quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Mais sobre ETFs (4) - análise do IVVB11

Saudações, confrades

Dando continuidade à minha série sobre ETF, agora vou analisar o IVVB11, o qual é administrado pela Blackrock -> link para a página do fundo

Vamos para o básico:

Fundo lançado em 2014
Taxa de administração - 0,24% a.a (ou seja, para cada 10K reais investidos, pago 24 reais por ano)
Benchmark - S&P500 (em reais)
Passivo (conforme balanço de maio de 2019) - R$ 67.000,00 (0,02% do patrimônio líquido)
Sujeito aos 15% de imposto sobre o lucro nas vendas de cotas

Conforme a página do fundo (link acima), mais de 99% do patrimônio está aplicada em "produtos financeiros dos Estados Unidos". Conforme as demonstrações financeiras do exercício findo em maio de 2019, estes produtos são cotas de outro ETF, o "IShares Core S&P 500", sediado nos EUA. Ou seja, o IVVB11 é na verdade um "ETF ao quadrado", um ETF que aplica em outro ETF. A análise completa deverá abranger o IShares Core S&P 500. 

Vamos analisar brevemente a metodologia do índice S&P500 (disponível aqui):
 - ver página 4: "o S&P 500 se concentra no setor de grandes capitais do mercado; entretanto, uma vez que ele compõe uma parte significativa do valor total do mercado, também representa o mercado. As empresas do S&P 500 são consideradas as empresas líderes nas indústrias líderes."
- ver a página 6: "Capitalização do mercado: capitalização não ajustada de US$ 4,6 bilhões ou mais para o S&P500 (...) Liquidez: (...) a empresa deverá comercializar um mínimo de 250.000 ações em cada um dos seis meses levando até a data da avaliação"
- ver a página 7: "flutuação pública de pelo menos 50% da ação (..) Viabilidade financeira geralmente medido como quatro trimestres consecutivos dos ganhos positivos (...) renda líquida (...) excluindo-se as operações descontinuadas e os itens extraordinários (...) Outra medida de viabilidade financeira é a alavancagem do balanço da empresa, que deverá ser operacionalmente justificável no conecto (sic) * de seus pares da indústria e seu modo de negócio"

* acho que ele quis dizer "contexto".

Agora, analisando a carteira do ETF onde o IVVB11 aplica:

Essas aí são o TOP10 do fundo, a imagem tirei do https://www.morningstar.com, um bom site para faze análises.
 Conforme os dados obtidos no morningstar.com, o setor com maior predominância no fundo é o de tecnologia, e isso fica evidente na figura acima: as 4 empresas de maior peso na carteira do fundo são dessa área. E conforme as regras de composição do índice S&P500, teoricamente todas as 500 empresas do fundo atendem aos critérios de resultados positivos, free-float superior a 50%, liquidez e balanço apresentando pouca dívida ou dívidas razoáveis para o ramo de negócios (aquela parte sobre alavancagem do balanço), ou seja, são empresas mais confiáveis e mais bem estabelecidas.

Agora, sendo realista em relação ao fundo:
- Ao investir no IVVB11, você passa a ser dono de uma fração de uma sociedade (IVVB11) que é dona de uma fração de outra sociedade (IShares Core S&P 500) que é dona de frações de outras sociedades (500 empresas da bolsa norte-americana que compõe o índice S&P500). Ou seja, você na verdade está "muito distante" de ser sócio das empresas da carteira do fundo. Isso pode incomodar algumas pessoas.
- Por outro lado, o fundo tem tido sucesso em replicar seu benchmark (é um ETF, afinal de contas). Para aqueles que não se importam com "ser sócio", ainda assim é um ativo que valoriza conforme o índice S&P500, o que está longe de ser nada. Para aqueles que só se interessam com a valorização do capital próprio, e não com ser sócio de empresas, é um ativo interessante, dado o histórico centenário de valorização do mercado de ações dos EUA.
- Porém, tendo em vista que é um ETF que aplica em cotas de outro ETF, por que não abrir uma conta numa corretora no exterior e aplicar diretamente no ETF IShares Core S&P500? Tem dúzias de tutoriais de como fazer isso na internet, então acho que só se justifica aplicar no IVVB11 se você não tiver recursos suficientes para abrir esta conta no exterior, ou se não quiser ter o trabalho necessário para isso (nem sei se é pouco ou se é muito trabalho, nunca estudei isso).
- Não deixa de ser uma diversificação para os investimentos, mas aplicando no IVVB11, não pense que estará realmente "diversificando no exterior", pois o ativo é brasileiro, então sujeito às leis brasileiras e a todos os problemas e confusões que podem ocorrer no mercado brasileiro. Sendo curto e grosso: se rolar um confisco de ativos no Brasil, semelhante ao confisco das poupanças da época do Collor, este ativo não vai te proteger disso, é importante ter isso em mente.  
- Porém, em relação a "diversificar os rendimentos" faz sentido, pois o fundo está indexado à bolsa dos EUA, então é uma forma do pequeno investidor "capturar" o rendimento daquele mercado.
-*** EDIT: conforme escrito pelo Marcelo Barbarossa (do blog CAPITALISMUS), outras vantagens de se aplicar neste ETF seriam:
 - a conveniência de ter um ativo com rendimentos do exterior sem ter que pagar as taxas de remessa necessárias para fazer esta operação você mesmo;
- Maior facilidade de declaração no IR, porque como é um ativo brasileiro, não tem necessidade de calcular taxa de câmbio. Seria só colocar o preço médio das cotas, que nem fazemos com as ações.

