Saudações, confrades.
(Season finale post)
Não tenho tido muito tempo para postar porque no fim do ano aqui no trabalho sempre fica uma loucura (encerramento do ano fiscal, apuração de lucros, balanços finais, relatórios, avaliações, revisões de processos, etc.) e o expediente tem acabado mais tarde que o normal e/ou tenho chegado mais cansado em casa, física e mentalmente. Além disso, como falei no meu último post, tenho procurado me dedicar mais a meus projetos pessoais, um dos quais pode no futuro virar um negócio que me renderá uma grana extra e, quem sabe, me permitirá ser independente do salário algum dia (Se isso acontecer, não vou largar o emprego, mas vou aportar todo o salário e viver das rendas de meu negócio, trabalhando mais tranquilo no emprego).
O que eu fiz de bom este ano?
- comecei este blog em fevereiro, e com isso consegui satisfazer uma vontade antiga de escrever sobre economia e finanças interagir com a blogosfera das finanças, que eu acompanho já há alguns anos.
- adiantei muitas prestações do meu financiamento imobiliário, e com isso economizei muito dinheiro que eu pagaria na forma de juros caso não tivesse feito nada (atualmente é como se meu contrato fosse de 10 anos, e não 30, pois como já escrevi anteriormente sobre o assunto, sempre que adianto algum dinheiro peço para abater do prazo e não da prestação, porque o tempo exerce efeito exponencial no valor final do contrato)
- Recomecei a fazer alguns hobbies que tinha abandonado por causa do trabalho
- Voltei a estudar francês (sei o básico e tenho que lapidar isso)
- Li vários livros que estavam encalhados há anos
O que posso melhorar para o ano que vem?
- Melhorar minha disciplina, para ajudar com os outros objetivos
- Voltar a fazer exercícios, também disciplinadamente (eu gostava de correr, mas tenho ficado sedentário, e isso precisa mudar - vou colocar uma meta de correr dia sim dia não, pelo menos 40 minutos, e voltar a fazer calistênicos )
- me dedicar mais ao embrião de meu negócio (para poder realmente virar uma fonte de renda extra)
- usar menos as redes sociais (perda de tempo)
- acordar mais cedo (Não sei se consigo fazer parte do 5AM Club, até porque sei que o sono é muito importante e também tenho alguma coisa contra aquela galera do "eu sou o bonzão e produzo 24h por dia!!", mas concordo que ganhar 1h por dia dedicada ao desenvolvimento pessoal é uma boa)
Bem, por enquanto é isso. Gostaria de agradecer pelas MAIS DE 8 MIL visualizações, gostaria de agradecer aos leitores fiéis do blog e a todos aqueles que comentaram nos posts, isso tudo me motiva a seguir em frente com o blog, que por sua vez me motiva a estudar economia e finanças. Que no ano que vem eu tenha mais e melhores inspirações para escrever aqui neste espaço com mais qualidade.
Feliz Natal e um próspero ano Novo para todos! Que as bênçãos de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Salvador da Humanidade recaiam sobre todos nós!
Forte Abraço! Até 2020!
terça-feira, 24 de dezembro de 2019
quinta-feira, 28 de novembro de 2019
Devemos nos libertar - e isso é para ontem
Saudações, confrades. Quase 1 mês desde a última postagem. Eu estava de férias, literalmente, e aproveitei para me dedicar a outros projetos pessoais e a hobbies.
Sem mais delongas, vamos ao artigo de hoje, que, como sempre, são coisas que eu fico pensando no dia a dia, principalmente no caminho para o trabalho.
É urgente que nós, como indivíduos, nos tornemos o mais livres possível. Temos que nos tornar cada vez menos dependentes da renda proveniente do trabalho assalariado e das vontades de chefes, empresas e governos. Espero com este texto abrir os olhos de alguns indivíduos... afinal, a única minoria que deve ser defendida é o indivíduo, pois é a menor minoria que existe, e está sempre sujeita à tirania. Esta é a minha opinião.
1) Tenha o seu próprio imóvel (caso prefira morar de aluguel, julgo prudente ter pelo menos reservas capazes de comprar um imóvel à vista, pois um dia você irá precisar) >> Por quê? Porque enquanto você mora de aluguel, alguma parte da sua vida estará subordinada, de certa forma, à vontade do dono do imóvel. Às vezes é fácil trocar de imóvel caso a relação com o dono seja difícil ou caso ele aumente demais o aluguel, mas pode haver casos em que tal troca seja difícil ou até mesmo inconveniente para você (por exemplo, quando a alternativa é morar mais longe do trabalho, ou em um bairro mais perigoso, ou com menos opções de transporte e comércio), o que aumenta o poder de barganha do dono.Creio que esta relação seja ainda pior quando o dono do imóvel for uma empresa e não uma pessoa física, pois a relação se torna mais fria e impessoal, e o mesmo vale para quando o dono deixa a gestão do aluguel nas mãos de uma corretora (cada vez mais comum). Além disso, tem esses dois argumentos do Bastter: 1)"E se você tiver 80 anos e o dono do imóvel resolver te despejar? Como você vai se mudar da noite para o dia?" e 2)"E se todo mundo resolver viver de aluguel, quem vai ser o dono dos imóveis?" - em relação a este último, ele ainda acrescenta que o setor financeiro tem todo o interesse que você não seja dono do próprio imóvel: é menos dinheiro "imobilizado", gerando mais corretagens para bancos e corretoras, mais impostos para o governo, etc. Eu acrescento o seguinte: acho que ter sua própria casa /apartamento/ terras, etc. faz parte da noção de dignidade humana. Quando não somos donos de casas ou terras, alguém vai ser o dono, não existe vácuo em se tratando de propriedade, e isso pode não ser bom no longo prazo. (Vide esta empresa de San Francisco que se aproveita da explosão de pessoas sem-teto na cidade e cobra 1.200 dólares de aluguel por uma cama com uma prateleira - alguns de vocês podem dizer que isso foi uma "atitude empreendedora", e que a empresa está na verdade ajudando os sem-teto, mas eu acho que isso é um sinal dos tempos, e que a empresa está explorando os necessitados, enquanto vende uma imagem de "startup moderninha e limpinha" - façam o exercício mental e imaginem um futuro assim, onde as pessoas comuns só moram nesse tipo de lugar, que nem ratos, e ainda tendo que agradecer à empresa pela "oportunidade" de morar numa cama, usar banheiros compartilhados e pagar "apenas" 1.200 dólares por mês)
2) Não dependa 100% da renda proveniente de seu emprego - se for um assalariado, comece um negócio por fora, faça bicos, torne-se um autônomo da sua área, venda bolos e salgados, sei lá, mas não permita que durante toda a sua vida você seja 100% dependente do emprego, pois assim é muito alta a probabilidade de na velhice você se tornar 100% dependente das migalhas do INSS ou das migalhas de qualquer sistema previdenciário, público ou privado, o que é extremamente arriscado. >> se você é 100% dependente do salário, então você é o perfeito "wage slave", preso na corrida dos ratos, e uma parte considerável de sua vida e de sua felicidade estará diretamente subordinada à vontade de seu chefe imediato, de seu diretor/CEO, e dos donos da empresa onde você trabalha. Se você for funcionário público, então parte de sua vida e felicidade estarão subordinadas ao chefe da repartição, e aos desmandos de algum ministro/juíz/político, o que pode ser até pior, dependendo da situação. Seja dono de seu próprio destino, o máximo que puder.
3) Reforçando o item 2, acima, tenha suas reservas financeiras para se proteger das crises, porque às vezes elas são inevitáveis. Desde a antiguidade, o sábio Esopo nos ensina isso, através da fábula da Cigarra e da Formiga. Aliás, desde os tempos bíblicos isso nos é ensinado (vide Provérbios 6:6-11 (“Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio. Não tendo ela chefe, nem oficial, nem comandante, no estio, prepara o seu pão, na sega, ajunta o seu mantimento. Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono? Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado”)). Ter reservas suficientes aumentam o seu poder de barganha, te dão a liberdade de recusar trabalhos que não lhe agradam ou em locais para onde o deslocamento for muito custoso em termos de tempo/dinheiro, e lhe dão mais autonomia na vida.
4) Em complemento ao 2 e ao 3, suas "reservas" não devem se limitar às financeiras: devemos estender a noção de "reservas" para a área das habilidades, conhecimentos, competências, cultura, etc. Ou seja, se você tem um emprego onde executa uma atividade bastante específica e sabe fazer pouca coisa além dela, você está se arriscando muito, e sendo um perfeito "wage slave". Deste modo, se estiver partindo do zero em sua busca por mais habilidades e conhecimentos, comece por sua própria profissão e as áreas de conhecimento correlatas,ou seja, aprenda outras funções além da sua, torne-se versátil.
Alguns exemplos:
-Se você for garçom, aprenda a cozinhar, a preparar drinks, a fazer ornamentações, etc. para ser menos substituível no restaurante;
-Se você for pedreiro, aprenda marcenaria, e vice-versa, para ter versatilidade nas obras que fizer.
-Se você for professor de matemática, vire professor de estatística/física/química, para atender a mais alunos, ampliar seu mercado, etc.;
Depois disso, comece a diversificar o conhecimento em diferentes áreas profissionais, menos relacionadas entre si, para se proteger das sazonalidades dos mercados de trabalho, ter para onde correr se for demitido, para se diferenciar, etc.
Exemplos:
- se você é contador, administrador, "auxiliar administrativo", caixa, etc., aprenda alguma linguagem de programação e pratique-a, para facilitar suas tarefas diárias;
- se você já é do ramo de TI, aprenda contabilidade, administração, etc, para saber como ajudar melhor seus clientes;
- Se você é da área de letras, procure especializações e cursos nas áreas ligadas à psicologia, para ensinar e lidar melhor com seus alunos;
Depois de adquirir tais conhecimentos, é uma boa ideia começar a fazer cursos ou ler livros a respeito de vendas, habilidades de negociação, etc, mesmo que você não seja um vendedor ou não queira trabalhar com isso, pois acho que é importante uma pessoa saber pelo menos como "se vender", no sentido de se autopromover, principalmente no caso de pessoas que são naturalmente tímidas - infelizmente é normal que pessoas com bom potencial percam oportunidades para concorrentes medianos e submedianos falastrões só porque são tímidas e não sabem se impor ou se promover na hora certa. Essa necessidade de desenvolver nossas habilidades sociais já foi abordada pelo colega Gerson Ravv em seu blog , e o Robert Kyiosaki também já deu este conselho em um de seus livros, acho que no "Pai Rico - Pai Pobre".
5) Outra forma de liberdade que todo ser humano deve almejar é a liberdade dos vícios. Nossos vícios, sejam eles quais forem, literalmente nos escravizam e nos arruinam em diversas áreas da vida, sendo a financeira a menor delas, pois dinheiro é possível recuperar. Cada um tem o dever de se esforçar para se livrar dos seus vícios. Aliás, para aquele que tem vícios graves para a saúde (drogas, bebida e cigarro) este deveria ser o primeiro passo no caminho da liberdade;
6) Após libertar-se dos vícios, comece a se libertar das falsas necessidades. Dificilmente você irá realmente precisar do último modelo do Iphone/Galaxy, ou de um carro que custa R$ 80K, para ser feliz. Você provavelmente também não precisa trocar todo ano de celular e de carro, ter uma porrada de pares de tênis Asics, um monte de casacos da Adidas, pilhas de camisas da Lacoste, etc. O "mundo" inventou várias necessidades artificiais, algumas válidas e outras completamente falsas (como é o caso da gourmetização das coisas, tão evidente hoje em dia; existem versões gourmet até de pipoca e papinha de bebê). As "vítimas" somos todos nós: através de truques psicológicos e de marketing ultra sofisticados as grandes empresas e os governos (sempre geridas por pessoas, é bom enfatizar) nos convencem a aceitar muitas destas falsas necessidades, a enxergá-las como legítimas. É preciso se libertar desta hipnose.
