sábado, 10 de dezembro de 2022

Resenha - O Rei dos Dividendos


Saudações, confraria!

Em novembro comprei um exemplar da biografia do Barsi, entitulada "O Rei dos Dividendos", lançada em outubro desse ano, e vou postar aqui uma resenha, com alguns comentários meus e destacando os pontos que achei mais interessantes. 


"O Rei dos Dividendos", escrito pelo Luiz Barsi Filho, um dos mais ricos investidores de nossa Bolsa, é um livro bem fluido e de fácil leitura, não entra em detalhes chatos e nem em minúcias, de modo que o li bem rápido. 

Achei a leitura interessante. O início narra a origem humilde do velho investidor, nascido em uma família pobre em 1939, morando em um cortiço em São Paulo junto de outras famílias imigrantes européias, o início da vida profissional ainda na infância, vendendo uvas passas no cinema...

Depois ele conta como se formou em um curso de técnico de contabilidade e começou a trabalhar. Foi através dos conhecimentos de contabilidade que ele iniciou sua jornada nos investimentos, pois aprendeu a analisar empresas. Posteriormente se formou também em economia. Uma coisa que o favoreceu foi o fato de que quase ninguém tinha estudo naquela época (anos 60). Destaco o seguinte trecho do livro (página 32):

"No final dos anos 50 e início dos 60, mais de 70% dos brasileiros tinham no máximo 3 anos de estudo. Só 1 em cada 100 trabalhadores havia completado o ensino superior. Com meu diploma de técnico contábil eu já era a pessoa que tinha um olho só em terra de cego. Economista e contador formado, então,  nem se fala."

Além de seu emprego, ele também dava aulas de contabilidade e fazia auditorias por fora, para ganhar uma renda extra (ter mais de uma fonte de renda é cada vez mais importante, confrades... vamos buscar!)

Chegou a trabalhar um curto período em uma pequena estatal, com um salário bom para a época, mas largou o emprego (por causa das limitações do serviço público) e passou a se dedicar ao mercado de ações, no início somente com o dinheiro das aulas e das auditorias, e posteriormente (por volta do fim dos anos 60 e do início dos anos 70) com o dinheiro que recebia sendo sócio de uma corretora chamada "Cruzeiro do Sul", uma das 134 corretoras daquela época. Também passou a ser operador de pregão, atuando através de sua corretora.

A sociedade na corretora não durou muito tempo, e a mesma foi vendida em 1971. A partir daí, Barsi foi trabalhar como operador na corretora "Montanarini". Pelo visto, ele e seus sócios tiveram sorte ou foram visionários, pois em 1971 houve um crash no mercado de ações brasileiro que contribuiu para afastar os investidores pessoa física por muitos anos (o livro dá a entender que este crash originou o cliché de chamarem a bolsa de "cassino" por aqui - talvez esta tenha sido a expressão empregada pelos jornais da época, ou pelas pessoas que talvez tenham sido entrevistadas. E até hoje há quem compare as bolsas de valores em geral a cassinos ou coisas similares. E certamente esse crash foi um dos fatores motivadores para a publicação da Lei das S.A. em 1976)

Com sua crescente fama nos pregões, ele eventualmente foi convidado para escrever no jornal "Diário Popular", onde trabalhou como editor e colunista por 17 anos.

Após o crash de 1971, ele continuou trabalhando como corretor, e já vislumbrava a inviabilidade de se aposentar pelo INSS (na época, INPS). Destaco o seguinte trecho (páginas 73 e 74):

"Talvez eu tenha enxergado algo que era difícil perceber naquele momento (...) Os sinais já estavam no horizonte. As mulheres ensaiavam sua entrada no mercado de trabalho, o número de filhos por família começava a diminuir, avanços na medicina e nas condições de saneamento favoreciam a longevidade e, bem,  já era possível suspeitar que em algum momento no futuro não haveria gente suficiente trabalhando para manter os aposentados. Vale lembrar que nossa previdência é estruturada de tal modo que quem trabalha sustenta os que já se aposentaram".

Foi com base nestas ideias que ele resolveu montar sua "carteira previdenciária", pois estava convencido que o INSS era insustentável e mesmo que entregasse o que prometia, ele receberia uma aposentadoria medíocre. 

Resolveu então focar ainda mais no recebimento de dividendos, com vistas a montar uma carteira que o sustentasse na velhice. Chegou até mesmo a escrever e publicar uma cartilha (intitulada "Ações garantem o futuro") explicando este raciocínio.

Posteriormente ele conta outras histórias no livro, focando em suas participações na Klabin, Eternit, e Unipar. Nestas empresas ele adquiriu imensa quantidade de ações, na casa das milhões de unidades, para receber muitos dividendos e principalmente para ocupar cadeiras nos conselhos, ter o direito de indicar pessoas de confiança para cargos-chave e, com isso, influenciar o andamento de seus negócios. 


As ideias centrais do Barsi, no que tange às finanças pessoais, pelo que se entende da leitura de sua biografia, são as seguintes: 

    - Comprar ações de boas empresas (com bons projetos e já consolidadas) na maior quantidade possível (para receber muitos dividendos), todo mês. 

    - Não diversificar muito (ele diz no livro que a carteira dele sempre tem algo em torno de 12 ações diferentes, e faz a analogia de serem uma para cada mês do ano, como se ele buscasse garantir que todo mês receberia dividendos) - acho que a ideia dele de não diversificar muito vem do fato de ele gostar de comprar muitas ações da mesma empresa

    - Se possível, tornar-se um acionista minoritário relevante, com participação no conselho da empresa e ser capaz de influenciar os rumos do negócio (mais um motivo para ele não gostar muito de diversificar)


Porém nem tudo o que o Barsi escreveu e falou é aplicável por pessoas comuns:

"começar devagar, comprando 1.000 ações todo mês" - pode ter sido figura de linguagem, mas se ele foi literal, isso não é possível de ser feito pela vasta maioria dos brasileiros que investem na bolsa. Pelo menos no caso de algumas empresas seria necessário aportar muito dinheiro de cada vez: para comprar 1.000 ações da Petrobras custaria, hoje, uns R$ 35.000,0. Para comprar mil ações da Arezzo seria uns R$ 84.000,00. Acho mais provável que ele tenha usado uma figura de linguagem. 

"conversar com os diretores, executivos e CEO das empresas para conhecer o negócio" - para ele é perfeitamente possível, tendo em vista sua fama e fortuna, mas para nós pequenos acionistas isto seria bastante difícil, senão impossível: se às vezes até mesmo os departamentos de Relação com Investidores (RI) nos ignoram na cara de pau, que dirá os CEO, altos executivos, etc.


