quinta-feira, 27 de maio de 2021

Iniciando minha carteira de investimentos - parte 4 - FIIs

 Salve, salve, confraria, vamos ao penúltimo post desta minha série sobre a montagem de minha carteira de investimentos.

FIIs são uma classe muito boa de ativos por conta da renda passiva que eles geram e pela oportunidade de diversificação que eles representam, pois possibilitam pessoas comuns como nós terem acesso ao investimento em imóveis e à renda de aluguéis, coisa que em outras épocas só seria possível sendo rico o suficiente para gastar alguns milhões e comprar galpões logísticos  e prédios comerciais. 

De pouco em pouco vamos comprando quotas e aumentando a tão desejada renda passiva (que deve ser reinvestida, e não gasta, exceto em emergências, senão o bolo não cresce!).

Dito isto, acredito que:

- nos FIIs, semelhante ao que ocorre nas ações, devemos buscar comprar valor, e não apenas buscar aluguéis altos;

- devemos ler os relatórios dos gestores e os estatutos e contratos dos fundos (por exemplo, tem fundo que paga aluguéis altos, mas se formos ver no contrato, isso não está vindo dos inquilinos: o fundo está tirando dinheiro de seu caixa - isso é uma situação artificial e temporária para atrair quotistas.) 

- outra coisa importante é ficar atento ao prazo dos contratos de aluguel, para não ser surpreendido. (por exemplo, tem um fundo com um inquilino excelente que paga um aluguel altíssimo, aí você se anima e compra algumas cotas e não percebe que o contrato com esse inquilino maravilhoso vence ano que vem...)

- verificar quantidade e qualidade dos inquilinos (se for monoinquilino, o risco é maior, por razões óbvias; se o inquilino for o governo, também há um risco)

- verificar a quantidade, qualidade e localização dos imóveis (não adianta ter excelentes prédios mal localizados; da mesma forma encaro os fundos monoimóveis como sendo mais arriscados do que os multi-imóveis, etc.)

Meus critérios gerais para adquirir FIIs, a princípio, serão:

1) Evitar fundos de papel / fundos de fundos (tem fundo que não aplica em imóveis diretamente e só aplica em outros FIIs, em LCI, CRI, etc. - não vejo muita diferença entre isso e fundos de investimentos "convencionais", dos quais passo longe. Se algum leitor mais experiente com FIIs puder me explicar melhor sobre os fundos de papel, agradeço.)

2) Adquirir preferencialmente fundos multi-imóvel (isso não quer dizer que os monoimóvel não possam ter valor, só tem que tomar mais cuidado)

3) Dar preferência aos multi-inquilino (também não quer dizer que os fundos mono-inquilino não possam ter valor!)

Resumindo: Tijolo-Multi-Multi

Agora, falando mais especificamente, eu pretendo adquirir preferencialmente FIIs de galpões logísticos (sempre foram necessários para a indústria e comércio e talvez só vão perder a utilidade se/quando inventarem o teletransporte). 

Em relação aos FIIs de escritórios, eu pretendo comprar os que se encaixarem nos meus critérios, mas ao mesmo tempo fico com um pé para trás por conta do aumento da implementação do home-office no Brasil. Não imagino que imóveis de escritório vão acabar, até porque acho que toda empresa precisa de uma sede, mas fico imaginando que a tendência é diminuir o número de escritórios para aluguel.

Eu vejo duas tendências possíveis se desenvolvendo aqui (futurologia com algum embasamento):

1) Diminuição dos escritórios e grandes prédios empresariais por causa do aumento do home-office e digitalização dos serviços (pensem na quantidade de agências bancárias que estão fechando); 

mas, por outro lado:

2) Aumento do número de autônomos, micro-empresas, etc. por conta do desemprego em geral (óbvio que nem todas vão alugar salas comerciais para manter os custos no mínimo, mas acredito que alguns irão, sim, precisar de locais para seus negócios)

(Essa questão dos escritórios é um dos pontos que eu mais gostaria de trocar uma ideia com quem já investe em FII e saber a opinião do pessoal...)

Em relação a FIIs de Hospitais, eu vejo como vantagem que eles sempre serão úteis (mesmo quando inventarem mesas autônomas de cirurgia, que nem naquele filme Prometheus) então sempre estarão lá pagando o aluguel. Por outro lado, o hospital tem um grande poder de barganha por que suas instalações são bem específicas e limitam que tipo de negócio pode ser instalado no imóvel.

Em relação a FIIs de universidades... julgo que são mais versáteis que os de hospital por que sua estrutura pode ser mais facilmente adaptada para comportar outro tipo de negócio (não que hospitais não sejam, só que são menos versáteis que universidades). 