7) Em relação ao item 6, não estou dizendo para ser radical e abolir completamente todas as "marcas caras" da sua vida. Às vezes o preço mais caro realmente é justificado por uma qualidade superior, e quando este for o caso e para você a relação custo X benefício lhe for favorável, vale à pena, sim, pagar mais caro. O problema que estou apontando no item 6 é em relação à quantidade (ex: tênis da marca "X" realmente são bons, mas basta ter uns dois ou três pares, é exagero querer ter, digamos, 10 pares) e à velha lição imortal que é a base de toda a educação financeira: não gaste mais do que você ganha. O "mundo", a "matrix", etc. te incentiva a consumir, a gastar muito, a financiar coisas, pegar empréstimos, etc., e cabe a você ser sensato e gastar menos do que ganha, evitar ao máximo pegar empréstimos e financiamentos, sempre pagar em dia a fatura inteira do cartão de crédito (esqueça esse negócio de "pagar o mínimo"), nunca entrar no cheque especial, etc. Uma das piores coisas que aconteceram com os pobres nesta bizarra época em que vivemos foi o fato de que muitos foram convencidos de que precisam ostentar, que precisam ter um padrão de vida maior do que suas rendas comportam, ou seja, convenceram os pobres que eles não podem viver como pobres, que eles precisam viver, nas aparências, como se fossem da classe média alta. Eles deveriam, para se salvar, reaprender a viver como pobres, tal qual nossos avós. Eles sabiam ser pobres: não ostentavam, não tinham gastos supérfluos, sabiam se controlar, sabiam trabalhar duro, colocavam a família em primeiro lugar, etc. E hoje em dia vemos pobres ostentando, parcelando Iphones em N vezes e comprando abadás e ingressos caros, enquanto moram em barracos, sem poupança, sem reservas, vivendo de salário em salário, pendurados no cheque especial, tendo que acordar às 4h para chegar às 7h no trabalho, e chegando em casa às 22h, sustentando a roda da corrida dos ratos. Isso não é uma forma de escravidão?
Uma crítica que, imagino, alguns farão aos itens 6 e 7:"Ah, não é bom ter um mindset de miséria, porque ele te leva a mais miséria" - claro que não é bom, não é isso o que estou dizendo, não estou defendendo este mindset. O que quero dizer é que, pelo menos no começo da jornada, pode ser necessário fazer coisas como "contar os centavos" e "apertar o cinto", ou seja, saber ser pobre, para evitar cair no cheque especial, evitar se endividar, etc. mas depois que conseguimos melhorar a situação, podemos ir aos poucos ir abandonando estes hábitos, até chegarmos na situação ideal que é não se preocupar muito com os preços das coisas do dia-a-dia, alcançar o equilíbrio entre viver bem e poupar para o futuro.
Forte abraço a todos! Fiquem com Deus!
terça-feira, 29 de outubro de 2019
A mentalidade do povo faz toda a diferença
Às vezes temos verdadeiras epifanias a partir da observação de situações totalmente simples. Não sei se vou conseguir transmitir para vocês através de palavras escritas o que eu senti e ainda sinto, mas vou tentar fazer isso da melhor maneira possível.
Estava assistindo aquele programa "Caçadores de Relíquias", do History Channel, aquele programa em que dois caras saem pelos EUA numa van procurando por colecionadores e acumuladores de praticamente qualquer coisa (vale tudo: de brinquedos antigos e tampinhas de garrafas até carros e peças automotivas antigas) para comprar e depois revender na loja deles. Se eles têm lucro nisso? Se têm muitos clientes? Se é doença? Não sei e não quero saber. A sensação que esse programa me passa, e que é o foco deste artigo, é como que a cultura dos EUA é rica e produtiva, e como eles têm muita história interessante, e as possibilidades que a economia deles, infinitamente mais livre que a nossa, proporciona, além é claro, do que eu considero mais importante que é a mentalidade de homem livre.
Veja bem: os caras vão dirigindo pelos EUA. Passam por diversas cidades, e já a partir daí vemos como que as cidades lá são boas, até as pequenininhas, que (ao menos parecem) têm boa infraestrutura de serviços. Comparem até com algumas cidades médias daqui, e verão a diferença. Pelo menos neste aspecto de organização, cuidar das coisas públicas, ter preocupação em deixar as coisas com boa aparência, limpas e arrumadas, a cultura deles é bastante superior à nossa. Não me venham com esse papo de que nenhuma cultura é superior a outra porque isso é mentira para enganar trouxa. Há verdadeiros buracos por lá? Há cidades abandonadas, nojentas, cheias de problemas de infraestrutura? Há sim, infelizmente. Mas na média, eles são bem melhores que a gente nesta parte de urbanização.
Aí a dupla entra no terreno de algum cara, geralmente com um estilão meio caipira, que é famoso no local por ter uma grande coleção de determinada coisa, e é essa coisa que eles querem comprar para revender.
Aí você vê que a pessoa, na maioria das vezes, tem um terrenão, com verdadeiros galpões entulhados de coisas, geralmente carros e motos antigas, e às vezes coleciona até mesmo algumas coisas bizarras como latas de óleo, placas, letreiros, brinquedos antigos, etc. Os dois negociantes do programa começam a conversar com o sujeito, que mostra a coleção pra eles, conta umas histórias a respeito de alguns itens, o apresentador principal do programa conta as curiosidades que sabe a respeito, geralmente uma história foda de alguma empresa que faz parte da história dos EUA e ajudou de certa forma a construir o país (sempre é uma história interessante), empresas que criaram coisas incríveis do nada (várias montadoras de carros, motos, máquinas industriais, etc.) ou então que reinventaram e aperfeiçoaram muitas coisas que já existiam (brinquedos, jogos de tabuleiro, ferramentas, aviões, animação, filmes, etc.), e neste grande e contínuo processo criativo muita coisa boa foi somada à sociedade, que cresceu e engrandeceu culturalmente, de modo que a cultura norte-americana domina todo o mundo ocidental e uma boa parte do oriente. Vários padrões, hábitos, costumes, etc. foram eles que estabeleceram, eles que inventaram, e o resto do mundo foi influenciado.
Em suma, os EUA tem uma porção de grandes empresas que realmente somaram para o país e para a sociedade americana (muito mais do que as grandes empresas brasileiras fizeram pelo Brasil), e isso foi em parte proporcionado pela mentalidade e pela cultura própria daquela sociedade e em parte pelo fato de a economia deles ser infinitamente mais livre que a nossa e a de vários outros países. Isso tudo permitiu surgir uma variedade imensa de empresas em N setores, e permitiu e ainda permite, entre outras coisas, que pessoas comuns (com aquele jeitão de pobretão e caipira) tenham terrenos enormes e tenham muitas coisas neles (não estou entrando no mérito de se é bom ou mau uso do dinheiro, estou falando apenas da possibilidade). Sério, vendo esse programa fica a impressão de que qualquer zé-mané dos grotões dos EUA é capaz de ter um terrenão, galpões, vários veículos, ser praticamente auto-suficiente, etc., enquanto que aqui... melhor nem falar.
Quando eu comparo com o Brasil, vejo que temos pouquíssimas empresas que de fato somaram, que contribuíram com algo além dos empregos que geraram e dos dividendos pagos pros acionistas. O meu argumento é que aqui não teríamos tantas relíquias para serem caçadas, usando o linguajar do programa. Aqui não atravessamos nenhum período virtuoso de rompantes criativos nas empresas, pegamos tudo pronto, importamos tudo, até as empresas que surgiram aqui para começar nossa indústria, na primeira metade do século XX, eram em sua maioria multinacionais já estabelecidas no mundo e que simplesmente abriram mais uma filial aqui no Brasil.
Repetindo, pegamos muita coisa já pronta, e a desvantagem disso foram vários aprendizados que nossas empresas e empresários deixaram de ter, várias tecnologias que não desenvolvemos por conta própria e tivemos que importar e/ou tivemos que pagar mais caro para ter acesso, entre outros problemas. Por causa disso, não somos reconhecidos no mundo por praticamente nada. Parte disso é culpa do Estado, por causa do excesso de burocracias, regulações e impostos, que inibem o espírito empreendedor do brasileiro, e em parte por causa da própria mentalidade brasileira de desprezar o trabalho e a mentalidade criadora: aqui enaltecemos a malandragem, a boemia, a exploração dos outros, o "levar vantagem". As empresas e pessoas aqui no Brasil, de modo geral, são mais "exploradoras" do que "criadoras": as empresas exploram os empregados (horas extras não pagas, demandas fora do horários do expediente, não deixar que o empregado realmente se desenvolva, etc.), enquanto que muitos dos empregados aproveitam qualquer oportunidade para vagabundear (inventam desculpas para faltar, para sair mais cedo, atestados médicos falsos, etc.), e por qualquer motivo processam a empresa.
Vejam a diferença de mentalidade entre os 2 países: lá eles têm uma cultura criadora, com vontade de voluntariamente agregar coisas pra sociedade (chamam isso de espírito de homem público) tudo isso com suporte da mentalidade americana de "homem livre", que quer fazer as coisas por si próprio, ser dono do próprio nariz e, principalmente, que aceita os deveres e responsabilidades da liberdade.
Exemplos da mentalidade americana:
- sou responsável por cuidar de mim e da minha família, então vou cuidar bem da minha casa para ela não ser um antro de doenças;
- a chuva derrubou uma árvore no meio da rua, então vou me juntar aos vizinhos e dar um jeito de desbloquear a passagem;
- a obra da minha casa gerou muito entulho e sujeira, por isso que desde o começo eu contratei uma caçamba bem grande para levar logo isso daqui pra não atrair ratos e esse lixo não deixar minha rua feia;
- vou cuidar do meu gramado para não atrair bichos e manter a boa aparência da minha casa e do meu bairro, porque isso ajuda a não desvalorizar a região, além de manter um ambiente bom e agradável para todos;
- teve um assalto essa semana, então eu e meus vizinhos vamos passar a patrulhar as ruas de noite, fazendo rondas, pois não queremos que nossos filhos cresçam num bairro perigoso;
- Preciso de um carro, então vou trabalhar no McDonald's, e nos fins de semana vou fazer bico de bartender, para juntar dinheiro e comprar o carro. Não há demérito nenhum em trabalhar no McDonald's, ou em fazer bicos, ou em catar latinhas para revender, etc. O ruim é ser vagabundo.
- Não vou aguentar trabalhar até os 70 anos, então vou economizar e investir "X" dólares por mês para conseguir me aposentar ou trabalhar só meio expediente quando quiser. Não quero depender de ninguém.
- Não vou esperar o governo resolver, vou lá eu mesmo fazer, não quero que o governo se meta, sou um homem livre.
E por aí vai.
Aqui no BR é o contrário: temos uma cultura exploradora - na média, as pessoas querem pegar o que puderem pegar, e depois ir embora, sem se importar se estão agregando alguma coisa pra sociedade ou destruindo. Não há espírito de homem público: tudo é responsabilidade do Estado, a coisa pública não é de todos: é de ninguém, então dane -se. Nossa mentalidade não é de "homem livre", mas sim de escravos e senhores de escravos, alternando entre estes papéis. Parece que não queremos a liberdade, e que não estamos prontos para as responsabilidades inerentes a ela.
Exemplos de típicos pensamentos brasileiros:
- É responsabilidade da prefeitura fazer todas as obras e recolher todo o lixo, então vou deixar minha calçada ficar suja e esburacada porque não é problema meu, não importa que todo mundo pense assim e isso vá aos poucos transformando meu bairro num gueto sujo;
- A minha rua é de barro e o prefeito nunca manda asfaltar então toda vez que chove fica tudo enlameado e os carros não conseguem passar. Vou juntar os moradores e fazer uma vaquinha pra asfaltar e resolver o problema? Claro que não, eu vou é continuar esperando a prefeitura asfaltar, porque não é problema meu, dane -se se vier uma enxurrada e dar perda total nos carros dos vizinhos;
- Não me importo de jogar lixo na rua e no bueiro porque depois o lixeiro cata, é o trabalho dele. Mas se quando chover e a rua alagar eu perder minha casa e meus móveis, vou exigir uma indenização da prefeitura;
- vou deixar meus filhos nadarem no valão, porque criança tem que brincar. Se alguém ficar doente, é pra isso que serve o hospital público e os postos de saúde;
- vou montar um barraco numa encosta mesmo e dane -se. Se a enxurrada derrubar minha casa, a culpa é do governo e se bobear eu ainda pego uma indenização;
- Nunca que meus filhos vão trabalhar no McDonald's /na Construção Civil / lavando carros / etc. Meus filhos vão trabalhar de terno e gravata, vão ser advogados e doutores, não interessa se só começarem a trabalhar depois dos 25, 30 anos. O ruim seria eles trabalharem em empregos que não são dignos deles.
- É um absurdo que a maioria dos aposentados estejam ganhando só um salário mínimo do INSS. Espero que até eu me aposentar, o governo conserte isso e o INSS pague aposentadorias mais justas.