Para finalizar, algumas frases interessantes que eu pesquei do livro:

"Na hora de adquirir papéis, é importante conhecer o interesse do controlador ou dos controladores de um negócio" - o máximo que podemos desfrutar disso é surfar na onda dos controladores, e neste ponto eu concordo com o Bastter que o melhor jeito é tendo ações ON.

"(...) se eu não pensasse grande, ninguém pensaria por mim"- essa é uma das frases mais interessantes e verdadeiras do livro, na minha opinião. Pelos outros, você sempre será um serviçal, um capacho, um personagem secundário, um figurante, etc. Além de você mesmo e de sua família, ninguém tem interesse que você cresça, se desenvolva, nem melhore.

"Independentemente da moeda (...) a palavra 'milhão' tem um papel relevante no imaginário da nossa sociedade" - enquanto uma moeda não se degenera pela inflação, isto é verdade mesmo. Mas óbvio que se a moeda for estragada, isso perde o sentido (lembrem da nota de 100 trilhões de dólares do Zimbábue)

"Não compro o que não conheço ou não consigo entender" - é aqui que a maioria das pessoas cai nas armadilhas do mercado e da vida de modo geral. E não me refiro somente a ações, criptomoedas, etc. Me refiro também a pessoas entrando de trouxa em pirâmides, negócios escusos, etc.

"Não me canso de falar que o cidadão deve adquirir ações para comprar e guardar. Não deve pensar em si mesmo como um acionista minoritário, mas como um pequeno dono. Um dono não vende a empresa porque os papéis caíram ou porque subiram demais. Ele pensa na perenidade do negócio" - acho que esta é a melhor maneira de um pequeno investidor pessoa física sobreviver na bolsa, tendo a mentalidade de sócio (também defendida pelo Bastter) e ignorando notícias e cotações.


Esta foi a primeira vez que li algo do Luiz Barsi. Nem mesmo nos meus tempos de sardinha abissal (em que eu perdi um dinheiro com a OGX, conforme já relatei aqui no blog) eu sequer havia ouvido falar nesta personalidade de nossa bolsa. 

Embora eu não concorde com todas as ideias defendidas (eu sou a favor da diversificação) e acredite que ele não contou tudo o que ele faz (afinal, se ele contasse os seus "pulos do gato" não seria bilionário) e nem tudo  o que ele fez (me parece haver um gap na história profissional dele, na forma como foi narrada), achei uma leitura interessante. Nota 8/10.

O que acham do Barsi, confrades?


Forte abraço! 

 Fiquem com Deus!

sábado, 3 de dezembro de 2022

Aportes e Atualização Patrimonial - Novembro de 2022

Saudações, confrades!

Novembro acabou, e chegamos ao último mês do ano de 2022 de Nosso Senhor!

Que mês longo e turbulento! Falo a respeito do mercado, dos ânimos do país e da sensação de que era muito mês para pouco salário!

Vamos ao post de atualização patrimonial, como sempre expresso em Coroas, a moeda oficial do Mago Economista (conforme dados de 2 de dezembro):

 


Após incríveis 12 meses seguidos de crescimento, meu patrimônio apresentou uma pequena queda em relação ao mês anterior. A queda foi devida à sangria geral do mercado de ações e principalmente a saques que precisei fazer na Reserva de Emergência, para fazer frente a gastos extras. Faz parte do jogo! Acho que não vi nenhum colega da finansfera comemorando resultado positivo este mês. Estamos juntos nessa, amigos! 

Aumento acumulado de 192,4% em relação ao começo da série histórica, em junho de 2021. 

Ainda tenho esperança de terminar o ano alcançando a marca das 3.000 Coroas. 

Aporte e tempo, é isso o que mais importa nas finanças...


Ações - o aporte do mês foi na Sinquia, empresa de software com forte atuação no setor financeiro, vários anos de lucros, dívida baixa, etc. ; além disso, aproveitei a queda geral do mercado e reforcei minha posição em B3 (a empresa) e em Cielo. Vamos ver no que dá.

Segue o gráfico das ações. A que está mais à frente representa 5,6% da carteira de ações, que agora conta com 30 empresas, sendo 27 na carteira "All Stars" e 3 na "2ª Divisão".






FIIs - o aporte do mês foi em HGRU11, fundo focado em lojas de rua, e no KNRI11, fundo híbrido de escritórios e galpões logísticos. 

(Será que eu ainda vou encontrar mais FIIs para a carteira? Por enquanto ela permanece com 15 fundos diferentes. Acho que poderia diversificar mais um pouco, mas como ainda não encontrei outros FIIs que me agradassem, por enquanto a carteira fica dividida em 15 FIIs mesmo. Vou procurar um pouco mais agora em dezembro...)

Quando montei o gráfico dos FIIs, fiquei surpreso com o fato de que pela primeira vez não é o HGLG o primeiro colocado da minha carteira... foi ultrapassado KNRI, o "transatlântico" do mercado de FIIs. Agora cada um representa quase 10% da carteira de fundos imobiliários, o que significa que vai demorar um pouco até que eu faça novos aportes nestes fundos. Segue o template e o gráfico:




Exterior - Conforme escrevi na última atualização patrimonial,  voltei a aportar no exterior. A empresa escolhida foi a 3M, produtora de diversas coisas úteis, sendo mais conhecida aqui no Brasil pela "fita verde" e também pelas máscaras de proteção industrial. Sem saber, comprei a tempo de poder receber os dividendos, agora em dezembro! 

Falando em dividendos, eu ainda não considero a renda passiva recebida no exterior porque ainda não chego a receber 1 coroa por mês. Quando isto ocorrer, vou considera-la no gráfico da renda passiva.


Com este aporte, minha carteira no exterior está com 5 stocks e 6 REITs:




Renda Fixa - conforme escrevi na introdução, precisei sacar da RE. Pelo menos ela ainda está superior ao do começo da série histórica, e contabilmente o valor separado para comprar um imóvel permanece o mesmo, e só a parte que eu considero RE diminuiu.

Reserva de valor - sem aportes este mês. BTC ficou o mês todo abaixo dos 100.000 reais, talvez tenha estabilizado por aí. Se sobrar dinheiro, compro mais um pouco, mas ultimamente não me tem sobrado dinheiro.

O esquema de fraude da FTX me parece que deu uma desanimada no mercado das criptos e ainda fez com que muitos potenciais usuários desconfiassem ainda mais desse "mundo".



Governo sendo governo...

Renda Passiva - O prêmio de consolação do mês veio na renda passiva: este mês recebi 7,79 coroas, o que faz com que novembro de 2022 tenha sido o 2º melhor mês até o momento, praticamente empatando com o pico de 7,82 coroas recebidas em maio desse ano. Talvez na atualização de dezembro, eu escreva aqui que bati meu recorde na renda passiva... veremos! 

