quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Será que vale a pena "largar tudo" e fazer medicina?

 Saudações, confraria!

Último post de 2021!

Este é um assunto que volta e meia vejo alguém postando em fóruns por aí. Por alguma razão que não compreendo, ele é tratado como "polêmico" por algumas pessoas.

Sinceramente, eu não vejo nada de errado em ter essa ideia

Tendo em vista em como no Brasil as relações trabalhistas são difíceis (na média o empregador quer pagar muito pouco e exigir muito e, por sua vez, na média os empregados querem trabalhar bem pouco também) e que a remuneração média é bem baixa (realmente deve ter mendigos na Europa e nos EUA que tiram mais com esmolas do que trabalhadores CLT tiram de salário no Brasil, ainda mais considerando o câmbio extremamente desvalorizado - isso sem falar que até no Brasil tem lugares em que dá para tirar mais dinheiro pedindo esmola no semáforo do que trabalhando com carteira assinada, o que obviamente não quer dizer que estas pessoas tenham uma vida boa, claro), então nada mais natural do que as pessoas buscarem profissões em que a renda esperada tenda a ser maior do que a que elas ganham atualmente.

Antes de mais nada, vou esclarecer: não sou médico, nem enfermeiro, nem farmacêutico, nada disso, e nem trabalho em nenhuma empresa ligada à área de saúde. Portanto, minha opinião é a de leigo, fundamentada somente na minha experiência de vida e na experiência de algumas pessoas que conheço, e também no bom senso (que falta a muitas pessoas de hoje em dia).

Encarem este post mais como uma reflexão pessoal, pois é somente isto. Estou apenas organizando meus pensamentos e registrando aqui como se fosse em um diário, para que daqui a uns anos eu volte e avalie se alguma coisa mudou. 

Assim como acontece com muitos, esse pensamento de largar tudo e fazer medicina também passa pela minha mente... desta forma acho melhor refletir bem sobre as coisas que tenho capacidade de refletir.

Medicina é uma profissão bastante versátil no sentido de que te possibilita trabalhar como autônomo, PJ, CLT, ou empreendendo. E dificilmente um médico fica desempregado ou sem renda nenhuma.

A medicina é, a meu ver,uma das melhores, senão a melhor profissão de ensino superior para ser autônomo hoje em dia, e para trabalhar como PJ terceirizado também. Não sei quanto a concursos: vejo que em todo edital de concurso de prefeitura de cidades médias e até de cidadezinhas por aí, médico é o cargo que paga mais, com uma diferença brutal em relação aos outros cargos (geralmente pagando de R$ 8.000,00 a R$ 10.000,00 iniciais, contra algo entre R$1.200,00 e R$1.500,00 para praticamente todos os demais cargos, exceto os de fiscal) mas eu não contaria muito com isso, pois também já  vi muito médico reclamando que não recebia salário em várias dessas prefeituras (colocam um salário alto no edital para atrair médicos interessados, mas volta e meia o município em questão não tem recursos para pagar o salário prometido e atrasa os pagamentos, então realmente fica complicado)

Pensando somente no mercado privado: para ter um consultório médico bem básico, só para fazer atendimentos agendados de clínica geral, não é preciso, a meu ver, muito investimento em equipamentos (ao contrário, por exemplo, do dentista, que me parece que precisa de um investimento maior para equipar e montar um consultório minimamente funcional). 

Uma exceção no caso dos médicos é o oftalmologista, que sempre vai precisar comprar uns equipamentos mais caros para fazer seu atendimento básico. 

Mas para atendimentos de consultório para clínicos gerais, alergologistas,otorrinolaringologistas, etc. Você precisa basicamente de um computador, uma mesa para atender o paciente, cadeiras, uma cama/maca, armários e gaveteiros para guardar os suprimentos (lençóis descartáveis, luvas, máscaras, etc), balança,  e alguns equipamentos manuais (estetoscópio, rinoscópio, otoscópio,  etc.) e acredito que seja necessário ter uma sala comercial com 4 ambientes: um para o consultório em si, outro para a sala de espera, um banheiro para o médico dentro do consultório e um banheiro para os pacientes na sala de espera. Ou seja, para começar não parece ser caro montar um consultório básico para consultas de rotina. 

Vejam que eu disse montar o consultório, e não mantê-lo. 

Para manter, sim, deve ser caro, ainda mais porque geralmente não tem como não ter uma secretária (já vi dentista que não tem secretária, mas nunca vi médico que não tivesse), então temos aí os custos da CLT (férias, 13º, FGTS, entre outros) provavelmente de 2 secretárias. Mas, dependendo da região, imagino que o maior custo deva ser o aluguel do consultório. E também tem as contas de luz, água, condomínio, IPTU, demais impostos, etc. E pelo que pesquisei, vi em alguns lugares que os médicos têm que pagar uma "jóia" para serem conveniados de planos de saúde... Essa foi a parte que eu achei mais estranha, pois teoricamente é do interesse do plano de saúde ter o máximo de médicos possível conveniados, de modo que os segurados fiquem minimamente satisfeitos. Desta forma, não entendo porque os planos impõe essa barreira de entrada... caso algum leitor seja da área de saúde e saiba explicar porque isso acontece, agradeço.


No começo da carreira obviamente ninguém te conhece, então o seu nome você vai construindo aos poucos, nos plantões (óbvio que no início você rala, que nem em qualquer profissão), e também deve ser necessário fazer amizade com outros médicos durante a faculdade, durante a residência e em todos os estágios e atividades extras que tiver que fazer nestas épocas. 

Pelo que já conversei com alguns médicos que conheço, em média um plantão de 24h paga bem, de modo que pelo menos por um tempo um médico em início de carreira consegue se sustentar fazendo plantões. O menor valor que já me disseram era de R$500 e o maior, R$1.200,00. Imagino que haja lugares em que se ganhe menos de 500 reais e lugares que pagam mais de 1.200 por plantão. Dando 10 plantões por mês, imagino que um médico consiga tirar por baixo uns 5.000 reais, o que é um ótimo salário para uma pessoa recém formada. Mas entendo que não seja viável manter esse ritmo de plantonista durante muito tempo. Por isso deve ser muito importante o médico ir fazendo seu nome e angariando pacientes nessa época, já se preparando desde o primeiro dia de plantão para eventualmente se tornar autônomo ou empreender.

Já vi médicos reclamando que o dinheiro que se consegue com plantões em um mês é muito pouco para a quantidade de estudo necessária antes, durante e depois da faculdade de medicina, mas provavelmente estes que reclamam foram médicos a vida toda e não sabem que em praticamente qualquer outra profissão, ainda mais trabalhando como CLT, é muito, mas muito difícil começar ganhando 5 mil reais, e a imensa maioria nunca irá ganhar isso, nem no fim da "carreira" (que quase não existe mais nas empresas em geral) e que nem toda profissão te permite ser autônomo ou empreender. Começar ganhando bem, no Brasil, praticamente só trainee de multinacional, médico, e em alguns cargos do serviço público. 

- Eu acho engraçado que sempre que alguém levanta essa bola de "largar tudo e ir cursar medicina" em algum fórum de internet, sempre vai surgir um médico dizendo que não vale a pena porque "a profissão está saturada" e "não paga tão bem quanto antigamente", como que querendo desencorajar um potencial futuro concorrente. Bem, amigo, bom mesmo devia ser no seu tempo, né,  quando você era o único médico do mundo...

Na minha opinião, se algum dia a medicina ficar ruim mesmo, é porque a maioria das outras profissões já foram para o buraco muito tempo antes.