- Isso aqui é o governo que tem que fazer, e não eu. O presidente / governador / prefeito que resolva!
Com este texto eu quero dizer que os EUA são um país perfeito? Não, eles têm um monte de defeitos, a sociedade deles é tão ou mais doente que a nossa (perfeccionismo com a vida e com a carreira, pressão absurda desde o berço para "vencer na vida", bullying em níveis que beiram a psicopatia, consumismo desenfreado para preencher grandes vazios existenciais, etc.), várias das empresas de lá também têm a mentalidade exploradora (principalmente quando atuam fora dos EUA), nem tudo são flores.
E eu quero dizer que o Brasil é um país destinado ao fracasso eterno? Não, nós podemos melhorar, e cada pessoa tem o dever de educar seus filhos da melhor maneira possível, de modo que a nossa cultura exploradora vá morrendo aos poucos, e sendo substituída por algo que preste, algo que ajude o povo a prosperar.
O que vocês acham da mentalidade brasileira? E de outros países?
Forte abraço, fiquem com Deus.
Estava assistindo aquele programa "Caçadores de Relíquias", do History Channel, aquele programa em que dois caras saem pelos EUA numa van procurando por colecionadores e acumuladores de praticamente qualquer coisa (vale tudo: de brinquedos antigos e tampinhas de garrafas até carros e peças automotivas antigas) para comprar e depois revender na loja deles. Se eles têm lucro nisso? Se têm muitos clientes? Se é doença? Não sei e não quero saber. A sensação que esse programa me passa, e que é o foco deste artigo, é como que a cultura dos EUA é rica e produtiva, e como eles têm muita história interessante, e as possibilidades que a economia deles, infinitamente mais livre que a nossa, proporciona, além é claro, do que eu considero mais importante que é a mentalidade de homem livre.
Já tem 19 temporadas |
Veja bem: os caras vão dirigindo pelos EUA. Passam por diversas cidades, e já a partir daí vemos como que as cidades lá são boas, até as pequenininhas, que (ao menos parecem) têm boa infraestrutura de serviços. Comparem até com algumas cidades médias daqui, e verão a diferença. Pelo menos neste aspecto de organização, cuidar das coisas públicas, ter preocupação em deixar as coisas com boa aparência, limpas e arrumadas, a cultura deles é bastante superior à nossa. Não me venham com esse papo de que nenhuma cultura é superior a outra porque isso é mentira para enganar trouxa. Há verdadeiros buracos por lá? Há cidades abandonadas, nojentas, cheias de problemas de infraestrutura? Há sim, infelizmente. Mas na média, eles são bem melhores que a gente nesta parte de urbanização.
Aí a dupla entra no terreno de algum cara, geralmente com um estilão meio caipira, que é famoso no local por ter uma grande coleção de determinada coisa, e é essa coisa que eles querem comprar para revender.
Aí você vê que a pessoa, na maioria das vezes, tem um terrenão, com verdadeiros galpões entulhados de coisas, geralmente carros e motos antigas, e às vezes coleciona até mesmo algumas coisas bizarras como latas de óleo, placas, letreiros, brinquedos antigos, etc. Os dois negociantes do programa começam a conversar com o sujeito, que mostra a coleção pra eles, conta umas histórias a respeito de alguns itens, o apresentador principal do programa conta as curiosidades que sabe a respeito, geralmente uma história foda de alguma empresa que faz parte da história dos EUA e ajudou de certa forma a construir o país (sempre é uma história interessante), empresas que criaram coisas incríveis do nada (várias montadoras de carros, motos, máquinas industriais, etc.) ou então que reinventaram e aperfeiçoaram muitas coisas que já existiam (brinquedos, jogos de tabuleiro, ferramentas, aviões, animação, filmes, etc.), e neste grande e contínuo processo criativo muita coisa boa foi somada à sociedade, que cresceu e engrandeceu culturalmente, de modo que a cultura norte-americana domina todo o mundo ocidental e uma boa parte do oriente. Vários padrões, hábitos, costumes, etc. foram eles que estabeleceram, eles que inventaram, e o resto do mundo foi influenciado.
Em suma, os EUA tem uma porção de grandes empresas que realmente somaram para o país e para a sociedade americana (muito mais do que as grandes empresas brasileiras fizeram pelo Brasil), e isso foi em parte proporcionado pela mentalidade e pela cultura própria daquela sociedade e em parte pelo fato de a economia deles ser infinitamente mais livre que a nossa e a de vários outros países. Isso tudo permitiu surgir uma variedade imensa de empresas em N setores, e permitiu e ainda permite, entre outras coisas, que pessoas comuns (com aquele jeitão de pobretão e caipira) tenham terrenos enormes e tenham muitas coisas neles (não estou entrando no mérito de se é bom ou mau uso do dinheiro, estou falando apenas da possibilidade). Sério, vendo esse programa fica a impressão de que qualquer zé-mané dos grotões dos EUA é capaz de ter um terrenão, galpões, vários veículos, ser praticamente auto-suficiente, etc., enquanto que aqui... melhor nem falar.
Quando eu comparo com o Brasil, vejo que temos pouquíssimas empresas que de fato somaram, que contribuíram com algo além dos empregos que geraram e dos dividendos pagos pros acionistas. O meu argumento é que aqui não teríamos tantas relíquias para serem caçadas, usando o linguajar do programa. Aqui não atravessamos nenhum período virtuoso de rompantes criativos nas empresas, pegamos tudo pronto, importamos tudo, até as empresas que surgiram aqui para começar nossa indústria, na primeira metade do século XX, eram em sua maioria multinacionais já estabelecidas no mundo e que simplesmente abriram mais uma filial aqui no Brasil.
Repetindo, pegamos muita coisa já pronta, e a desvantagem disso foram vários aprendizados que nossas empresas e empresários deixaram de ter, várias tecnologias que não desenvolvemos por conta própria e tivemos que importar e/ou tivemos que pagar mais caro para ter acesso, entre outros problemas. Por causa disso, não somos reconhecidos no mundo por praticamente nada. Parte disso é culpa do Estado, por causa do excesso de burocracias, regulações e impostos, que inibem o espírito empreendedor do brasileiro, e em parte por causa da própria mentalidade brasileira de desprezar o trabalho e a mentalidade criadora: aqui enaltecemos a malandragem, a boemia, a exploração dos outros, o "levar vantagem". As empresas e pessoas aqui no Brasil, de modo geral, são mais "exploradoras" do que "criadoras": as empresas exploram os empregados (horas extras não pagas, demandas fora do horários do expediente, não deixar que o empregado realmente se desenvolva, etc.), enquanto que muitos dos empregados aproveitam qualquer oportunidade para vagabundear (inventam desculpas para faltar, para sair mais cedo, atestados médicos falsos, etc.), e por qualquer motivo processam a empresa.
Vejam a diferença de mentalidade entre os 2 países: lá eles têm uma cultura criadora, com vontade de voluntariamente agregar coisas pra sociedade (chamam isso de espírito de homem público) tudo isso com suporte da mentalidade americana de "homem livre", que quer fazer as coisas por si próprio, ser dono do próprio nariz e, principalmente, que aceita os deveres e responsabilidades da liberdade.
Exemplos da mentalidade americana:
- sou responsável por cuidar de mim e da minha família, então vou cuidar bem da minha casa para ela não ser um antro de doenças;
- a chuva derrubou uma árvore no meio da rua, então vou me juntar aos vizinhos e dar um jeito de desbloquear a passagem;
- a obra da minha casa gerou muito entulho e sujeira, por isso que desde o começo eu contratei uma caçamba bem grande para levar logo isso daqui pra não atrair ratos e esse lixo não deixar minha rua feia;
- vou cuidar do meu gramado para não atrair bichos e manter a boa aparência da minha casa e do meu bairro, porque isso ajuda a não desvalorizar a região, além de manter um ambiente bom e agradável para todos;
- teve um assalto essa semana, então eu e meus vizinhos vamos passar a patrulhar as ruas de noite, fazendo rondas, pois não queremos que nossos filhos cresçam num bairro perigoso;
- Preciso de um carro, então vou trabalhar no McDonald's, e nos fins de semana vou fazer bico de bartender, para juntar dinheiro e comprar o carro. Não há demérito nenhum em trabalhar no McDonald's, ou em fazer bicos, ou em catar latinhas para revender, etc. O ruim é ser vagabundo.
- Não vou aguentar trabalhar até os 70 anos, então vou economizar e investir "X" dólares por mês para conseguir me aposentar ou trabalhar só meio expediente quando quiser. Não quero depender de ninguém.
- Não vou esperar o governo resolver, vou lá eu mesmo fazer, não quero que o governo se meta, sou um homem livre.
E por aí vai.
Aqui no BR é o contrário: temos uma cultura exploradora - na média, as pessoas querem pegar o que puderem pegar, e depois ir embora, sem se importar se estão agregando alguma coisa pra sociedade ou destruindo. Não há espírito de homem público: tudo é responsabilidade do Estado, a coisa pública não é de todos: é de ninguém, então dane -se. Nossa mentalidade não é de "homem livre", mas sim de escravos e senhores de escravos, alternando entre estes papéis. Parece que não queremos a liberdade, e que não estamos prontos para as responsabilidades inerentes a ela.
Exemplos de típicos pensamentos brasileiros:
- É responsabilidade da prefeitura fazer todas as obras e recolher todo o lixo, então vou deixar minha calçada ficar suja e esburacada porque não é problema meu, não importa que todo mundo pense assim e isso vá aos poucos transformando meu bairro num gueto sujo;
- A minha rua é de barro e o prefeito nunca manda asfaltar então toda vez que chove fica tudo enlameado e os carros não conseguem passar. Vou juntar os moradores e fazer uma vaquinha pra asfaltar e resolver o problema? Claro que não, eu vou é continuar esperando a prefeitura asfaltar, porque não é problema meu, dane -se se vier uma enxurrada e dar perda total nos carros dos vizinhos;
- Não me importo de jogar lixo na rua e no bueiro porque depois o lixeiro cata, é o trabalho dele. Mas se quando chover e a rua alagar eu perder minha casa e meus móveis, vou exigir uma indenização da prefeitura;
- vou deixar meus filhos nadarem no valão, porque criança tem que brincar. Se alguém ficar doente, é pra isso que serve o hospital público e os postos de saúde;
- vou montar um barraco numa encosta mesmo e dane -se. Se a enxurrada derrubar minha casa, a culpa é do governo e se bobear eu ainda pego uma indenização;
- Nunca que meus filhos vão trabalhar no McDonald's /na Construção Civil / lavando carros / etc. Meus filhos vão trabalhar de terno e gravata, vão ser advogados e doutores, não interessa se só começarem a trabalhar depois dos 25, 30 anos. O ruim seria eles trabalharem em empregos que não são dignos deles.
- É um absurdo que a maioria dos aposentados estejam ganhando só um salário mínimo do INSS. Espero que até eu me aposentar, o governo conserte isso e o INSS pague aposentadorias mais justas.
- Isso aqui é o governo que tem que fazer, e não eu. O presidente / governador / prefeito que resolva!
Com este texto eu quero dizer que os EUA são um país perfeito? Não, eles têm um monte de defeitos, a sociedade deles é tão ou mais doente que a nossa (perfeccionismo com a vida e com a carreira, pressão absurda desde o berço para "vencer na vida", bullying em níveis que beiram a psicopatia, consumismo desenfreado para preencher grandes vazios existenciais, etc.), várias das empresas de lá também têm a mentalidade exploradora (principalmente quando atuam fora dos EUA), nem tudo são flores.
E eu quero dizer que o Brasil é um país destinado ao fracasso eterno? Não, nós podemos melhorar, e cada pessoa tem o dever de educar seus filhos da melhor maneira possível, de modo que a nossa cultura exploradora vá morrendo aos poucos, e sendo substituída por algo que preste, algo que ajude o povo a prosperar.
O que vocês acham da mentalidade brasileira? E de outros países?