Do total recebido, 2,78 coroas foram oriundas das ações, e o restante dos FIIs. As empresas que me pagaram dividendos e JCP este mês foram: Eztec, Banco do Brasil, Porto Seguro, Cielo, Grendene, Klabin, Tupy, Localiza, Itaú e Bradesco. Portanto, 10 empresas contribuíram para a minha renda passiva este mês. Aos pouquinhos, vou me tornando menos dependente do emprego e a bola de neve de dividendos vai crescendo!



Segue o gráfico do patrimônio consolidado:


A RE ainda representa uma fatia alta do patrimônio (40%), e isto ainda me protege das oscilações da bolsa. KNRI e HGLG são os únicos ativos que representam, cada um, mais de 2% do patrimônio total. A minha carteira agora está com 56 ativos, fora a RE.


Generalidades

- Situação tensa no país. Tem muita coisa que eu poderia escrever, mas prefiro me manter afastado de assuntos polêmicos. Vale o conselho do Bastter: trabalhar, cuidar da saúde, cuidar da família, fazer a caridade que puder fazer, e seguir a vida. Só digo que a forma de Estado que eu considero a menos pior é a monarquia.

- Situação tensa no mundo, com a guerra entre Ucrânia e Rússia ainda rolando. O presidente dos EUA, joão bidê, me parece ser nada mais que um fantoche quebrado: não duvido que ele seja mesmo senil e esteja no cargo para servir de testa de ferro e eventualmente de bode expiatório caso seja necessário sacrificar alguém como culpado por eventuais crimes de guerra e/ou de corrupção. Isso fora as outras suspeitas que pairam sobre sua estranha figura...

- Como eu não curto futebol, não estou vendo os jogos da copa do mundo, então estou bem por fora dos detalhes. Mas não teve como não ver algumas pessoas desprezíveis comemorando quando o Neymar se machucou, e isso só por causa do posicionamento político dele. Isso diz muito sobre o caráter destas pessoas.  

- Falando na Copa, por mais que eu concorde que por aqui o futebol é "o ópio do povo", eu acho errado e infantil torcer contra seu país só por birra. 

- Li isso não lembro aonde, mas concordei: a falta de neve nos prejudicou como civilização.


Forte abraço, confrades!

Fiquem com Deus!

terça-feira, 15 de novembro de 2022

O dinheiro é uma abstração, e isso inclui o ouro

 





Os metais preciosos em geral (e neste texto eu uso o ouro como metonímia) têm sido aceitos como meio de troca pela humanidade há milhares de anos.

O homem da Antiguidade aceitava a ideia de armazenar ouro porque sabia que poderia trocar tal ouro por, por exemplo, comida. E isto porque certamente o outro homem aceitaria trocar o tempo de vida que gastou caçando, coletando ou plantando para produzir comida por ouro. Este por sua vez aceitava trocar seu tempo gasto produzindo alimento por ouro justamente porque sabia que um terceiro também aceitaria dar outras coisas em troca de ouro, e assim por diante. É uma cadeia de confiança, inicialmente não-escrita, orgânica, e que eventualmente acabou resultando nas moedas de curso forçado que temos atualmente.

O ouro, assim como qualquer forma de dinheiro, seja físico seja digital, com lastro ou sem lastro, é no fundo uma abstração para o tempo. O dinheiro desde sempre funciona como uma "bateria de tempo", um jeito de armazená-lo: permite que você se especialize em fazer uma só coisa (ou poucas coisas) em troca destas "baterias", para que não precise gastar tempo fazendo atividades que outras pessoas se dispuseram a realizar, elas também gastando seu tempo de vida em troca de "baterias". E, como escrevi anteriormente, isto só funciona na base da confiança. Se em dado momento a confiança em determinada "bateria" acabar, todas as suas cópias se tornam praticamente inúteis.

E nós passamos por várias camadas de abstração para chegarmos onde estamos hoje em relação ao que entendemos como dinheiro. 

O resumo deste caminho seria mais ou menos assim:

1) No início não existia dinheiro, não havia maneira simples e padronizada de "armazenar" tempo, então todos apenas satisfaziam suas necessidades imediatas e as da tribo, e no máximo estocavam coisas não perecíveis (peles, ossos, ferramentas, cerâmicas, etc.) mas sem pensar muito em trocas - estocavam principalmente porque era necessário para sobreviver (ao inverno, à seca, etc.) ;


2) Eventualmente chegou-se a um acordo não-escrito em que determinados objetos poderiam ser trocados por alimentos, água e por outros objetos (escambo);


3) Chegou-se a uma "conclusão coletiva" de que seria mais fácil e prático usar pedaços de ouro para fazer trocas, e novamente chegou-se a um acordo não-escrito de que isto seria aceito - esta foi a meu ver primeira camada de abstração,  pois foi adotado como meio de troca algo que não tem utilidade imediata em termos de sobrevivência - o ouro. Aceitou-se armazenar esforço e tempo de vida em pedaços de metal;

4) Com o surgimento de Estados (nada mais que a consolidação do domínio das "tribos" mais fortes), ao invés de meros pedaços de ouro passa-se a cunhar moedas (para padronizar o peso e tamanho de cada pedaço de ouro) e o soberano de cada Estado garante que a moeda de ouro é realmente de ouro e tem aquele peso determinado (por isso que as moedas têm os rostos dos governantes e os símbolos do governo) - e cada soberano também força o curso de sua moeda em seus domínios, bem como detém o monopólio de cunhagem da moeda (ou vende tais direitos para um aliado) - chegamos a mais um grau de abstração, pois para que valesse a pena cunhar moedas de ouro, o valor de cada moeda deveria ser superior ao valor do ouro nela contido - havia em cada moeda um valor imaginário: a diferença entre o valor extrínseco e o intrínseco;




5) Um belo dia, percebeu-se que seria mais prático carregar recibos e comprovantes de depósitos de ouro em bancos do que carregar sacos de moedas, e com isto surgiu o papel-moeda. Nesta época era indiferente usar o recibo ou a moeda de ouro, e qualquer um que entregasse um recibo em um banco receberia o ouro em troca, e vice-versa: o dinheiro ainda tinha lastro. Outro grau de abstração foi alcançado: não apenas a moeda vale mais do que o ouro nela contido, o papel que diz que eu possuo determinada quantidade de moedas de ouro guardadas num cofre dentro de um estabelecimento bancário vale tanto quanto as tais moedas. Ou seja, aceitou-se armazenar tempo de vida e esforço em pedaços de papel timbrados, pois tais papéis poderiam ser trocados por ouro.

dizem que os primeiros exemplares de papel-moeda foram notas promissórias chinesas



6) Eventualmente, por decisão unilateral estatal (ao menos nos casos em que conheço), abandona-se o lastro do dinheiro: o papel-moeda deixa de ser conversível em ouro. Por um tempo, esse dinheiro de papel convive com moedas de ouro, mas eventualmente isso terminou e todos passaram a usar só os papéis. Isto foi mais um grau de abstração alcançado: aceitou-se armazenar tempo em pedaços de papel timbrados pois o governo garante que tais papéis serão aceitos como meio de troca. O governo consegue forçar o uso do papel através da força da lei, mas não consegue controlar completamente o valor de tais papéis,  os quais dependem da confiança que os usuários depositam neles, e é por isso que a isto se chama "moeda fiduciária". Se a população perde a confiança no valor do papel-moeda, seu valor diminui,  e esta diminuição quebra ainda mais a confiança,  num ciclo vicioso.

