Não é novidade para ninguém que o poder de compra de nossa moeda está cada vez menor.
Os efeitos da inflação tem se feito sentir com mais intensidade nos últimos meses. Acho que todo mundo aqui ja está ouvindo há muito tempo no trabalho, no mercado, na rua, etc. aquelas reclamações do "litro do leite muito caro" ou "preço da carne nas alturas", dentre outras.
Conforme escrevi já há algum tempo em um comentário no blog do nosso colega de finansfera Engenheiro Tardio:
"Sair pra comer, fazer um passeiozinho qualquer você gasta em unidades de 100 reais (o 100 parece ser o novo 20tão)" - triste verdade, o nosso querido real não está valendo nada...Eu me lembro de quando eu saía para comer com 20 reais e ainda voltava com troco! Essa deveria ser uma das prioridades de qualquer governo, seja de direita ou de esquerda, democrata ou republicano: manter estável o valor da moeda, e buscar a deflação, caso possível."
Eu acho que todo governo deveria buscar valorizar a moeda de seu país, pois todo o povo se beneficia disso, não apenas os mais ricos.
E acredito que qualquer governo deveria buscar sempre a deflação, para que o poder de compra de todos aumente com o tempo.
Mas claro, isso num mundo ideal. No mundo real, qualquer governo é seu inimigo pessoal, e devemos fazer de tudo para viver da maneira mais digna possível apesar do governo. Não estou dizendo que não haja servidores públicos bem-intencionados, claro que eles existem, mas a entidade "governo", no geral, muito mais nos atrapalha do que ajuda, pois desde que os governos surgiram, eles foram cooptados a servirem somente aos interesses de pequenas elites locais em detrimento de seus respectivos povos, e não vejo esse cenário mudando tão cedo, infelizmente.
Alguns assuntos que têm surgido na internet nos últimos meses e que afetam direta ou indiretamente o poder de compra das moedas em geral:
- o enfraquecimento dos EUA perante China e Rússia, o que faz o mundo rumar para uma ordem "multipolar"
- com um mundo multipolar, o dólar pode deixar de ser a moeda de referência no comércio mundial, enfraquecendo seu poder de compra e sua utilidade como reserva de valor
- Além disso, consta que os EUA vem financiando a guerra na Ucrânia através da famosa impressora do FED. E, antes disso, parece que a maior parte dos gastos públicos com a covid foram financiados da mesma maneira... ou seja, mais dólar foi impresso aos bilhões nos últimos 3 anos.
- Rússia, China e Índia têm aumentado suas reservas de ouro, e muitos estão comentando que o preço dos metais preciosos tem sido mantido artificialmente baixo através da manipulação do mercado de títulos lastreados em metais. Isto está fazendo muita gente (na internet, pelo menos) acreditar em uma possível volta do padrão ouro, ao menos no mercado internacional. Eu sinceramente não acredito muito nisso, embora goste da ideia. E o Brasil bem que poderia seguir o exemplo do restante do BRICS e aumentar suas reservas de ouro também...
Sinceramente, não me interessa tanto se um smartphone está "barato", ou se um laptop está "barato", nem nada disso, se as coisas que realmente importam estão cada vez mais caras... água, comida, energia, gás, planos de saúde (o meu, por exemplo, sofreu um reajuste de 28% desde janeiro) consultas médicas... com estas coisas essenciais cada vez mais caras, de que adianta ter coisas supérfluas baratas?
É tragicômico notar como que os preços vão sendo reajustados em cascata... um belo dia a gasolina e o diesel aumentam, e com isso os fretes de todas as transportadoras aumentam, e isso puxa para cima os preços de tudo o que é transportado e os valores das passagens rodoviárias.
Os preços nos supermercados seguem essa tendência.
Um médico, ao fazer suas compras do mês, sente tudo mais caro e pensa "vou ter que aumentar o preço da minha consulta", e assim o faz.
Um advogado que se consulta nesse médico sente o aumento do preço da consulta, e dos alimentos nos supermercados, e pensa "preciso aumentar meus honorários", e assim o faz.
Quem mais se prejudica é, como sempre, o trabalhador assalariado, que é encarado e tratado apenas como um custo na planilha do RH de sua empresa, e justamente por isto seu salário não é reajustado na mesma velocidade que os preços da economia, e nem na mesma proporção (vide o incrível aumento de 18 reais brutos do salário mínimo). Por esse e por outros motivos que eu acho importantíssimo que a mentalidade de autônomo seja cultivada, conforme o meu post da "Cultura de Emprego" (atual campeão de visualizações do blog), e também a busca por outras fontes de renda, principalmente por quem é CLT.