Forte abraço, fiquem com Deus.
quinta-feira, 24 de outubro de 2019
Mais sobre ETFs (4) - análise do IVVB11
Saudações, confrades
Dando continuidade à minha série sobre ETF, agora vou analisar o IVVB11, o qual é administrado pela Blackrock -> link para a página do fundo
Vamos para o básico:
Fundo lançado em 2014
Taxa de administração - 0,24% a.a (ou seja, para cada 10K reais investidos, pago 24 reais por ano)
Benchmark - S&P500 (em reais)
Passivo (conforme balanço de maio de 2019) - R$ 67.000,00 (0,02% do patrimônio líquido)
Sujeito aos 15% de imposto sobre o lucro nas vendas de cotas
Conforme a página do fundo (link acima), mais de 99% do patrimônio está aplicada em "produtos financeiros dos Estados Unidos". Conforme as demonstrações financeiras do exercício findo em maio de 2019, estes produtos são cotas de outro ETF, o "IShares Core S&P 500", sediado nos EUA. Ou seja, o IVVB11 é na verdade um "ETF ao quadrado", um ETF que aplica em outro ETF. A análise completa deverá abranger o IShares Core S&P 500.
Vamos analisar brevemente a metodologia do índice S&P500 (disponível aqui):
- ver página 4: "o S&P 500 se concentra no setor de grandes capitais do mercado; entretanto, uma vez que ele compõe uma parte significativa do valor total do mercado, também representa o mercado. As empresas do S&P 500 são consideradas as empresas líderes nas indústrias líderes."
- ver a página 6: "Capitalização do mercado: capitalização não ajustada de US$ 4,6 bilhões ou mais para o S&P500 (...) Liquidez: (...) a empresa deverá comercializar um mínimo de 250.000 ações em cada um dos seis meses levando até a data da avaliação"
- ver a página 7: "flutuação pública de pelo menos 50% da ação (..) Viabilidade financeira geralmente medido como quatro trimestres consecutivos dos ganhos positivos (...) renda líquida (...) excluindo-se as operações descontinuadas e os itens extraordinários (...) Outra medida de viabilidade financeira é a alavancagem do balanço da empresa, que deverá ser operacionalmente justificável no conecto (sic) * de seus pares da indústria e seu modo de negócio"
* acho que ele quis dizer "contexto".
Agora, analisando a carteira do ETF onde o IVVB11 aplica:
Conforme os dados obtidos no morningstar.com, o setor com maior predominância no fundo é o de tecnologia, e isso fica evidente na figura acima: as 4 empresas de maior peso na carteira do fundo são dessa área. E conforme as regras de composição do índice S&P500, teoricamente todas as 500 empresas do fundo atendem aos critérios de resultados positivos, free-float superior a 50%, liquidez e balanço apresentando pouca dívida ou dívidas razoáveis para o ramo de negócios (aquela parte sobre alavancagem do balanço), ou seja, são empresas mais confiáveis e mais bem estabelecidas.
Agora, sendo realista em relação ao fundo:
- Ao investir no IVVB11, você passa a ser dono de uma fração de uma sociedade (IVVB11) que é dona de uma fração de outra sociedade (IShares Core S&P 500) que é dona de frações de outras sociedades (500 empresas da bolsa norte-americana que compõe o índice S&P500). Ou seja, você na verdade está "muito distante" de ser sócio das empresas da carteira do fundo. Isso pode incomodar algumas pessoas.
- Por outro lado, o fundo tem tido sucesso em replicar seu benchmark (é um ETF, afinal de contas). Para aqueles que não se importam com "ser sócio", ainda assim é um ativo que valoriza conforme o índice S&P500, o que está longe de ser nada. Para aqueles que só se interessam com a valorização do capital próprio, e não com ser sócio de empresas, é um ativo interessante, dado o histórico centenário de valorização do mercado de ações dos EUA.
- Porém, tendo em vista que é um ETF que aplica em cotas de outro ETF, por que não abrir uma conta numa corretora no exterior e aplicar diretamente no ETF IShares Core S&P500? Tem dúzias de tutoriais de como fazer isso na internet, então acho que só se justifica aplicar no IVVB11 se você não tiver recursos suficientes para abrir esta conta no exterior, ou se não quiser ter o trabalho necessário para isso (nem sei se é pouco ou se é muito trabalho, nunca estudei isso).
- Não deixa de ser uma diversificação para os investimentos, mas aplicando no IVVB11, não pense que estará realmente "diversificando no exterior", pois o ativo é brasileiro, então sujeito às leis brasileiras e a todos os problemas e confusões que podem ocorrer no mercado brasileiro. Sendo curto e grosso: se rolar um confisco de ativos no Brasil, semelhante ao confisco das poupanças da época do Collor, este ativo não vai te proteger disso, é importante ter isso em mente.
- Porém, em relação a "diversificar os rendimentos" faz sentido, pois o fundo está indexado à bolsa dos EUA, então é uma forma do pequeno investidor "capturar" o rendimento daquele mercado.
-*** EDIT: conforme escrito pelo Marcelo Barbarossa (do blog CAPITALISMUS), outras vantagens de se aplicar neste ETF seriam:
- a conveniência de ter um ativo com rendimentos do exterior sem ter que pagar as taxas de remessa necessárias para fazer esta operação você mesmo;
- Maior facilidade de declaração no IR, porque como é um ativo brasileiro, não tem necessidade de calcular taxa de câmbio. Seria só colocar o preço médio das cotas, que nem fazemos com as ações.
Dando continuidade à minha série sobre ETF, agora vou analisar o IVVB11, o qual é administrado pela Blackrock -> link para a página do fundo
Vamos para o básico:
Fundo lançado em 2014
Taxa de administração - 0,24% a.a (ou seja, para cada 10K reais investidos, pago 24 reais por ano)
Benchmark - S&P500 (em reais)
Passivo (conforme balanço de maio de 2019) - R$ 67.000,00 (0,02% do patrimônio líquido)
Sujeito aos 15% de imposto sobre o lucro nas vendas de cotas
Conforme a página do fundo (link acima), mais de 99% do patrimônio está aplicada em "produtos financeiros dos Estados Unidos". Conforme as demonstrações financeiras do exercício findo em maio de 2019, estes produtos são cotas de outro ETF, o "IShares Core S&P 500", sediado nos EUA. Ou seja, o IVVB11 é na verdade um "ETF ao quadrado", um ETF que aplica em outro ETF. A análise completa deverá abranger o IShares Core S&P 500.
Vamos analisar brevemente a metodologia do índice S&P500 (disponível aqui):
- ver página 4: "o S&P 500 se concentra no setor de grandes capitais do mercado; entretanto, uma vez que ele compõe uma parte significativa do valor total do mercado, também representa o mercado. As empresas do S&P 500 são consideradas as empresas líderes nas indústrias líderes."
- ver a página 6: "Capitalização do mercado: capitalização não ajustada de US$ 4,6 bilhões ou mais para o S&P500 (...) Liquidez: (...) a empresa deverá comercializar um mínimo de 250.000 ações em cada um dos seis meses levando até a data da avaliação"
- ver a página 7: "flutuação pública de pelo menos 50% da ação (..) Viabilidade financeira geralmente medido como quatro trimestres consecutivos dos ganhos positivos (...) renda líquida (...) excluindo-se as operações descontinuadas e os itens extraordinários (...) Outra medida de viabilidade financeira é a alavancagem do balanço da empresa, que deverá ser operacionalmente justificável no conecto (sic) * de seus pares da indústria e seu modo de negócio"
* acho que ele quis dizer "contexto".
Agora, analisando a carteira do ETF onde o IVVB11 aplica:
Essas aí são o TOP10 do fundo, a imagem tirei do https://www.morningstar.com, um bom site para faze análises. |
Agora, sendo realista em relação ao fundo:
- Ao investir no IVVB11, você passa a ser dono de uma fração de uma sociedade (IVVB11) que é dona de uma fração de outra sociedade (IShares Core S&P 500) que é dona de frações de outras sociedades (500 empresas da bolsa norte-americana que compõe o índice S&P500). Ou seja, você na verdade está "muito distante" de ser sócio das empresas da carteira do fundo. Isso pode incomodar algumas pessoas.
- Por outro lado, o fundo tem tido sucesso em replicar seu benchmark (é um ETF, afinal de contas). Para aqueles que não se importam com "ser sócio", ainda assim é um ativo que valoriza conforme o índice S&P500, o que está longe de ser nada. Para aqueles que só se interessam com a valorização do capital próprio, e não com ser sócio de empresas, é um ativo interessante, dado o histórico centenário de valorização do mercado de ações dos EUA.
- Porém, tendo em vista que é um ETF que aplica em cotas de outro ETF, por que não abrir uma conta numa corretora no exterior e aplicar diretamente no ETF IShares Core S&P500? Tem dúzias de tutoriais de como fazer isso na internet, então acho que só se justifica aplicar no IVVB11 se você não tiver recursos suficientes para abrir esta conta no exterior, ou se não quiser ter o trabalho necessário para isso (nem sei se é pouco ou se é muito trabalho, nunca estudei isso).
- Não deixa de ser uma diversificação para os investimentos, mas aplicando no IVVB11, não pense que estará realmente "diversificando no exterior", pois o ativo é brasileiro, então sujeito às leis brasileiras e a todos os problemas e confusões que podem ocorrer no mercado brasileiro. Sendo curto e grosso: se rolar um confisco de ativos no Brasil, semelhante ao confisco das poupanças da época do Collor, este ativo não vai te proteger disso, é importante ter isso em mente.
- Porém, em relação a "diversificar os rendimentos" faz sentido, pois o fundo está indexado à bolsa dos EUA, então é uma forma do pequeno investidor "capturar" o rendimento daquele mercado.
-*** EDIT: conforme escrito pelo Marcelo Barbarossa (do blog CAPITALISMUS), outras vantagens de se aplicar neste ETF seriam:
- a conveniência de ter um ativo com rendimentos do exterior sem ter que pagar as taxas de remessa necessárias para fazer esta operação você mesmo;
- Maior facilidade de declaração no IR, porque como é um ativo brasileiro, não tem necessidade de calcular taxa de câmbio. Seria só colocar o preço médio das cotas, que nem fazemos com as ações.
sexta-feira, 18 de outubro de 2019
Eu gostaria de ser professor
Como eu já falei outras vezes aqui no blog, não gosto do meu trabalho, e atualmente não gosto da minha profissão. Gasto alguma parte do meu tempo pensando em como abandoná-la e começar outro caminho. Busco isso ou a TF, e não é nada fácil. Se eu ainda fosse um jovem adulto de 20 e poucos anos, recém-saído da faculdade e morando com meus pais, isso seria mais tranquilo, mas hoje em dia tenho obrigações e responsabilidades, então não posso simplesmente largar tudo e começar do zero. Preciso ter alguma coisa certa antes, e a cada dia que passa, isso se torna mais difícil.
Uma das profissões que eu gostaria de ter é a de professor. Eu tenho mais de um parente próximo que é professor, e sei bem os estresses e amarguras que esta profissão vive, pois converso muito a respeito, estou sempre ouvindo suas histórias nas reuniões de família, mas mesmo assim, imagino que são estresses mais aceitáveis em relação aos que eu passo em meu atual trabalho (e nos anteriores). Pelo menos essa é a visão que eu tenho de fora, e certamente é uma visão romantizada, mas ainda assim gostaria de tentar. Sinto que é nesta profissão que eu seria capaz de fazer a diferença, me sentir realmente útil para a sociedade e satisfeito comigo mesmo. Eu tentaria, de alguma forma, dar doses de realismo nas minhas aulas, para preparar melhor os alunos para o futuro, ao invés de ficar só faz-de-conta do mundo acadêmico. Tentaria também desfazer pelo menos um pouco a doutrinação esquerdista que eles sofrem. Em suma, eu tentaria fazer a diferença na vida dos alunos, dentro do possível.