Sobre a "saturação" da medicina, eu acho que eles exageram. Acho que nem nas capitais (onde estão concentrados uns 90% dos médicos) está saturado, embora com certeza esteja bastante concorrido, assim como qualquer outra profissão. O que eu acho é que tem pouco hospital, pouca clínica,  pouco laboratório. E, consequentemente, poucos médicos, dado o tamanho do Brasil e da população. Os hospitais que existem hoje são praticamente os mesmos de 50 anos atrás. Na minha cidade, pelo menos, é assim. Os médicos reclamam que no pronto-socorro do SUS eles diversas vezes precisam atender pacientes de 5 em 5 minutos, dependendo da cidade, e muito provavelmente no meio disso tem um monte de hipocondríacos e malandrinhos correndo atrás de atestado para faltar no trabalho. Eu não sei, sou leigo, mas me parece que o excesso de atendimentos na emergência do SUS pode ser explicado, ao menos em parte, pelo baixo número de hospitais e clínicas (muita cidadezinha não tem nada disso  e povo precisa se deslocar para uma cidade maior vizinha para ser atendido) e também por termos poucos médicos principalmente nas cidades menores. 

Agora, uma coisa que eles reclamam muito e eu concordo, é que nos últimos 10~15 anos foram abertas muitas faculdades de medicina, mas o que eu acho ruim nisso não é o número de médicos formados ter aumentado, mas sim que provavelmente a maioria desses cursos deve ser de baixa qualidade. 

Mesmo as famosas e "maravilhosas" faculdades federais devem estar com nível bem baixo na qualidade do ensino. Até porque a qualidade do ensino em geral caiu muito: o conteúdo está cada vez mais enxuto, as provas estão mais fáceis, hoje em dia existe aprovação automática nas escolas de ensino básico, muitos alunos analfabetos passam de ano, e há muitos analfabetos funcionais no ensino superior. Tenho certeza de que já há doutores e mestres que não teriam condições de passar nem pelo ensino médio na época em que este era chamado de "curso científico", e eu sinceramente duvido que os cursos de medicina tenham escapado dessa deterioração geral da educação no Brasil.


Um lado ruim de enveredar pelo caminho da medicina é que demora muito tempo para você realmente começar a trabalhar e ganhar dinheiro. Vão ser no mínimo 6 anos de faculdade e mais os anos de residência. Dá para chutar por alto uns 10~11 anos de formação para realmente começar a trabalhar. Fazer isso já adulto é bem mais complicado do que fazer logo depois do ensino médio. Ou você junta muito dinheiro para viver por uns 10 anos sem renda, ou o seu cônjuge vai assumir todas as contas de casa por 10 anos, isso se for possível - de qualquer maneira você vai ter que juntar muito dinheiro, e é melhor estudar muito para passar numa faculdade pública. E se você não conseguir passar numa faculdade pública, vai ter que juntar mais dinheiro ainda, pois as particulares cobram os olhos da cara de mensalidade. 

Assim, provavelmente é melhor considerar que vão ser uns 12 anos sem renda (contando 2 anos de estudo para passar no vestibular de medicina).

Outra coisa ruim da profissão é que muitos a escolhem pelo status, e acabam virando médicos ruins que atendem mal seus pacientes.

Outra coisa ruim é que você estará sempre sujeito a processos judiciais (acho que medicina deve ser a profissão mais propensa a isso, dependendo da especialização, claro), e seus erros podem custar muito caro, pois você lida com vidas humanas. Muitas vezes a culpa não é do médico: é do hospital (por exemplo, não tinha o material ou o remédio necessário), é do governo (não tinha recurso para comprar equipamento, ou o recurso foi desviado), é do dono do hospital (recebeu um bônus milionário enquanto faltavam insumos no hospital) ou não é de ninguém (o paciente ia morrer de qualquer jeito), mas a culpa muitas vezes cai no médico. É bem complicado. Acho que esta é a parte mais importante desta reflexão. 

O maior erro de todos, e que é cometido até hoje, é querer ser médico por causa do status, para "pegar mulher na balada", etc. E quem quiser fazer medicina pelo dinheiro (mesmo sem a pretensão de ficar rico) e/ou pelo facilidade de arranjar trabalho, tem que estar disposto a assumir esse nível insano de responsabilidade, e isso não é para qualquer um. 

Acho que não é para mim, pelo menos não no meu atual nível de maturidade. 

Quem sabe um dia, mas por enquanto não.


O que acham, confrades? Já tiveram essa ideia? Conhecem alguém que largou tudo e virou médico? Algum de vocês fez isso, ou pensa em fazer?

Forte abraço!

Feliz Ano-Novo!

Fiquem com Deus!




Leituras interessantes sobre o assunto:

https://blog.casamedica.com.br/equipamentos-primeiro-consultorio/

http://www.meusnervos.com.br/quer-fazer-medicina-entao-leia-isso/#more-6766

https://conclinica.com.br/p/como-credenciar-meu-consultorio-a-um-plano-de-saude/

https://dumaresq.adv.br/blog/2020/5/14/em-tempos-de-pandemia-a-unimed-continua-sem-permitir-o-livre-ingresso-dos-mdicos-em-sua-cooperativa-prejudicando-diretamente-toda-a-populao-de-usuriosnbsp-reserva-ilegal-de-mercado-9trlg

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Reflexões para o Natal

 Saudações, confraria da blogosfera das finanças!


Como o Natal está chegando, resolvi escrever este pequeno post com algumas reflexões que julgo serem importantes para todos nós, frequentadores da finansfera.



Devemos sempre nos lembrar de pensar no dinheiro como uma mera ferramenta para alcançarmos nossos objetivos, e nunca como o nosso objetivo em si. Do contrário, acabamos nos tornando servos de mammon (o qual, conforme Milton escreveu no "Paraíso Perdido"*, desde antes da Queda, era o anjo mais propenso ao mal, pois "vivia olhando para baixo", como se estivesse sempre à procura de moedas ou pedras preciosas no chão), e conforme está escrito, "não se pode servir a dois senhores". Mesmo quem não acredita em Deus pode perceber e entender o quão ruim é ser um servo do dinheiro e do status e deixar o que é mais importante na vida de lado.

(*: lembrando que a obra de Milton não pertence à doutrina cristã - mas, mesmo assim, não deixa de nos fornecer metáforas e reflexões interessantes sobre teologia)

Eu sei que estamos naquela busca pela tranquilidade financeira (e alguns pela IF), geralmente porque não gostamos de nossos empregos ou porque queremos poder um dia poder trabalhar menos ou simplesmente largar tudo. O que quero dizer aqui é que devemos pegar leve nessa busca, sem deixar de aproveitar as coisas boas da vida em prol de "aportar o máximo possível" e, principalmente, sem deixar de ajudar os outros da forma como pudermos ajudar (que vai muito além de simplesmente "dar dinheiro" para os necessitados: podemos ajudar com palavras, dando conselhos, compartilhando experiências de vida,  simplesmente ouvindo o que as pessoas têm a dizer, sendo pacientes, escutando seus desabafos,  perdoando seus erros... em suma, doando nosso tempo, dando apoio emocional, e por aí vai). 

A vida é muito, mas muito mais do que juntar dinheiro. Nosso objetivo neste mundo não é nos tornarmos ricos, e nem sermos bem-sucedidos em nossas carreiras, seja lá o que isso signifique hoje em dia. Todas estas coisas podem nos servir como ferramentas, mas não são nossas missões no mundo. 

Nós estamos aqui para colocarmos, cada um de nós, um "tijolinho" em prol da construção do reino de Deus. Ou seja, cada um de nós pode fazer o mundo um pouquinho melhor, dentro das possibilidades de cada um. Devemos fazer isso onde pudermos, por nossos próprios atos, e dando o exemplo.

Nós também estamos aqui para evoluirmos, tanto intelectual quanto moralmente. Devemos aproveitar nosso tempo neste mundo para aprender o máximo que pudermos aprender, de modo a desenvolvermos nossa inteligência e, mais importante, nossa moral.

Também estamos aqui para servir ao próximo, principalmente para ajudarmos os mais necessitados. Cada um deve ajudar como puder. E como eu escrevi, há muitas maneiras de fazer isso.