Em relação ao "dividend yield" (DY) dos FIIs, eu leio muita gente falando sobre isso, mas para mim essa métrica não faz muito sentido (assim como não faz sentido o DY de ações), pois a cotação muda toda hora, e o aluguel por cota também pode mudar, então não vou me importar muito com isso, sinceramente. Talvez o DY sirva para sinalizar se o preço da cota está caro em relação ao aluguel em determinado momento, mas isto é uma análise um tanto rasa do FII, na minha opinião.


Quais sãos os seus critérios de escolha para FIIs, pessoal? 

Forte abraço!

Fiquem com Deus!

10 comentários:

  1. Concordo com mt coisa, mas eu sou ainda mais rígido em alguns pontos. Pra mim é incogitável fundo mono. Requer uma analise inicial mais cuidadosa e um acompanhamento mais ativo e não gosto do balanço risco x retorno.

    Quanto ao segmento, é um critério quase irrelevante pra mim. Como você mesmo disse, é dar de futurólogo. Imóveis bem localizados e administrados se adaptam ao tempo.

    Outra coisa, agora temos algumas opções interessante de ETF que podem simplificar isso tudo, só não tenho ainda pois os aportes estão indo 100% pro exterior.

    Por fim, acho relevante também ver as taxas. Não faz mt sentido, por exemplo, alguns FII com taxa de performance com benchmark de CDI.

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    1. Tudo bem, Sisifo Aposentado? Bem vindo ao meu blog e parabéns pela escolha criativa do nome do seu.
      Obrigado pelo comentário!

      Concordo que fundos bem administrados tendam a se adaptar à nova realidade. O que importa é sempre isso: comprar valor. Dinheiro é fluxo, imóveis são bens, então compremos bons imóveis e bons fundos imobiliários.

      Quanto a ETF de FII, eu não vou comprar. Já fiquei com um pé e meio para trás em relação aos ETF de ações depois de minhas leituras sobre o assunto. No caso de FII eu considero que o investidor fica ainda mais longe de ser dono dos imóveis do que o dono de cotas de ETF está longe de ser o dono das ações do fundo. Por isso também evitarei os FoF.

      Fundo que cobra Taxa de performance, qualquer que seja o valor dela e o benchmark, é furada. Não caia nessa.

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  2. Fala Mago! Essa série está animadíssima, muito bom!

    "...talvez só vão perder a utilidade se/quando inventarem o teletransporte" Essa é boa, pois é, galpões logísticos são os mais atrativos pra mim. Aliás, galpões e shoppings, unir esses 2 a renda passiva que os mesmos proporcionam, findam um casamento longo e duradouro.

    Abraços.

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    1. Valeu pelo comentário e pelo elogio, One. Em relação aos shoppings, tenho uma opinião dividida, que nem em relação aos escritórios. Mas é claro que pretendo adquirir fundos de shopping que se encaixem nos meus critérios.

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  3. Eu invisto em FIIs e acho ele um tópico interessante e confuso;

    Não gosto de investir em monoimóveis e monoinquilinos, quanto mais diversificada às fontes de renda mais vantajoso para mim, por mais que isso implique em um DY menor.
    Eu particularmente não olho os detalhes dos relatórios gerenciais, salve quando anunciada alguma mudança relevante para o FII.

    Eu não tenho preconceito com fundos de papel e FoFs, acho que podem compor uma parte da carteira, desde que entreguem um bom prêmio através de DY.
    Em Fundos de Tijolos eu prefiro setores perenes e fundos saudáveis que ofereçam estabilidade de longo prazo.

    A minha grande preocupação com FIIs é a perpsectiva de tributação dos proventos, acredito que FoFs serão muito afetados, tendo tributação no recebimento do Fundo que investem e depois tributação do seu próprio provento, salve se acontecer alguma medida legislativa para impedir a bitributação (coisa que eu duvido muito).
    Eu também tenho um receio de que com uma perda de 20% no DY o mercado possa preferir ajustar o preço das cotas para recuperar o Yield ou que aconteça alguma fuga dos FIIs de parte dos investidores em direção a uma RF que tenha aliquota fixa de 15%, tal como proposto pelo PG.

    Sobre os FIIs de Tijolos:

    É quase um consenso sobre o negócio perene que é ter galpões logísticos e que eles são virtualmente protegidos das mudanças de consumo e tecnologias, o problema de comprar Logística é que justamente por isso seus preços são inflados e o DY menor.

    Sobre Escritórios eu não acredito em Home Office como uma tendência, pode até acontecer alguma flexibilização do trabalho, mas quando a pandemia passar e o seu chefe voltar para o escritório, você voltará também. Até mesmo gigantes de tecnologia já voltaram atrás das ideias de um 'home office permanente'. Eu tenho VINO11 em carteira, o problema em fundos de escritório é que a qualidade dos ativos e das gestões eu tenho achado um pouco abaixo do ideal, inclusive se algum colega tiver algum FII de Escritórios sólido para recomendar uma olhada eu ficaria agradecido.