Eu, vivendo o sonho |
A maior dificuldade, pelo que observei até hoje, é começar: em todo lugar existe uma "máfia", uma panelinha, um feudo, seja lá o nome que derem, vocês me entenderam, e no mundo acadêmico acho que isso é ainda pior, mais evidente do que em empresas comuns, e o networking de um professor parece ser tão ou mais necessário do que o de um executivo, para sua sobrevivência profissional. Dito isto, vamos analisar como funciona o mercado de trabalho para professores no huehuebr:
- Os melhores salários para professor estão nas universidades públicas federais, cujo acesso é por concurso, e o emprego é tão bom que o professor de uma faculdade dessas geralmente só larga o osso quando se aposenta, e muitos só vão embora na compulsória. O problema do concurso público para este tipo de cargo é a prova de aula, que é onde entram os critérios subjetivos da banca examinadora. Outro problema é que, para passar nestes concursos, praticamente só tendo doutorado, o que é muito difícil para alguém que não emendou a faculdade com o mestrado e depois no doutorado. Acho que é praticamente impossível conciliar emprego e doutorado. Mestrado ainda vai, mas doutorado não (aliás, o mestrado é o novo "ensino superior", se vocês pararem para pensar, tendo em vista que hoje em dia "todo mundo" é bacharel e as uniesquinas se proliferaram sem controle);
- Os melhores salários para professor na iniciativa privada estão nas "escolas de rico", geralmente os grandes colégios bilingues, onde estudam os filhos de executivos e empresários estrangeiros que trabalham no Brasil, mas geralmente só se entra num colégio desses por indicação de alguém que já trabalhe lá. Como a carreira de professor é mais estável que a de um analista comum de escritório, não é difícil que os professores destas escolas de elite fiquem nelas "até a morte";
- O segundo melhor salário para professor na rede pública são as escolas técnicas federais e demais escolas de nível médio. No caso da iniciativa privada, seriam os cursos pré-vestibular. Aqui valem as mesmas observações: provas de aula subjetivas que filtram quem "pode entrar", exigência implícita de doutorado por causa da pontuação desproporcional na prova de títulos, e QI (indicação) na inciativa privada. Geralmente os professores dos pré-vestibulares são concurseiros profissionais e ex-monitores dos próprios cursos, dificilmente alguém de fora consegue entrar nestes feudos. Já fiz um concurso para a IF do meu estado, para dar aulas para o ensino médio. Fui bem na prova escrita e cheguei a fazer a prova de aula, mas a banca me deu uma nota baixa com base em bobagens (embora eu não tenha falado, até porque não tinha nada a ver com o assunto da aula, devem ter percebido meu alinhamento político), mas mesmo assim fiquei no top 5 - pena que era uma vaga só, como é o padrão neste tipo de concurso. Como não conheço ninguém de nenhum curso pré-vestibular ou preparatório para concursos, então também é difícil entrar neste tipo de curso.
A banca (totalmente imparcial) que avaliou minha prova de aula |
- Em seguida vem os colégios mais "classe média", que não pagam tanto mas também não pagam mal, mas têm o mesmo problema de demorar anos para abrir uma vaga e ser raro chamarem alguém "de fora", que não seja amigo de nenhum professor do colégio.
- Por fim, há os colégios particulares "de pobre", que são aqueles pequenininhos, só conhecidos em seus próprios bairros, com poucos alunos, prédio pequeno, etc. É nestes lugares onde um professor sem contatos, sem "QI", tem mais facilidade para começar sua carreira. O problema de dar aula neste tipo de colégio é que ou eles pagam pouco ou não te pagam nada, na cara de pau. Já aconteceu na minha família: um parente deu aula por uns dois meses num colégio assim, não recebeu os salários, e ficou por isso mesmo. E fora da família já ouvi histórias semelhantes. Geralmente são pequenos negócios familiares que começaram bem (um avô com mente empreendedora e bom professor de alguma matéria), mas que algo deu errado no meio do caminho (geralmente é essa a história: o fundador morreu, e seus filhos e netos agem como parasitas ao ocupar os cargos administrativos - cargos que são "por direito" deles - e tratarem a escola como se fosse realmente um feudo: apenas um emprego "garantido" para ser explorado e sugado, ao invés de investirem e fazerem o bolo crescer) - no bairro onde cresci, havia várias escolinhas assim, e hoje em dia a maioria fechou as portas. Óbvio que há exceções, mas na média os colégios pequenos são assim: mal administrados, endividados, e o governo ainda atrapalha: por lei, não podem expulsar os alunos inadimplentes durante o ano escolar - a escolinha tem que esperar o próximo ano letivo começar para só então não renovar a matrícula, e enquanto isso fica amargando o prejuízo por causa de um aluno que não paga as mensalidades e ainda ocupa uma vaga. Aliás, vejam como é míope o raciocínio do imbecil que inventou esta lei: para beneficiar alguns alunos inadimplentes de uma escola pequena, coloca-se em risco a educação de todos os outros, porque a escola pode acabar falindo, e então todos ficarão sem aula, e os professores e demais funcionários sem emprego. Receita certa para o desastre.
- Nem cogito fazer concurso para colégios estaduais e municipais, não importa o estado e o município, porque a situação financeira de praticamente todos está indo de mal a pior, e já há algum tempo tem estados e municípios parcelando os salários de seus servidores, e como professores são do "baixo clero", não escapam. Talvez eu abrisse uma exceção para SP (o estado e o município), mas ainda acho arriscado. Só o tempo dirá.
Enquanto não consigo um emprego de professor, público ou privado, vou satisfazendo minha vontade através de aulas particulares, e estou vendo se consigo dar aulas no vestibular social de uma igreja próxima de onde moro. Se eu conseguir atingir a TF, essa pode ser a minha ocupação, em tempo integral ou parcial. Talvez dando aulas sem me preocupar com o dinheiro eu consiga ser um professor melhor.
O futuro a Deus pertence.
Algum leitor do blog é professor? Comente aí! Compartilhe sua experiência!
Forte Abraço!
quarta-feira, 16 de outubro de 2019
Mais sobre ETFs (3) - BOVV11 e BRAX11
Saudações, confrades!
Segue a análise rápida do BOVV11 (link para a página do fundo no Itaú):
É um fundo bastante recente, tendo sido lançado em 29 de julho de 2016, ou seja, mal completou 3 anos de vida. Aplicando a mesma lógica usada para uma empresa, é muito pouco tempo para análise, em minha opinião. Eu aguardaria pelo menos 5 ou 6 anos de negociação em bolsa para fazer uma análise melhor. O benchmark deste fundo é o IBOVESPA.
> No momento em que analisei:
0) A taxa de administração é de 0,3%a.a, ou seja, quase 6 vezes maior que a do PIBB11.
1) o fundo possuía ações alugadas equivalentes a cerca de 21% de seu patrimônio.
2) Passivo equivalente a 0,08% do patrimônio;
3) Ação com maior participação no fundo: ITUB4 (9%) - obviamente é a maior componente do IBOVESPA;
4) 26% do patrimônio aplicado no setor bancário.
5) Em relação aos relatórios, tenho a mesma crítica do PIBB11: são pouco detalhados, o pdf são as imagens scaneadas de papéis físicos, o que borra algumas letras e números e dificulta a leitura.
6) Diversifica um pouco mais que o PIBB11 (68 ações do Ibovespa, contra 50 do Ibrx-50, ou seja,18 ações a mais), mas acho que isso não compensa a taxa de administração maior, porque a participação destas ações a mais no patrimônio é muito pequena.
Segue a tabela, sem gráficos desta vez (3 anos é pouco):
Agora analisando (também rapidamente) o BRAX11 (Link para a página do fundo) :
0) Taxa de Administração = 0,2%a.a
1) Composto pelas 100 ações mais negociadas na bolsa (será que com 100 ações John Bogle consideraria uma diversificação satisfatória?);
2) Lançado em 22 de fevereiro de 2010, ou seja, já possui mais de nove anos, então até que vale à pena fazer alguns gráficos, embora o relatório mais antigo que eu tenha encontrado seja referente a 2013;
3) O relatórios são mais bem apresentados do que os do PIBB e do BOVV. Aliás, a página do Blackrock (administradora do fundo) é bem melhor do que a do Itaú, tem informações mais claras, etc.
4) Passivo corresponde a 0,03% do patrimônio líquido;
5) Somente as 25 ações de maior participação no patrimônio do fundo têm mais de 1% de participação. A ação com maior participação hoje é, obviamente, ITUB4 (8,26% - aproximadamente 5 milhões de reais). A de menor participação é GFSA3, com 0,01% de participação no capital do fundo (aproximadamente 6.500 reais);
6) Há 75 ações que representam, cada uma, menos de 1% do patrimônio líquido do fundo, e entre estas, há 50 que correspondem, cada uma, a menos de 0,5% do patrimônio líquido;
7) As ações do top 10 em termos de participação somam um pouco mais de 50% do patrimônio do fundo; Se ampliarmos isso para o top 25, teremos 70% do patrimônio;
8) Em consequência dos itens 5, 6 e 7, acho que é um tanto falsa essa diversificação em 100 empresas. Essa crítica vale também para o PIBB11: no IBRX-50, as 10 empresas com maior participação correspondem a mais de 60% do índice.
Minhas conclusões:
- Todos estes ETF cujo benchmark é o Ibovespa ou algum índice correlato (IBRX-50, IBRX-100,etc.) terão praticamente as mesmas ações em suas carteiras. A diferença entre as carteiras deles vai depender da amplitude do índice referencial (então o BRAX11, como replica o IBRX-100, terá todas as 50 ações do PIBB11, que replica o IBRX-50, e mais 50 ações, por exemplo)
- Em consequência do item acima, praticamente a única diferença entre os fundos é a taxa de administração. Sendo assim, eu não vejo muito sentido para a existência do BOVV11 sendo que há o PIBB11.
- Considerando a alta concentração do capital de todos estes fundos nas 10 ações de maior participação dos índices-referência, praticamente não há diferença entre eles, no que tange às carteiras. A meu ver, mesmo a diversificação maior do BRAX11 empalidece perante os efeitos desta concentração nos resultados do fundo. Qualquer vantagem que o BRAX poderia obter por ter aplicado em alguma small cap subvalorizada e que venha a se valorizar muito em pouco tempo será bastante diluída, porque tal empresa hipotética provavelmente teria uma participação pequena na carteira do fundo, inferior a 0,5%.
- Independente do fundo e da taxa de administração, há um problema inerente a estes índices de referência: o fato de eles dependerem das "N" ações mais negociadas na bolsa - não são as mais lucrativas, as maiores empresas, as de maior receita, etc: São as mais negociadas... Ou seja, bem ou mal, irão necessariamente incluir aquelas ações que estão mais "na boca do povo", como tem sido o caso de PETR4 e VALE3, que são duas ações que praticamente todo mundo que está iniciando na bolsa compra, não necessariamente pelos "motivos certos" (análise fundamentalista da rentabilidade, lucro, passivo, etc.), mas sim porque são empresas que estão sempre na moda e são, digamos, parte da história nacional, ou seja, têm um "apelo nostálgico" no imaginário brasileiro. Na época da moda da OGX, essa ação constava de todos estes índices, porque estava sendo fortemente negociada por especuladores, tanto os malandros quanto os sardinhas, e a OGX também caiu na boca do povo, um monte de gente aplicou em OGX naquela época, então estes fundos também aplicaram em OGX, mesmo que ela nunca tenha dado lucro, mesmo que ela nunca tenha sido muito mais do que uma promessa...
- Outra face desse problema é que há boas empresas (há anos lucrativas, bem administradas, pouca dívida, etc.) que acabam tendo uma participação pífia na carteira destes fundos porque não têm negociação suficiente na bolsa para ter participação significativa no índice, as revistas e sites "especializados" em ações não comentam a respeito, etc., e isso é uma grande perda de oportunidade para os cotistas.
- Outra face do problema do índice-referência é que quanto mais a participação de uma determinada ação no índice mudar, mais o fundo terá que girar seu patrimônio (comprar e vender ações) para manter a mesma proporção desta ação em sua carteira a fim de replicar o índice. Isto é uma coisa que eu investindo diretamente nas ações não faria. Se eu aplico em ITUB4, eu só iria me desfazer desta ação se a empresa apresentasse alguns anos seguidos de prejuízos, passivo crescente, etc.
- Resumindo os itens acima: a metodologia de cálculo dos índices-referência baseados em volume de negociação acaba fazendo com que as carteiras dos nossos ETF sejam muito concentradas em poucas empresas, o que a meu ver vai contra a filosofia do próprio Bogle. De que adianta ser "dono do palheiro todo" se algumas poucas empresas dominam quase tudo,? O resultado não fica excessivamente dependente destas poucas empresas? Isso não acaba sendo paradoxalmente o oposto de diversificar? Para realmente diversificar e capturar valorizações de "cavalos azarões" (que é um dos objetivos implícitos da criação de um ETF) não seria melhor ter uma diversificação mais "aritmética"? - por exemplo: se o fundo aplica em 100 empresas, cada uma corresponde a 1% do patrimônio.
A pergunta fundamental aqui é: por quê estes índices existem da maneira como são? O que eles medem, afinal? De que adianta sua existência, já que uma empresa péssima pode acabar sendo muito negociada e participando do índice e em consequência do patrimônio destes fundos todos?