9 comentários:

  1. Salve, Mago Investidor! As maiores vantagens que vejo em investir no IVVB11 são não pagar as taxas de remessa internacionais e não ficar quebrando a cabeça com cálculos quando tiver que declarar o imposto de renda.

    Abraços!

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    1. Realmente estas são duas vantagens consideráveis. Vou até atualizar no artigo. Porém, em relação ao IR, eu acho que só deve ser complicado na primeira vez, depois deve sair no automático

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    2. O problema é que a cada aporte você tem que declarar a taxa de câmbio. Só fica mais fácil se aportar tudo de uma vez. Um dos meus motivos para fechar minha conta de ações nos EUA foi o quebra-cabeças da declaração de IRPF. Acabou que eu até saí com um ganho considerável por causa do ganho cambial, meu câmbio médio estava em 3,30 reais por dólar e saí em 4,10 reais.

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    3. É uma solução, então ir juntando o dinheiro é aportar tudo de uma vez ou então manter um registro bem organizado do câmbio de cada operação, o que não deve ser muito difícil, pois eu imagino que quando voltar a investir eu só vá fazer 1 aporte por mês. Mas pelo que eu estou entendendo, você pode ser taxado de 2 maneiras nesta operação: lucro na venda das cotas e lucro na variação cambial.

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    4. Exato. A taxação é sobre o ganho em reais, então o ganho cambial também é taxado. O mais chato é calcular a taxa média de câmbio, se montar uma planilha de fórmula no excel fica mais fácil, mas como fui cabeça dura, fiz tudo no papel.

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  2. Fala Mago!

    A grande vantagem do IVVB11 como já foi dito é não ter custos com câmbio e não ter a necessidade de quebrar cabeça com cálculo do IR. Para quem tem pouco patrimônio, acho uma boa opção para diversificar.

    Pretendo ter em carteira BOVA11 e IVVB11 inicialmente, e no futuro adicionar ETFs no exterior.

    Te add no blogroll, dá uma olhada lá no meu blog.

    https://www.blogdoholder.com.br

    Parabéns pelo estudo!

    Abs

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    1. Obrigado pelo elogio e pela contribuição, Holder! Vou te adicionar também! Vou dar uma olhada no seu blog.
      Forte Abraço!

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  3. Olá Mago, bom post sobre o IVVB11, ficou bem resumido os principais pontos, eu comecei a investir no exterior recentemente, e pensando aqui se o Brasil fosse um país sério, sem risco político, faria mais sentido ter IVVB11 no Brasil do que o IVV no exterior, por causa da perda na remessa/impostos, eu calculei que entre enviar o dinheiro pra fora e trazer de volta se perde quase 5%.
    Abs

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    1. Valeu, Bilionário. Realmente perdemos um dinheiro bom com as remessas. Mas eu creio que, quando eu começar a investir no exterior, não vou querer trazer o dinheiro de volta - vou deixar lá fora mesmo, me protegendo das sacanagens do governo brasileiro. Pra mim o foco de investir no exterior é esse (criar patrimônio lá fora) e nem tanto o rendimento.

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