Por fim, lembrem-se de valorizar a Família. Nestes tempos apressados e bizarros que vivemos, costumamos deixar muitas pessoas de lado, muitas vezes a troco de nada. Liguem, liguem mesmo, ouçam a voz, não fiquem simplesmente mandando mensagem no whatsapp, para aqueles parentes com quem não falam há muito tempo, ouçam o que têm a dizer, sejam atenciosos. Se puderem, visitem estes familiares. Se puderem ajudar, ajudem. Se reaproximem das pessoas, tentem, na medida do possível, reconstruir os laços que se perderam. Isso vale muito mais que dinheiro.


Sendo assim, confrades, caso não nos vejamos mais, desejo-lhes um Feliz Natal!

Que Deus lhes abençoe!

domingo, 5 de dezembro de 2021

Aportes e Atualização Patrimonial - novembro de 2021

 Saudações, confrades!


Vamos a mais um post de atualização patrimonial:



Queda em relação ao mês anterior, motivada por mais saques da RE e por uma pequena queda geral das ações e dos FIIs, mas continuo com o patrimônio 34% maior do que no começo dos aportes, e agora ele está um pouco mais diversificado. 


Novamente saquei dinheiro da poupança para cobrir gastos domésticos que estou tendo. Como ainda estou com o patrimônio bastante concentrado na caderneta, não vejo isso exatamente como um problema, mas pretendo reforçar a RE.


Seguem os aportes do mês, lembrando como sempre que nenhum ativo mencionado neste blog, seja nos posts, seja nos comentários, é uma recomendação de compra, pois a minha estratégia só funciona para mim, para os meus objetivos pessoais, e ninguém é obrigado a ter ações e nem FIIs, e muita gente no Brasil já ficou rica só com caderneta + imóveis

Estudem sozinhos e tracem suas próprias estratégias e suas próprias idéias para alcançarem seus próprios objetivos!

Ações - este mês aportei em LREN3 (Lojas Renner), uma imensa rede de lojas de roupas (e também de perfumaria, bijuterias, etc.) que creio que todos vocês conheçam, com filiais em todo o Brasil, e também em FLRY3 (Grupo Fleury), empresa da área de saúde.

(Assim, confrades, ajudem este pobre e velho mago, e façam mais compras na Renner e prefiram fazer seus exames de sangue nos laboratórios do Grupo Fleury. E quando forem comprar sapatos, dêem preferência aos fabricados pela Grendene ou então comprem nas lojas da Arezzo, etc. etc. etc. - vocês entenderam a piada!)



Uma coisa que só percebi depois do último post de atualização patrimonial foi a bonificação realizada pela Porto Seguro SA, aumentando meu número de ações daquela empresa. Uma surpresa bastante agradável!

FIIs - aportei este mês em RBVA11, um fundo que originalmente era focado somente em agências bancárias e agora está aos poucos mudando de perfil, tendo em vista a crescente digitalização dos bancos, e adquirindo lojas de rua, para eventualmente se tornar um fundo mais focado no comércio varejista.  


Pelo que li por aí em vários blogs de finanças, RBVA11 é um fundo meio "ame-o ou odeie-o", principalmente por conta de sua administradora, a Rio Bravo, que já vi que muitos investidores amam odiar. Considerei o fundo interessante e gostei da reação que está tendo em relação à tendência de diminuição do número de agências bancárias. Além disso, ele se enquadra no meu critério (tijolo, multi-imóvel, multi-inquilino) e vem entregando resultado já há alguns anos. Por isso resolvi aportar nele. Se ele ficar ruim, simplesmente não comprarei mais cotas dele quando o ciclo se completar.

Em novembro (e agora no começo de dezembro também) já li vários blogueiros reclamando das performances dos FIIs e da queda da bolsa. Eu nem estou sabendo de nada, graças a Deus. Só percebi alguma queda nas minhas ações e FIIs quando parei para escrever este post. Nos investimentos, só me importa que o número de ações e de cotas de FIIs que eu possuo aumente todo mês, e que minha renda de aluguéis dos FIIs aumente todo mês também. Espero que eu continue com esta mentalidade quando meu patrimônio estiver maior. Mas é bem por aí, eu nem olho os preços, não acompanho ibovespa, dow jones, nada. Nem sei em quantos "pontos" está o ibovespa, e nem quero saber. Esse índice (e praticamente todos os outros, senão todos) não significa nada. 

Renda Passiva - como tenho comprado FIIs todo mês, a renda passiva aumenta todo mês, mas ainda estou longe de realmente ter uma "renda" de verdade. Por enquanto continuo recebendo "pingados". Mas, com persistência, eventualmente receberei uma "mesada" de renda passiva, e depois um "salário" e aí sim considerarei que é de fato uma renda passiva. Enfim, em novembro recebi 2,7 coroas, entre dividendos de ações e aluguéis de FIIs. Uma parte considerável disso foram os dividendos recebidos da ENGIE.

Ainda não recebo renda passiva o suficiente para usá-la para comprar ações ou cotas de FIIS (quer dizer, até recebo, mas acho que ainda não valeria a pena - talvez em meados do ano que vem eu comece a fazer isso), então deixo na conta mesmo. Como estou passando por uma época da vida em que tenho diversos gastos que em outras épocas eu classificaria como "não recorrentes", ao menos essa pequena renda passiva me ajuda a resgatar um pouco menos do que eu resgataria da caderneta de poupança, caso não a recebesse. 

No post referente a dezembro, que sairá no começo de janeiro, eu vou colocar o total que eu recebi de renda passiva no ano, fazer a média mensal, etc. 


Trabalho - estresse e ansiedade total. Nem vou comentar mais. Como alguém pode ter alguma coisa contra quem quer aportar, alcançar a IF e largar o emprego?


Família e Saúde - Tudo bem por aqui, graças a Deus.


Livros - ainda lendo "O nome da Rosa", de Umberto Eco. A leitura é um pouco pesada, e por conta dos estresses do trabalho, não tenho tido muito ânimo para ler. Mas não vou desistir. 


Forte abraço, companheiros de jornada! 

Fiquem com Deus!


(este blog é escrito com total desprezo pelo "novo" acordo ortográfico)

domingo, 21 de novembro de 2021

Mais uma vez ETFs - Análise do DIVO11

Embora eu não esteja mais considerando colocar quaisquer ETFs em minha carteira, fiquei curioso e resolvi pesquisar o DIVO11, um ETF focado em ações componentes do IDIV, índice das ações que pagaram mais dividendos na bolsa nos últimos 24 meses (dentre outros critérios - vejam na metodologia do índice no site da B3). 

Talvez esta seja a última vez que eu analise um ETF. Foi só por curiosidade mesmo.

Farei aqui uma breve análise do fundo e sua composição. Todas as informações estão disponíveis no link abaixo.


página do fundo no site do Itaú


Patrimônio Líquido (PL) = R$ 344,9 milhões

Patrimônio em ações = R$ 339,49 milhões (98% do PL - acima da meta de 95% definida no regulamento do fundo)

Taxa de Administração = 0,5%a.a  incidentes sobre o valor do PL (grosso modo, a cada R$ 10.000,00 aplicados no fundo, pagaremos R$ 50,00 - mas ainda assim, julgo alto, pois poderíamos investir por conta própria nas empresas do fundo sem pagar taxa de administração)

Todos os dividendos e JCP são automaticamente reinvestidos no próprio fundo. Bom e ruim ao mesmo tempo.

O fundo possui 46 ações, mas umas 40 empresas, pois há ações ON e PN de algumas empresas repetidas (por exemplo, ELET3 e ELET6, BBDC3 e BBDC4)

Observando a carteira deste fundo, notem que a ação com maior participação é de cerca de 6,5% da carteira (no momento, VIVT3) e a de menor participação possui 0,1% da carteira (GETT11) - achei estranho ter essa GETT, pois o IPO foi há pouco tempo e não encontrei notícias dela distribuindo dividendos... Pelo menos está com um % pequeno.