Do jeito que está, vale mais à pena aplicar individualmente nas 20 ações com maior participação destes índices do que aplicar nestes ETF, porque aí pelo menos não pagaremos administração (embora a do PIBB do BRAX nem sejam tão altas assim), teremos escolha sobre o que fazer com os dividendos e JCP recebidos e teremos a isenção fiscal para lucros em vendas de até 20 mil por mês, evitando os injustos e pesados 15% de imposto sobre o lucro.
Meus amigos, apenas digo o seguinte: Guardem seu dinheiro! Acumulem patrimônio! Diversifiquem!
Até a próxima! Fiquem com Deus!
sábado, 5 de outubro de 2019
Mais sobre ETFs (2): Bogle na prática - análise do PIBB11
Vamos à parte 2 de minha série de artigos sobre ETFs.
Primeiramente, apresento uma comparação entre alguns ETF que selecionei:
ETF: Benchmark: Taxa de Administração:
SMALL11 índice SmallCap 0,69% a.a (a cada 10K aplicados pago R$ 69,00 a.a)
BOVA11 Ibovespa 0,54% a.a (54 reais por ano para cada 10K)
BOVV11 Ibovespa 0,30% a.a (30 reais por ano para cada 10K)
IVVB11 S&P500 0,24% a.a (24 reais por ano para cada 10K)
BRAX11 IBrx-100 0,20% a.a (R$ 20,00 por ano para cada 10K)
PIBB11 IBrx-50 0,059% a.a (R$ 5,90 a.a para cada 10K)
Todos os ETF acima têm taxa de administração bastante inferiores a 1% a.a, o que já é bem abaixo dos padrões brasileiros, a terra das taxas altas, conforme veremos a seguir.
Os mais "interessantes", a meu ver, são o PIBB11, cuja taxa de administração é a menor do Brasil, uma verdadeira anomalia entre os fundos de investimento em operação no país, e o BRAX11, que replica o IBrx-100 e tem a segunda menor taxa de administração entre os ETF acima (mas ainda quase quatro vezes superior à do PIBB11!).
***O IVVB11 é interessante por replicar o índice americano S&P500, mas ainda não o estudei o bastante para realmente opinar a respeito. Irei abordá-lo em um artigo futuro, a pedido de um leitor.
Prosseguindo, vejam só as taxas de administração de alguns fundos de ações, para fins de comparação com os ETF:
Fundo de ações: Taxa de Adm:
BB Ações Petrobras 2% a.a (200 reais por ano para cada 10K reais aplicados)
BB Construção Civil 2% a.a (idem)
BB Ações Alocação ETF 1,55% a.a (155 reais por ano, para cada 10K)
Itaú Ações Momento 30 FICFI 2,5% a.a (+taxa de performance) (+ de R$250 para cada 10K a.a)
Como podem ver, os Fundos de Investimentos selecionados cobram bem mais caro que os ETF, e o último da lista ainda cobra taxa de performance (20% do lucro que superar o benchmark, e pelo que encontrei em minha pesquisa, essa é a taxa de performance "padrão").
Para ser justo, há outros fundos de investimento não-ETF que cobram taxas de administração bem menores que as quatro apresentados acima, basta procurar, mas nenhuma é mais baixa que a do PIBB e do BRAX. (o mais baixo que vi em minha pesquisa foi 0,3% a.a >> "Itaú Personalité Privilége RF", um fundo de renda fixa atrelado ao CDI - cuja aplicação inicial mínima é de míseros R$ 1.000.000,00...).
Para aqueles que não captaram a ideia, entendam as taxas de administração de um fundo como sendo uma "rentabilidade negativa" anual. Ou seja, se o seu fundo rendeu 7% neste ano e a taxa de administração é de 1% ao ano, significa que o seu ganho, como investidor, foi de 6%.
Agora vou comparar 3 ETF: PIBB11, BOVV11 e BRAX11. O critério de seleção foram as taxas de administração (0,059%aa, 0,3%aa e 0,2%aa, respectivamente). O primeiro tem como benchmark o IBrx-50, o segundo o Ibovespa e o terceiro tem o IBrx-100. Neste artigo falarei apenas sobre o PIBB11. O próximo será sobre o BOVV11.
A carteira do PIBB11 é composta pelas ações que fazem parte do IBrx-50.
Conforme a página do fundo no site do Itaú, a maior parte está aplicada em ações, e uma parte destas está alugada (13% no momento em que escrevo, mas muda todo dia). Há um valor bem pequeno (0,14%) aplicado em títulos públicos. O fundo aplica em 50 ações, de 45 empresas diferentes (ele tem ações ON e PN da Petrobras, Bradesco, Eletrobras , além das duas ações diferentes do Itaú (ITUB e ITSA) e da Gerdau (GGBR e GOAU)), distribuídas em 26 setores da economia.
A página do fundo traz alguns detalhes interessantes, como os ativos de maior peso do fundo, os valores a pagar e a receber, os setores de maior peso, etc. Não vou escrever aqui porque estes valores vão mudar conforme as empresas forem entrando e saindo do IBrx-50.Todo mundo que estiver pensando em aplicar seu suado dinheiro no PIBB11 deve olhar esta página. Esta regra, aliás, vale para qualquer fundo de investimento e para qualquer ação. Isso pode parecer óbvio, mas, como digo, o óbvio precisa ser dito. Não invistam às cegas, pessoal!
Seguem meus comentários e opiniões pessoais sobre o fundo:
-O fato dele replicar o IBrx-50 faz com que algumas empresas tenham um peso muito grande no portfolio (caso do Itaú, que representa cerca de 10% da carteira, mas pelo menos é uma empresa boa para se investir - lucros bilionários);
- Que bom que o fundo consegue ganhar uma graninha alugando ações, isso eu vejo como uso inteligente do patrimônio sem abandonar a gestão passiva. Notem que ele só aluga cerca de 13% das ações, não sei se por estratégia ou por não conseguir alugar mais;
-50 empresas provavelmente não iriam satisfazer Bogle no quesito diversificação, mas como o Ibrx-50 está bastante correlacionado ao Ibovespa, então acho que o fundo acaba passando neste quesito, pelo menos para os padrões do mercado brasileiro, que tem muito menos empresas negociadas em bolsa do que o mercado americano;
Agora, analisando o relatório de demonstrações financeiras [o exercício financeiro do fundo vai de 1º abril a 31 de março, de modo que em 31 de março deste ano foi encerrado o exercício anterior e em 1º de abril deste ano iniciou-se o exercício atual] (link do relatório):
Antes, um esclarecimento: não adianta ficar analisando os pequenos detalhes da gestão do fundo (e neste caso nem é possível, dadas as poucas informações do relatório). Vou seguir para esta e para todas as análises que eu fizer neste blog o "método Bastter" de análise de empresas: vou focar nos aspectos macro da evolução patrimonial, evolução das receitas, das dívidas e dos lucros. Os detalhes que eu considerar relevantes (ex: remuneração dos administradores) eu vou incluir, mas vou evitar análises muito detalhadas, porque geralmente elas não têm utilidade para o pequeno investidor.
- O relatório é enxuto (25 páginas), o que geralmente é bom, porém é de difícil visualização (são as imagens scaneadas do relatório físico, reunidas num pdf, o que dificulta a leitura, porque não permite dar ctrl+f para procurar palavras-chave, além de deixar as páginas e letras com aparência borrada, o que prejudica a leitura por parte de investidores com problemas visuais. Por exemplo, o "6" se confunde com o "8") - espero que corrijam isso no futuro (mas duvido....), e senti falta de uma demonstração de fluxo de caixa e da demonstração do "giro" do fundo. Em suma, achei o relatório bem fraco.
- Em relação ao patrimônio do fundo, ele possui valores a pagar (passivo) equivalentes a 0,41% do patrimônio líquido, o que é bom.
- Houve um grande resgate de cotas no exercício findo em 31 de março de 2019 (1.960.000 cotas resgatadas), de modo que o exercício foi encerrado com menos cotas do que o anterior;
- Receita de cerca de 145 milhões, sendo a receita de dividendos no valor de R$ 53 milhões;
- Em relação aos custos: a maior "despesa" registrada são as perdas com derivativos (13 milhões); R$ 709.000,00 gastos com remuneração da administração (aumento em relação à mesma época de 2018); a despesa total do fundo (14 milhões) representou cerca de 10% das receitas. É necessário comparar com as demonstrações de outros ETF para verificar se os "custos" estão baixos. Futuramente editarei esta parte.
Enquanto escrevia este post, percebi que analisar os fundamentos de um fundo não é tão interessante quanto analisar as ações de empresas individuais, e há uma certa escassez de informações. A página do fundo, no site do Itaú, por exemplo, peca por não ser muito transparente e não ter o básico dos básicos, que são as demonstrações financeiras dos exercícios anteriores, as quais na minha opinião deveriam ficar todas arquivadas para que qualquer investidor pudesse ler. Entretanto, consegui encontrar algumas neste link. Percebi que os relatórios feitos pela Deloitte são mais bonitos, visualmente falando, e o pdf é mesmo o do arquivo digital. Os que foram feitos pela PWC são aquela porcaria de imagem scaneada de um arquivo físico, o que dificulta muito a leitura, então ponto negativo para a PWC.
É uma pena que eu não tenha encontrado todos os relatórios desde o lançamento do fundo em 2004. Com base nos que encontrei, fiz a tabela e os gráficos abaixo:
- As "receitas" do PIBB11 são (óbvio) muito fortemente influenciadas pelo Resultado das Ações (valorização ou desvalorização a preços de mercado), e por este motivo é que elas foram negativas em 5 dos 9 anos analisados. Por este ponto de vista, não se pode analisar estas "receitas" da mesma maneira que se analisa as receitas de uma empresa (por exemplo, receitas de vendas de mercadorias). A meu ver, as receitas "de verdade" deste e outros fundos seriam os dividendos, JCP e rendas de aluguéis de ações.
- O valor patrimonial por cota aumentou principalmente por causa da queda livre do número de cotas do fundo (de 21,6 milhões para 7,7 milhões de 2011 para cá), pois o patrimônio líquido do fundo diminuiu no mesmo período. Vejam as 10 ações com maior participação no fundo em 2013 e em 2018, para se ter uma ideia:
2013 |
2018 |
- Notem que de lá para cá o fundo se livrou de umas 2 milhões de ações ITUB4 e quase 3 milhões de ações PETR4 e PETR3. Provavelmente isso faz parte do objetivo do fundo, que é seguir o índice IBrx-50. Então estas grandes vendas de ações devem ter sido para ajustar a participação das mesmas no portfolio do fundo conforme a proporção das mesmas no índice-referência.
- Provavelmente o número de cotas é forçosamente diminuído (vide tabela) para manter ou valorizar o valor de mercado das mesmas.
- Que fatores poderiam explicar a diminuição do Patrimônio líquido do fundo? Na minha opinião, são estes os principais:
- Diminuição do valor de mercado das ações que compõe o portfolio;
- Diminuição da quantidade de ações no portfolio (conforme visto nas 2 figuras acima)
- Não importa o motivo para o PL ter diminuído, senti falta de explicações para isto nos relatórios financeiros do fundo.
- Apesar desta diminuição do Patrimônio Líquido, o valor das cotas do fundo vem subindo pelo menos desde 2016, depois de ter praticamente andado de lado por 8 anos. Notem também que ele tem conseguido acompanhar seu índice referência, comparando com o outro gráfico abaixo:
Evolução da cotação do PIBB11. Fonte: Investing.com |
Evolução do IBrx-50. Fonte: advfn.com |
No próximo post, analisarei o BOVV11. Até a próxima!
Forte Abraço!
quarta-feira, 25 de setembro de 2019
Mais sobre ETFs (1) - Resenha do "The little book of Common sense Investing"
Saudações, amigos.
Estou retomando aqui no blog a discussão sobre ETF, porque ainda há coisas que me incomodam sobre o assunto... Uma vez que este blog também me serve como um diário de meus pensamentos econômicos e financeiros, quero deixar aqui registrados e claros os fundamentos da discussão tal qual eu os entendo, e conforme os estudei.
Não acho que possamos simplesmente dispensar qualquer assunto relativo a finanças (e na verdade, a praticamente qualquer área da vida) com a frase "isso é besteira, deixa para lá" ou "tal coisa é lixo, então dane-se": acho importante entendermos os fundamentos por trás das teorias para então, com o julgamento racional, tomarmos nossas próprias decisões, ao invés de seguir cegamente a opinião de fulano ou beltrano.