7) Aos poucos, com a crescente digitalização da economia, o papel moeda físico vai sumindo e vai dando lugar a transações com cartões de crédito e débito,  transferências bancárias totalmente eletrônicas, e etc. O PIX facilitou ainda mais o processo. Isto foi mais uma camada de abstração alcançada: não é nem mesmo em um pedaço de papel - o tempo de vida e o esforço das pessoas está sendo armazenado em baterias totalmente virtuais: lançamentos contábeis eletrônicos em sistemas digitais de bancos.

Se criptomoedas vingarem como meio de troca (não sei e ninguém sabe se isso vai acontecer), então acho que isto representaria mais uma camada de abstração: armazenar tempo de vida em baterias virtuais geradas por algoritmos, sendo que alguns "garantem" uma escassez artificial (limite ao número de unidades mineráveis, como o BTC, BCH, etc.) e outras não (ETH). Claro que para isto funcionar, um número suficiente de pessoas precisa aceitar que isto funciona, senão as criptos continuarão sendo apenas bilhetes de loteria e objetos de especulação. 

Notemos que, apesar de a humanidade estar entrando em camadas de abstração cada vez mais etéreas e profundas acerca do que é dinheiro, o escambo não desapareceu completamente (e nem acredito que desaparecerá), e nem as moedas de ouro (também acredito que não irão desaparecer). 

No meu resumo acima, eu foquei no que é explicitamente dinheiro e deixei de lado outras abstrações que também funcionam como dinheiro (o mercado de crédito e o de derivativos, que são mais antigos do que muitos imaginam), para evitar que o texto ficasse longo demais. Talvez eu escreva mais sobre estes outros mecanismos em futuros posts.

A lição central aqui é: o dinheiro, mesmo o ouro, só funciona porque um número suficiente de pessoas concorda que funciona. A vantagem do ouro é que ele é usado há milênios pela humanidade, mas no fundo ele precisa ser aceito por um número suficiente de pessoas para funcionar. Como é usado há milênios, ele tende a ser sempre aceito, mas pode haver cenários em que talvez não seja.

Eu acho que, se não existisse o artifício do dinheiro (armazenar tempo): 

 - ou a principal ocupação da maioria das pessoas seria a de suprir o básico (alimento e água) com as próprias mãos para si mesmo e suas famílias (tal como era no estado natural do homem) - no regime feudal era assim... os camponeses geralmente passavam a vida inteira sem ver dinheiro, só cuidando da terra em troca de proteção do senhor feudal, ou pelo menos é o que nos diz o falecido historiador Jacques Legoff; ou 

- haveria uma divisão de trabalho em troca de outra coisa que não seria dinheiro (honra, favores, reputação, ou algo assim). 


O que acham disso, confrades? 

Que outras reflexões poderíamos tirar a respeito das camadas de abstração do dinheiro?

Forte abraço! 

Fiquem com Deus!

domingo, 6 de novembro de 2022

Os maus hábitos do comércio - parte 5

Saudações,  confrades!

Vamos a mais um post desta série, na qual eu discorro sobre práticas comerciais do dia a dia que eu considero ruins, improdutivas e prejudiciais tanto para os clientes quanto para o próprio estabelecimento em si.

Para quem não leu os posts anteriores e se interessa pelo assunto,  seguem os links:

Os maus hábitos do comércio 

Os maus hábitos do comércio parte 2

Os maus hábitos do comércio parte 3

Os maus hábitos do comércio parte 4

Agora vamos ao post propriamente dito:

Cardápios em QR Code - acho isso desnecessário e incômodo. Estou com o pessoal mais velho nessa. Acho um saco ter que pegar o celular e ler o QR Code para depois ficar arrastando a página do cardápio pra cima e pra baixo com o dedo na tela do celular. Acho que isso não economiza nada (se o restaurante precisa economizar dinheiro não imprimindo os cardápios,  então das duas uma: ou o cardápio muda todo dia ou então o restaurante já faliu e esqueceram de avisar o dono!) e ainda deixa o restaurante com um jeitão de "modernete metido a besta". 

Até hoje só fui em 2 restaurantes que só tinham cardápio em QR Code, e nos dois eu levantei e fui embora sem comprar nada. 

Um deles era uma dessas hamburguerias "gourmet" (que de gourmet só têm o preço mesmo) que só têm 3 hambúrgueres diferentes no menu, excessivamente caros, e o outro era uma cafeteria, e este foi recentemente. Nesse último eu quase me rendi e cheguei a escanear o bendito QR Code, mas a internet estava ruim e o cardápio não carregou (ou o arquivo era pesado demais para o meu telefone, sei lá). E também foi ruim ouvir a balconista com aquele jeitão de "problema seu" dizendo que não tinha cardápio em papel. Desisti e fui embora, e acho que sempre farei isso quando me deparar com cardápio que só existe num QR Code... 

Eu acho que hoje em dia muitas empresas ficam forçando a barra para que os clientes instalem apps e/ou usem o smartphone para fazer coisas triviais. Esse tipo de coisa só faz sentido quando a tecnologia envolvida realmente facilita o trabalho do cliente. Mas do jeito como muitas empresas fazem (como é o caso do cardápio em QR Code), acaba acrescentando mais um obstáculo para o consumidor alcançar o produto, e acrescentando mais uma etapa no processo do negócio onde é possível acontecer alguma falha que faça a empresa perder uma venda (por exemplo, no caso dos cardápios: internet fora do ar, telefone sem bateria, sinal ruim, etc.). 



Só porque uma tecnologia existe, não quer dizer que devemos usá-la o tempo todo e nem que a mesma deva ser incorporada a coisas corriqueiras.

Promoções que não são promoções - há pouco tempo recebi na rua o panfleto de uma loja que estava fazendo essa promoção bizarra: se você fizesse compras acima de 500 reais você ganharia um cupom que te dava a chance de ser sorteado para ganhar um prêmio de "até 10 mil reais". Como sempre, tinha um asterisco que levava para as letrinhas miúdas do contrato: na verdade eram  vários sorteios, alguns de 500 reais, outros de 1.000, e um de 5.000, e o prêmio não era em dinheiro, mas sim em vale-compras que deveriam ser usados na mesma loja e somente até um certa data limite (acho que março do ano que vem). Na minha opinião, se for para fazer uma "promoção" assim, melhor nem fazer, pois acho que pega mal para a imagem da loja. 