A participação de cada empresa no IDIV pode ser vista no gráfico abaixo:

composição do IDIV (% por ação)

Como escrevi, a ação de maior participação é VIVT3, com 6,5% da carteira. Em segundo lugar, BBSE3 (6,28%), e, em terceiro lugar, VBBR3 (5,8%). 

Como eu ordenei os dados do maior para o menor, o gráfico ficou parece uma escada em caracol, descendo para o fundo de um poço, ou subindo para o alto de uma torre, dependendo do ponto de vista. Mas o que quero realçar aqui é que, pelo menos, o IDIV (e em consequência, o DIVO11) possui uma diversificação mais equilibrada do que a do IBRx-50 (e em consequência, a do PIBB11). Mas, ainda assim, notem que não é tão equilibrado assim: as 12 maiores empresas em participação representam cerca de 50% da carteira do fundo. E há também o outro problema relativo a todo ETF: o DIVO11 aplica em ações de empresas que eu não aplicaria.


Comparem com o gráfico do IBRx-50 abaixo:


Composição do IBRx-50 (% por ação)

O IBRx-50 atualmente está muito concentrado em VALE3 - quase 20% da carteira teórica! Em segundo lugar, bem distante, vem PETR4 (6,9%). Em terceiro, ITUB4 (6,1%). Vejam a diferença. Notem também que as 7 maiores empresas em participação representam cerca de 50% da carteira teórica do índice.


Então, a meu ver, o DIVO11 possui esta vantagem em relação ao PIBB11. 

Pelo menos a carteira dele é mais equilibrada, e não está com um peso muito alto em uma só empresa.

Por outro lado, o PIBB11 possui uma taxa de administração bem menor (0,059% a.a - quase 10 vezes menor que a do DIVO11)

Mas, o mais importante: você mesmo pode investir diretamente nas ações que compõe a carteira do DIVO11 (ou do PIBB11), sem pagar taxa de administração e selecionando somente as ações que você quiser, descartando aquelas empresas que considerar ruins. 

Por isso acho melhor investir diretamente em ações, diversificando bastante e nunca colocando um % muito alto do patrimônio em uma empresa só ou em poucas.  Quanto mais eu diversificar entre empresas boas, maior a chance do meu patrimônio aumentar no longo prazo. Quanto mais empresas boas eu tiver em minha carteira, maior a chance de ter uma "ten bagger" que fará meu patrimônio crescer ainda mais.

O mesmo vale para os FIIs. Escolha os que achar melhores e diversifique, sem concentrar demais em um só ou em poucos.


O que acham, confrades? Algum de vocês investe no DIVO11? No PIBB11? Ou também desencanaram de ETFs?


Fiquem com Deus!


quinta-feira, 18 de novembro de 2021

No Brasil não é normal darem descontos


Percebam que  aqui no Brasil, por alguma razão (impostos? Inflação? Margem de lucro mais alta? Não sei, mas provavelmente uma mistura destes e de outros fatores que não identifiquei) as empresas raramente dão descontos e, quando isso acontece, nunca é que nem nos EUA, em que se pode pegar cupons de desconto em jornais, revistas e até na internet e se consegue comprar coisas até de graça, por conta de vários descontos acumulados.

O desconto mais comum de se achar, e mesmo assim não é em todo lugar, são aqueles 10% para pagamentos à vista (e tem lojas que só dão 5% quando o pagamento é  no débito e só dão  os 10% se for no dinheiro e, hoje em dia, no pix). Geralmente se consegue este tipo de desconto em lojas menores ou de atendimento mais personalizado que dependa de um vendedor. Lojas grandes, como as Americanas, Casa e Vídeo, etc. nunca dão esse desconto, pois o atendimento é impessoal, então não tem como.

Outra característica do comércio brasileiro: quando dão descontos,  eles nunca ou quase nunca acumulam. Por exemplo, se você chegar na loja com um (raro) cupom promocional, provavelmente não conseguirá os 10% que teria se pagasse a vista, e se negociar os 10% a vista, provavelmente o cupom não será utilizado. E geralmente os cupons têm prazos bem curtos, e às vezes vem nas letras miúdas  que eles não são aceitos em todas as filiais da empresa. Pelo menos na minha experiência, sempre foi assim. Não sei como é em outros lugares do Brasil, mas onde moro é assim.

Vou relatar aqui algumas promoções esdrúxulas que vi por aí ou recebi, para ilustrar meu argumento:

 - vi o Shopee (aquela loja das propagandas horrorosas - aliás, quase todas as propagandas são horríveis hoje em dia) oferecendo  50% de desconto em compras, só que limitados a 10 reais (vi num anúncio no youtube)... ou seja, estão dando no máximo 10 reais de desconto e a propaganda diz 50% só pra chamar atenção.

- em uma loja de móveis  onde comprei um armário, veio de brinde um cartão de desconto de 20 reais, mas que só valia por 7 dias e não podia ser usado para abater o valor do frete, só no preço do móvel mesmo, e ainda vinha com uma cartinha da empresa falando de como a empresa era boa e quase uma família. Aham...

- o pseudo desconto da Cacau Show - aquelas barrinhas de chocolate de 20g custavam 2,90 ou 2,70 dependendo do recheio (ou seja, já eram caras). Agora o preço aumentou para R$ 3,30, mas se você for cadastrado na loja, você  ganha um desconto e elas passam a custar R$2,90 ou R$2,70, dependendo do recheio... ou seja, o mesmo preço de antes. Eles aumentaram o preço para incentivar as pessoas a se cadastrarem. Não gosto de me cadastrar em empresas  então simplesmente parei de comprar. 

Iinfelizmente, acredito que a tendência seja eventualmente todas as empresas passarem a ter cadastro de clientes, mas sinceramente acho que os descontos que dão são muito baixos para que eu aceite prostituir vender meus dados. Vejo que as lojas americanas estão indo pelo mesmo caminho, oferecendo alguns descontos só para clientes cadastrados no "Ame". Pode ser que no futuro só haja descontos se você for cadastrado em alguma plataforma ou use algum serviço desses. E mesmo assim, como no caso da Cacau Show, não são descontos de verdade: eles simplesmente aumentam o preço e cobram o preço antigo para quem tem cadastro. Mais uma tática suja.

- Há muitos restaurantes com cartão fidelidade que tem prazo de validade - perto de onde trabalho tem vários assim, com a validade do cartão bem pequena. Não sei se isso é negociável e se é possível ganhar o desconto se você passar 1 dia ou 2 da validade, mas mesmo assim acho que poderiam não ter prazo.

Acredito que essas coisas aconteçam porque o Brasil é um país muito inflacionário, de modo que a diferença de poder de compra de um ano para o outro já é notável. 

No fundo é uma estratégia de sobrevivência (se boa ou não, aí já é outra história):  maximizar a receita cobrando preços altos, ao invés de tentar vender barato e ganhar no volume de vendas. Pelo menos aqui no Brasil me parece que o padrão é esse. O problema é que os clientes em geral aceitam pagar caro! Não deveríamos aceitar. Tem muito preço que  é alto porque as empresas sabem que as pessoas vão pagar de qualquer jeito, mesmo sendo coisas supérfluas. Isso é outro aspecto de nossa cultura que precisa mudar...

O que acham, confrades?


Fiquem com Deus!

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

E se fosse fácil ganhar 1 salário mínimo com os FIIs?

 

Post só como exercício de imaginação, inspirado pelas reclamações que tenho lido sobre os FIIs (inclusive a minha do último post)

Como as coisas seriam?

