Saudações, confrades!
Segue a análise rápida do BOVV11 (link para a página do fundo no Itaú):
É um fundo bastante recente, tendo sido lançado em 29 de julho de 2016, ou seja, mal completou 3 anos de vida. Aplicando a mesma lógica usada para uma empresa, é muito pouco tempo para análise, em minha opinião. Eu aguardaria pelo menos 5 ou 6 anos de negociação em bolsa para fazer uma análise melhor. O benchmark deste fundo é o IBOVESPA.
> No momento em que analisei:
0) A taxa de administração é de 0,3%a.a, ou seja, quase 6 vezes maior que a do PIBB11.
1) o fundo possuía ações alugadas equivalentes a cerca de 21% de seu patrimônio.
2) Passivo equivalente a 0,08% do patrimônio;
3) Ação com maior participação no fundo: ITUB4 (9%) - obviamente é a maior componente do IBOVESPA;
4) 26% do patrimônio aplicado no setor bancário.
5) Em relação aos relatórios, tenho a mesma crítica do PIBB11: são pouco detalhados, o pdf são as imagens scaneadas de papéis físicos, o que borra algumas letras e números e dificulta a leitura.
6) Diversifica um pouco mais que o PIBB11 (68 ações do Ibovespa, contra 50 do Ibrx-50, ou seja,18 ações a mais), mas acho que isso não compensa a taxa de administração maior, porque a participação destas ações a mais no patrimônio é muito pequena.
Segue a tabela, sem gráficos desta vez (3 anos é pouco):
Agora analisando (também rapidamente) o BRAX11 (Link para a página do fundo) :
0) Taxa de Administração = 0,2%a.a
1) Composto pelas 100 ações mais negociadas na bolsa (será que com 100 ações John Bogle consideraria uma diversificação satisfatória?);
2) Lançado em 22 de fevereiro de 2010, ou seja, já possui mais de nove anos, então até que vale à pena fazer alguns gráficos, embora o relatório mais antigo que eu tenha encontrado seja referente a 2013;
3) O relatórios são mais bem apresentados do que os do PIBB e do BOVV. Aliás, a página do Blackrock (administradora do fundo) é bem melhor do que a do Itaú, tem informações mais claras, etc.
4) Passivo corresponde a 0,03% do patrimônio líquido;
5) Somente as 25 ações de maior participação no patrimônio do fundo têm mais de 1% de participação. A ação com maior participação hoje é, obviamente, ITUB4 (8,26% - aproximadamente 5 milhões de reais). A de menor participação é GFSA3, com 0,01% de participação no capital do fundo (aproximadamente 6.500 reais);
6) Há 75 ações que representam, cada uma, menos de 1% do patrimônio líquido do fundo, e entre estas, há 50 que correspondem, cada uma, a menos de 0,5% do patrimônio líquido;
7) As ações do top 10 em termos de participação somam um pouco mais de 50% do patrimônio do fundo; Se ampliarmos isso para o top 25, teremos 70% do patrimônio;
8) Em consequência dos itens 5, 6 e 7, acho que é um tanto falsa essa diversificação em 100 empresas. Essa crítica vale também para o PIBB11: no IBRX-50, as 10 empresas com maior participação correspondem a mais de 60% do índice.
Minhas conclusões:
- Todos estes ETF cujo benchmark é o Ibovespa ou algum índice correlato (IBRX-50, IBRX-100,etc.) terão praticamente as mesmas ações em suas carteiras. A diferença entre as carteiras deles vai depender da amplitude do índice referencial (então o BRAX11, como replica o IBRX-100, terá todas as 50 ações do PIBB11, que replica o IBRX-50, e mais 50 ações, por exemplo)
- Em consequência do item acima, praticamente a única diferença entre os fundos é a taxa de administração. Sendo assim, eu não vejo muito sentido para a existência do BOVV11 sendo que há o PIBB11.
- Considerando a alta concentração do capital de todos estes fundos nas 10 ações de maior participação dos índices-referência, praticamente não há diferença entre eles, no que tange às carteiras. A meu ver, mesmo a diversificação maior do BRAX11 empalidece perante os efeitos desta concentração nos resultados do fundo. Qualquer vantagem que o BRAX poderia obter por ter aplicado em alguma small cap subvalorizada e que venha a se valorizar muito em pouco tempo será bastante diluída, porque tal empresa hipotética provavelmente teria uma participação pequena na carteira do fundo, inferior a 0,5%.
- Independente do fundo e da taxa de administração, há um problema inerente a estes índices de referência: o fato de eles dependerem das "N" ações mais negociadas na bolsa - não são as mais lucrativas, as maiores empresas, as de maior receita, etc: São as mais negociadas... Ou seja, bem ou mal, irão necessariamente incluir aquelas ações que estão mais "na boca do povo", como tem sido o caso de PETR4 e VALE3, que são duas ações que praticamente todo mundo que está iniciando na bolsa compra, não necessariamente pelos "motivos certos" (análise fundamentalista da rentabilidade, lucro, passivo, etc.), mas sim porque são empresas que estão sempre na moda e são, digamos, parte da história nacional, ou seja, têm um "apelo nostálgico" no imaginário brasileiro. Na época da moda da OGX, essa ação constava de todos estes índices, porque estava sendo fortemente negociada por especuladores, tanto os malandros quanto os sardinhas, e a OGX também caiu na boca do povo, um monte de gente aplicou em OGX naquela época, então estes fundos também aplicaram em OGX, mesmo que ela nunca tenha dado lucro, mesmo que ela nunca tenha sido muito mais do que uma promessa...