Acho que esse tipo de promoção, dando vale-compra, só vale a pena se for de super-mercado ou outro tipo de comércio em que você vá com frequência.

Outro exemplo disso são restaurantes que dão cartões-fidelidade que não trazem nenhum desconto de verdade, ou em que é quase impossível ganhar o desconto. Por exemplo, tem um perto de onde eu trabalho que a cada 10 refeições você ganha 20% de desconto na 11ª e o cartão só vale por três semanas. Acho que estes cartões poderiam ser vitalícios, ou ter validades maiores (1 ano).


E vocês, confrades, o que acham disso? Também se incomodam quando precisam usar o smartphone para ler um cardápio? Participam de promoções de lojas?


Forte abraço! Fiquem com Deus!

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Aportes e Atualização Patrimonial - Outubro de 2022

Saudações, confraria!

Terminou o mês de outubro, e com isto entramos no último bimestre do ano de 2022 de Nosso Senhor.

Terminaram também as eleições, e com isto espero que terminem, ao menos por enquanto, o estresse e os ânimos exaltados que esta época tem trazido nos últimos anos. 

Lembrem-se que, independente do resultado desta e de quaisquer  eleições, governo nenhum é seu amigo. O governo nos enxerga apenas como massa de manobra, bucha de canhão e fonte de impostos. 

Dito isto, vamos a mais um post de atualização patrimonial. Como sempre, todos os valores apresentados estão  expressos em Coroas,  a moeda oficial do blog.

E, também como sempre, nenhum dos ativos mencionados neste blog e/ou em seus comentários é uma recomendação de compra. Estudem por conta própria e nunca sigam dicas de anônimos na internet!

Segue o painel em pixel art com o resumo do patrimônio:

Segue o gráfico de evolução patrimonial, desde o início da série histórica,  em junho de 2021.

Aumento acumulado de 197,5%. Em finanças pessoais, só importam o Aporte e o Tempo.

Ações - o aporte de outubro foi na Multiplan, empresa gestora de shopping centers, com 15 anos seguidos de lucros, dívida sob controle e dona de 20 shopping centers de alto nível, localizados em vários estados de nossa querida Terra de Santa Cruz... ela é como se fosse um "FIIzão" de shopping, mesclado com um pouco de FII de escritório. Conforme comentei em meu post de revisão da carteira de FIIs, shoppings são uma coisa forte na cultura urbana brasileira, então acho que este setor tende a continuar crescendo ou ao menos gerando lucros para os donos nos próximos anos.

Segue o quadro de ações:



FIIs - este mês aportei em VISC11 e LVBI11, seguindo a receita de aportar nos FIIs mais defasados da carteira. Por enquanto parei de procurar por novos fundos imobiliários, então vou mantendo esta postura. A carteira permanece com 15 FIIs, todos de "tijolo" e somente o FIIB11 é mono-imóvel.

Segue o  quadro:


Gráfico cada vez mais equilibrado, mas ainda há um longo caminho. Os próximos aportes provavelmente irão para HGRU, HGRE e KNRI. 

Renda Fixa - aportei, mais uma vez, pensando em uma futura compra de imóvel. Considero que a RE está dividida desta maneira:

925 coroas = RE "efetiva"

330 coroas = reserva para comprar uma casa ou um terreno e viver que nem um redneck 

Maybe one day...

Exterior - novamente não aportei nada.  Acho que daqui para a frente não vou mais poder aportar em todos os setores da carteira todos os meses, então em novembro devo aportar em Stocks/Reits + FIIs,  no outro em ações brasileiras + FIIs, e assim por diante. 

Paciência, faz parte do jogo. Pelo menos os (poucos) dividendos estão se acumulando na corretora no exterior.

Estou optando por aportar todo mês em FIIs porque o aumento mensal da renda passiva, ainda que pequeno, me traz um conforto psicológico muito grande. 

Claro que vou me esforçar para sempre que possível aportar em ações,  nem que seja com pouco dinheiro, pois a longo prazo são as ações que tendem a trazer mais patrimônio para o  investidor (ao menos em teoria).

Reserva de Valor - também não aportei. Quando não sobra dinheiro para aportar em todas as classes de ativos, a reserva de valor geralmente é a primeira a ser "sangrada", não recebendo nenhum aporte adicional. Ainda "acompanho" o BTC, e vejo que está se mantendo estacionado entre os R$ 100K e R$ 110K. Será esta o novo nível de "resistência psicológica"? Será que volta a custar mais de R$ 200K? Talvez só se os EUA reduzirem os juros... mas isso é tudo futurologia.

Renda Passiva - este mês recebi 5,23 coroas, das quais 0,87 foi oriunda das ações e o restante oriundo dos FIIs. Convém ressaltar que ainda não estou recebendo nada pela subscrição de cotas do ALZR11, ocorrida há alguns meses. Além disso, também é importante destacar que foram 6 empresas me pagando dividendos neste mês (Itaú, Bradesco, Odontoprev, Renner, B3 e Romi): como eu sempre escrevo aqui, esta é outra vantagem da diversificação - a tendência de sempre haver alguma empresa me pagando dividendos, todo mês. 

Quando o ano acabar, vou fazer uma comparação do número de empresas que me pagaram dividendos e JCP, mês a mês.

Segue o gráfico da evolução:


A bola de neve vai aumentando! Ainda não superei o pico de maio desse ano, o qual foi provocado pelos excepcionais dividendos da Metal Leve SA., mas estou a caminho!


Segue gráfico com o patrimônio total, para comparação entre as participações de cada ativo:

Embora esteja maior do que no começo da série histórica, a RE representa um % cada vez menor de meu patrimônio, à  medida que os aportes em ações, FIIs, stocks e REITs vão se acumulando. 


Generalidades - 

- banco central falando sobre o tal do "reau digitau"... o que eu queria mesmo era a volta do padrão ouro, padrão prata, etc. A última moeda de prata emitida para circulação no Brasil foi a de 5.000 Réis, com a efígie de Santos Dumont, emitida em 1936, 1937 e 1938. Não tem muita gente viva que se lembra da época. O pessoal que está na casa dos 95 anos nasceu em 1927, e portanto eram crianças quando estas moedas estavam em circulação. A maioria não deve nem se lembrar delas, mas seria interessante saber o que se conseguia comprar com estas moedinhas de prata (não muita coisa, imagino, pois na mesma época circulavam notas de 500.000 réis)...