Acho que não tem como isso ser possível pois muita coisa teria que ser diferente na estrutura da economia para tal coisa poder acontecer. Principalmente na questão dos incentivos e na questão  risco×retorno (para pagarem tão bem assim, os FIIs teriam que ser investimentos bem mais arriscados)

Eu imagino que haveria pelo menos duas grandes forças econômicas atuando:

1) Por um lado, talvez houvesse mais empregos, porque ficar em casa à toa já renderia um salário mínimo através dos FIIs, fora qualquer seguro desemprego que as pessoas pudessem pleitear, fora eventuais bicos. Então talvez muita gente optaria por ficar em casa "à toa" depois de garantir uma renda mensal de aluguéis (se fosse facil ganhar 1 salário minimo de aluguéis de FII  então também seria relativamente fácil ganhar 2 ou 3, de modo que varias pessoas provavelmente trabalhariam só até aportarem o suficiente para conseguir a renda desejada e talvez só fizessem bicos para tirar uma renda extra) - e hoje em dia já tem muita gente que fica "à toa" por menos que 1 s.m.

2) Haveria uma pressão nos preços, de modo que tudo tenderia a ser um pouco mais caro, afinal seria simples aumentar a renda mensal em 1.000 reais graças aos aluguéis pagos pelos FIIs. Por outro lado, essa "inflação provocada pela renda" talvez fosse atenuada pela quantidade de pessoas que pararia de trabalhar para viver de aluguéis (e que teria renda de 1 s.m. + auxílios governamentais + bicos), então não seria como se todo mundo passasse a ganhar 1 s.m. a mais em complemento aos salários.

E, além destas duas forças:

3) Talvez os empregos em geral tendessem a pagar mais de 1 salário mínimo,  pois seria simples nesta situação hipotética ganhar 1 salário mínimo sem precisar trabalhar, de modo que seria necessário dar uma motivação financeira a mais para que as pessoas se dispusessem a sair de casa e trabalhar para terceiros. Ou então empregos de 1 s.m. teriam vantagens como menos horas de trabalho por semana, ou benefícios como planos de saúde melhores que os de hoje em dia (seria preciso convencer as pessoas a trabalhar para ganhar 1 s.m.)

4) mas ainda haveria alguma dificuldade, pois seria necessário acumular algum  patrimônio para auferir a renda desejada. Talvez empregos que não exigissem experiência fossem disputados a tapa por pessoas que ainda não construíram essa renda passiva maravilhosa.


Parece absurdo o que eu escrevi? Mas não é mais ou menos a realidade, só que ajustando os valores nas devidas proporções?


terça-feira, 2 de novembro de 2021

Aportes e Atualização patrimonial - outubro de 2021

Salve, salve, confraria da melhor blogosfera da nossa querida Terra de Santa Cruz!


Vamos a mais um post de atualização patrimonial, expresso em Coroas, a moeda oficial do Mago Economista.


Aumento acumulado de 35,1% desde o início da série histórica.

O castelo ao fundo representa meu apartamento quitado. Espero um dia acrescentar outro castelo à imagem.

Este mês, mais uma vez tive que sacar dinheiro da poupança para cobrir gastos extras (uns móveis e outras coisas que estou comprando aqui para casa). Pelo menos o valor sacado foi menor que no mês passado e no total o patrimônio aumentou, o que é ótimo (como ainda estou no começo da jornada, o valor dos aportes ainda é muito mais importante para o resultado do que a oscilação dos preços de cada ativo). 

Em relação às ações, o aporte deste mês foi em Bradesco (BBDC3), banco com lucros bilionários recorrentes e bom histórico de gestão. Que continue assim! Como sempre, não recomendo que ninguém compre esta ação. Ela é boa para mim, mas pode não ser para você.

A meta da carteira All Stars é ter entre 15 e 20 ações e no momento estou com 9 (sem contar com a Embraer). Ainda falta um pouco para completar esse álbum de figurinhas. Posteriormente a carteira Small terá umas 5 empresas. E penso em criar uma carteira chamada "Segunda Divisão",  onde ficará a EMBR3 e outras empresas que não considero tão boas assim mas que julgo interessante ser sócio. Esta também terá umas 5 ações. Desta forma, terei umas 30 ações brasileiras, quando completar a coleção. Quando começar a aportar no exterior, pretendo ter no máximo umas 10 ações estrangeiras. 

Daqui a pouco vou precisar de um quadro maior! (clique para ampliar)

Vi alguns blogueiros reclamando nos últimos meses do desempenho da bolsa. Sinceramente, eu nem sei se as minhas ações desvalorizaram ou valorizaram em relação ao mês passado, e isso na minha opinião é muito bom, pois sou cada vez mais adepto do buy and never sell. Só me importa comprar e acumular ações de empresas que eu considero boas. 

Abrindo o jogo: dando tudo certo, só vou vender algumas das ações quando tiver o bastante para comprar uma casa ou um terreno em alguma cidade onde eu queira morar, e ainda falta muito para isso acontecer. 

Desta forma, só olho a cotação duas vezes por mês: no momento em que vou comprar ações novas e quando faço este post de atualização mensal, e a única coisa que comparo com o mês anterior é o patrimônio total e os totais de cada tipo de ativo, e nunca dos ativos individuais. O mesmo vale para os FIIs.

Em relação aos FIIs os aportes do mês foram: 

- HGRE11, o primeiro fundo de escritórios da minha carteira (e talvez o único, pois ainda estou vendo como estes fundos de escritório vão se comportar por conta do aumento do home office no Brasil - a tendência é que os fundos se adaptem e se adequem à nova realidade, afinal gestor nenhum vai ficar parado se quiser sobreviver neste emprego, mas vamos ver os próximos capítulos desta eterna novela que é a futurologia...) - dono de vários prédios comerciais nas regiões sul e sudeste do nosso Brasilzão de Deus; e 

- SDIL11, um fundo de galpões logísticos (na minha humilde opinião, o melhor segmento de FII). No momento está com um passivo um pouco alto (20%), mas isto foi para bancar a aquisição de imóveis, então creio que a tendência seja de redução da dívida.

Obviamente, não recomendo a compra de nenhum destes fundos. O critério que funciona para mim pode não funcionar para vocês, pois cada um tem objetivos e necessidades diferentes e situações de vida diferentes.

Vi vários blogueiros reclamando do desempenho dos FIIs e confesso que também me sinto um pouco desanimado com a renda passiva. Porém estou apenas no começo dos aportes, e sinto um pouco de alegria vendo os aluguéis caindo na conta. O que importa é aportar em bons FIIs. 

Clique para ampliar

Pretendo ter no máximo 15 FIIs na carteira, e no momento tenho 7. 

A renda passiva recebida em outubro (99% aluguéis dos FII e 1% dividendos de ações) foi de 1,2 coroa. Se fizermos a divisão da renda passiva de aluguéis pelo total acumulado em FIIs (1,2/235) o resultado é de 0,51% no mês, ou seja, um pouquinho a mais que a regra antiga da poupança (que era 0,5%+TR, sendo que a TR está zerada desde 2017). 

Porém, se considerarmos o quanto já aportei em FIIs desde o começo (250 coroas) o rendimento foi de 0,48% e, excluindo os FIIs comprados no mês (para os quais não recebi aluguéis por ter comprado depois da data-ex), o rendimento foi de 0,59%. Em ambos os casos, o rendimento ajustado dos FIIs este mês foi inferior ao da poupança pela regra nova, o qual atualmente está em 0,62% a.m.conforme esta postagem deste blog. 


Ou seja, em termos de rendimentos, os FIIs estão perdendo para a poupança! Pouca coisa, mas estão perdendo, e isto não deveria acontecer! (se algum leitor perceber algum erro no meu raciocínio, por favor comente aí e me corrija!

EDIT (06 de novembro): conforme observado pelo colega Poupador do Interior, o blog linkado acima se equivocou quanto ao rendimento atual da poupança. O valor atual correto do rendimento mensal da nova regra está em 0,4412% a.m., conforme a página do Banco Central (link).

Desta forma, os FIIs estão ao menos cumprindo a obrigação de renderem mais que a poupança (é obrigação sim, pois seu risco é superior ao da poupança - logo, a remuneração precisa ser maior.)