Esta semana terminei de ler um livro do John Bogle, aquele que já há alguns anos foi recomendado pelo Viver de Renda - "The Little Book of Common Sense Investing" (O pequeno sobre investimentos de senso comum), e vou começar esta série fazendo aqui uma breve resenha do livro.
Aliás, não sei se alguém da blogosfera chegou a comentar, mas, infelizmente, John Bogle morreu em janeiro deste ano. Fiquei sabendo disso enquanto fazia minha pesquisa para este post. Que Deus guarde sua alma.
Antes de mais nada, é importante dizer que tanto a vida profissional quanto a vida acadêmica de John Bogle gravitaram em torno de fundos de índice. Na verdade, ele foi o autor da ideia, o pai dos fundos de índice.. Sendo assim, é óbvio que a opinião do autor é bastante enviesada neste sentido e, por isso, recomendo cautela e um pouco de ceticismo a todos os que lerem o livro.
Dito isto, vamos à resenha:
A filosofia de investimentos de John Bogle pode ser resumida nas seguintes afirmações:
1) Mantenha os custos baixos (taxa de administração, de carregamento, de performance,etc. Busque sempre os menores custos)
2) Mantenha o turnover baixo (ou seja, gire muito pouco o seu patrimônio, não fique toda hora trocando o dinheiro de lugar, pulando de um ativo para outro)
3) Stay the course (mantenha-se no rumo - ou seja, não mude toda hora a sua estratégia - pense bem nela e mantenha o curso)
4) Mantenha tudo simples (ou seja, não é necessário - e é até prejudicial - usar métodos complicados de investimento, como métodos quantitativos, análises econométricas, fazer operações complicadas na bolsa, aplicar em produtos financeiros ultra sofisticados, etc. No próprio livro há a citação de um blogueiro ["Dividend Growth Investor"] que define o "Keep it Simple" como sendo "tenha ações e alguns títulos")
- O livro em si é um tanto repetitivo - em alguns pontos chega a lembrar os livros do Kyosaki, por conta da repetição de ideias... mas isso até é compreensível por 3 motivos: 1º - Bogle quer "martelar" a ideia na cabeça dos seus leitores, e uma maneira de fazer isso é através da repetição; 2º - conforme eu escrevi acima, a ideia por trás do livro é simples e pode ser resumida em 4 parágrafos, mas Bogle quis escrever um livro, então precisou encher linguiça; e 3º - por mais simples que sejam as ideias, é necessário demonstra-las com fatos e números para que tenham mais credibilidade;
- Nos capítulos iniciais Bogle demonstra várias vezes a superioridade de um fundo de índice (que ele denomina "TIF" - Traditional Index Funds) perante qualquer fundo de investimento ativo (fundos ativos são aqueles que tentam superar seus benchmarks, ou seja, o gestor fica fazendo operações na bolsa para superar, por exemplo, o Ibovespa) , e explica que isso se dá principalmente por causa dos custos: os fundos ativos, em sua tentativa de superar seus benchmarks, acabam girando demais seu patrimônio, incorrendo em muitos gastos com corretagens, emolumentos, taxas diversas da B3, etc. Um fundo passivo, por outro lado, como apenas tenta seguir seu benchmark, faz muito menos operações e isso gera custos menores. Outra explicação é a "Regressão à Média", um termo estatístico que pode ser traduzido como "tudo o que sobe eventualmente desce" - com isso Bogle quer dizer que os fundos com melhor desempenho passado teriam maior propensão a ter rendimentos inferiores no futuro (e isso faz sentido, porque quanto mais um fundo cresce e maior se torna seu patrimônio, mais difícil se torna ter um retorno alto em termos percentuais, e retornos em percentuais declinantes tendem a ativar o comportamento de manada que faz com que a muitos dos investidores queiram sacar seu dinheiro do fundo);
- Outra explicação para o desempenho dos fundos ativos em geral ser pior do que o dos passivos é que o gestor que tenta superar um benchmark se vê obrigado a fazer investimentos mais arriscados, na esperança de acertar "na mosca" e faturar alto em uma tacada, mas o que acontece na maioria das vezes é justamente o contrário;
- Outro mérito do livro é apontar para os custos fiscais dos fundos de investimento. Isso é outro ponto fraco dos fundos ativos (e de qualquer investidor que fique girando demais seu patrimônio): quando o gestor fica "treidando", lucrando alguns centavos por ação em cada operação, parte deste lucro irá para o governo. Outra parte vai para alimentar as terríveis "taxas de performance" e o que sobrar, só aí irá para o patrimônio do investidor. Os fundos passivos, por outro lado, como só estão preocupados em acompanhar seu índice-referência, tendem a não girar tanto o patrimônio, o que significa menos custos com impostos.
- Outra explicação para o desempenho dos fundos ativos em geral ser pior do que o dos passivos é que o gestor que tenta superar um benchmark se vê obrigado a fazer investimentos mais arriscados, na esperança de acertar "na mosca" e faturar alto em uma tacada, mas o que acontece na maioria das vezes é justamente o contrário;
- Outro mérito do livro é apontar para os custos fiscais dos fundos de investimento. Isso é outro ponto fraco dos fundos ativos (e de qualquer investidor que fique girando demais seu patrimônio): quando o gestor fica "treidando", lucrando alguns centavos por ação em cada operação, parte deste lucro irá para o governo. Outra parte vai para alimentar as terríveis "taxas de performance" e o que sobrar, só aí irá para o patrimônio do investidor. Os fundos passivos, por outro lado, como só estão preocupados em acompanhar seu índice-referência, tendem a não girar tanto o patrimônio, o que significa menos custos com impostos.
-É interessante notar, no capítulo 15, que Bogle fala especificamente dos ETF (Exchange Traded Funds) e os define como sendo uma versão "mais agressiva" dos TIF, o que me leva a crer que aqui no BR não há TIFs na concepção de Bogle.
- Outra característica de alguns dos ETF, citada pelo autor, é a existência de um "tema", uma característica de todas as ações que o compõe e que norteia as aquisições do fundo (ex: um ETF que só investe em ações que tenham dividend yield superir a X%; ou que só invista em ações de empresas de tecnologia, ou só de empresas exportadoras, etc. No BR tem alguns ETF assim: por exemplo, aqui existe o ECOO11, que investe em empresas que adotam "práticas transparentes de eficiência de emissão de gases causadores do efeito estufa", seja lá o que isso signifique, e baseia sua alocação de ativos em "níveis de emissão de gases do efeito estufa") na visão de Bogle (e eu concordo com ele), se o fundo é baseado em um "tema", então ele não está diversificando de verdade, o que torna esta estratégia ineficiente, do ponto de vista da dicotomia Risco X Retorno.
- Outra característica de alguns dos ETF, citada pelo autor, é a existência de um "tema", uma característica de todas as ações que o compõe e que norteia as aquisições do fundo (ex: um ETF que só investe em ações que tenham dividend yield superir a X%; ou que só invista em ações de empresas de tecnologia, ou só de empresas exportadoras, etc. No BR tem alguns ETF assim: por exemplo, aqui existe o ECOO11, que investe em empresas que adotam "práticas transparentes de eficiência de emissão de gases causadores do efeito estufa", seja lá o que isso signifique, e baseia sua alocação de ativos em "níveis de emissão de gases do efeito estufa") na visão de Bogle (e eu concordo com ele), se o fundo é baseado em um "tema", então ele não está diversificando de verdade, o que torna esta estratégia ineficiente, do ponto de vista da dicotomia Risco X Retorno.
- Nos capítulos 18 e 19, o autor fala sobre alocação de ativos, nos quais ele defende a estratégia simples, enunciada por Benjamin Graham, de diversificar entre ações e títulos (públicos e privados), de modo que a proporção investida em ações sempre fique entre 25% e 75% do portfolio do investidor. Bogle defende que quanto maior for a expectativa de vida do investidor no momento do investimento, maior deverá ser a alocação em ações. Bogle até mesmo defende que um investidor jovem, no início de sua carreira profissional, fique alocado 100% em ações em seus primeiros anos de investimento , e também não acha uma boa ideia que mesmo um idoso tenha 0% em ações (ele acha isso arriscado) - ele defende que, idealmente, a renda do investidor idoso e aposentado seja proveniente dos dividendos das ações e da própria seguridade social (o nosso INSS), e não da venda dos ativos do portfolio.
- Por fim, uma lição muito importante: em diversos momentos do livro, o autor relembra que todas as estratégias de investimento têm uma falha em comum: todas, em maior ou menor grau, levam em consideração as rentabilidades passadas (das ações, do mercado como um todo, dos títulos públicos, etc.), o que nunca é garantia de rentabilidade futura, e é por isso que Bogle defende a ideia de que "não adianta ficar procurando a agulha no palheiro: compre o palheiro inteiro, que a agulha estará lá"; esta ideia sintetiza o que seria um TIF ideal.
Após ter lido o livro, cheguei às seguintes conclusões:
1) Na minha opinião, dentre os ETF negociados na B3, a princípio os que mais se aproximam dos critérios de investimento defendidos por John Bogle são o PIBB11, BRAX11 e BOVA11. No próximo artigo desta série (que já está no forno), falarei um pouco mais sobre eles.
2) Os fundos ativos só continuam existindo porque a maioria das pessoas têm preguiça de pensar e entender o que são coisas como taxa de administração, taxa de carregamento e taxa de performance, e seus efeitos perversos sobre o patrimônio, e também porque o lobby do setor financeiro no mundo todo é poderoso;
3) Fundos de investimentos, principalmente os ativos, são máquinas de fazer dinheiro... para seus gestores, para os bancos e corretoras, e para o governo, e tudo isso às custas do patrimônio dos cotistas;
4) O único tipo de fundo que eu acho "aceitável" como investimento são os aqueles definidos por Bogle como "TIF" (Traditional Index Fund): gerenciamento passivo, custos bem baixos (não só a taxa de administração, mas também os custos internos das operações do fundo), diversificação grande que tente replicar o índice "do mercado" (de preferência, fundos que tenham literalmente ações de todas as empresas negociadas na bolsa, ou pelo menos de muitas empresas, sem concentrar em setores específicos);
5) Em que pese o item 4, ainda há de se levar em conta o fardo da taxa de administração e, no caso brasileiro, o absurdo imposto de 15% sobre o lucro quando da venda das cotas (Porém, pensando por outro lado, suponha que você consiga viver de renda, vendendo um pouco das cotas desses fundos periodicamente para se sustentar: se você é assalariado, você provavelmente paga entre 7,5% e 27,5% de IRPF. Mas, se seu sustento viesse não de um salário, mas das vendas das cotas de ETFs que você acumulou ao longo da vida, você acabaria pagando menos IR do que paga hoje, caso hoje você esteja na metade superior das alíquotas do IRPF... ).
Forte abraço, e até a próxima parte!
2) Os fundos ativos só continuam existindo porque a maioria das pessoas têm preguiça de pensar e entender o que são coisas como taxa de administração, taxa de carregamento e taxa de performance, e seus efeitos perversos sobre o patrimônio, e também porque o lobby do setor financeiro no mundo todo é poderoso;
3) Fundos de investimentos, principalmente os ativos, são máquinas de fazer dinheiro... para seus gestores, para os bancos e corretoras, e para o governo, e tudo isso às custas do patrimônio dos cotistas;
4) O único tipo de fundo que eu acho "aceitável" como investimento são os aqueles definidos por Bogle como "TIF" (Traditional Index Fund): gerenciamento passivo, custos bem baixos (não só a taxa de administração, mas também os custos internos das operações do fundo), diversificação grande que tente replicar o índice "do mercado" (de preferência, fundos que tenham literalmente ações de todas as empresas negociadas na bolsa, ou pelo menos de muitas empresas, sem concentrar em setores específicos);
5) Em que pese o item 4, ainda há de se levar em conta o fardo da taxa de administração e, no caso brasileiro, o absurdo imposto de 15% sobre o lucro quando da venda das cotas (Porém, pensando por outro lado, suponha que você consiga viver de renda, vendendo um pouco das cotas desses fundos periodicamente para se sustentar: se você é assalariado, você provavelmente paga entre 7,5% e 27,5% de IRPF. Mas, se seu sustento viesse não de um salário, mas das vendas das cotas de ETFs que você acumulou ao longo da vida, você acabaria pagando menos IR do que paga hoje, caso hoje você esteja na metade superior das alíquotas do IRPF... ).
Forte abraço, e até a próxima parte!
domingo, 8 de setembro de 2019
As loucuras do mundo moderno (3) - o lado sombrio da tecnologia
Essa imagem sempre me faz lembrar do mito da caverna... |
Saudações, confrades.