- enquanto isso, acho que na Áustria,  o povo fazendo petição para nunca acabar com o papel moeda físico, pois eles sabem que com dinheiro digital os tiranos agem mais facilmente para roubar e oprimir o povo. 

- Os nossos institutos liberais (Mises et al) bem que poderiam usar sua influência (pode não ser muita, mas alguma influência eles têm) para lançar petições semelhantes por aqui... só uma sugestão, vai que, né...

- Andando pelas ruas perto de onde moro, reparei nestas últimas semanas várias janelas de apartamentos ostentando pôsteres dos candidatos à presidência , fora as pessoas andando por aí cheias de adesivos na camisa, carregando bandeiras e faixas, verdadeiros outdoors humanos...  um louvor que deveria ser reservado somente a Deus, aos anjos e aos santos... Não precisa ir muito fundo para ver como a vida de tais pessoas é bem triste, por mais que se esforcem para parecer que não. 


Bem, companheiros de jornada, por enquanto é isto.

Forte abraço!

Fiquem com Deus, e lembrem-se de que fora da caridade não há salvação!


quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Quais as ferramentas mínimas necessárias para morar sozinho?

Saudações,  confraria!

Imagino que muitos leitores do meu blog e da finansfera em geral sejam jovens universitários (ou talvez até do ensino médio, se é que adolescentes ainda leem blogs, hoje em dia)  que ainda moram com os pais, ou jovens adultos que trabalham mas que ainda não saíram da casa dos pais. Posso estar enganado e talvez não haja ninguém desse perfil me lendo, mas de qualquer forma escrevi este post pensando neste público. 

Elaborei a lista abaixo com itens que considero de "necessidade universal" para qualquer pessoa que more sozinha ou casada. 

Usei somente minha própria experiência e o bom-senso (tão em falta hoje em dia) para elaborar esta lista. 

Talvez com este post eu ajude alguém que esteja prestes a morar sozinho a se situar um pouco neste momento de mudança de vida (ou não,  vai ver que todo mundo que me lê já está com essa parte da vida resolvida, mas aí pelo menos acho um assunto legal para conversar). 

Óbvio que minha lista não esgota todas as necessidades, são só algumas delas, e o foco aqui são ferramentas e pequenos utensílios para fazer os trabalhos domésticos. Não vou falar de eletrodomésticos, nem nada disso. Só coisas manuais mesmo, pessoal.

Sem mais delongas, segue a lista:

Dois baldes (um para deixar panos de molho e outro para limpar a casa);

- uma vassoura e um rodo (se puder ter um mop também ajuda)

- Uma escada dobrável (que te permita alcançar o teto);

- uma trena de pelo menos 3 metros (é importante conseguir tirar medidas das coisas em nossas casas, para comprar móveis e organizá-los)

- uma chave de fenda

- 3 chaves philips (uma "pequena", uma "média" e uma "grande", mas se achar caro ou  não quiser ter três, tenha pelo menos a média) - a maior parte dos parafusos de móveis hoje em dia são do tipo philips, por isso julgo que esse tipo de chave é mais importante que a chave de fenda

- um martelo "comum" (também chamam de "martelo de unha", é aquele normal, que nem o da foto abaixo)


- um alicate universal (o alicate mais comum)

- uma alicate tipo "bomba d'água" ou um alicate de pressão, para mexer em canos (eu particularmente prefiro o alicate de pressão, por ser mais versátil)

- um rolo de fita "veda rosca" (para pequenos consertos hidráulicos)

- um rolo de fita isolante (quebra galho em várias situações)

- um rolo de barbante (idem)

- um rolo de arame (idem, e destaco seu uso para desentupir ralos)

- um tubo de cola tipo superbonder

- uma caixinha de durepox (para fazer pequenos reparos emergenciais em canos, paredes,  etc)

- uma chave de boca (eu tenho uma chave dessas que é regulável, que alcança várias medidas, mas em compensação o aperto da boca não é tão "firme")

- uma furadeira (acho melhor uma furadeira que possa funcionar também como aparafusadeira do que só uma aparafusadeira, mas aí é de cada um...)

- uma tesoura média ou grande (sem ser tesoura de unha ou escolar)


Para a cozinha, julgo que o mínimo necessário são estes utensílios:

- o "faqueiro" mínimo para a cozinha seriam três facas: um facão para carne, um médio para limpar filés de frango e uma faca pequena para legumes e frutas;

- uma escumadeira;

- um garfo grande de 2 pontas;

- um funil (eu uso para jogar fora o óleo de cozinha usado, despejando-o numa garrafa pet. Se jogar o óleo no ralo da pia da cozinha, ele vai entupir à medida que o óleo for incrustando nos canos, e aí você vai ter muita dor  de cabeça);

- duas tábuas,  uma para cortar carne e outra para legumes e verduras (não é bom misturar essas coisas)

- uma colher grande de madeira

- uma ou duas espátulas, de silicone ou de madeira ou de metal

E, fugindo um pouco do foco do post (que é  o mínimo para se ter em casa), para aqueles que gostam de fazer alguns consertos simples em casa por conta própria:

- uma bancada simples de trabalho (pode ser uma mesa velha de madeira, mas que esteja firme)

- um arco de serra

- um nível (daqueles de bolhas)

- um esquadro

- uma espátula (eu uso para raspar excesso de gesso, de massa, etc. da parede, e também para aplainar)

- um alicate de bico fino

- pelo menos dois grampos tipo "C" (também chamados de "sargentos") - para prender tábuas ou outros objetos que se deseje consertar/trabalhar na bancada

- uma morsa de bancada (o tamanho da morsa depende de que tipo de trabalho você pretende fazer)

- um martelo de borracha (para usar em superfícies que poderiam ficar marcadas, deformadas ou quebradas caso fosse usado um martelo de metal, como pisos, azulejos, paredes de gesso, superfícies de madeira já com acabamento, etc.) - por exemplo, eu uso para ajudar a encaixar buchas  de parafusos em paredes de gesso

- um tubo de silicone líquido 


Pela minha experiência, para quem não ganha a vida com marcenaria, carpintaria,  etc. a marca das ferramentas não faz muita diferença, e tem várias boas a preços acessíveis (conheço Stanley, Bolder, Tramontina, Excel, Corneta, mas tem várias), então é só evitar aquelas que sejam visivelmente de má qualidade.

Eu não sei quanto a vocês,  mas eu sou do tipo que gosta de fazer esses pequenos trabalhos manuais. 

Alguns desses trabalhos, embora possam por vezes ser frustrantes, são também de certa forma terapêuticos, e acho que fazendo estas pequenas coisas ganhamos mais do que o dinheiro que economizamos  ao não precisar contratar alguém para faze-las por  nós. Ganhamos um pouco de confiança e de satisfação pessoal, porque todo homem gosta de ser e de se sentir útil  e também de fazer coisas concretas.