De qualquer maneira, a taxa SELIC está mais alta: atualmente em 7,75% a.a. ou 0,624% a.m. - ainda um tanto "baixa" para padrões brasileiros, quando comparamos com 2016, por exemplo, em que havia quem acreditasse ser possível viver dos juros da poupança com "apenas" 1 milhão na conta (por exemplo, o sumido Pobretão de Vida Ruim). 

Mas, estando a SELIC a 0,624% a.m., e minha carteira de FIIs tendo rendido 0,59% a.m. neste mês, será que eu "perdi dinheiro"? Será que eu deveria me preocupar?? 

Eu acho que não, a diferença de rentabilidade foi mínima, e no meu patamar de patrimônio quase não faz diferença em valores absolutos (olha aqui os "13 reais" que o Bastter tanto fala). 

Mas, ainda assim, considerando a questão risco X retorno, não deveriam os FIIs ter rendido mais do que 0,624% a.m.? Será que o problema foi a minha carteira? Ou será com todos os FIIs? 

Vamos ver se este quadro vai se reverter, mas para isto os aluguéis dos imóveis deverão ser reajustados de modo que o rendimento por cota ultrapasse os 0,624% a.m. ou o valor de cada cota deverá diminuir proporcionalmente de modo a aumentar o rendimento por cota, ou uma combinação destas duas coisas. 

Mas com a economia em frangalhos, não sei se é uma boa ideia para os fundos aumentarem os aluguéis neste momento, então provavelmente o que vai acontecer é o reajuste do preço das cotas. Este deve ser um dos motivos para o IFIX estar caindo, ao menos no último ano. Óbvio que há exceções, e que há fundos com as cotas valorizando. Mas na média acho que o caminho, por enquanto, é a queda. 

Independente do rendimento (que não é uma boa medida por si só, diga-se de passagem), os FII têm como vantagem perante a poupança o fato de serem lastreados em imóveis (ativo de valor real e que produz valor) e o fato de os aluguéis ao menos terem a possibilidade de serem ajustados conforme índices inflacionários. 

A poupança é "só dinheiro" (ativo de valor fiduciário e que não gera valor por si só). 

Então julgo que, mesmo que o rendimento de FIIs permaneça inferior ao da poupança SELIC, ainda é uma classe de ativos válida para aportar e diversificar (Até porque é a única maneira de pessoas comuns como nós termos alguma participação no riquíssimo mercado imobiliário). 

De qualquer maneira, ainda tenho um longo caminho a percorrer rumo à TF, confrades! Os aluguéis recebidos aumentam bem devagarinho... É necessário ter muita persistência!

No trabalho, tenho me estressado mais que o normal. Estou tentando mudar de setor (ou mudar de emprego) mas é difícil - vejam se vocês também não passam por isso: nenhum setor quer perder alguém que já sabe fazer o trabalho e ao mesmo tempo nenhum setor quer aceitar alguém que ainda precise aprender  - ninguém gosta de ensinar ninguém nas empresas, todo mundo só quer profissionais já prontos. 

Sinceramente, as pessoas que conseguem ser felizes no trabalho e são ultra-motivadas (ou pelo menos fingem bem), "vestem a camisa" e "têm brilho no olho", entre outras frases bestas pseudo-motivacionais destes tempos sojados que vivemos, têm é muita sorte. Eu  não consigo ser assim, ou pelo menos até hoje nunca encontrei um emprego em que me sentisse assim. 

Às vezes fico muito para baixo e só não largo tudo e me arrisco em um pequeno negócio (informal mesmo) e fazendo bicos por aí porque tenho uma família para cuidar (e seria MUITA irresponsabilidade minha largar o emprego, do nada) e porque sou medroso. 

Não me sinto feliz e nem realizado onde trabalho (acho que poucos são, e acho que ser "feliz" e "realizado" trabalhando é um luxo, é algo para bem poucos). 

Meu trabalho é apenas um lugar onde passo a maior parte do dia e recebo um dinheiro todo mês em troca do meu tempo, e só.  Eu tento não deixar que as coisas ruins de lá me afetem na vida particular, mas todos sabemos o quanto isto é difícil na prática. É muito difícil não trazer preocupações para casa e não me sentir mal por coisas que acontecem ou que são ditas no escritório (ou no whatsapp depois do expediente...). Eu tento, mas é difícil.

Assim, não sei porque alguns criticam tanto o movimento FIRE. O pessoal FIRE está certíssimo em seu objetivo, e eu espero algum dia alcançar pelo menos uma semi-IF (que eu chamo aqui de TF - tranquilidade financeira). 

Concordo que ficar 100% ocioso pro resto da vida faz até mal para a saúde, mas também acho que o mundo do trabalho hoje em dia faz mais mal ainda, especialmente quando se é empregado de alguém. 


No fundo, o movimento FIRE é só mais um sintoma da doença que nossa sociedade está vivendo - é uma reação do hospedeiro.


Perdoem-me pelo desabafo, confrades. Para que ninguém diga que só sei reclamar, mês passado iniciei uma pós-graduação que talvez me ajude a ser professor (de faculdade particular, porque de pública só com doutorado) e que me dará mais moral para cobrar um pouco mais em aulas particulares, além de dar uma enfeitada no currículo, o que nunca é demais. E talvez eu escreva um livro sobre o assunto da pós e ganhe uns royalties (acho que consigo juntar as aulas particulares que dei e transformar em um livro)

     - falando em livros, vocês sabem se, por exemplo, para escrever livros de finanças é necessário ter certificação anbima ou algo do tipo?(não que eu queira escrever sobre isso, mas é bom saber) 

E para escrever livros de determinada área de conhecimento é "exigido" ter registro no conselho profissional pertinente? Exemplo hipotético: eu corro o risco de ser processado pela OAB caso escreva um livro de direito sem ser advogado, mesmo tendo experiência profissional e amplo conhecimento no assunto e não escreva nenhuma besteira? Alguém tem idéia se isso acontece?

É uma dúvida sincera, porque seria uma maneira de monetizar alguns conhecimentos que tenho.


Ainda assim, é bom eu garantir alguma renda passiva, se for largar meu atual emprego para dar aula em alguma faculdade particular (tenho a impressão de que não pagam bem, mas se tiver algum leitor que seja professor de faculdade particular e puder me dizer alguma coisa a respeito, comente aí). Ainda tenho um longo caminho a percorrer... 


O mundo do trabalho não é nada fácil. 

Tenho que ser perseverante.


Assuntos gerais: não tenho lido nenhuma notícia, graças a Deus! Isso é muito bom. Quando visito meus pais e eles me contam os acontecimentos da semana, eu nunca estou sabendo de nada, chega a ser engraçado. Com certeza isso me poupa de muito estresse e chateação. 


Livros: comecei a ler O Nome da Rosa, livro escrito por Umberto Eco, sobre a investigação de um assassinato ocorrido em um mosteiro na idade média. Livro bom para aprender algumas coisas sobre a vida em mosteiros, um pouco de história da idade média, um pouco de história da Igreja Católica e também um pouco de latim (há várias passagens escritas em latim, e dá para aprender um vocabulário bacana se eu me esforçar e traduzir todas elas). Recomendo a leitura! Comprei num sebo por 10 reais. Costumo ler no caminho de ida e de volta do trabalho (sempre vou de transporte público) e durante o almoço. Já li vários livros assim.


Saúde: fiz um checkup recentemente e está tudo bem, graças a Deus.


Família: tudo bem, graças a Deus!


Forte abraço, companheiros de jornada rumo à TF! 

Fiquem com Deus! 

Que novembro seja um mês ainda melhor do que foi outubro!

domingo, 10 de outubro de 2021

Sobre os míticos "13 reais" e o mindset da miséria

Saudações, confraria da blogosfera das finanças!


Um assunto que volta e meia vem a tona é a questão de economizar com as pequenas coisas do dia a dia e se isso faz diferença ou não no patrimônio e na capacidade de aporte de uma pessoa. Uma postagem recente foi esta, do blog Viver sem Pressa. Eu concordo com a postagem. 