Eis a parte 3 (e por enquanto a última) da série do bizarro mundo moderno. Hoje falarei sobre a tecnologia e o rumo sinistro que as coisas podem tomar caso as pessoas comuns não abram os olhos e deixem de aceitar passivamente qualquer porcaria que lhes é empurrada.
Antes, há uma coisa que precisa ficar clara (o óbvio precisa ser dito): as tecnologias em si são essencialmente neutras, e obviamente é o ser humano quem faz seu uso para o bem e para o mal. O motivo do meu pessimismo em relação às tecnologias que comentarei nas próximas linhas se deve ao fato de que eu enxergo o mundo atual da seguinte maneira:
1) os poderes estatais estão se fortalecendo, e não é de hoje que podemos perceber que seu alcance é ampliado pelas novas tecnologias:
2) empresas grandes estão tendendo a agir mais em conluio com os governos (vide foto acima), possivelmente em troca de privilégios, monopólios, isenções fiscais,etc.;
3) algumas destas grandes empresas já estão cerceando a liberdade de expressão das pessoas comuns devido a seus alinhamentos político-ideológicos;
4) na china o governo já há bastante tempo está ostensivamente oprimindo sua população, e as coisas estão piorando com o uso das tecnologias que mencionarei abaixo [e este pode ser o caso de outros países, mas acontece que simplesmente temos mais notícias a respeito do governo chinês; o Reino Unido estava seguindo pelo mesmo caminho, pelo que sei, e espero que com a subida de Boris Johnson ao cargo de Primeiro-Ministro este quadro comece a se reverter];
5) a sociedade, de modo geral, está moralmente doente - parece que muitas pessoas hoje em dia vivem sem propósito, sem algo maior e transcendente em suas vidas, de modo que buscam objetivos vãos. O resultado disso é o que vemos muito hoje em dia: várias pessoas deprimidas, com distúrbios psiquiátricos, aumento do crime, proliferação de "culturas" e subculturas destrutivas, niilismo, hedonismo, questionamento dos valores essenciais para o convívio em sociedade, etc.
6) historicamente, o conhecimento científico superior e o uso de tecnologias mais avançadas tem sido usado para massacrar e escravizar grupos menos avançados e com menor ou nenhum domínio de tais conhecimentos. Dado que a tecnologia humana evoluiu, ao longo dos séculos de nossa história, exponencialmente mais rápido do que a MORAL, porque acreditar que hoje em dia isso seria diferente?
Dito isto, essas são as tecnologias que eu considero como sendo as potencialmente mais perigosas para a liberdade e felicidade humana a médio e longo prazo:
- Dinheiro 100% virtual (advento da "cashless society"): já falei sobre isso em outro post. Se isso acontecer, tudo o que você fizer será rastreável, praticamente nada poderá ser escondido dos bancos e do Estado, e este processo já nos está sendo empurrado goela abaixo (a guerra das maquininhas, pulseira que paga que nem cartão, países onde já há limites definidos por lei para compras em dinheiro, etc.) e hoje em dia já há softwares robôs minerando seus dados de pesquisas em sites, compras com cartão, etc. para traçar seu perfil de consumo e com isso direcionar o marketing "certo" para você. O que é ruim aqui?
1) Qualquer transação pode ser avaliada tributariamente, e caso seja constatado que houve um fato gerador de um tributo, a conta chegará automaticamente (isso se você já não for descontado logo de cara). Convenhamos: há uma infinidade de pequenos negócios aqui no BR que só sobrevivem, em parte, porque sonegam alguma coisa e não cumprem todos os "requisitos legais" - na prática, acho que NENHUM negócio cumpre, e NENHUM negócio paga 100% dos tributos. E, sinceramente, eu prefiro 1.000X que esses pequenos negócios soneguem alguns impostos, se mantenham fora do radar da receita e outras entidades estatais reguladoras e sobrevivam. Acredito que toda pessoa sensata concordaria comigo nesse ponto. O meu ponto aqui é o seguinte: a fiscalização tributária não deveria nunca ser 100% eficiente. Num realidade de dinheiro totalmente virtual isso seria, infelizmente, possível.
2) Se o dinheiro virtual for atrelado a outros serviços (por exemplo, cada banco ter uma moeda virtual própria, ou o caso do plano do facebook de criar sua própria criptomoeda), então o que acontecerá se você perder acesso a este serviço? O que acontece se seu perfil for bloqueado ou suspenso por "violar os padrões da comunidade"? Você fica sem acesso ao seu dinheiro? (na prática isso já acontece, pois não conseguimos sacar 100% do nosso dinheiro à vontade sem antes customizarmos junto ao banco o limite de saque. Nem o banco 24 horas salva, porque ele também tem limites de saque)
Uma chance que a humanidade tem contra esta ameaça é a criação de "N" moedas virtuais independentes, com servidores diferentes, códigos diferentes, etc., sendo necessário a cada pessoa diversificar nestas moedas, para não correr o risco de ter todo o seu dinheiro deletado ou bloqueado, além da boa e velha diversificação em ouro físico e outros metais preciosos.
O pior cenário possível numa realidade sem dinheiro físico seria o caso de uma única moeda virtual de curso forçado - o que significaria controle total sobre a parte financeira da sua vida, controle este que poderia facilmente se derramar por outras áreas.
- Softwares de reconhecimento facial : já estão em uso na China, e sei lá onde mais. É vendida a ideia de que são necessários para manter as pessoas seguras, porque localizam criminosos bem rápido (assim como o desarmamento da população civil, que também é vendido com a ideia de "proteger o povo", mas a história já mostrou que na verdade é um "benefício" vendido para nos prejudicar no futuro). O problema é que depois que tais sistemas são implantados e aperfeiçoados, eles se mostram ferramentas muito convenientes para ditadores ou governos totalitários, e passam a ser usadas para localizar opositores e demais pessoas que representem perigo para o "Partido". 1984 realmente foi um aviso. O negócio é tão sério que em Hong Kong o pessoal está derrubando postes com câmeras. Não é brincadeira! Estes manifestantes de Hong Kong estão sacrificando suas vidas em prol da liberdade.
Enquanto isso, há pessoas (NPCs, normies, bluepillados, cucks, etc) que aplaudem a ideia da vigilância total ou que propagam a ideia de que não adianta fazer nada porque tais coisas são inevitáveis... Não sei se por mau caratismo, burrice ou pelos dois.
(link do vídeo)
(link do vídeo)
O pessoal protestando em Hong Kong estava derrubando torres com câmeras, e usavam guarda-chuvas para não serem identificados pelos softwares de reconhecimento facial. |
- Deep fake: são softwares que usam técnicas de machine learning e inteligência artificial para criar fotos e até mesmo vídeos falsos porém convincentes. Atualmente só se sabe de casos de pessoas muito famosas que foram prejudicadas, mas é bastante plausível a possibilidade de tais coisas serem usadas para prejudicar pessoas comuns. Como este negócio tem potencial para realmente prejudicar até mesmo o zuckerberg e outros poderosos, está sendo de alguma forma combatido pela mídia mainstream e por grandes empresas. Com este tipo de tecnologia, torna-se ainda mais difícil confiar em notícias, além de outras consequências sinistras (evidências forjadas de crimes, ou até mesmo crimes que não aconteceram de verdade, por exemplo - coisas que sempre aconteceram, mas que se tornariam mais difíceis de desmascarar.), e não teremos nem ao menos a certeza da existência de determinadas pessoas e eventos, ou seja, amplia e aperfeiçoa as possibilidades de manipulação da história - mais uma vez, 1984 foi um aviso.
A solução óbvia para este caso é a criação de sistemas de IA treinados para detectar vídeos e fotos feitos com softwares deepfake, porque acredito (opinião de leigo) que tais manipulações deixem algum tipo de rastro. Nisso podemos ter alguma esperança, pois há sim desenvolvedores do bem interessados em atrapalhar aqueles que gostam de brincar de deus. É o caso da empresa que desenvolveu um app que bloqueia gifs da Gretchen, e que já identifica vídeos e gifs de k-pop
Eu escrevi este artigo com um tom pessimista e de alerta porque enxergo muitas coisas ruins no mundo atual, e várias vezes elas parecem se sobrepor às boas. Agora também queria deixar aqui uma mensagem mais positiva, pois é fundamentalmente necessário que haja muito mais espaço para o otimismo em nossos corações: não foi dito que "a noite é mais escura logo antes do amanhecer"? Nos resta saber se a noite já está escura o suficiente... Mas de qualquer maneira, esperemos os raios da aurora do novo dia, porque o novo dia virá. Como tudo o que acontece só o acontece pela vontade de Deus, então pode ser que em seu afã para controlar as massas e manter seus privilégios e fortunas, as pessoas mal intencionadas por trás das tecnologias supracitadas estejam, sem o saber, pavimentando o caminho para o reino de Deus na Terra. Acredito que estes movimentos e "mecanismos" divinos, em curso ao longo de toda a história, cuja total compreensão está além do alcance da mente de qualquer ser humano, são captados, de forma sutil, pelas mentes mais criativas, especialmente no ramo das artes em geral, especialmente na literatura.*
Para citar um exemplo: há décadas, J.R.R. Tolkien, devido à sua grande cultura e estudos em diversas áreas do saber, especialmente no campo teológico, percebeu um pouco destes mecanismos, e os incluiu nesta passagem fenomenal de sua obra, a qual aliás é uma excelente metáfora para a criação do mundo (os colchetes são meus):
"Então falou Ilúvatar [Deus] e disse: - Poderosos são os Ainur [os anjos], e o mais poderoso dentre eles é Melkor [o diabo]; mas, para que ele saiba, e saibam todos os Ainur, que eu sou Ilúvatar, essas melodias que vocês entoaram, irei mostrá-las para que vejam o que fizeram. E tu, Melkor, verás que nenhum tema pode ser tocado sem ter em mim sua fonte mais remota, nem ninguém pode alterar a música contra a minha vontade. E aquele que tentar, provará ser senão meu instrumento na invenção de coisas ainda mais fantásticas, que ele próprio nunca imaginou." - O Silmarillion, 1977
* Obviamente me refiro às verdadeiras artes, e à verdadeira literatura, e não ao que hoje convencionou-se chamar de arte e literatura.
Eu escrevi este artigo com um tom pessimista e de alerta porque enxergo muitas coisas ruins no mundo atual, e várias vezes elas parecem se sobrepor às boas. Agora também queria deixar aqui uma mensagem mais positiva, pois é fundamentalmente necessário que haja muito mais espaço para o otimismo em nossos corações: não foi dito que "a noite é mais escura logo antes do amanhecer"? Nos resta saber se a noite já está escura o suficiente... Mas de qualquer maneira, esperemos os raios da aurora do novo dia, porque o novo dia virá. Como tudo o que acontece só o acontece pela vontade de Deus, então pode ser que em seu afã para controlar as massas e manter seus privilégios e fortunas, as pessoas mal intencionadas por trás das tecnologias supracitadas estejam, sem o saber, pavimentando o caminho para o reino de Deus na Terra. Acredito que estes movimentos e "mecanismos" divinos, em curso ao longo de toda a história, cuja total compreensão está além do alcance da mente de qualquer ser humano, são captados, de forma sutil, pelas mentes mais criativas, especialmente no ramo das artes em geral, especialmente na literatura.*
Para citar um exemplo: há décadas, J.R.R. Tolkien, devido à sua grande cultura e estudos em diversas áreas do saber, especialmente no campo teológico, percebeu um pouco destes mecanismos, e os incluiu nesta passagem fenomenal de sua obra, a qual aliás é uma excelente metáfora para a criação do mundo (os colchetes são meus):
"Então falou Ilúvatar [Deus] e disse: - Poderosos são os Ainur [os anjos], e o mais poderoso dentre eles é Melkor [o diabo]; mas, para que ele saiba, e saibam todos os Ainur, que eu sou Ilúvatar, essas melodias que vocês entoaram, irei mostrá-las para que vejam o que fizeram. E tu, Melkor, verás que nenhum tema pode ser tocado sem ter em mim sua fonte mais remota, nem ninguém pode alterar a música contra a minha vontade. E aquele que tentar, provará ser senão meu instrumento na invenção de coisas ainda mais fantásticas, que ele próprio nunca imaginou." - O Silmarillion, 1977
* Obviamente me refiro às verdadeiras artes, e à verdadeira literatura, e não ao que hoje convencionou-se chamar de arte e literatura.