Não é grande coisa, mas, por exemplo: fui eu que coloquei os varões das cortinas na minha casa - não ficaram perfeitos que nem um profissional faria, mas dão pro gasto e foi satisfatório eu mesmo tê-los instalado. Instalei os varões das cortinas na casa de um parente também. Já instalei algumas prateleiras, na minha casa e na de parentes também. Nada disso ficou perfeito, mas ficou bom.

Eu troquei a torneira da pia da minha cozinha quando ela quebrou. Já troquei alguns canos também. Aprendi vendo tutoriais no YouTube. Não me tornei um bombeiro hidráulico, mas aprendi uma coisa ou outra.

Quando me mudei para cá, já havia um armário planejado na cozinha, sendo que a parte de cima estava boa (e uso até hoje) e a de baixo estava podre e inchada (por conta de um vazamento). Eu que desmontei a parte de baixo do armário, e separei algumas tábuas boas para usar em outras coisas, e guardei todos os parafusos,  porcas, dobradiças e puxadores que estavam em bom estado. Os parafusos e dobradiças tenho até hoje, vou usando conforme a necessidade. Dos puxadores usei o último só recentemente (moro aqui há 5 anos). 

Alguns móveis fui eu que montei -  só contratei montador para aqueles que exigiriam muitas horas de trabalho (para mim, porque um montador profissional monta um guarda-roupa em uma hora ou menos, e eu demoraria umas 4 ou 5 horas).

E ainda pretendo aprender pelo menos o básico de eletricidade e mais um pouco de hidráulica, para ampliar as coisas que posso fazer por conta própria.

Enfim, confrades, este é um assunto que eu gosto de conversar, e... quem sabe? Talvez um dia eu possa virar um autônomo dessas áreas,  ou ganhar uma grana extra de vez em quando. 

O que acham deste assunto? Também sabem fazer estas coisas? Têm alguma área de interesse? Têm algum item a acrescentar à lista acima?

Forte abraço!

Fiquem com Deus!





terça-feira, 18 de outubro de 2022

Revisando minha carteira de FIIs


Saudações, confraria!

Este post, uma breve análise de minha carteira de FIIs, tem um caráter mais auto-reflexivo, e também servirá de histórico para mim mesmo, caso daqui a alguns anos eu queira relembrar de como eu pensava nesta época. Quem quiser tecer comentários e críticas construtivas, fique à vontade.

Fiz a tabela abaixo com as informações que acredito serem as mais relevantes a respeito dos FIIs de minha carteira, conforme a posição de hoje (17 de outubro do ano de 2022 de Nosso Senhor).

(Relembro, como sempre, que nenhum ativo mencionado neste blog e/ou em seus comentários é uma recomendação de investimento! Estudem sozinhos e decidam por si só em quê aportar! Nunca confiem em anônimos da internet!!)


Quem quiser, clique para ampliar. Valores de aportes expressos em Coroas


Valores dos aportes expressos em Coroas

Valores dos aportes expressos em Coroas

Pelas tabelas acima: 

- a maior parte dos meus FIIs são de logística, em segundo lugar vem os classificados como "Híbridos" e em terceiro os que são classificados como "Indústria" (bastante parecidos com os de logística). Em último lugar o segmento que eu coloquei como sendo Agências Bancárias / Lojas, representado somente pelo fundo RBVA11. Este fundo aos poucos está deixando de ser focado em agências (embora estas ainda representem boa parte de sua receita), e no médio/longo prazo ele provavelmente será um fundo "híbrido". 

- A maior parte dos aportes foi feita em FIIs geridos pela Credit Suisse, e em segundo lugar pela Vinci Real Estate. Em último lugar pela Kinea (somente o KNRI11).

Agora, alguns apontamentos pessoais sobre cada FII:

ALZR11 - gosto dos relatórios desse fundo, são bem feitos e explicadinhos. Os seus 15 imóveis são de boa qualidade e a receita é bem diversificada entre os inquilinos, que atuam em segmentos bem diferentes uns dos outros. No momento em que escrevo a vacância está zerada, e o passivo representa quase 20% do ativo. Não sei se 20% é preocupante, mas acho bom ficar de olho.

FIIB11 - mono imóvel, multi-inquilino, gestão passiva - na verdade  ele é um mono-imóvel com cara de multi-imóvel, pois é gigantesco e cheio de "lotes" alugados para diversos inquilinos. Entendo que um risco dele seja um eventual take over por algum fundo maior. Espero que não aconteça,  mas é um risco que acho plausível. Acho a gestão fundo bem boa, despejando inquilinos que não pagam o aluguel e não deixando lotes vagos por muito tempo. Sempre que leio um relatório do FIIB, a vacância está baixa. O passivo representa somente 1% do ativo, o que eu vejo com bons olhos.

HGBS11 - fundo de shoppings da Credit Suisse, com 12 imóveis e cerca de 5% de vacância neste momento em que escrevo. Acho que shoppings são algo forte na cultura urbana brasileira (creio que por conta da violência urbana, principalmente e infelizmente) então mesmo com o avanço do e-commerce creio que ainda representarão um bom negócio. Mas é óbvio que posso estar errado.

HGLG11 - fundo de logística bem diversificado, com imóveis de boa qualidade. Muitos o consideram o melhor FII da bolsa, ou algo próximo disso. Com seus 19 imóveis, passivo de 10% do ativo, e vacância atualmente na casa dos 8%, considero que está tudo sob controle, mas obviamente posso estar errado. Acho que os fundos de logística em geral tendem a ser mais resilientes por conta da essencialidade de sua atividade-fim e das distâncias continentais da nossa querida Terra de Santa Cruz. A taxa de administração é baixa, em comparação a outros FIIs da carteira (0,6% do valor de mercado) e não possui taxa de performance.

HGRE11 - Fundo de escritórios com 19 imóveis, passivo pequeno (4%) e  vacância alta já há muito tempo. A vacância tem diminuído nos últimos meses e hoje está na casa dos 22%, sendo que já esteve na casa dos 30%. Apesar disso, os proventos mensais hoje estão um pouco  maiores do que quando comprei. Devo comprar mais algumas cotas quando chegar a vez desse fundo, mas depois disso talvez eu evite  comprar mais cotas, mas vou dar uma estudada mais a fundo nos relatórios. Sinceramente não sou muito fã do segmento "Escritórios", ainda mais por conta do aumento do tele-trabalho, mas também não acredito que a curto e médio prazo o trabalho presencial em escritórios irá acabar completamente.