    Sobre FII de Agências Bancárias, esse eu não compro, eu particularmente não acredito no fim dos bancos fisícos, mas a estrutura dos bancões está sendo redesenhada para combater alguns excessos, não faz sentido você ter uma agência do Itaú quase a cada esquina em uma grande capital e os bancos já perceberam o exagero que havia na estrutura, com isso vai aocntecer a pressão sobre os aluguéis, vejo como necessário aguardar essa fase de ajustes dos bancões que deve levar uns 3 ou 4 anos paa ter uma noção do setor.

    Sobre Shoppings, por um lado são afetados negativamente pela digitalização das compras, por outro lado, hoje eles se tornam cada vez mais centros de entretenimento e "ponta final" da logística do e-commerce. Acredito que o medo da decadência nos shoppings tal como aconteceu nos EUA não faz sentido na realidade brasileira. O povo adora um "shopê".

    Sobre hospitais, concordo com sua visão de que é o tipo de estrutura que é complicado readaptar, o foda dos hospitais é que ouvi dizer que é difícil desocupar o inquilino quando ele tem problemas financeiros, fiquei com um pé atrás e não entrei ainda no setor.

    Sobre universidades, acho que vão na mesma linha dos bancos e estao passando por um processo de ajustes de estrutura (apesar de eu ser terrivelmente contrário o EAD de Graduação), prefiro ficar de fora por enquanto.

    Eu valorizo o DY dos fundos, investimento em FII é para mim a mesma coisa das gerações anteriores investirem em imóveis, eu valorizo o aluguel e a renda passiva. O que tento encontrar é uma relação coerente 'Risco vs DY'.

    Excelente post!

    Abraços,
    Pi

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    1. Valeu pelo comentário, PI.
      Concordo com você em relação aos shoppings - estão um tanto enraizados na "cultura" nacional, até por conta da violência urbana, que faz com que muitos prefiram se divertir num shopping do que ao ar livre.
      Até esqueci de escrever isso, mas realmente considero que hospitais têm esse risco de não serem despejados. Acho até que isso por um lado é bom, por que não seria bom um hospital ser fechado do nada. Por outro lado, isso pode incentivar a ineficiência dos gestores do hospital... enfim, eu acho que vou incluir sim um FII de hospital na minha carteira. Porém, acho que só tem 2 no nosso mercado, e ambos são geridos pelo btg pactual, e isso não me agrada. Vou pensar nisso com calma ainda. Os logísticos vem em primeiro lugar.

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  4. Ótimas reflexões, agr é só a execução seguir nessa linha oq normalmente não ocorre e a emoção toma conta kkk

    Referente aos escritórios, entendo que sim haverá uma tendência de diminuição mas acredito que quem irá sofrer serão os locais mais distantes dos centros comerciais, por exemplo, não vejo uma Av. Paulista sendo ameaçada pelo home office. Escolha fii com qualidade nós imóveis como citou e não terá problema.

    Abs

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    1. Obrigado pelo comentário.
      Concordo com você. Esses grandes centros comerciais realmente devem perdurar muito tempo ainda.

      Quanto à emoção, em breve saberei na prática, se Deus quiser!
      Abraço

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  5. Oi Mago! Se você tivesse publicado este post antes talvez eu não tivesse comprado o meu FOFs, rsss. Mas tudo bem, é aprendizado. Estou anotando aqui as suas considerações e as dos demais para minhas análises. Uma dúvida, onde acessa esses relatórios dos gestores/ estatutos/contratos dos fundos? Obrigada pelo excelente post e aos demais pelas complementações. Um abraço!

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    1. Obrigado pelo comentário e pelo elogio, Éllen.

      Os relatórios e estatutos dos fundos você encontra nas páginas dos respectivos gestores (por exemplo: Credit Suisse, Rio Bravo, BTG Pactual, etc.).

      Eu falei que não gosto de FoF's, mas esta foi uma conclusão a que cheguei com base nos meus estudos e no que considero arriscado ou não e no que considero uma boa relação custo x benefício. Tem outras pessoas que consideram eles uma boa ideia e os incluem em suas carteiras. Pode ser que os seus estudos e os seus critérios te levem à conclusão de que para você FoF é uma boa ideia.

      Leia os materiais que você encontrar, focando no básico (como funcionam os FIIs, vocabulário relativo ao assunto,como funcionam as taxas, distribuição de proventos, como é cobrado o imposto de renda, etc.) e tenha em mente que o mais importante é aportar todo mês e pelo maior tempo possível, e sempre em ativos de valor.

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