- Outra face desse problema é que há boas empresas (há anos lucrativas, bem administradas, pouca dívida, etc.) que acabam tendo uma participação pífia na carteira destes fundos porque não têm negociação suficiente na bolsa para ter participação significativa no índice, as revistas e sites "especializados" em ações não comentam a respeito, etc., e isso é uma grande perda de oportunidade para os cotistas.
- Outra face do problema do índice-referência é que quanto mais a participação de uma determinada ação no índice mudar, mais o fundo terá que girar seu patrimônio (comprar e vender ações) para manter a mesma proporção desta ação em sua carteira a fim de replicar o índice. Isto é uma coisa que eu investindo diretamente nas ações não faria. Se eu aplico em ITUB4, eu só iria me desfazer desta ação se a empresa apresentasse alguns anos seguidos de prejuízos, passivo crescente, etc.
- Resumindo os itens acima: a metodologia de cálculo dos índices-referência baseados em volume de negociação acaba fazendo com que as carteiras dos nossos ETF sejam muito concentradas em poucas empresas, o que a meu ver vai contra a filosofia do próprio Bogle. De que adianta ser "dono do palheiro todo" se algumas poucas empresas dominam quase tudo,? O resultado não fica excessivamente dependente destas poucas empresas? Isso não acaba sendo paradoxalmente o oposto de diversificar? Para realmente diversificar e capturar valorizações de "cavalos azarões" (que é um dos objetivos implícitos da criação de um ETF) não seria melhor ter uma diversificação mais "aritmética"? - por exemplo: se o fundo aplica em 100 empresas, cada uma corresponde a 1% do patrimônio.
A pergunta fundamental aqui é: por quê estes índices existem da maneira como são? O que eles medem, afinal? De que adianta sua existência, já que uma empresa péssima pode acabar sendo muito negociada e participando do índice e em consequência do patrimônio destes fundos todos?
Do jeito que está, vale mais à pena aplicar individualmente nas 20 ações com maior participação destes índices do que aplicar nestes ETF, porque aí pelo menos não pagaremos administração (embora a do PIBB do BRAX nem sejam tão altas assim), teremos escolha sobre o que fazer com os dividendos e JCP recebidos e teremos a isenção fiscal para lucros em vendas de até 20 mil por mês, evitando os injustos e pesados 15% de imposto sobre o lucro.
Meus amigos, apenas digo o seguinte: Guardem seu dinheiro! Acumulem patrimônio! Diversifiquem!
Até a próxima! Fiquem com Deus!
Salve, Mago! Também acho que do jeito que está, mais vale investir individualmente em uma carteira diversificada. Acho os métodos de rebalanceamento dos principais ETF ruins no longo prazo.
ResponderExcluirEu sempre investi em ações individuais e só recomendaria os ETFs para quem não quer fazer pesquisa alguma sobre ações e pretende gastar muito pouco tempo com investimentos. Não é o meu caso.
Abraços!
Salve, Barbarossa. Fiquei com a mesma opinião que você. ETF só acho válido se a pessoa não quiser ou não tiver tempo para dar uma estudada nas ações, ou se quiser aplicar em outro país com uma língua diferente, e não tenha saco de ler os relatórios em inglês (caso tenha estes relatorios5) - mas aí nesse caso fica a crítica: porque a pessoa vai investir se ela não consegue nem ler???
ExcluirAbraço
Outra aplicação do ETF seria algo que foi sugerido pelo colega Frugal Simple (parecido também com o que o Pinguim Investidor já escreveu): mais uma camada de proteção do patrimônio. Se você precisa de dinheiro para pagar uma dívida, ou para comprar um terreno ou imóvel, etc. a prioridade para usar seu patrimônio seria: 1 - Poupança; 2 - venda de Cotas de ETF; 3 - venda de Ações. Acho esse conceito das camadas de proteção bastante interessante, e vou escrever sobre isso posteriormente.
ExcluirPara mim o ETF é uma alternativa melhor que os fundos de ações, os quais sabemos em sua maioria não batem o ibovespa. Assim, é melhor aplicar direto em algo que eu sei que vai seguir o ibov.
ResponderExcluirEm relação a comprar direto em ações, em termos de investimento não se compara pois não existe os 15% na hora da venda, e isso conta muito. A vantagem do ETF nesse caso é não precisar dedicar tempo para acompanhar as ações individualmente.
Usando a lógica do Jeremy Siegel é bem por aí, Jhonny. No longo prazo o mercado tende a subir por causa da busca pela eficiência e lucro. ETF superam em muito os fundos de ação tradicionais, mas os ETF do Brasil não são lá essas coisas por causa da metodologia de cálculo destes índices. Precisamos, na minha opinião, de um ETF holder, que abarque todo o mercado brasileiro, com taxa de adm na vibe do PIBB11, e alocação "aritmética" entre as empresas (ex: tem 300 empresas, então cada uma corresponderá a 1/300 do patrimônio do fundo).
ExcluirAbraços e volte sempre