grandes?
      Hoje os problemas que você considera maiores são o Moral e o Espiritual. Isso que descrevi não tem fundo Moral e Espiritual se vermos a situação pelo mesmo ponto de vista?

      A Escravidão não foi apenas um problema social. Foi também uma questão Moral, com implicações Espirituais. Ou acha a escravidão algo Moral e digno de espíritos elevados?

      Você acha que tudo que eu citei é realmente condizente com pessoas próximas a Deus?

      A História geral é feita de altos e baixos em todas as civilizações. Houve épocas superiores a hoje em alguns quesitos e piores em outros.
      Tempos de Guerra e de Paz.
      Mas acho a glorificação exagerada do passado um misto de fantasia e fuga da realidade, fuga do agora, até porque não temos mais o tempo que passou, temos só o hoje.
      É até um "pecado" essa crítica exagerada ao presente. A vida é o presente.


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    14. "Repare que naquela época Homero já se lamentava dos homens estarem mais fracos do que aqueles de um passado ainda mais remoto." não acho que é uma lamentação pelo enfraquecimento do povo

      Heitor vinha de uma linhagem que descendia de Zeus; então era natural que ele fosse mais forte; assim como outros heróis da época que eram semi-deuses

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    15. "Agamenon foi um grandíssimo FDP" - agamenon matou a própria filha (sacrifício humano para os deuses, pelo menos os políticos de hoje preferem roubar a matar o próprio filho

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    16. Sobre Infraestrutura, Trabalho e Degradação Cultural.

      Infraestrutura e Trabalho: O exemplo do seu avô é comum, muita gente no passado tinha vários filhos e os criava com um emprego simples.
      Na minha família tenho exemplos disso. Mas a vida era mais limitada também, ganhava-se pouco, mas as apirações eram muito pequenas. Quase ninguém das classes menos abastadas almejava algo além do básico, as pessoas no geral sabiam que não teriam chance significativa de progresso.
      O cidadão casava, tinha vários filhos, trabalhava para comprar comida e produtos básicos como roupas e pronto.
      Não se viajava, ninguém tinha carro, não se tinhas aprelhos eletrônicos, não se frequentava praticamente nenhuma atividade recreativa ou de lazer paga, as mães faziam as roupas dos filhos, os filhos mais velhos quando com certa idade trabalhavam para ajudar a bancar as despesas de casa, poucas eram as pessoas que estudavam além do 1ºgrau ou 2º grau incompleta, faculdade então nem pensar, curso técnico não.
      Ou seja se gastava só com o básico, assim em regra era a vida das classes menos abastadas.
      Na época ao menos boa parte desses conseguiam uma casa para morar, mas mesmo assim em muitas cidades médias e grandes do Brasil as sub moradias já começavam a se alastrar. Já começavam os bolsões de pobreza.
      Se pesquisar sobre favelização e déficit habitacional constatará isso. E baseando-me nas histórias que conheço pessoalmente, o que ajudou as família da época foi o fato de trabalharem na roça e produzirem parte de seus sustentos porque se fosse nas cidades, não sei não se teriam êxito.
      Já faz um tempo que os imóveis no Brasil estão com preçoas além das possibilidades da maioria da população, e como acontece principalmente desde a década de 1970, planos governamentais atenuam esse cenário.
      Nesse quesito ainda há o que se melhorar, porém o problema maior é renda média do brasileiro que é baixa e não deve evoluir significativamente tão cedo.
      Além disso temos a especulação imobiliária que sempre existiu e se faz mais visível em cidades/regiões valorizadas. Mais recentemente e daqui pra frente deve haver com mais força a especulação imobiliária rural.
      Terras devem ficar cada vez mais caras em especial obviamente terras de boa qualidade.

      Mas vejo também outro ponto de vista: Se no passado desde o fim da escravidão tivesse havido planejamento com relação aos escravos libertos e as famílias que viriam dalí, a situações hoje não estaria um pouco melhor?
      Idem para o crescimento desordenado e descontrolado da população até a década de 1980. Tudo isso tem consequências que são pagas depois.
      Alguns problemas de hoje começaram lá atrás.

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    17. Degradação Cultural. Esse é um aspecto que concordo mais com você.
      Vamos lá. Essa situação musical, audiovisual e "internética", em termo de história geral é algo novíssimo.
      Vamos por partes: Durante a maior parte da história da humanidade a cultura e o acesso a informação estavam reservados a apenas uma pequena parcela da população. A maioria esmagadora das pessoas não tinha acesso nenhum ou tinha acesso precário a informação e a cultura.
      No passado houveram ao longo da história grandes pensadores, grandes escritores e autores das mais variadas vertentes da literatura, filosofia e até mesmo da música.
      Mas ao longo dessa mesma história quem pode usufruir de tais obras?
      Quem de fato podia analisar e aprender com tais conteúdos?
      Fora que em muitos períodos da história antiga e média e até mesmo moderna muitos dos autores de tais obras forma perseguidos pelos conteúdos que produziam. O valor de seus trabalhos só foi reconhecido muito tempo depois de suas mortes.
      Fato esse que também ocorreu com pintores.
      Os artistas reconhecidos em seu tempo geralmente estavam a serviço das elites de suas respectivas épocas.
      Hoje eu ou você podemos ter acesso a músicas, livros, biografias que jamais se quer saberíamos da existência se fossemos pessoas comuns de outras épocas.