HGRU11 - um dos poucos FIIs do segmento "renda urbana", embora seja classificado formalmente como "Híbrido". Seus 84 imóveis e a incrível vacância de 0% (zero) mostram que a gestão faz um trabalho competente. Por outro lado, estão sendo realizadas vendas de várias lojas, conforme os últimos relatórios, e não sei se isso será bom no longo prazo. Só podemos esperar e confiar no trabalho da gestão, que tem se mostrado boa neste e em outros fundos. 

JSRE11 - FII meio sem graça, mas certinho até o momento. Vejo na internet o pessoal reclamando do desempenho, dizendo que o fundo só anda de lado e que o gestor é preguiçoso. Sinceramente, não sei. O único fundo administrado pelo Safra da minha carteira (e desconheço se eles administram mais algum). Possui 6 imóveis, vacância na casa dos 15% e passivo de 6%. Taxa de administração de 1% do valor de mercado, e taxa de performance de 20% sobre os rendimentos que ultrapassarem IGPM+6%a.a (desconheço se cobraram alguma vez).

KNRI11 - fundo de escritórios e de logística, muito bem quisto pela comunidade financeira no geral. Possui 20 imóveis, vacância financeira na casa dos 6% (pouco mais de 1 ano atrás estava na casa dos 13%), vacância física inferior a 2%, e passivo por volta de 8% do ativo. Além disso, é o fundo com o maior valor de ativo da minha carteira (na casa dos 4 bilhões de reais). Vejo nos fóruns de finanças por aí que o pessoal reclama um pouco da taxa de administração salgada (1,25% do valor de mercado, um pouco mais que o dobro da taxa do HGLG), mas acho que a gestão deste fundo é boa, e o KNRI tem bons imóveis. Como ele mescla escritórios e logística, acaba ajudando a aumentar minha diversificação de segmentos.

LVBI11 - fundo de logística com 8 imóveis, vacância quase zero, e passivo de cerca de 17% do ativo. Não tenho muito o que falar deste fundo. Assim como o JSRE, ele é certinho e chato. Mas acho que a gestão tem se movimentado para ampliar o portfolio. Assim como muitos fundos, é bastante concentrado em SP, mas não vejo isso como um problema. 

RBVA11 - ainda muito concentrado em 2 clientes: Santander e Caixa. Será que o plano de focar em lojas de rua vai vingar? Fora isso, vejo o pessoal que investe em FIIs ter a opinião dividida em relação à Rio Bravo. Por outro lado, é bom ver a gestão trabalhando para tornar o fundo cada vez menos dependente das agências bancárias (que, na atual conjuntura, são um segmento imobiliário que tende a encolher... mas óbvio que ninguém sabe o futuro, e esta previsão pode estar completamente errada por motivos que sequer imaginamos!)

SDIL11 - fundo pequeno de logística administrado pela Rio Bravo, com 5 imóveis, vacância hoje inferior a 2%, e passivo de 25% do patrimônio líquido. Torço para que cresça. Tirando o FIIB11, que é mono-imóvel, o SDIL é o menor fundo da minha carteira (ativo de "somente" 0,8 bilhão de reais)

VILG11 - fundo de logística com ativos quase na casa dos 2 bilhões de reais, vacância zero e passivo controlado (14% do ativo). Possui 15 imóveis bem diversificados geograficamente. A gestão parece estar fazendo um bom trabalho até o momento.

VISC11 - fundo de shoppings com 19 imóveis bastante diversificados geograficamente. Não deve ser fácil administrar. Ativo na casa dos 2,6 bilhões de reais, e passivo equivalente a 21% do ativo - espero que não aumente muito. Este mês houve subscrição de cotas. Os relatórios mostram que o fundo está empenhado em expandir seu portfolio (a área bruta locável vem crescendo desde 2018). Vacância inferior a 8%.

XPLG11 - com 14 imóveis e ativo de 2,3 bilhões de reais, este é o 3º maior fundo de minha carteira, em termos de valor do ativo. Passivo bem pequeno (4%) e vacância quase em 9%. Em seu auge teve 21 imóveis, depois caiu para 11, e vem aumentando aos poucos. Também é bem diversificado geograficamente. Também o considero um fundo certinho e chato, como todo FII deve ser.

XPIN11 - este é o maior fundo de minha carteira em termos de número de imóveis - 98 imóveis hoje (isso porque o fundo considera cada galpão como um imóvel separado, porém os 98 galpões estão divididos em 7 grandes condomínios). Porém, seu ativo é relativamente pequeno (0,9 bilhão de reais) e a vacância está na casa dos 16%, conforme último relatório. Passivo equivalente a 17% do ativo. Considero um bom fundo, mas vejo gente reclamando em fóruns (se bem que as pessoas reclamam até de ganharem notas de 100 reais, então realmente "o que outros estão dizendo" não é um bom parâmetro para quase nada na bolsa)

*+*+*

Enfim, confrades, finda esta breve análise de cada FII de minha carteira, concluo que não tenho interesse em vender nenhum destes fundos, nem mesmo o que eu considero o mais problemático da carteira (o HGRE11, por conta da vacância crônica). 

Há um temor recente de que o Credit Suisse está passando por problemas, e 25% do valor aportado em minha carteira de FIIs foi em FIIs administrados pelo Credit Suisse, mas sinceramente eu não estou preocupado. Os fundos podem ser vendidos para outros, a gestão pode ser trocada, pode não acontecer nada com o Credit Suisse, etc. Acho que ainda é cedo para dizer qualquer coisa. Além disso, convém lembrar que a mídia vive de espalhar más notícias, e que muitos manipuladores do mercado se beneficiam de reportagens pessimistas. Se por acaso houver uma "OPA" dos FIIs da Credit Suisse, eu vendo as cotas, aporto em outra coisa, e fim.

Não considero o DY um indicador importante, por isso não o incluí na tabela do início da postagem. Primeiro, porque o preço de mercado da cota muda a cada segundo, então temos um DY diferente a cada segundo para cada FII. Segundo, porque muitas vezes DY altos funcionam como um "canto de sereia" para atrair investidores incautos a aportarem seu suado dinheiro em ativos problemáticos

Continuo sem vontade de comprar "FIIs de papel", simplesmente por gostar do fato de "FIIs de tijolo" estarem lastreados em ativos reais e úteis - os imóveis. Posso mudar de opinião sobre os FIIs de papel algum dia, mas por enquanto nem sei como analisá-los.

Por fim, continuo acreditando que os FIIs possam funcionar como uma "carteira previdenciária", por conta da renda passiva mensal, e este é um dos motivos pelos quais eu não sinto vontade de vender cotas de nenhum FII. Porém, o mercado de FIIs é muito novo no Brasil, então esta é apenas uma crença minha. O tempo dirá se estou certo.


Quais as suas opiniões sobre o mercado de FIIs em geral, confrades? 


Forte abraço, companheiros de trincheira!

Fiquem com Deus!