Hoje em dia está mesmo "na moda" criticar as pequenas economias que as pessoas fazem (não à toa é comum vermos a expressão "sem cortar o cafezinho" em vídeos da "finansfera do youtube" e em outras blogosferas voltadas a outros assuntos).


Na comunidade do Bastter, por exemplo, há uma crítica muito forte ao que chamam de "mindset da miséria" e usam muito o exemplo dos  "13 reais" para ilustrar pequenas economias que não valem o esforço necessário para obtê-las.

Eu gosto muito do Bastter, sou assinante do site dele, e acho que ele distribui muitas redpills financeiras. A principal, na minha opinião, é a de quitar as dívidas antes de investir - eu não teria quitado o financiamento do meu apartamento se não tivesse conhecido o site e lido os materiais dele na época que li, e sou grato por ter tido contato com estas ideias, que já contribuíram para me tornar um pouco mais livre do que eu era antes.  

Mas não concordo com tudo o que o Bastter diz em seu site, e uma das minhas discordâncias é que, na minha opinião, eles criticam demais as pequenas economias. A impressão que eu tenho é que praticamente qualquer pequena economia que se faça será taxada como "mindset da miséria" e dirão que "ah, isso é esforço demais para economizar 13 reais". 

Eu particularmente acho que tudo é uma questão de como está a situação financeira de cada pessoa, suas condições de trabalho, se tem suporte da família, se sustenta uma família sozinho, e por aí vai. 

Há uma época para tudo. 

Sendo assim, existem épocas na vida da pessoa em que ela pode ter que se preocupar, sim, com os pequenos gastos e em formas de economizar um pouquinho aqui, um pouquinho ali, uns poucos reais ou centavos em pequenas coisas que acabam, no conjunto da obra, fazendo a diferença no fim do mês. Isso geralmente é necessário quando a pessoa ganha pouco ou está passando por dificuldades financeiras por um motivo qualquer.

Por outro lado, quando a pessoa está de certa forma estabelecida financeiramente (tem uma reserva, ganha um salário ou rendimentos de negócio que permitam viver sem se preocupar com entrar no cheque especial ou pedir empréstimos, etc.) em que realmente pode ser bobagem ficar controlando pequenos detalhes dos gastos (por conta do tempo perdido e da energia gasta fazendo estas coisas).


De qualquer maneira, acredito que independente da situação de cada um, sempre é válido fazer economias inteligentes - economias que fazem alguma diferença e que não exijam grandes sacrifícios da pessoa. Como foi escrito no Viver sem Pressa, "de moeda em moeda o dinheiro se multiplica".

Uma coisa é o mindset da miséria, que eu interpreto como sendo:

- excesso de avareza (deixar que o dinheiro controle tudo na sua vida, deixar de fazer coisas boas por não querer gastar dinheiro, mesmo podendo gastar sem passar por apertos); 

- brigar por centavos ou poucos reais em compras (armar confusão no caixa do mercado porque um produto passou com um preço diferente do da etiqueta, por exemplo); e

- "economia burra" como, por exemplo, dirigir 20km para ir em um atacadão e comprar determinado produto por R$ 18,00 ao invés de ir no mercadinho do lado de casa e pagar R$ 23,00 (sendo que você provavelmente gastou mais do que a diferença em gasolina).

Agora, outra coisa é a Economia Inteligente. Se você economizar de forma inteligente em várias pequenas coisas,  você não vai se sacrificar e isso acaba fazendo a diferença depois (e aqui vou usar como exemplo os famigerados 13 reais, sempre que possível) :

- uma pessoa que tem o hábito de todo dia passar em uma dessas cafeterias gourmet (starbucks, california coffee, etc), se simplesmente deixar de ir vai economizar R$ 13,00 por dia (preço de um café mocha médio qualquer) o que em um ano representa uma economia de R$ 3.276,00 (considerando 252 dias úteis), praticamente 3 salários mínimos, o que é considerável e não deveria ser desprezado.



- no supermercado, deixar de comprar alguns produtos supérfluos (digamos, não comprar biscoitos recheados) ou escolher marcas mais baratas em produtos em que a marca não faz tanta diferença assim (eu, por exemplo, sempre compro a água sanitária mais barata que tiver porque não vejo diferença nenhuma entre as marcas) ou comprar embalagens econômicas de produtos não perecíveis ou de validade longa (por exemplo, comprar pacotes de 2kg ou 5kg de sabão em pó ao invés de pacotinhos de 400g ou 500g).

- Se você almoça fora todos os dias por conta do trabalho, se der um jeito de economizar 13 reais (gastando 13 reais a menos do que gastaria, caso não prestasse atenção nisso), você economizaria R$3.146,00 por ano, considerando 22 dias úteis e um ano de 11 meses (1 mês de férias). Também não é algo a ser desprezado. Claro que este exemplo só é válido para quem gasta rotineiramente R$ 30 ou mais no almoço, e também só é válido se você ainda conseguir comer saudavelmente, pois não adianta economizar no almoço e passar fome ou só comer porcarias baratas, pois o preço será pago com sua saúde, que vale muito mais que qualquer dinheiro do mundo. Mas, creio que só de não tomar refrigerante e não comer sobremesa já dá uma boa economia na hora do almoço e, mais importante, uma economia saudável.


Estes foram somente alguns exemplos. Certamente há mais formas de economias inteligentes que podemos fazer, sem sacrifícios e que nos ajudam a aumentar o patrimônio, e que não se enquadram no "mindset da miséria". Eu já tinha escrito estas e algumas outras neste meu post de 2019.

Eu entendo que há um limite para o quanto se pode economizar  no dia a dia (afinal, sempre existe um "custo mínimo de vida") e sei também que o ideal é sempre procurar formas de aumentar a renda (a melhor defesa é o ataque), mas nem sempre é possível aumentar a renda consistentemente, e também há um limite de bicos que uma pessoa pode fazer, e nem todo mundo tem capacidade ou talento ou energia para dar um jeito de aumentar a renda, então geralmente o que dá para fazer mesmo é tentar economizar nas pequenas e nas grandes coisas, conforme for possível. 

Um pouquinho aqui, um trocado ali, no longo prazo faz diferença, sim, quando somamos o resultado, tanto financeiro quanto psicológico (pelo menos eu me sinto bem em fazer alguma coisa para contribuir com minha jornada rumo à Tranquilidade Financeira)

Mas é importante ressaltar que isso só vai funcionar se você realmente guardar o dinheiro economizado e não gastá-lo com coisas supérfluas ou fúteis. Finja que gastou o dinheiro, e guarde-o na poupança mesmo, ou some-o ao aporte do mês.

Em suma: economizar 13 reais em uma compra só, uma vezinha só e depois nunca mais, não faz diferença para o patrimônio (exemplo: se você for comprar um notebook não faz diferença você pagar R$ 3.000,00 ou R$ 3013,00, porque é uma compra que é feita raramente). 

Mas, economizar sistematicamente 13 reais no dia-a-dia (exemplo: você ia todo dia no starbucks e comprava um café mocha de 13 reais, e então deixou de fazer isso, ou você gastava todo dia R$ 30 de almoço e passou a gastar R$ 17 por dia, em média) faz sim diferença, desde que aportemos estas economias ou as utilizemos em coisas mais úteis. 

E vocês, caros leitores e seguidores do blog, o que fazem para economizar no dia-a-dia? Acham que eu exagerei em alguma das minhas afirmações? Acham besteira cortar alguns gastos supérfluos do dia a dia?  Têm alguma outra dica de economia? Comentem aí!


Forte abraço!


Fiquem com Deus!


quarta-feira, 6 de outubro de 2021

O aporte precisa fazer parte do orçamento doméstico

Saudações, confrades.


Uma questão bastante importante e fundamental principalmente para os que estão começando a vida profissional e a "carreira" na busca pela IF ou pela TF é o Aporte (e sua frequência). 