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    18. Fico feliz vendo que um post sobre videogames se tornou uma discussão filosófica. Realmente a blogosfera é um dos últimos redutos de conversas sérias na internet.

      Scant: EU acredito que esse trecho realmente mostra uma insatisfação do Homero, por causa do "(...) - homens dos de hoje" no fim do verso (ele não precisava ter falado isso, mas falou).
      E eu não coloquei na citação, mas Heitor levantou a tal pedra porque Zeus naquele momento a fez mais leve (aliás, muito do que Heitor fez na Ilíada foi mais porque Zeus favoreceu os troianos para ajudar na vingança de Aquiles do que por méritos próprios, pelo menos foi a sensação que tive ao ler - por exemplo, ele só conseguiu matar Pátroclo "na trapaça", porque o deus Apolo tirou a armadura dele no meio da luta).

      Além disso, há outros momentos, espalhados ao longo do poema, em que ele faz comparações dos heróis da guerra com Hércules, no sentido de que por melhores que Aquiles, Diomedes, os dois Ajazes, Agamenon, Menelau, etc. fossem, Hércules era ainda melhor.

      Pelo visto até o "sangue divino de Zeus" nas veias dos heróis semi-deuses estava ficando mais ralo com o tempo...

      Anon: mas é óbvio que escravidão não é coisa de espíritos elevados. Quem disse que era? Hoje em dia ela é proibida formalmente, mas na prática ainda existe em alguns poucos lugares uma escravidão "à moda antiga" (pessoas literalmente escravizadas, acorrentadas, chicoteadas, etc. em uns rincões do mundo) e em muitos lugares existem outras formas de escravidão (que só não são chamadas de escravidão, mas na prática são - o exemplo mais comum é o das sweat shops).

      "a história é feita de altos e baixos, guerra e paz" - sim, e estamos numa época de baixa, ou então na descendente. E já vivemos uma guerra, em diversos fronts.

      "Antigamente as pessoas também eram imorais e etc." - concordo, inclusive eu disse isso no meu comentário, em todas as épocas houve homens desprezíveis e homens virtuosos.

      A questão é que eu acredito (sou Kardecista) que a quantidade de pessoas ruins aumentou em relação a outras épocas, muito provavelmente porque estamos passando por uma transição, e esta deve ser a última chance que muita gente tem para se redimir antes da transição ocorrer - então, por causa disso, "as comportas se abriram".

      Por outro lado, o lado bom de estarmos numa época de baixa ou na descendente é que depois vai vir uma época de Ascenção.

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    19. Anon:
      Sobre a especulação imobiliária - eu tenho uma opinião dividida em relação a isso. Já vi defenderem porque supostamente ela ajuda na "liquidez" do mercado de imóveis, mas por outro lado eu acho que ela faz muito mais mal do que bem, pois contribui para tornar os preços dos imóveis inacessíveis para a vasta maioria das pessoas. Já cheguei a ter uma conversa sobre isso com um colega de trabalho em que ele me disse uma coisa que achei absurda (isso em 2015-2016): "o mercado de imóveis em alta é sinal de desenvolvimento e progresso"
      - na minha opinião, desenvolvimento e progresso seriam se fosse possível que todos tivessem acesso à casa própria sem precisar se endividar (mas sem coerções estatais).

      Não são só as casas, eu vejo praticamente tudo ficando mais caro e sem os salários aumentarem na mesma proporção (só aumentam o crédito). Uma hora isso vai estourar, porque as pessoas eventualmente vão ter que consumir menos, por estarem muito endividadas e por causa da precarização dos empregos.

      "Os artistas reconhecidos em seu tempo geralmente estavam a serviço das elites de suas respectivas épocas." - A elite daquela época (por exemplo, aquelas famílias italianas famosas do Renascimento, os Médici, Borgias, etc) pelo menos teve isso de bom: o bom gosto. E, ao patrocinar os pintores da época, de certa forma colaborou para que fosse dada uma contribuição "intangível" - o embelezamento de suas respectivas cidades, o que perdura até hoje e traz efeitos psicológicos benéficos para quem vive nelas, além de ter inspirado muitos outros artistas. A elite de nossa época tem muito mau gosto. Ela é "elite" só no dinheiro mesmo, porque de resto...

