Saudações, confraria da melhor blogosfera do nosso Brasilzão de Deus, a nossa querida Terra de Santa Cruz!
Uma coisa que me chamou muito atenção certa vez (faz alguns meses) enquanto lia determinado fórum na internet, foi quando me deparei com um usuário comentando que o ideal era que, ao fim da declaração anual do IRPF, você terminasse com um saldo a pagar de imposto, e não de imposto a ser restituído.
A explicação era a seguinte:
1) se você está ganhando uma restituição, isso significa que pagou impostos a mais durante o ano (praticamente emprestou dinheiro para o governo), e então este lhe devolveria este imposto a mais após isto ser apurado ja declaração anual, gerando a restituição.
2) por outro lado, se você termina a declaração tendo que pagar impostos, isso significa que você pagou menos do que deveria ao longo do exercício fiscal (praticamente pegou dinheiro emprestado com o o governo) e então restituiria esse valor ao governo (pagaria sua dívida).
3) na hipótese 1, você deixou de consumir e/ou de aportar por conta dos impostos a mais, e deixando de aportar, você perdeu alguma coisa de juros compostos no futuro. Ou deixou de ter lazer, comer melhor, etc. E o valor devolvido não é exatamente corrigido (acho que é corrigido pelo IPCA, e concordo que o IPCA não é um bom medidor da inflação,ao menos não hoje em dia), então há um prejuízo nesse negócio.
4) na hipótese 2, você consumiu e/ou aportou a mais, e ganhará alguma coisa a mais de juros compostos no futuro (supondo que ao devolver o empréstimo para o governo a correção não seja exata)
Matematicamente até que faz sentido, mas eu pessoalmente não acho que a realidade seja tão simples e fria assim.
Eu pessoalmente considero que todo imposto que eu pago é um Custo Afundado (dinheiro que perdi, já era, não tem mais volta).
Então para mim é indiferente se eu paguei mais do que deveria: eu vou ficar muito feliz na restituição, pois o que vier é lucro, e também não me importa se o governo está me pagando com meu próprio dinheiro, pois ele poderia simplesmente não pagar. Então, no frigir dos ovos, ainda que não esteja realmente ganhando nada, estou deixando de perder.
Isso fora o efeito psicológico benéfico de ver o dinheiro caindo na conta.
Na hipótese contrária, se eu tivesse que preencher uma GRU e pagar ainda mais ao governo após a declaração anual do IR, eu pessoalmente não me sentiria nemum pouco feliz , eu não pensaria que "mwa ha ha ha, lesei o governo, peguei dinheiro emprestado e só agora estou devolvendo!" - eu ficaria é muito chateado de, depois de tudo, ainda ter que emitir e pagar uma GRU, nem que fosse de 20 reais (e 20 reais pagam 1 almoço meu, então é dinheiro)
Ou seja, para mim, o malefício psicológico de ter que restituir imposto ao governo supera muito qualquer ganho de juros compostos que eu poderia auferir por ter "pego dinheiro emprestado com o governo".
A vida, os fenômenos humanos sociais não são matematicamente perfeitos, a vida não pode ser resumida numa planilha de excel.
Se fôssemos viver assim, que nem numa planilha de custos, talvez nunca sairíamos da casa de nossos pais, porque é caro morar por conta própria. Ou não faríamos comida em casa porque teoricamente um restaurante consegue fazer comida de forma mais eficiente, do ponto de vista dos custos, do que uma pessoa fazendo comida sozinha por conta própria. E por aí vai.
Enfim, o efeito psicológico de receber a restituição do IR, na minha opinião supera os hipotéticos juros compostos que deixo de ganhar ao não "pegar dinheiro emprestado com o governo".
O que vocês acham disso, confraria?
Forte abraço!
Fiquem com Deus!