O que mais importa no acúmulo de patrimônio é o aporte e sua consistência ao longo dos anos. Como geralmente ganhamos por mês, o ideal é que os aportes sejam mensais também. Mas, para que isso seja possível, é necessário que o aporte seja levado em conta na hora de montar o orçamento doméstico. Sem um bom planejamento dos gastos, uma família não sai do lugar. E na hora de planejar seus gastos, uma família precisa planejar também o aporte. 

O que eu vou escrever pode parecer óbvio, mas por incrível que pareça muitas pessoas com boas condições financeiras (bons salários ou boas rendas de negócios próprios) não seguem isso. Então não é tão óbvio assim.

O que quero dizer é que o aporte precisa fazer parte do orçamento doméstico. 

Muitas pessoas não planejam seus gastos mensais considerando o aporte (umas por ignorância e outras, infelizmente, por ganharem valores que não tornam possível investir, como é o caso de muitos que ganham 1 (hum) salário mínimo) e por conta disso não conseguem economizar nada, ou então só economizam mesmo as migalhas que sobram no fim do mês (embora sejam melhor do que nada, tendo em vista que há muitas pessoas que nem conseguem economizar, essas migalhinhas não nos levam a lugar nenhum). 

Se uma pessoa com condições de economizar algum dinheiro todo mês não consegue fazer isso, então há algo de errado no orçamento e é necessário tomar alguma atitude, pelo bem de sua família. Afinal, mesmo que não invista no mercado financeiro (ninguém é obrigado a ter ações e nem FIIs), é ao menos necessário aportar na Reserva de Emergência (RE), para evitar cair no cheque especial ou ter que recorrer a um empréstimo para resolver algum problema, e problemas acontecem, às vezes aleatoriamente.

Uma coisa que atrapalha a vida de muita gente é o "deslumbramento" sentido quando se começa a ganhar dinheiro, o que acomete principalmente os mais jovens e de classe média, que geralmente não passaram por necessidades e por conta disso muitas vezes acabam não aprendendo a respeitar o dinheiro.

Vejam só o roteiro "padrão" de uma pessoa de classe média no começo de sua vida profissional:


Imaginem um jovem solteiro de uns 26-27 anos. O rapaz sai da faculdade e arruma um emprego "normal" em São Paulo (por normal quero dizer "de escritório", numa empresa "comum", que é o que geralmente se consegue numa cidade grande). Vamos supor que ele se dê muito bem e ingresse num programa de trainee executivo e ganhe um salário inicial de R$ 6.000,00 líquidos. Como ele está louco para ser independente e ter sua própria vida, ele vai morar sozinho e aluga um apartamento a uma distância razoável de onde trabalha, de modo que não gaste muito tempo com o deslocamento - só aí já vão no mínimo  R$800,00 (conforme minha pesquisa por apartamentos de 1 quarto com pelo menos 20m² e valor do condomínio incluído, em São Paulo, no site Viva Real - 800 reais foi o menor valor que encontrei no dia que fiz esta pesquisa, e provavelmente é em uma localização ruim de São Paulo, mas não sei, eu realmente não conheço bem a cidade). 

Como o jovem hipotético está ganhando bem, ele aproveita e compra um carro (de 40K), financiando sem entrada em 60 prestações - aí já vão mais R$ 1.000,00 do orçamento. Sobraram R$ 4.200,00 e deste valor ele ainda precisa tirar as compras em supermercado, gasolina, manutenções eventuais no carro, de vez em quando comprar roupas, e provavelmente gastará uma boa grana almoçando ou jantando em restaurantes (ou pedindo delivery) e saindo para bares, baladas, etc. (a noite em SP é cara, já dizia o sumido Pobretão). 

Vamos estimar os gastos mensais de nosso herói e pôr numa tabela (tudo estimado mesmo - se eu escrever algum absurdo comentem aí):

Gasto                                Valor      

Aluguel                       R$ 800,00                               
Prestação carro         R$ 1.000,00                              
Luz, água, gás, etc.     R$  600,00                                 
Gasolina                       R$ 800,00                                
Supermercado              R$ 800,00                                
Restaurante                  R$ 800,00                               
Saídas, lazer              R$ 1.200,00                               
Total                          R$ 6.000,00

E assim nosso jovem herói gasta todo mês todo o seu salário, e qualquer gasto que fuja desta programação (ex: uma multa de trânsito que ele leve no mesmo mês em que tiver que levar o carro na oficina) o fará entrar no cheque especial, um dos maiores destruidores de patrimônio que se conhece. 

Se nada de ruim lhe acontecer, ele provavelmente terminará seu primeiro ano de trabalho apenas com seu carro, nenhum patrimônio acumulado, e estará bastante acostumado com seu padrão de vida. 

Como não tem reservas financeiras, pode ser que ele viva preocupado com a possibilidade de não sobreviver ao programa de trainee e ser demitido. Felizmente para ele, seria relativamente fácil vender o carro para quitar pelo menos a maior parte da dívida do financiamento. E, caso seja demitido, ainda é fácil se recolocar no mercado por conta de sua tenra idade.

Vocês podem achar que algumas das estimativas acima não são razoáveis, que algumas estão muito caras ou muito baratas, e realmente é difícil estimar o orçamento doméstico de uma pessoa, ainda mais hipoteticamente, mas o que eu quis ilustrar com isso é que há muitas pessoas que, mesmo ganhando bem, estão financeiramente enrascadas, andando na corda bamba, no fio da navalha, etc. 

Esta é a realidade de muitos, ganhando bem ou ganhando mal. Não basta ganhar muito dinheiro: você pode acabar pobre e falido se não souber administrar bem a sua renda e se não considerar o aporte na hora de definir seu orçamento. 


Em nosso exemplo, o que o jovem trainee poderia fazer? Conforme já recomendei, ele poderia economizar pelo menos 25% de seu salário, o que daria R$ 1.250,00 por mês, para que em 3 ou 4 anos (dependendo do rendimento) tivesse aportado 1 ano de salário, o que lhe daria alguma segurança e maior tranquilidade, tranquilidade esta que poderia até mesmo melhorar seu rendimento no trabalho. 

Em um ano de trabalho ele conseguiria economizar 4 meses de salário, o que já é alguma coisa. Como se trata de um jovem solteiro, ele poderia poupar este dinheiro economizando no restaurante, em suas saídas,  usando menos o carro, maneirando nas compras do mercado, contratando um plano mais barato de celular e internet, etc. 

Para que isto fosse possível, ele deveria, desde o começo, ter considerado este aporte de 25% do salário em seu orçamento doméstico. Poderia fazer melhor ainda: tentar economizar um terço do salário (R$ 1.666,66), aportar os R$ 1.250,00 e usar os R$ 416,66 restantes para adiantar parcelas do financiamento de seu carro, para se livrar mais rapidamente da dívida e eventualmente liberar R$ 1.000,00 de seu orçamento. Neste caso, pode ser mais interessante aportar menos e adiantar mais parcelas. 

Ou melhor ainda: trocar o carro de R$ 40.000 por outro mais barato (mas infelizmente ainda existe uma exigência implícita de "status" em muitos locais de trabalho, principalmente empresas grandes, de modo que um trainee provavelmente seria mal visto se não tivesse carro ou se andasse em um carro muito barato - a não ser, claro, que tivesse uma boa desculpa, como morar perto do metrô e o trabalho ser próximo de uma estação do metrô - ou usar a carta da "ecologia" para justificar não ter um carro, se ele for bom de lábia).


Em suma: tem muita gente com bom potencial e que passa num programa de trainee de uma empresa grande e depois é efetivada ou passa em um concurso top e começa a ganhar R$ 10K ou mais por mês, mas aí acaba estruturando uma vida que custa R$ 9.999,00/mês, sem aportar, e por isso acaba nunca saindo do lugar e vive de mês em mês.


Forte abraço, companheiros de jornada!

Fiquem com Deus!



(O salário médio de trainee eu estimei com base neste site > https://sejatrainee.com.br/salario-dos-trainees/.)