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    20. Mago.
      Vim aqui com muitos exemplos e argumentos de diferentes áreas e épocas porque acredito sinceramente como disse mais acima que há um exagero, uma visão rasa e até uma certa injustiça histórica em afirmar categoricamente como o hoje sendo pior que o passado.
      Quando pra mim o mais real é que como você mesmo citou há altos e baixos ao longo da história.
      Não sabia que você era espírita, eu não sou, mas pelo pouco que talvez saiba sobre o tema e se estiver errado pode me corrigir, se há muitos espíritos tentando se redimir é por algo que foi feito no passado.
      No passado que muitos julgam melhor.

      Pra finalizar a questão cultural, realmente do fim dos anos 90 pra cá houve um nítido empobrecimento cultural praticamente generalizado.
      Focando no Brasil, a música foi o maior exemplo desse empobrecimento, a ascensão das músicas exaltando a sensualidade e o estilo "vida loka" se fortaleceram e proliferaram, passando por Axé Music, Rap, Funs e até mesmo Pagode.
      Mas há público, se há público, haverá alguém para lucrar com esse público. A música é empresariada a décadas, é um grande negócio que vem desde a fase romântica da música. Com seus problemas escândalos abafados etc etc etc.
      Isso fica evidente em biografias de cantores desde a década de 1940. Inclusive de cantores brasileiros.
      A música também teve sua vertente "transgressora" e "rebelde" bem explorada, desde o início do Rock e suas vertentes tanto nos EUA como na Europa (Inglaterra como grande expoente), dessa semente transgressora e rebelde foi perdida a mão, o bom senso se é que podemos dizer assim e foi havendo um empobrecimento de qualidade musical, letras, arranjos, linguagem e mesmo grosserias e apelações gratuitas se tornando regra.

      Veja um exemplo: Ronnie Cord gravou a música Rua Augusta em 1963, na época ele narrava ter descido a Rua Augusta a 120km/h dirigindo de forma irresponsável porque segundo ele quem era de sua gang não tinha medo.
      Isso era rebeldia musical naquele momento.
      Veja que já existia para aquele padrão algo transgressor.
      Houve uma evolução (no mau sentido) disso.
      Enfim é sua mais uma curiosidade mesmo.
      Acho que expliquei o meu ponto.

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    21. Me desculpe por tantos comentários que encheram seu blog.
      São temas muito extensos e difíceis de serem resumidos sem perder qualidade e sentido.

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    22. De fato o passado é muito romanceado. Isso é feito desde os tempos de Homero, no mínimo.
      Mas isso provavelmente ocorre porque não conseguimos vivenciar os problemas das outras épocas, apenas imaginamos as partes boas.

      Não se preocupe com os comentários, pois são os comentários que dão vida aos blogs. É bom quando alguém comenta e começa uma discussão produtiva e saudável. Na próxima vez que comentar por aqui, diga que você é "aquele anon dos comentários do post sobre videogames" ou algo assim.

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  4. Belo post, Mago. Mas ainda há muitas empresas que respeitam e beneficiam o consumidor.

    A Valve, por exemplo, faz promoções insanas na Steam e a Epic Games vive dando games de graças (alguns realmente excelentes). Só compro jogos indie baratos. Nem faço mais questão de jogo AAA.

    Games como Bloodstained Ritual of The Night, Hollow Knight e afins dão um pau em muitos jogos AAA.

    Basta ignorarmos os games de empresas lixos como EA.

    No fim das contas a escolha é do consumidor. Se as pessoas ainda continuam comprando jogos lixos e enchendo o caixa das empresas pq elas deveriam parar com isso?

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    1. Obrigado, Zumbi.
      Já há algum tempo escuto falar bem da Valve e da Epic Games.
      Os jogos Indies têm dado de 1000 a zero em muito jogo AAA, pelo menos nos últimos 5 anos.

      "ignorar empresas lixos como a EA" >>> pois é, eu não compro nada da EA há muito tempo (Acho que a última vez foi lá pelos meus 14, 15 anos) mas isso não é triste? A EA já fez muita coisa boa (Sim City, principalmente) e agora ficou decadente. É triste ver uma coisa que era boa se tornar ruim, você não acha?

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  5. único jogo que jogo eh quake2. Único que comprei.
    Todos os outros que já experimentei baixei na internet quando eram abandonados. Mas não curti nenhum outro.
    Prefiro o meu velho quake2.

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    1. Valeu pela contribuição, Adpenac.
      Eu penso parecido: me basta o Age of Empires II, com suas infinitas mods disponíveis na própria Steam, e alguns jogos de SNES e N64 que tenho no emulador (nem tenho tanto tempo para jogar, mesmo). Não preciso comprar jogos novos.

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  6. Concentração de mercado e acomodação das empresas explica muito do que você descreveu.

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    1. Concordo, anon. Isso é uma das explicações, com certeza. Sempre que surge uma concentração dessas, as empresas se acomodam, afinal, nenhum concorrente tem força para derrubá-las. O bom disso é que eventualmente elas enfraquecem e são substituídas por outras, ou então tomam jeito quando contemplam o próprio enfraquecimento.

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